quinta-feira, 30 de novembro de 2017

memórias literárias - 571 - EU CONFESSO

EU
CONFESSO...

 

571
 
EU CONFESSO - Sou um pecador.
 
Com os meus pecados eu estava sob a ira de Deus e condenado ao Inferno, um lugar e um estado.
 
Cri na revelação escrita de Deus, a Bíblia Sagrada, e nela encontrei Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, que sacrificou-se na cruz do Calvário para pagar o preço dos meus pecados.
 
Arrependi-me e cri em Sua morte e ressurreição, confessando-O como meu Salvador pessoal.
 
Ele me salvou.
 
Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, dos que crêem, pois "tudo o que foi escrito é para que saibamos que Ele é o Cristo, e para que, crendo, tenhamos vida em Seu nome".
 
Sem crer não há vida, sem crer não há Ceu, sem crer não há perdão.
 
E PONTO FINAL.
 
Quem quiser acreditar "num outro evangelho", que acredite. Certamente irão para um "céu" diferente, imaginário, fruto de fábulas, não o real. No real só entram os lavados e remidos, crentes e renascidos, arrependidos e transformados.
 
O resto é mentira.
 
É a minha fé.
 
Câmbio final.
 
Wagner Antonio de Araújo
2013

memórias literárias - 570 - A MIM O FIZESTES

A MIM
O FIZESTES
 

 
570
 
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. (Mt 25:40)
 
Quando distribuí literatura evangelística e ninguém deu atenção, nem os que receberam, nem os irmãos que nunca se dispuseram a evangelizar, não o fiz aos homens. Eu fiz para a glória de Deus.
 
Quando separei do meu salário e da minha renda o dízimo e as ofertas alçadas, contribuindo com responsabilidade na igreja onde sou dominicalmente servido espiritualmente, e não tive nenhuma forma de reconhecimento por parte dos congregados ou do pastor, não ficarei magoado. Eu fiz para a glória de Deus.
 
Quando visitei o doente que nem conhecia, o prisioneiro que não era de meu relacionamento ou o idoso anônimo, e não fui sequer mencionado ou percebido por ninguém, nem convidado para a festa de sua cura ou libertação, não ficarei deprimido. Eu fiz para a glória de Deus.
 
Quando eu orei em silêncio, no instante da pregação, ou pela conversão de um pecador, ou pela cura de uma enfermidade alheia, ou pela solução de uma dificuldade na vida do próximo, e não fui lembrado por ninguém na hora da vitória, conversarei com o meu coração para não sentir-se traído. Eu o fiz para a glória de Deus.
 
Quando dominicalmente me levantei para ir à igreja, quando participei da escola dominical ou da vigília de oração, quando estive nos compromissos cristãos em que poucos se dispuseram a ir, e, depois fui esquecido, desprezado ou não reconhecido pela minha própria igreja, terei resignação. Não servi aos homens, eu servi a Deus.
 
Quando eu morrer e a minha vida escondida em Cristo estiver, e a minha memória pouco a pouco for deixada para trás, nas estantes das bibliotecas, nos arquivos virtuais de fotografias ou nas lembranças dos que me conheceram e que já nem se lembram do meu nome, quando a lápide do meu túmulo cair e o coveiro não souber sequer a qual túmulo ela pertencia, não farei caso (nem terei conhecimento disto). Eu já terei vivido, e vivi para a glória de Deus!
 
Quando sirvo ao próximo, aos irmãos na fé e aos desconhecidos, em amor de Jesus, é Ele quem vê, quem se importa e quem se lembra. No final, quando tudo acabar, terei a felicidade de saber que Ele viu e que Ele não se esquceu. Bendito seja o Seu Nome!
 
A Ti, Senhor, a minh'alma rende glória.
 
Basta que Tu saibas.
 
É tudo o que me importa.
 
Wagner Antonio de Araújo

30/11/2017

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

memórias literárias - 569 - ESPERANDO EM SILÊNCIO - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 27

ESPERANDO
EM SILÊNCIO


Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 27
569

Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. O salmo 62.1 declara: “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação”.
O médico, sentado à nossa frente, diz: “Sinto em lhe dizer, mas o seu estado é grave. Está com câncer em estágio avançado e não há tratamento. Vamos apenas dar-lhe remédios contra a dor”. Diante disto o desespero, o grito, o lamento, a sensação de que o mundo já acabou.

As contas se avolumam na escrivaninha da casa e o trabalhador vai para a empresa. Ao procurar o cartão de ponto depara-se com um aviso para subir ao departamento pessoal. Ali o gerente lhe diz: “Infelizmente você está demitido. Procure os seus direitos”. O trabalhador pensa na filha de seis anos, que precisa de um leite especial; no menino de doze que pediu um tênis de marca; na esposa que não trabalha fora. “E agora, o que farei?”

Se gritar alto resolvesse a situação não teríamos porcos sacrificados. Digo isso porque na roça, onde vivi algum período da vida, os meus parentes matavam o porco que engordara. Os gritos do animal eram terríveis, longos, duradouros. Por mais que gritasse não havia escapatória: ele viraria torresmo na tarde do mesmo dia.

Mas também me lembro daquele pardalzinho ferido. Encontrei-o no quintal de casa. Estava com a perninha a sangrar. Vi-o no meio de umas plantas. Ele não piava, não gritava, não reclamava. Se eu não o socorresse ele certamente morreria em questão de horas. Peguei-o e nós o tratamos. Em alguns dias ele saiu da gaiola, feliz e restaurado. O seu silêncio não o condenou.

