terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

memórias literárias - 155 - ACABOU!

155 -
ACABOU!
 
"- Eu quero ser fiel ao meu Deus e santificar a minha vida; quero dizer não às coisas que a Palavra de Deus diz para não fazer, e sim às orientações do Senhor!
 
ACABOU!
 
- Eu não quero deixar de congregar com os meus irmãos, quero priorizar o Reino de Deus; não quero perder os domingos, nem tampouco as chances de cantar, de ensinar, de usar os dons e talentos que Ele me concedeu!
 
ACABOU!
 
- Quero falar do amor de Cristo! Quero compartilhar a salvação com os meus vizinhos, amigos, colegas, parentes! Não vou reter o plano da salvação, serei um semeador de boas-novas!
 
ACABOU!
 
- Não vou deixar o coração magoado; sei que me feriram, mas vou perdoar os meus inimigos; vou buscar reaproximar-me daqueles que eu também magoei e a comunhão será restaurada!
 
ACABOU!
 
- Vou dizer ao meu filho que o amo, que ele é a coisa mais maravilhosa que me aconteceu! Direi à minha esposa que sou bem-aventurado por tê-la como companheira! Vou dizer aos meus pais o quanto sou grato por eles terem cuidado de mim por anos a fio!
 
ACABOU!
 
- Vou pensar mais no testemunho! Sei que não fui fiel e nem correto, mas quero mostrar ao Senhor que o amo e ao mundo que respeito a Palavra de Deus; irei evitar o pecado e buscar testemunhar de Cristo em cada um dos meus afazeres diários!
 
ACABOU!
 
- Chega de querer ficar rico! Eu quero é ser o que Deus quer que eu seja: um homem honesto, correto, digno, que serve com dedicação na área em que me encontro; não quero viver a reclamar ou a sonhar bobagens; não quero viver uma utopia, mas uma doce e maravilhosa realidade presente!
 
ACABOU!
 
- Acabou? Por que?
 
PORQUE VOCÊ MORREU. ACABOU O SEU TEMPO.
 
- Mas isso não é justo! Eu não estava preparado! Não está certo ceifar-me tão abruptamente! Eu nem estou tão mal de saúde! Por favor, só mais um tempinho! Prometo que .... hei!..... socorro!...
 
..."
 
"Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus. (Am 4:12)
 
Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Ec 3:1)
 
"Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?" (Lc 12:20).
 
Leitor: para você o tempo ainda NÃO ACABOU. Procure a Deus ainda hoje. Ainda é tempo.
 
Wagner Antonio de Araújo

24/02/2015

memórias literárias - 154 - CLAMA A MIM!

 
154 -
CLAMA A MIM!
 
"Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes. "(Jr 33:3)
 
Nas horas difíceis, quando olhamos ao redor e não vemos saídas, o profeta nos revela a voz do Senhor: "Clama a mim". Sim, ao invés de clamar ao vento, reclamando a sorte, ou de reclamar ao próximo o desespero existente, ou ao "plano B", confiando em ídolos ou pessoas que não podem trazer nenhuma solução, Deus diz: "clama a mim".
 
E o que acontecerá se o fizermos? Diz Deus: "anunciar-te-ei coisas grandes". Deus dará por resposta aos clamores legítimos que a Ele fizermos um anúncio de grandes coisas. Não pequenas, mas grandes. E que coisas seriam? Certamente o anúncio de que Ele tem um plano perfeito para cada um de nós; que a história não está nas mãos do inimigo; que os contratempos não podem impedir a Sua soberania e que ao final Ele vencerá! "coisas grandes e firmes", completa Deus. Não apenas grandiosas, mas duradouras,  eternas, profundas, consistentes. Não coisas passageiras, temporárias, desvanescentes. O plano de Deus é grande e firme, para toda a eternidade.
 
"Coisas que não sabes". Claro, se soubéssemos não estaríamos aflitos. Conhecer o Deus a quem servimos e o Seu eterno propósito para o mundo e para nós traz paz, descanso, sabedoria, serenidade, segurança e absoluto controle da situação. O conhecimento gera contentamento. Saber a vontade de Deus nos estabiliza no rumo certo, no caminho certo, na segurança da vitória certa. Ainda que temporariamente soframos provações. Ainda que no presente tenhamos angústias. "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Rm 8:18) E mais: no presente também há bênçãos no caminho: "O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus." (Fp 4:19).
 
Assim, clamemos ao Senhor com confiança. Ele nos responderá, anunciando a Sua eterna e gloriosa vontade, enriquecendo-nos de paz, de fé, de conhecimento e da certeza da vitória.
 
Wagner Antonio de Araújo

21/10/2014

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

memórias literárias - 153 - COMUNHÃO VERDADEIRA


 
153 -
COMUNHÃO
VERDADEIRA
Era um culto onde se celebrava a Ceia do Senhor. Enquanto cantávamos e ouviamos as palavras, a jovem Glair orava intimamente, no seu banco, com a mão sobre a testa e o cotovelo apoiado no joelho, num ato de contrição e ternura, com os olhos lacrimejando. Eu, um novo convertido, vi naquela cena a autêntica comunhão com Deus. Marcou de tal forma a minha vida que hoje, 35 anos depois, a relembro com emoção.
 