Ao homem provado, à mulher sofredora, digo: gritar não é a solução. Gritar só piorará as coisas e deixará a todos em polvorosa. Gritar tornará o problema pior do que estava. O remédio é esperar em Deus no silêncio e na quietude de uma alma confiante. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. (Sl 127:1)
Silêncio e confiança. Uma espera tranqüila diante do autor e consumador da fé. Não é o grito que comove, mas a confiança expressa na quietude de alguém que crê. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. (1Jo 4:18) Vamos confiar e em silêncio esperar o livramento do Senhor. Ele cuida daqueles que O amam. Que Ele nos abençoe. Amém.
Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 


 

terça-feira, 28 de novembro de 2017

memórias literárias - 568 - EU TE ENVIO

EU TE
ENVIO
 

 
568
 
Milhares presentes naquele gigantesco local. Eu estava numa fileira central do auditório, rodeado de dezenas de outros assistentes. Chegara o momento especial.
 
- Você. Venha aqui.
 
Olhei em volta, tanta gente, tantos mestres e celebridades. Esperei que alguém se apresentasse.
 
- Você mesmo.
 
- Quem? Eu???
 
- Sim. Você mesmo.
 
Fiquei perplexo! Eu? Por que eu? Deveria haver algum engano. Talvez tenha chamado a pessoa de trás, ou do meu lado. Olhei para trás, as pessoas fizeram cara de que era comigo mesmo que Ele falava.
 
- Venha.
 
Então me levantei. Pedi licença aos que estavam à direita, uns vinte, até chegar ao corredor. No auditório um silêncio imenso. Estava aflito e envergonhado. Sou tímido, não me senti confortável em ser o centro das atenções.
 
- Não se preocupe. Apenas venha.
 
Cheguei ao corredor e fui caminhando para o palco. Os olhos de todos me contemplavam. Uns sorriam, alegres. Outros olhavam perplexos. Eu não sabia para onde olhar. Olhava para o carpete vermelho do chão, depois para as imensas luminárias do salão, olhava para as arquibancadas ao redor do auditório, olhava para o palco e todos que ali estavam. Pensava: "Não é possível! Como foi que Ele me achou?"
 
- Eu lhe conheço muito bem. Não tenha medo".
 
Subi os degraus do palco, até chegar ao centro da plataforma. Fizeram um cordão de servidores ao redor. Olhavam para mim com felicidade. Eu, temeroso, envergonhado, sentindo-me indigno.
 
- Suba aqui.
 
Olhei e vi os sete degraus até onde Ele estava. Subi de cabeça baixa, com muita dificuldade. Enfim, cheguei. Coloquei-me de joelhos.
 
- Eu o escolhi. Você foi nomeado. Vou lhe enviar.
 
- Mas, Senhor, por que eu? Há tantos aqui, tantos que não sei contar quantos são! Há gente nobre, gente experiente, gente famosa, gente que tem tantas qualificações! Eu sou pequenino, tão miserável, tão limitado! Jamais imaginei isto!
 
- Não lhe escolhi porque é o menor, nem porque é o mais qualificado. Eu o escolhi porque assim desejei. Conheço as suas noites, conheço os seus dias. Conheço a seriedade com que encara a missão. Para esta hora e este momento, quero você nesta tarefa. Vou usá-lo. Atendi às suas orações!
 
Imediatamente todos se levantaram e disseram: "Abençoa-o, Senhor, envia-o no Teu poder e amor!".
 
E então Deus me abençoou.
 
E, de imediato, me enviou.
 
Então fui.
 
---------
 
 
Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. (Jr 1:7)
 
Tu a quem tomei desde os fins da terra, e te chamei dentre os seus mais excelentes, e te disse: Tu és o meu servo, a ti escolhi e nunca te rejeitei. (Is 41:9)
 
Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. (Jo 15:16)
 
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. (At 13:2)
 
 
Wagner Antonio de Araújo

28/11/2017

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

memórias literárias - 567 - UM DIA NA TUA CASA - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 26

UM DIA NA
TUA CASA


Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 26

567


Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Assim diz o Salmo 84.10: “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade”. 

Os filhos de Corá compuseram este salmo maravilhoso. Ele descrevia as lembranças do templo de Jerusalém, construído por Salomão. Enaltecia a preciosidade daquele local, que tinha o nome de Deus. Ter o nome significava ter a própria pessoa; assim, estar no templo era estar com Deus. Havia várias partes construídas, vários átrios, anexos à sala principal, o Santo dos Santos. Havia o átrio dos gentios, reservado para estrangeiros. Havia o átrio de Israel, reservado para as pessoas do país. Havia o átrio das mulheres. Eram os locais de adoração. O salmista amava aquele lugar. Ele amava a Deus e tinha prazer em estar na casa dEle. Muitos séculos depois encontramos Jesus Cristo, aos doze anos, sentindo o mesmo prazer em estar na Casa do Pai. Dizia ele aos seus pais: E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? (Lc 2:49) Depois, quando grande, Ele, num ímpeto de proteger a Casa de Deus dos ladrões ambulantes, declara: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões. (Mt 21:13)


Hoje não temos mais um templo onde Deus habita. O templo de Jerusalém foi destruído. Jesus Cristo também afirmou que agora o local não importa mais. Ele disse: Crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. (Jo 4:21). E onde está o local de adoração? Em todo o lugar onde o nome do Senhor for proclamado: Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. (Mt 18:20). A esse lugar de adoração, seja ele num casebre ou num catedral, debaixo de uma árvore ou no casco de um barco, é a casa de Deus. A igreja se reúne ali e ali é o melhor lugar do mundo!