Mas a realidade é que a maioria de nós vive uma farsa em sua comunhão com Deus. Ora como se fosse uma máquina, só para cumprir o compromisso e deixar a consciência tranquila. E ora pouco, porque não vê nem resultado e nem sente absolutamente nada. De vez em quando um despertamento num culto, ou um rápido quebrantamento por causa de alguma experiência, mas tudo volta à estaca zero novamente.
 
Vida de oração é mais que isso! Orar é mais que passar tempo balbuciando palavras mágicas ou desejos nunca satisfeitos. Orar é mais que fingir comunhão. Orar é penetrar nas profundezas do mundo espiritual, numa busca autêntica da presença do Todo-Poderoso que, mesmo sendo grandioso, comunga com Suas criaturas que se apresentam contritas e quebrantadas. Ele diz que nós o encontraremos quando o buscarmos de todo o nosso coração.
 
Assim, para que a nossa oração neste dia tenha algum valor, tem que ser especial. Tem que ter um tempo dedicado. Deve ser feita em nome de Jesus, pois é Ele o único caminho para o Pai e para a comunhão com Deus. Tem que ser íntima, de coração, sem palavras decoradas ou clichês inóquos. Pode ser de um minuto ou de uma hora, mas tem que ser de coração. Tem que buscar a glória de Deus e não a sua própria glória. Tem que ser submissa à vontade de Deus e não obrigar Deus a fazer a sua própria vontade. Tem que apresentar o próximo em intercessão amorosa e não apenas os problemas pessoais. E tem que ser acompanhada de fé, de crença, pois sem fé é impossível agradar a Deus.
 
Que a oração deste dia atinja o coração de Deus e mova o nosso coração para uma comunhão viva e verdadeira.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil
OPBCB

23/02/2015

memórias literárias - 153 - DEUS SONHA?


 
 
152-
DEUS
Sonha?
 
Deus não sonha.
 
Deus é soberano; assim, quando Ele quer, Ele faz.
 
Ele não fica desejando, cheio de esperanças.
 
Sonhos são desejos que podem ou não ser atingidos; Deus não está restrito a essa humanidade.
 
Sua vontade é soberana. Do jeito que Ele determina, acontece. No instante em que Ele decretou, tudo se fez.
 
Sonhar é humano.
 
Assim, é errado dizer OS SONHOS DE DEUS. O correto é A VONTADE SOBERANA DE DEUS.
 
Uma outra coisa: utiliza-se isso para falar sobre prosperidade, cura, milagres, fenômenos. Mas isso não prova que Deus irá fazer o que EU desejo ou algo que seja miraculoso. Isso é um desejo MEU, não dEle.
 
Pode ser que Deus não vá fazer nada com relação ao que eu espero; e Ele não deixará de ser Deus por isso.
 
A música gospel de consumo, como muitas, que declaram "Os Sonhos de Deus", não está fundamentada nas revelações da Palavra de Deus, mas no que o povo incauto e os líderes religiosos falsificados costumam ensinar. São poemas mentirosos.
 
Assim, deixar as pessoas cheias de esperança, cheias de expectativas boas é o que realmente vende. Por isso essa enxurrada de músicas e pregações sobre "Os Sonhos de Deus".
 
Deus NÃO SONHA NUNCA.
 
No dia em que Deus sonhar, terá deixado de ser Deus, pois desejou e não realizou. Além disso Deus nunca dorme. Portanto, Ele nunca sonhará.
 
Quem sonha sou eu.
 
O resto é balela.
 
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil
23/02/2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

memórias literárias - 151 - INGRATOS!

151 -
INGRATOS!
 
No início do mês de fevereiro de 2015 o nível de nosso sistema de abastecimento de água, sistema CANTAREIRA, marcava nível de 5%, já contado o segundo volume morto (águas de buracos das represas que o compõem). Lembro-me do governador em Brasília dando os dados alarmantes.
 
Hoje, 10 dias antes do término do mês, o sistema DOBROU A CAPACIDADE, isto é, de 5% passamos para 10% do atual volume. E NÃO HÁ UMA ÚNICA LINHA DA MÍDIA ESCRITA, FALADA ou de qualquer espécie a dizer: MUITO OBRIGADO, DEUS! Pelo contrário, as frases de manchete são: "NÍVEL A 10% MAS A SITUAÇÃO É ALARMANTE"; "10% NÃO RESOLVEM E A SITUAÇÃO CONTINUA PÉSSIMA" etc.
 
Ninguém está dizendo que tudo se acertou. Longe disso! O nível está assim por dois motivos: 1) A SABESP (companhia de água) está retirando A METADE do que retirava diariamente da represa; 2) CHUVAS CONTÍNUAS AO LONGO DE 20 DIAS. Quando o nível alcançar 20% é que teremos enchido apenas o volume morto. Todos sabemos disso.
 
Mas poderia não ter chovido e agora estaríamos com 4 ou 3% e a situação seria muito, muito mais grave! Poderíamos estar sob os efeitos do bloqueio atmosférico, com o insuportável calor de 40 graus em SP, com noites de 35 graus, e a água estaria secando com rapidez. Mas não estamos! Só que não há na boca do povo, da mídia, de ninguém uma única frase a dizer: SOMOS GRATOS!
 
O difícil, e daí o lamento, é que NEM ENTRE OS CRENTES ouvimos palavras de gratidão! Sim, porque dos ímpios nada se espera. Como diz o Dr. Luiz Antonio Ferraz, "o que mais nos entristece não é o que os ímpios estão fazendo, pois deles não esperamos outra coisa". Sim, dos ímpios nada surpreende. O que surpreende é não ouvirmos crentes a dizer: "obrigado, Senhor, por dobrar a capacidade hídrica nesta crise sem precedentes". O que ouvimos é: "Isso não resolve"; "está péssimo e essa chuvinha não resolveu"; "Fiquei feliz, MAS..." Não se ouve uma palavra de gratidão a Deus!
 
E não é só na crise hídrica! Há muita ingratidão no coração de muitos crentes:
 
"Estou trabalhando MAS detesto o que faço, ganho pouco e não estou realizado"
 
"Gostei do almoço, MAS bem poderia ser um prato mais requintado, não essa miséria"
 
"Eu vou bem MAS poderia estar melhor, se fosse mais novo ou não tivesse essa hemorróida.."
 
"Eu consegui passar MAS não é o curso que gostaria"
 
"Consegui reformar o carro MAS não ficou do meu gosto e o que queria era outro"
 
"O pastor é bom MAS é muito retrógrado, está velho e não dá oportunidades do jeito que gostaríamos"
 
"Meu marido é bom MAS não é o príncipe encantado com o qual sonhei"
 
"O remédio ajudou MAS não curou"
 
"Minha firma está funcionando MAS não está prosperando como deveria"
 
I N G R A T O S! Sempre a ingratidão! Ontem, conversando com Daniel Jardim, filho do Pastor Altivo Jardim, em Mogi das Cruzes, SP, disse-me: "Quando as pessoas reclamam de algo para mim, eu digo: mas você anda, você está de pé, e o meu pai está na cama, não é capaz de falar; por isso não reclame, agradeça!" E é a mais pura verdade.
 
A represa está só com 10%? Agradeça, pois poderia estar com 5% apenas!
 
Trabalha e não gosta do que faz? Agradeça, porque há muitos que dariam tudo para ocupar a sua vaga!
 
Não gostou do almoço? Lembre-se que há, neste momento, inúmeras pessoas comendo terra ou lixo pela severidade da fome e você ainda tem um prato de comida sobre a mesa!
 
Não está tão bem de saúde? Dê graças ao Senhor por não estar na ala terminal do Hospital do Câncer!
 
Não está fazendo o curso mais adequado? Louve a Deus por ter faculdade, porque há pessoas que não têm nem o primário completo!
 
Não gostou da reforma do carro? Há gente que só anda à pé ou de ônibus!
 
O pastor é retrógrado? Bendiga a Deus que ainda há um pastor com valores que detém a apostasia em sua igreja!
 
O seu marido não é um príncipe? Bendiga a Deus pelo casamento, pois muitos não conseguem casar-se!
 
O remédio não curou, só ajudou? E aqueles que têm doenças que não encontram remédios para detê-las?
 
Sua firma está em crise? Mas está aberta e tem conseguido atravessar a tempestade! Vá ver quantas fecharam, faliram e levaram tantos à bancarrota!
 
Do crente Deus espera um espírito agradecido o tempo todo, pois Deus é bom e Sua misericórdia dura para sempre! 
 

Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. (Sl 100:4)
 
E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. (Cl 3:15)
 
Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5:18)
 
Isto não significa ignorar os problemas, relevar as dificuldades ou tornar-se passivo diante dos enormes desafios. Não! Precisamos orar, precisamos lutar, precisamos progredir, precisamos melhorar! Mas MESMO em crise, mesmo em dificuldades, mesmo na carestia, temos a obrigação de dizer: OBRIGADO, SENHOR NOSSO DEUS! Lembremo-nos do que Cristo disse e confiemos em Sua sabedoria:  "Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois." (Jo 13:7)
 
Pensou em algo e foi tentado a reclamar? Pare imediatamente! Não reclame; agradeça!
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil
20/02/2015

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

memórias literárias - 150 - ENCONTRO SECRETO DE UM PASTOR


150 -
ENCONTRO
SECRETO DE UM
PASTOR
crônica urbana de um ministro religioso
 
Um pastor escreveu, em seu diário, o seguinte texto, retratando um encontro secreto que manteve numa tarde de primavera:
 
"Eu precisava daquele encontro. Era fundamental. Não era possível adiá-lo, sob pena de manter e aumentar a tormenta.
 