Ali ouvimos a voz de Deus através das pregações. Ali falamos com Deus através das orações. Ali louvamos a Deus através de cânticos e poesias. Ali mantemos comunhão com os nossos irmãos na doce e santa harmonia dos crentes. Ah, como a igreja é importante! Ela estabelece um vínculo constante com Deus, um compromisso semanal com o serviço de Deus e uma âncora onde a família cresce no conhecimento da Palavra. Ela é casa de festa na alegria e refúgio consolador na hora da dor. Tem o ouvinte a experiência de viver na Casa de Deus, no lugar onde a Igreja do Senhor se reúne? Procure uma igreja bíblica que confie só em Jesus como Salvador e experimente esta felicidade. Que Deus nos abençoe!




Wagner Antonio de Araújo

mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

sábado, 25 de novembro de 2017

memórias literárias - 566 - AMPARO NA VELHICE - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 25

AMPARO
NA VELHICE

 

 
Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 25

566
 
Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Hoje eu tenho 52 anos. Quando eu estudava no ginásio e no colégio, olhava os meus professores e pensava: como são velhos! Um tinha 35, outro 40, outro já chegara aos 50! Hoje, quando eu tenho mais do que todos eles, penso: como envelheci! E como não me sinto tão velho assim!

O salmista diz: “Não me rejeites na minha velhice; quando me faltarem as forças, não me desampares” (Salmos 71.9)
Um dos mais sérios temores que nós sentimos é de envelhercermos sem ter as condições necessárias para sobrevivermos. Num país injusto como o nosso, onde a aposentadoria é uma desgraça, onde os velhos são considerados peso e gasto excessivo, depender disto para sobreviver é muito difícil.  Mas aquele que confia em Deus obtém um bem maior: a própria ajuda divina para o seu amparo. Cito aqui três exemplos.

O primeiro é o de minha mãe, querida Elzira Bonfante. Sempre dependeu de meu pai para sobreviver. Papai adoeceu e morreu. Passou a receber a sua aposentadoria. O meu irmão prosperou e viveu dias felizes; passou a ajudá-la com grande dedicação. Resultado: minha mamãe querida teve da parte de Deus, através da aposentadoria e dos recursos filiais o sustento devido. E como ela viveiu? Com gratidão a Deus, servindo a Jesus com grande dedicação. Muitos tijolos da igreja onde congregava vieram de suas generosas ofertas.
 

 
 
O segundo foi o irmão Sebastião Emerich. Quando eu me converti ele já era idoso. Viveu até os 94 anos. Um trabalhador operário, salário pequeno. Contudo, um administrador responsável. Adquiriu uma casa, e do seu salário ainda emprestava ao chefe! No final de sua vida teve o amparo de suas filhas amadas e nunca passou necessidades. Deus esteve presente em sua velhice!
 

O último: Pastor Timofei Diacov. Ele era da linhagem de pastores que não se ocupavam dos negócios desta vida. Ele confiava em Deus. Ficou viúvo e casou-se novamente. Envelheceu, adoeceu e teve muitas necessidades. Com a ajuda da esposa e dos amigos não passou um minuto de necessidade. Deus o amparou em sua velhice, dando-lhe a dignidade necessária!

Vale a pena confiar em Deus. Por isso digo aos ouvintes: não temamos a velhice. Clamemos ao Senhor e confiemos completamente em Seu amparo duradouro e eficaz. Que Deus nos abençoe. 
Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

memórias literárias - 565 - POR CAUSA DE UM ADUBO

POR CAUSA
DE UM ADUBO


 
565
 
Há certas pessoas que mantém o dedo em riste contra os erros dos outros. Mas não fazem nada para corrigir os seus próprios.
 
Um conhecido meu recebeu a visita de uma equipe de jardineiros. Perguntaram se queria que arrumassem as plantas, podassem as folhagens. O meu amigo explicou que não poderia pagar muito. Eles fizeram um preço especial, mas quiseram vender um adubo. Tanto fizeram que o meu conhecido aceitou. Em uma hora arrumaram tudo.
 
Horas depois a esposa do meu amigo deu com a falta de dois pequenos pacotes de adubo, comprados especialmente para um vaso. Perguntou-lhe se os jardineiros o utilizaram. O meu amigo disse que não, mas, para confirmar, ligou ao jardineiro. Este falou que usara aqueles também. O meu conhecido protestou, dizendo que ele nem pedira para usá-los e nem lhe informara do uso. O jardineiro limitou-se a pedir desculpas. O meu amigo disse que precisava dos pacotes e que deveria devolver a bem da honestidade. O jardineiro nunca mais voltou. Perdeu a manutenção mensal que estabelecera com o meu amigo...
 
E assim o ser humano caminha, tentando levar vantagem em tudo, perdendo a vergonha e boas oportunidades por causa de coisas tão pequeninas como um pacote de adubo! Ficaria muito mais barato voltar e devolver os pacotes, já que não lhe pertencia e nem estava planejado utilizá-lo. Mas o operário deixou por isso mesmo. Perdeu um cliente e também a vergonha.
 