Cancelei os compromissos da agenda, desliguei o telefone celular, fechei o computador e saí com o meu carro. O trânsito estava pesado. O sol ainda brilhava forte no horizonte e a noite custaria umas três horas para chegar. Assim, conseguiria o meu encontro sob a luz do sol.
 
Cheguei ao pé do parque. Estacionei o carro e calcei o tênis. Peguei a minha bíblia e coloquei-a na mochila. O cantil estava amarrado na cintura e uma toalha envolvia o meu pescoço. Até o topo do monte levaria uns vinte minutos e a caminhada seria bem cansativa.
 
Coloquei-me a subir. O caminho era bom, bem pedregulhado, ladeado por árvores frondosas e relva verde. Nos galhos das árvores ouvi o canto de diversas espécies de pássaros. Eles sempre estiveram ali sem se importarem com a crise política, a cotação do dólar ou  as insatisfações urbanas e a estiagem severa. Um parque protegido, irrigado e com vegetação tão densa tornara-se o melhor habitat para eles.
 
Enquanto subia, pensava na vida. Pensava no ministério pastoral, nas diversas pessoas que buscavam a igreja para ouvir-me, domingo após domingo, quarta após quarta. Pensava nas famílias e nos seus dilemas, nas pessoas e nas suas escolhas. Imaginava o que estariam fazendo naquele momento, com quem estariam falando, o que compartilhavam no facebook ou no whatzapp. Pensei nos relacionamentos juvenis nas faculdades, nas prosas das vizinhas do bairro ou nas conversas dos amigos do trabalho. Seriam todos cristãos realmente ou apenas se disfarçavam para ter onde congregar? Seriam verdadeiros, honestos e reais, ou não passavam de religiosos de fachada?
 
O coração batia forte em meu peito e o suor descia copioso por meus cabelos, rosto e peito. A toalha servia para limpar os olhos e a boca. A água serviu-me de lenitivo para a longa subida. Percebi que não estava em forma, que precisava continuar a caminhar. Pensei na vida sedentária que assumira. Quão diferente haviam sido os dias antigos, quando caminhar fazia parte do meu menu de atividades diárias! Mas também a numeração cronológica de minha idade não era avançada como hoje. O tempo amadurece mas cobra uma fatura cara.
 
Agora eu enxergava o topo. E a subida tornava-se mais íngreme. Talvez uma ponta de arrependimento aparecesse ali devido ao cansaço da caminhada, mas o motivo que me levava àquele local era mais precioso e importante. Ofegante e cansado, olhava para o topo, ganhando coragem, motivação e força. Talvez tenha sido isso que me fez continuar o ministério pastoral. Tantas vicissitudes, tantas dificuldades, tantas lutas e decepções, mas o topo era o meu ideal. Sim, o topo! E como o topo mudou de perfil nos últimos anos!
 
Sim, quando comecei o ministério o topo seria pregar como Josué Nunes de Lima ou Timofei Diacov. Imitar seus trejeitos e maneiras de falar logo mostraram-se um desastre. Aprendi que Deus criou um Josué, um Timofei e um Wagner e não nos criou em série, mas com particularidades e identidades diferentes. Tive que entender que Ele me amava como eu era e que deveria ter o meu próprio estilo. Foi difícil encontrá-lo num mar de imitações baratas! Enfim, descobri-me no meio das fantasias. Eu era autêntico finalmente. Então o topo passou a ser o sucesso na igreja: um grande rebanho de irmãos, um grande poderio financeiro, um grande grupo de pastores associados, um nome bem grande pendurado na placa da igreja. Que desastre! Cheguei a ver o crescimento do trabalho numa base acima de 100% em um ano e meio, mas vi brotar nessa lavoura toda sorte de ervas daninhas e enfim perdi tudo, deixando o trabalho pior do que havia começado! Foi difícil entender que o sucesso não está no progresso numérico, financeiro ou de popularidade, mas em ter fidelidade, estabilidade e ser conhecido no Céu. Descobri que pessoas tornam-se grandes amigas do cargo promissor que assumimos, mas não estão nem aí para nós, que os ocupamos. Aprendi que somos descartáveis. Então entendi que o topo que precisava atingir era o coração de Deus, tornando-me como Daniel, um "homem mui desejado, estimado, amado" pelo Céu. Isto sim faria toda a diferença. Porque, se para os homens somos descartáveis, para Deus não!
 
Cheguei, enfim, ao topo. Não havia ninguém, só as várias árvores e a vista espetacular de uma grande parte da cidade. Os três bancos colocados pelo parque para os corajosos caminhantes estavam vazios, do jeito que eu gostaria de encontrar. Vi os aviões sobrevoarem minha cabeça, passando perto, aprumando a rota de descida para o aeroporto. Ouvi o burburinho dos carros lá embaixo, como que tão distantes, quase que em outra dimensão. Ali o vento, os pássaros, as nuvens e a relva faziam-me companhia.
 