Há pessoas que são os seus próprios inimigos; eles mesmos cavam um buraco e caem neles!  O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá. (Sl 37:21) Quantas pessoas perderam amigos e relacionamentos por causa de uma pequena quantia emprestada e nunca paga! Teria sido muito melhor procurar o credor e dizer que não tinha condições de pagar! Mas quem faz uma vez costuma fazer duas ou três, e traz sobre si a condenação. Cavou um poço e o fez fundo, e caiu na cova que fez. (Sl 7:15)
 
O lucro momentâneo é a falência derradeira; se o juízo não vier neste mundo, não escapará do juízo final.
 
Sejamos honestos como Abraão. Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; (Gn 14:23)
 

Wagner Antonio de Araújo

memórias literárias - 564 - O QUE QUEREM OS ATORES?

O QUE QUEREM
OS ATORES?
 

 
564
 
Não são apenas os atores da TV Globo do Brasil (mas principalmente). Parece haver uma revolução artística que visa empurrar para o público o homossexualismo exacerbado. Não há um único dia em que não haja uma iniciativa que reverencie uma peça teatral que tenha um casal de lésbicas ou um amor entre homens! Eles estão entorpecidos e enlouquecidos, querem de toda forma fazer-nos conviver com o absurdo, sorver essa ideologia de gênero maldita, nascida no inferno e desenvolvida nas mentes "brilhantes" daqueles que se esqueceram do temor do Senhor!
 
Nos Estados Unidos, na Europa, Índia e em qualquer parte não há uma pauta anual de prêmios que não contemple esse tipo de relação. Nas novelas brasileiras essa imposição está em toda parte. Somos vítimas de uma ação avassaladora, um ataque premeditado e maciço dos canais de comunicação contra a família tradicional, contra as relações criadas por Deus. E os ministros religiosos, com exceções, parece que coam aquilo que é primário e combatem o secundário! Ao invés de apresentar ao povo os valores bíblicos da sexualidade e da família, a orientação sadia para uma vida alicerçada no conhecimento de Deus, transformam suas congregações e denominações em meras plataformas políticas, atacando o homem ou a empresa e deixando de lado a Bíblia (que é arma de ataque e defesa) e a oração (que pode mudar situações). O que conseguimos é uma batalha política e midiática sem fim, de ataques e agressões, e pouca ou nenhuma mudança legítima. Aqueles que dizem não ligar mais os canais da Globo sorvem outros piores ainda, no Netflix ou na internet. Criamos a hipocrisia da bravata!
 
Segundo a Bíblia,
 
1) O mundo jaz no Maligno (e não começou hoje!) - Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno. (1Jo 5:19)
 
2) A nossa luta é contra hostes espirituais, não contra pessoas - Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. (Ef 6:12)
 
3) Os crentes não deveriam esperar um mundo melhor, mas deixá-lo com suas concupiscências, buscando a santidade. O mundo não será santo, mas o crente tem se tornado mundano! Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, (Hb 12:1); Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. (1Jo 2:15)
 
4) A TV do crente desde há muito está demasiadamente ligada. Se tivéssemos menos TV e mais comunhão, mais culto doméstico e mais igreja, essa desgraça não teria entrado em nossos lares. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tg 4:4)
 
5) Não somos uma ideologia qualquer; somos a resposta de transformação para todo o homem que crê; por isso, se o evangelho não nos transformar em casa, ele não servirá de nada. Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (2Tm 3:5); Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. (Jo 15:14)
 
6) Amar o mundo é muito mais do que vestir-se como ele (mas é também isto); é muito mais do que falar como ele (mas é também isto); amar o mundo é misturar-se e tornar-se igual, sem nenhuma influência, sem diferença com os demais. Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. (Mt 5:13)
 
7) Enquanto no passado as igrejas eram o centro educacional e cultural das vilas e países, influenciando toda a sociedade, hoje ela se molda aos ditames do pecado, de Satanás e de sua filosofia, tornando-se gelatina na tina do Diabo. Nada mais diferente do que Deus desejava! E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)
 
8) As editoras bíblicas, responsáveis em publicar exemplares da bíblia, atacam as traduções clássicas, elegantes, formais e de português superior, colocando versões mundanas e vulgares nas mãos do povo, sob o pretexto de tornar a Escritura compreensível a todos; esquecem-se, contudo, de que o elemento da sacralidade, da formalidade e do conteúdo leva os homens a subir a escada do conhecimento, do respeito e da língua bem falada. Não bastavam as inúmeras versões na linguagem das sarjetas, agora destróem as versões atualizadas que tanto amávamos! Sinal do fim dos tempos, sem dúvida! Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tt 2:8); Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. (Tt 1:9); Não removas os antigos limites que teus pais fizeram. (Pv 22:28).
 
Esta é uma hora difícil. Preservemos a fé, as congregações locais, os exemplares da bíblia em linguagem formal que ainda restam, e deixemos os embaraços que tenazmente nos assediam. Olhemos para o Jesus da Bíblia; desliguemos as mídias sujas, liguemos as boas mídias e criemos em casa, no celular, em nossas redes sociais e em nosso convívio diário relações que agradem a Deus, que nos levem à santificação e nos afastem do pecado.
 
Porque a visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim, e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. (Hc 2:3)
 
 
Wagner Antonio de Araújo

24/11/2017

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

memórias literárias - 563 - A LUZ QUE MOSTRA A LUZ - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 24

A LUZ QUE
MOSTRA A LUZ
 


Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 24
 
 
563

Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Há uma frase memorável no Salmo 36.9, onde se lê: “Pois em Ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz”.
Carlos se perdera na floresta. Ele não estava distante da cidade. Porém, como as árvores eram quase todas iguais, tentou sair daquele emaranhado, mas só piorava a situação. Já eram dezessete horas e a noite chegaria. Ele orou, dizendo: “Senhor, envia a Tua luz!” Logo anoiteceu. Ele viu que o céu estava todo nublado, um escuro imenso. Mas no alto das nuvens ele viu um clarão. Entendeu que era o brilho da luz da cidade, refletido no alto das nuvens. Então foi caminhando em direção daquela luz. Logo avistou o bairro limítrofe do parque e encontrou a estrada. Quando ele viu a luz no céu encontrou a luz do livramento.

A nossa vida também é assim. Muitas vezes nos perdemos na floresta da existência. Talvez tenhamos nos esquecido dos valores bíblicos nos quais fomos criados, ou então nem os conhecíamos. Talvez nos deixamos levar pelas tentações, pelas ilusões que se nos apresentam em diversos momentos: um meio de ganhar dinheiro fácil, mas com desonestidade; um amor ilusório que nos fez abandonar a família; uma decisão que nos colocou na estrada da ilicitude. Não importa. São muitas florestas que, ao fim, nos deixarão em plena escuridão e sem condições de sair de suas garras. Então o grito aparece, como apareceu em outro salmo: Elevo os meus olhos para os montes: de onde vem o meu socorro? (Sl 121:1)
Somente olhando para cima, para Deus, para a presença gloriosa de nosso Criador, é que nós encontraremos a verdadeira saída. Se olharmos para os nossos pecados não teremos esperança. Se olharmos para os homens, para a ajuda que deles poderíamos receber, só teremos frustrações. Se olharmos para os nossos recursos, parcos e limitados, nos desesperaremos. Se olharmos para a nossa saúde e finitude, nos desesperaremos. Mas se olharmos para Deus, através de Jesus Cristo, encontraremos a luz. Ele disse: Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. (Jo 12:46)
Quem encontra a luz de Deus encontra o manancial da vida. Manancial é o lugar onde nascem as águas de uma fonte. Quanto mais água sai, mais água brota, constantemente. Assim será a vida daquele que for iluminado pelo Senhor: terá vitalidade, longevidade, coragem, força para continuar e determinação para vencer. Busque em Deus a luz da vida e beba de seu infinito manancial.

Que Ele nos abençoe. Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

memórias literárias - 562 - DITOSO O HOMEM - SÉRIE: CONSOLO NOS SALMOS No. 23

DITOSO
O HOMEM

 
Série:
CONSOLO NOS SALMOS
No. 23
 
562

Olá! Aqui é o Pr. Wagner Antonio de Araújo. Assim diz o texto do Salmo 112.5,7: “Ditoso o homem que se compadece e empresta; ele defenderá a sua causa em juízo; ... Não se atemoriza de más notícias.; o seu coração é firme, confiante no Senhor”.
Contava-me uma senhora que havia uma parente que possuía muitos suprimentos em sua casa. Essa senhora, contudo, era criança e não tinha tal abastança. Um dia a sua mamãe pediu-lhe para buscar na casa da parente abastada uma certa provisão. Ao chegar lá a parente afirmou: “Quem precisa pede sempre; quem ajuda nem sempre tem.” Com muita tristeza tomou o suprimento e levou à mamãe. Sentiu-se humilhada pela situação. Os anos se passaram e essa parente morreu. O suprimento que tinha perdeu-se, apodrecido no depósito, pois os filhos não souberam fazer uso daquilo. Não poderia ela ter sido generosa e, com um coração bondoso, oferecer do que tinha com maior alegria?

O salmo nos afirma que um homem que empresta com compaixão é ditoso, é feliz, é muito abençoado pelo Senhor. Todavia, creio que, nos dias atuais, temos um caminho até melhor. Já se disse que quem empresta pode perder o dinheiro e o amigo. Então, às vezes, o caminho melhor é dar, se tiver condições. É melhor dar e não esperar de volta do que ganhar um devedor que perde a própria amizade. Seja por empréstimo ou por doação, aquele que é generoso encontra da parte de Deus um defensor, um ajudador, um companheiro. Isto não significa que ganhará qualquer demanda ou qualquer processo. Nem sempre. Contudo, quando o homem generoso perde alguma coisa ou é injustiçado, Deus, em Sua infinita misericórdia, lhe concede através de outra fonte. Conheci um homem que foi injustiçado em seu serviço. Poderia ter entrado com processos diversos, mas decidiu agradecer a Deus e esperar no Senhor. Um dia o seu irmão lhe pediu o velho carro para dar uma volta. Quando retornou, trouxe-lhe um carro novo e lhe disse: “Deus está lhe abençoando através de mim.” O carro valia muito mais do que aquilo que não lhe pagaram.

Assim, quem confia em Deus não tem medo de más notícias. A crise pode ser avassaladora; a situação do mercado desesperadora. Esse homem, que confia no Senhor, pode até sofrer duras conseqüências. Mas ele é crente, é confiante. Ele diz como o Apóstolo Paulo: “Porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia. (2Tm 1:12)
Que Deus nos abençoe.
 

Wagner Antonio de Araújo
mensagem especialmente preparada para a EBAR - Escola Bíblica do Ar, à convite da irmã Ana Maria Suman Gomes). 