Lavei o rosto na torneira d'água, enxuguei-o com cuidado, tirei o tênis, peguei a minha bíblia, abri-a no meu texto preferido ("Eu sei que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes"), e dobrei os meus joelhos. Eu fora ali para orar. Não, não fora "orar no monte", fora orar "num lugar quieto, a sós com Deus". Por incrível que pareça é extremamente difícil encontrar locais assim em casa, na rua, e, não raras vezes, na própria igreja. No meu caso, o ruído dos pedreiros a trabalharem na construção impedem qualquer momento reflexivo ou encontro privado de qualidade com o Criador. E, não raras vezes, locais muito comuns afastam o coração do verdadeiro motivo do encontro. Como não encontrei um vale disponível, escolhi esse parque público.
 
E então pude fazer o que deveria ter feito há muito tempo: dobrei os meus joelhos e chorei. Ah, como chorei! Chorei gostosa e sofregamente aos pés do Senhor, que não estava no monte, mas no meu coração. Aliás, imanente como é, está em todos os lugares. Mas ali, especialmente, era o meu Moriá, o meu Sinai, o meu Jardim das Oliveiras, o meu Jaboque! Eu precisava disso! Eu precisava sentir-me criança no colo do Pai, menino abraçado com o seu progenitor, o servo prostrado aos pés do seu Senhor. Lágrimas que caíam quentes na grama verde, num misto de dor, alegria, saudade, tristeza, desespero e calma, um verdadeiro turbilhão de emoções!
 
Passei a falar com o Pai, orando com a mente e com o coração, não só com a emoção. Um Pai Pessoal como Deus mantém com os Seus uma comunhão pessoal inteligente e racional, por isso nós o amamos mais e mais! Ele nos entende! Ele nos acolhe! Ele nos lê! Ele nos sente! Eu sei que Ele estava o tempo todo disponível em qualquer lugar. Eu é que não estava disponível com completo quebrantamento. Eu precisava de silêncio, não apenas o exterior, mas principalmente o silêncio interior!
 
Nesta hora que passei diante dEle fui tratado na alma simbolicamente com um bálsamo curador vindo do próprio Céu! Havia ofensores que me magoaram profundamente, de forma maligna, grosseira e sem piedade. O meu coração estava cheio de ressentimento e amargura. Lembrei-me de que precisava perdoá-los, ainda que eles nunca se arrependessem. Foi isso que o Mestre ensinou-me na cruz ao perdoar os seus algozes. Muitos problemas na igreja careciam de solução e eu sentia o peso de cada um como um impotente sugeridor, nada mais do que isso. Como curar uma enfermidade, dar um emprego, reconciliar um casal, disciplinar um pecador escondido, alinhar um filho rebelde? Naquele momento, diante do Todo-Poderoso senti como que uma confiança profunda no Deus que tudo pode, no Senhor em quem nada é impossível, e a convicção completa de que Ele é soberano, de que nenhum fio de cabelo cai de nossas cabeças sem Sua permissão e que para tudo há um propósito. Pensei na minha falta de dinheiro para quitar os débitos, pagar as contas, trazer o suprimento para as contas da igreja, realizar os desafios propostos, e a completa incapacidade de conseguir as verbas. Então senti o arrepio completo em meu corpo, lembrando-me de que Ele é quem veste o lírio do campo e supre as aves do Céu, e de que é capaz de fazer o maná matar a fome e suficiente para dar o pão de cada dia, bastando, de minha parte, confiar em Seu amor. Por fim, pensei no futuro. Cabelos embranquecendo, pele enrugando, pernas falhando, o coração apresentando deficiências, e lembrei do túmulo. Foi como um presente receber na alma o refresco das promessas da vida eterna, da gloriosa ressurreição, das moradas na Casa do Pai e do reencontro com aqueles que se foram e que deixaram enormes saudades. Senti que as minhas raízes na Terra estavam grandes demais, e pedi ao Senhor para tornar-me um homem com raízes aéreas, cujos nutrientes não vêm deste mundo e nem do que no mundo há, mas da glória que há de ser viver no Reino de nosso Pai! Exultei e chorei, agradeci e intercedi. Lancei sobre os pés do Senhor cada um dos meus amigos, e também dos inimigos, pois sem desejar-lhes o bem eu não poderia ser cristão. Orei e agradeci.
 
Depois desse encontro, remocei e me renovei. Vi, debaixo de uma moita, uma linda rosa desabrochando. Fui até lá e a colhi, apertando-a nas páginas brancas de minha bíblia. Depois de desidratada com o tempo, será um lindo enfeite e uma linda lembrança do meu encontro secreto com o Senhor.
 
Quando desci, quase ao anoitecer, estava leve. Sentia que o meu fardo ficara para trás. Não no monte, mas nos pés do Senhor. Não no pico da montanha, mas no altar do meu coração.
 
Obrigado, Senhor, pelo encontro."
 
Bem, pode ser que esse encontro tenha sido apenas literatura edificativa. Mas, que tal se o fizesse real para você? A mim inspirou. Pastores, leigos, obreiros, ministros, não importa. Cristãos. O monte está lá, na mente e no coração, podendo ser até o local onde esse texto está sendo lido. Que tal?
 