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

memórias literárias - 561 - NÃO É POR MIM...

NÃO É
POR MIM...

561
 
No ano passado achei uns pisca-piscas baratinhos. Comprei três. Mas, como não tivemos tempo de enfeitar quase nada, só o guardei na gaveta. Rute Cristina, minha filha, ainda com um ano e meio, ia comigo para a laje a observar os enfeites dos prédios ao redor. "Papai, pica-pica!" E ficava extasiada.
 
Hoje, ao abrir a gaveta, encontrei-os nas caixas. Rutinha já fala de tudo. Eu não ligo para esses enfeites, mas lembro-me que ligava quando era pequenino. Ela estava um pouco chorosa; então abri a caixa e disse: "Rutinha, você nem sabe o que eu tenho aqui!" Ela parou de chorar e ficou esperando, pulando, ansiosa. Desamarrei os fios, desembaracei-os e liguei-os na energia elétrica. Quando as luzinhas acenderam, os olhinhos de Rute brilharam. Ela deu um grito e falou: "Pica-pica, papai! Que lindo!" Em seguida saiu gritando: "Vovó Arlete, vem ver, pica-pica! Tia Milú, vem ver! Ma-mããe, pica-pica!" E pulava de felicidade.
 
Ter filhos é viver por eles, não por nós mesmos. É buscar agradá-los, não a nós. Penso neles sempre. Quero criar memórias boas para que eles tenham do que se lembrar. Mantenho diariamente o ensino da Palavra, brinco com eles e lhes digo à exaustão, com expressões de ternura: "Eu amo vocês!" Certamente se Jesus não voltar antes este texto valerá para firmar-lhes na velhice: Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade..., (Ec 12:1). Faço o que a Palavra de Deus me ordena: Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. (Pv 22:6) Confio-os ao Senhor.
 
Porém esta atitude de minha filha também me lembra o que deve ser a vida cristã: uma busca constante do interesse de Deus e do próximo, não os nossos próprios interesses. Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. (Rm 14:7). Se há algo que a verdadeira conversão faz no coração do crente é transformá-lo em alguém que não vive mais para si, mas para Deus e para o próximo. O amor não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; (1Co 13:5)
 
Alguém ilustrou o Céu com a seguinte alegoria: estaremos numa mesa e, junto com o nosso prato, teremos um talher bem longo, que não poderá ser usado para a nossa boca, mas para servir a boca de quem estiver à nossa frente. Assim todos servirão e serão servidos. Bonita a estória. A igreja deveria ser assim também. Ao invés de corrermos atrás do serviço que ela possa nos prestar, deveríamos arrumar o que fazer para sermos úteis na Obra do Senhor. E com isso os dons não seriam enterrados e ninguém ficaria sem ocupação e afeto.
 
Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. (Hb 10:25). Há tantos que precisam de nossa admoestação, de nossas orações, de nossa companhia, de nosso afeto, de nossos préstimos em honra e amor! Quem serve não encontra tempo para reclamar e nem motivo para isso. Pelo contrário: reveste-se de força para viver e alegria no servir. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (Jo 13:35)
 
Rutinha está lá na sala, pulando de alegria. Agora sei que o pisca-pisca não comprei para mim, mas para vê-la sorrir e para decorar a sala para o Natal que, de forma cristã e bíblica, hei de ter com a minha família e no seio da igreja onde sirvo ao Senhor. E assim como a sirvo em amor, quero servir aos meus irmãos, não buscando os meus próprios interesses, mas o da edificação de todos. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. (Rm 14:19)
 
Que Deus me ajude a fazer assim; bem como ajude ao meu leitor a fazê-lo também.
 

Wagner Antonio de Araújo

memórias literárias - 560 - ESTOU TÃO OCUPADO... REFLEXÃO

ESTOU
TÃO OCUPADO...
REFLEXÃO

560
 
 
- Olá, irmão! Estou ligando para saber como está. Há tanto tempo não temos contato!
 
- Pois é, irmão. Ando muito ocupado, muitas coisas pra fazer, corro o tempo todo, são tantas coisas. Eu até pensei em te ligar, falei até para a minha esposa. Nós até combinamos de visitar-te, mas que bom que ligou primeiro...
 
Isso é tão comum! As pessoas hoje enviam toneladas de whatsapp infrutíferos, impróprios, desinteressantes e absolutamente sem valor (figurinhas, vídeos de bobagens, frases feitas, cenas de auto-ajuda ou de pregações fatiadas e fora de contexto, correntes de "ajudem ao menino que mora no Jequitinhonha" etc). Elas pensam que todo mundo está numa janelinha, atento a cada clique que dão na rede social, no facebook ou na mídia disponível. Elas mesmas, entretanto, não estão. Enviei um "fulano, como você está?" Aguardo há três meses alguma resposta. E ele continua enchendo o meu whatsapp...
 
Outro dia o meu amado irmão José Guedes, locutor que fez vinhetas na Rádio Naftalina Web, a quem eu enviava as minhas mensagens diariamente, mandou-me uma foto. Ele estava pálido, numa maca. Liguei-lhe imediatamente. Falou-me que aguardava uma cirurgia. Liguei-lhe várias vezes na semana. Ele continuava a esperar. Então no sábado deixei de ligar. No início da semana perguntei-lhe como estava. Fui atendido por sua esposa, que mandou-me um áudio. "Infelizmente ele faleceu..." Fiquei desolado. Como pude deixar de ligar-lhe naquele sábado? Agora, ao enviar alguma coisa, vejo o seu número e penso: "Para ele só no céu, no porvir. Saudades".
 