 
Wagner Antonio de Araújo,
madrugada de 11 de outubro de 2014
 


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

memórias literárias - 149 - QUARESMA NÃO! MÁGICA NÃO!

149 -
QUARESMA NÃO!
MÁGICA NÃO!
Depois das orgias e promiscuidades do Carnaval o povo busca na religião um meio de penitenciar-se de seus erros e excessos (não se fala mais em PECADO). Na quarta-feira irão à missa de Cinzas, que consiste numa bênção sacerdotal com água benta e cinzas dos ramos da última Semana Santa. O padre desenha uma cruz na testa da pessoa e diz: "és pó e ao pó voltarás" ou "converte-te ao evangelho". E inaugura a QUARESMA, quarenta dias, que é uma suposta preparação para a Semana Santa, onde os pecados precisam estar controlados e os anteriores penitenciados. Para tanto as mídias católicas estão ensinando a fazer penitências criativas: trocar a carne que irá comer por vegetais e doar o dinheiro para a caridade; tomar suco sem açúcar; praticar jejuns, dar esmolas e fazer orações. Além disso fazer a confissão junto ao sacerdote, que, segundo essa fé, tem poder de perdoar os pecados, pois é um intermediário entre Deus e os homens.
 
As mesmas pessoas que sambaram peladas na avenida, que praticaram a prostituição e a promiscuidade nos antros e ruas do país, que beberam e comeram ao extremo, que traíram seus cônjuges e perderam a vergonha moral, estarão agora, nesse teatro da vida, fingindo que se arrependeram, evitando alguns alimentos, doando algumas moedas e rezando alguns terços. Buscam a paz da alma, que inquieta-se por gostar tanto do pecado e por não conseguir livrar-se dele. Assim, de forma racional, aceitam a sua própria pecaminosidade, inventando um suposto antídoto, que é a penitência. O ápice será a celebração da Semana Santa, com o lavapés na Quinta-Feira Santa, as missas e encenações da paixão, morte e sepultamento de Jesus, as reuniões de oração com o Cristo Morto (uma estátua que reproduz o corpo do Salvador dentro de uma urna mortuária) e o Domingo de Ramos. Porém, os pecadores inverterados celebrarão com alegria o retorno do pecado, no chamado SÁBADO DE ALELUIA, que de aleluia não tem nada, exceto para os mais devotos, mas de ANÁTEMA, pois será um carnavalzinho para petiscar. Basta pesquisar as muitas ofertas para esses festins.
 
Que cristianismo é esse? Bem, não é muito diferente do cristianismo neopentecostal e evangélico. Nestes dias inúmeras igrejas apostólicas (traduzindo: igrejas particulares de mercenários religiosos, autênticos bandidos e charlatões de bíblia na mão) estão realizando encontros em estádios, ginásios e grandes aglomerações, prometendo, principalmente, PROSPERIDADE, CURA DE TODAS AS DOENÇAS, VITÓRIA CONTRA OS INIMIGOS, DINHEIRO, FAMA E PODER. Promessas dignas do mais famigerado demônio, pois estão completamente distantes do verdadeiro e autêntico cristianismo bíblico. Esses supostos apóstolos trazem lixos de Israel (ou os adquirem nas praças e cemitérios da cidade), misturam-nos em garrafas, criam um preparado fedorento, que em nada difere das poções das bruxas e das garrafadas dos macumbeiros. E os vendem, junto com as toalhinhas cheias de frases, os peixinhos de metal barato, as garrafinhas de água de torneira e os cuspes e suores fétidos dos lideres, a preços que fariam os traficantes de drogas espantarem-se, pois não há no mundo coisas mais superfaturadas que essas tranqueiras da fé neopentecostal. E com um agravo: no meio católico ainda se entende que a imoralidade é pecado, buscando uma desculpa; no meio neoapostólico pecado é não comprar ou doar coisas para esses criminosos. Os pecados, para eles, não existem. Assim, eles trocam de mulher, abandonam a família, pervertem a verdade e são intocáveis, impecáveis.
 
Viver na orgia e depois fingir buscar a face de Deus é abominação para o Senhor. Deus não compactua com essa atitude dúbia, onde se acende uma vela para Deus e outra para a carne. "Nenhum servo pode servir a dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." (Lc 16:13). "...não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento solene!" Isaías (1:13)
 
Fazer penitência não purifica a alma de ninguém. É impossível praticar alguma coisa que compense os pecados cometidos. "Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá." (Ez 18:4). "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;" (Rm 3:23); "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? "(Mt 16:26)."Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; " (Is 64:6)
 
Podem jejuar até desmaiarem, ou orar até adormecerem, ou esmolar até empobrecerem, e não obterão um único benefício da graça de Deus, pois para Ele nenhuma obra tem mérito suficiente para encobrir ou superar os pecados. "Ou, que daria o homem pelo resgate da sua alma?" (Mc 8:37). Não podemos servir a dois senhores. Nem podemos servir a um senhor no Carnaval e a outro na Quaresma. Assim como é ridículo Mário amar a Maria no carnaval e a Joana na quaresma, também é ridículo fingir-se cristão na quaresma, sendo um mundano no carnaval. "Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído; "(Is 29:13)
 
E no caso dos neoapostólicos, que correm como ovelhas encantadas aos pés dos gazofilácios da mentira, doando carros, casas, dinheiro, bens, na esperança de enriquecerem, prosperarem, serem curados, obterem a fama desejada? Estes serão julgados duplamente, porque supostamente carregam consigo uma bíblia, mas não a lêem, ou, se lêem, não a obedecem. Servem a Deus por interesse, com segundas intenções, buscando os bens deste mundo e a glória temporária. Serão miseravelmente infelizes, pois perderão o que doarem e ainda perderão as suas almas. "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? (Mt 7:22). "E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. (Mt 7:23). 'Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?' (Lc 12:20)
 
Os mestres desses dois cordões terão duplo juízo, pois não temeram usar em vão o nome de Deus e o livro de Deus, ensinando doutrinas de demônios. Todo ensinamento que não condiz com a verdade do Senhor é doutrina de demônios. "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; "(1Tm 4:1); "Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo." (Tg 3:1)
 
E o que fazer? Diante dessas realidades, como estar em paz com Deus?
 
1) Sem conversão não há paz com Deus. E conversão é um ato de Deus no coração de quem crê. Se o pecado tira a paz do coração e a alma anseia por comunhão com o Senhor, então deve haver ARREPENDIMENTO do pecado. Arrepender-se é lamentar o que fez, envergonhar-se do que fez, desejar intensamente nunca mais fazer. Sem arrependimento não há conversão. Juntamente com isso é necessária A , não uma fé em objetos, em falsas promessas, mas a fé genuina, gerada por Deus no coração em trevas, que crê no Senhor Jesus Cristo como o Filho de Deus, que crê em sua vida, paixão, morte e ressurreição, e que crê em Suas palavras como autênticas e verdadeiras. "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida". (Jo 5:24); "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (Jo 14:6). E para converter-se é necessário buscar o Senhor agora, neste momento, entregando-se a Deus. "A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. " (Romanos 10.9)
 
2) Ao converter-se uma nova vida eclodirá no coração e um desejo intenso de afastar-se do pecado  também surgirá. É o "nascer de novo", a metamorfose que acontece no coração de alguém. É a regeneração. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (2Co 5:17). Os pecados de outrora, pequenos ou grandes, são transferidos da alma do homem para Jesus, que morreu na cruz, pagando por cada um deles. Primeiramente pelo pecado original, de toda a humanidade; e, juntamente com isso, por todos os pecados já cometidos. Quem foi perdoado é capaz de obedecer à ordem: "Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior. (Jo 5:14)
 
3) Então terá alcançado o que a penitência na Quaresma não consegue: uma vida consagrada e um coração liberto dos pecados. E também alcançará o que os neoapostólicos não são capazes de obter: felicidade. Pois quando temos o Senhor no centro de nossas vidas, obtemos a paz tão almejada, a realização tão necessária e a segurança para andarmos felizes o tempo todo. Quem tem Jesus tem tudo. "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;" (Rm 5:1); "Porque já aprendi a contentar-me com o que tenho."(Fp 4:11); "Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça de Deus que vos foi dada em Jesus Cristo. "(1Co 1:4)
 
QUARESMA NÃO!
MÁGICAS NÃO!
Cristianismo puro e simples sim!
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

17/02/2015

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

memórias literárias - 148 - IRA, MISERICÓRDIA E FUTURO

148 - IRA,
MISERICÓRDIA
E FUTURO
O Brasil neste Carnaval assemelha-se a porcos dentro de um chiqueiro da roça: afundam-se na lama que eles mesmos defecaram. Comem em fétidos cochos e ainda acham que a vida é isso mesmo, sujeira, comida, reprodução, fezes e festa. É assim que os sites de mídia descrevem a nação neste Carnaval: de norte a sul, de leste a oeste o povo urina nas ruas, pratica o sexo nas praças, mata com tiroteios e agressões físicas, destroi-se nas estradas com motoristas embriagados, dança diante das mídias e despe-se para sair na imprensa. Milhões de brasileiros estão nas ruas gritando, sambando, urinando, suando, transando, traindo, ignorando qualquer realidade pessoal; muitos estão desempregados, endividados, separados, doentes, mas não importa; o reino do Carnaval é da carne e do diabo, de Mamom, Abadom e Momo. Sob olhares complacentes das religiões, nada mais pode ser tratado como PECADO; aliás, essa palavra passa a ser considerada PRECONCEITO. Diversas igrejas evangélicas estão nas ruas, com blocos carnavalescos; uma das instituições de mídia católica está em "retiro espiritual" dançando "eu sou doido por Jesus", colocando a juventude num autêntico carnaval popular. Diversas igrejas afixaram em suas fachadas a frase: "reabriremos depois do Carnaval", e o povo sobrevivente não encontra em sua congregação um local para adorar a Deus e fugir da corrupção do mundo. Parece até que ouvimos nos céus a frase triste do Senhor: "Digo-vos, quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc 18:8)
 