E disse eu aos nobres, aos magistrados e ao restante do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros. (Ne 4:19)
 
Tão perto estamos com os aplicativos, tão distantes dos corações! O final do ano está chegando. Que tal nos perguntarmos: para quantos "contatos" nós realmente ligamos? Por quem realmente oramos? Por quais nomes realmente estivemos interessados em saber notícias? Muitas vezes nós queremos muitos contatos não porque nos interessamos por eles, mas para que eles vejam aquilo que nós postamos! Queremos muitos cliques em nossos vídeos para que eles nos façam subir de patamar no IBOPE de mídia. Uma multidão de gente, mas sem ninguém em especial. Que vergonha!
 
As igrejas andam assim também. Cresce a cada dia o número de mega-igrejas, comunidades com mais de duas mil pessoas, que, na maioria dos casos, não se conhecem, não têm interesse por ninguém, querem se beneficiar da fama do pregador e da igreja, além das condições oferecidas (área infantil, de música, de som, de estacionamento, de ar condicionado). Estas, para tentar driblar a frieza provocada por multidões, viram-se do avesso, criando os "pequenos grupos". E a fórmula fica assim: trabalhamos por um crescimento acima do que podemos suportar, para que, ao estourar o limite, fatiemos em pequenos grupos e finjamos que nos importamos com todos. Quem é pequeno quer crescer, e quem cresceu não aguenta o custo humano.  Formar novas igrejas de bairro? Nem pensar! Precisamos crescer 15% este ano!
 
Quanta saudade das igrejas de bairro, que serviam de forma restrita! No tempo em que poucos tinham carro e que a condução não era fácil, as famílias procuravam a igreja de sua denominação no bairro, e, caso não houvesse, cediam as dependências da casa para o início de um ponto de pregação. Ali as pessoas cresciam, conviviam, formavam os corais, as uniões de mocidade, os grupos de evangelização. Ali elas se casavam, criavam os filhos, formavam outra geração. Hoje, com a facilidade da condução e a mídia avassaladora das mega-igrejas, os filhos e netos são ceifados das igrejas de bairro. As grandes igrejas funcionam como um sugador: fazem publicidade maciça, oferecem doces e sorvetes (congressos, retiros, luais, bailes, encontros, namoros). Os filhos e netos, liberais, deixam as suas igrejas locais e vão ser mais um grão de areia na multidão das gigantes. Eles tocavam em suas igrejas; agora nem na escala são colocados. Eles lecionavam; hoje não o fazem, a não ser em algum encontro caseiro casual. Eles serviam no som, no serviço, na evangelização; hoje têm que pagar taxas para ter uma vaga de suplente em algum departamento da igreja grande. A igreja do bairro? Ficou para trás.
 
E a vida que vivem? Vida solitária. Solidão na multidão. Um gemido sofrido por muitos que, pela manhã, procuram um whatsapp, um e-mail ou uma frase no facebook que seja PESSOAL, não um bom-dia coletivo ou algo falado em grupos de convívio de quinhentas pessoas. Esperança frustrada, caro leitor: estamos a cada dia mais separados uns dos outros, apesar de entupidos de coisas enviadas ou que nos enviaram.
 
Sem essa de "estou ocupado". Não está não!
 
É como ir ao culto da semana. Não sendo por causa de escola, as famílias ficam enfornadas em casa, assistindo ao lixo televisivo ou às porcarias da internet. A desculpa é sempre a mesma: "Estava muito ocupado, cheguei tarde, tinha tarefas.." Mas basta alguém da casa receber um diagóstico de câncer, basta uma notícia ruim que chega de longe, uma ameaça de despejo da casa ou a sombra de um divórcio no casamento; o tempo para ir à igreja aparece bem rapidamente. Aparece todo mundo da família, até em dias em que não há culto! Quer dizer, a ambição leva à igreja. Queremos bênçãos. Não queremos reparti-las. Que mundo triste este!
 
Importemo-nos com as pessoas. Transformemos contatos em amizades, nomes em realidades. Vamos dizer com franqueza: podemos ser mais amigos, mais presentes, mais interessados, mais ativos, ter mais iniciativas. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo. (Lc 6:38)
 
Acho que vou parar por aqui. Lembrei-me de um irmão com quem não falo há muito tempo. Quem sabe o encontrarei em casa.
 
Tchau.
 

Wagner Antonio de Araújo

memórias literárias - 559 - NO ALTO DA MONTANHA

NO ALTO
DA
MONTANHA
 
 
 
559

 
Lembro-me bem disto. Eram as férias de julho. Eu, como sempre nos anos de infância, estava em Minas Gerais, na Meia Légua, em Cambuí. Papai tinha casa e terras ali. Eu costumava caminhar pela estrada até a casa de meu avô, de minhas tias e primos. Às vezes subia uma das montanhas.
 

 
A subida era íngreme. Havia gado no pasto. Às vezes eu escorregava, mas conseguia novamente subir. Esfolava os joelhos, os cotovelos, mas, criança que era, queria subir, subir. O sol estava para se pôr e eu queria contemplar aquela beleza.
 