Ainda assim a misericórdia de Deus continua a expressar-se. Talvez pudéssemos ser tentados como Jonas, que aborreceu-se de tamanha graça e longanimidade do Senhor, ao ver Deus ter compaixão de Nínive, que ameçou destruir por causa da violência. Deus também tem misericórdia do Brasil. A chuva no Sudeste surpreendeu até os meteorologistas; está acima da média do mês de fevereiro. As represas receberam águas abundantes, que, se não resolvem a crise hídrica, dão um ou dois meses de socorro com o qual os governos não contavam. Ainda há a previsão de mais chuvas nesta próxima semana até chegar o fim do mês, que suspeita-se será seco. As águas caíram com força nas represas, mesmo com o Brasil caindo com força no pecado do Carnaval. Mesmo com as igrejas do Senhor acanhadas e adormecidas no meio do pecado e da inatividade. Tal situação faz-nos lembrar: "Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos." (Mt 5:45)
 
Terminado o show de horrores carnavalescos e sossegada a mídia que irá explorar ao máximo as aberrações morais que aconteceram (e que produziram no bolso dos empresários e dos atores milhões de dólares em pagamento pela pornografia), a realidade cobrirá a nação novamente. E o tom mudará  o enfoque: virão os protestos, as críticas, as pedradas, a reclamação geral. As vozes que antes diziam dos seus candidatos enganadores e performáticos: "Bendito o que vem em Nome do Senhor" agora dirão sem dó ou piedade: "crucifica-o!" É a turba. É o populacho. São as mesmas vozes, produzidas no coração de gente que não tem valores e nem princípios definidos. Os donos do poder dão pão e circo e o povo vibra e vota cegamente. Só que o pão está a acabar na mesa do trabalhador e o circo terminará com o Carnaval. Só restará um populacho nervoso e revoltado. Antes o governo despojava o BNDES, as contas públicas, a PETROBRÁS e supria o chiqueiro com muita lavagem, calando a malta. Agora, sem ter de onde tirar ou o que encenar para mostrar um lindo espetáculo, terão que prestar contas da realidade, e esta não será bonita. O Brasil adentra ao período econômico e político mais trágico de toda a sua história recente, comparado apenas à Era Collor.
 
O futuro? O futuro imediato tende a seguir o caminho do desemprego em massa, o racionamento de água e de energia elétrica; a falta de financiamento particular, privado e estatal; a duplicação dos impostos e do preço da gasolina que custa a metade em todo o mundo, mas aqui  custará três vezes mais. O custo será conhecer os corruptores da política que irmanaram-se aos empreiteiros em lesar a PETROBRÁS e todas as instituições de nosso país. O custo será verificar a cadeia de produção, que está parada, demitir MILHÕES de funcionários, de todas as empresas que fazem carros ou suas peças, que vendem casas ou terrenos, que produzem máquinas, que realizam serviços, que regam a agritultura e alimentam a pecuária etc. Com o racionamento da água as indústrias sairão do SUDESTE, mas no NORDESTE ou NORTE não terão uma logística competitiva, pois o custo do transporte será insuportável. O racionamento de energia elétrica nos deixará às escuras e passaremos um momento dos mais tenebrosos já atravessados pela nação. Pode não acontecer? Dificilmente, pois o noticiário está aí a descortinar o futuro nesses termos; os membros de nossas igrejas estão aí, com férias coletivas, com demissões em massa, com empresários a demitir e a fechar as suas portas. Estou exagerando? Olhe para a sua igreja e a sua cidade!
 
Mas o futuro final é certo: Deus trará a juízo toda a promiscuidade do Brasil. Cada pessoa será julgada diante do Grande Trono Branco do Justo Juiz. Cada um prestará contas de si mesmo. Os governantes prestarão contas de suas políticas e roubos. Os pais de família de suas orientações ou deseducação. As mães de seus cuidados ou abandonos. Os filhos de sua submissão ou rebelião. As igrejas de suas mentiras e fraquezas, de suas ausências e de suas sincretizações malignas. E então Deus dará a cada um conforme as suas obras. Mas para aqueles que não se dobraram, que não seguiram o bloco na rua, que não aceitaram igrejas de portas fechadas, que não corromperam e não foram corrompidos, que ousaram viver a verdade do evangelho num mundo de mentiras e de ilusões, que arcaram com o custo de chamar de PECADO aquilo que chamavam de preconceito, a estes, escolhidos, remidos, resgatados, predestinados em Cristo, ser-lhes-á concedida a Graça de entrarem no Novo Mundo, no reino celestial de Jesus, onde nem ira, nem misericórdia e nem futuro representarão a realidade, pois viverão o ETERNO HOJE DE DEUS, sem dor, sem lágrima, sem pecado, sem desemprego, sem impureza, sem engodo.
 
Presto virá. Preparemo-nos. "Ora vem, Senhor Jesus!"
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil

16/02/2015

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...