Enxergava lá embaixo a minha casa, já pequenininha. Também visualizava a casa do vovô, dos meus tios. E dava para ver, pelos cantos da montanha, um pouco das casas da vila, no centro da Meia Légua. E subia, subia. Agora só os pássaros me faziam companhia. O gado berrava lá embaixo. Eu via a estrada em suas curvas por um bom pedaço; um cavaleiro estava subindo para Cambuí, outros dois desciam para a Meia Légua. Lá adiante, depois de minha tia Sebastiana, uma professora com algumas crianças caminhavam depois da aula. No curral do vizinho bem distante eu via as vacas a entrar para a ordenha. E subia, subia.
 
Lá em cima eu via o ribeirinho que descia da fonte de água. Que lindo! Água fresca, saída da montanha, límpida, potável e refrescante. Depois de bebê-la, continuei a subir, subir. E cheguei à parte mais alta. Minha casa estava pequenininha lá embaixo. Eu estava talvez a uns 300 metros lá da estrada. Via tudo: via o São Domingos, caminho do Córrego do Bom Jesus, via a entrada para São Mateus, em Camanducaia, via as duas capelinhas da entrada para a Roseta, bem ao alto. E orava.
 

 
Sim. Eu não era crente. Eu não havia ainda me convertido a Cristo. Eu nem sabia de Sua graça, salvação e transformação. Só conhecia as rezas. Mas ali, no alto da montanha, eu orava. Eu falava do coração com o meu Criador. Eu dizia a ele: "Senhor, eu vim aqui conversar conTigo! Como o mundo é lindo! É incrível!"

 
Há tantos anos que isso aconteceu! Passei boa parte do entardecer sentadinho na pedra, assistindo o desfile de nuvens branquinhas, que se encandeceram conforme o entardecer chegava. O azul deu lugar ao rosa afogueado e, logo mais, a brisa fria da noite de inverno chegou. Antes que escurecesse, eu desci. Fi-lo antes de papai chegar, para não levar bronca.
 
Depois que me converti, nos momentos de grande dificuldade, de grande reflexão, de grandes decisões, eu me ajoelho ao chão, imagino-me a subir aquela montanha, que já não é mais de nossa família há tantos anos, e subo novamente. Vejo as vaquinhas, vejo as galinhas, chego até a fonte, bebo da água fresquinha, subo mais, mais e mais, até chegar ao topo. Então, na minha imaginação, prostro-me ao chão, de frente para as montanhas daquelas Minas Gerais, e oro, dizendo: "Deus querido, há tanto tempo eu Te busco! Eis-me aqui novamente a falar conTigo, e a pedir-Te graça e companhia!"
 
E Deus, que não é fruto de minha imaginação, manifesta-se em minha realidade.
 
Ele nunca me faltou. Nos momentos de solidão Ele foi o meu companheiro. Nos momentos de sofreguidão foi o meu amigo. Nas horas de decisão foi o meu conselheiro. Nas horas de dificuldades foi o meu ajudador. Nos momentos de pecado foi o meu confessor e o meu Redentor. Nos instantes de dúvidas foi a minha luz. E todos os dias Ele é o meu EMANUEL, Deus comigo, presente, que nunca me deixa só.
 
Que o meu leitor e amigo tenha também a sua montanha para subir, mesmo que seja, como eu hoje, no meu quarto da cidade, longe da roça, infelizmente...
 

Wagner Antonio de Araújo

20/11/2017

domingo, 19 de novembro de 2017

memórias literárias - 558 - EU LUTO! MAS NÃO PELO SENHOR...

EU LUTO!
MAS NÃO
PELO
SENHOR...

558
Tenho visto muitas lutas por aí, no meio dos evangélicos.
Há os que lutam por (São) Calvino, como se este fosse o Redentor. É Deus no Céu e Calvino na Terra. Se algo não estiver em suas Institutas, se algo sair do esquema de seu pensamento monergista-fatalista, então é um grande anátema. Ai de quem ousar contra o calvinismo, a reforma (que nem de muitos foi!), as confissões de fé antigas dos batistas particulares ou do catecismo reformado! Seus jardins só têm tulipas exalantes...
Há os que lutam por Armínio. Muitos nem sabem quem foi ele, mas afirmam categoricamente serem arminianos. Buscam a salvação em Jesus na absoluta liberdade de quem pode aceitar, rejeitar, aceitar de novo, rejeitar novamente, etc. Tecem ousadas asseverações contra os calvinistas e constróem sua híbrida teologia onde Deus não é totalmente soberano. E zombam dos que crêem na "heresia calvinista".
Há os que são ultrafundamentalistas. Um destes chegou a brigar com outro, porque disse que não sabia para onde havia ido sua filhinha natimorta. Um crente dissera-lhe que o sangue de Jesus a salvava, mas ele protestou, dizendo que se ela não fosse uma predestinada, estaria perdida... São defensores de textos gregos específicos e de traduções específicas, incapazes de ver qualquer virtude em alguma outra que não seja exatamente de acordo com os seus teólogos americanos escolhidos. Se presbiterianos fundamentalistas, são os remanescentes. Se batistas, são os ultraindependentes. E por aí vai.
Cada um pode e deve esposar e defender a sua opinião e posição. Eu, por exemplo, sou um batista clássico. Defendo a maneira de ser e de acreditar do tipo batista até a década de 80, quando a minha denominação mudou os seus paradigmas interpretativos e o seu pessoal diretivo. Sou defensor do culto cristocêntrico e de uma hinódia tradicional. E milito nestes e em outros ideais. Mas...
Mas o que?
Mas temo que o Senhor tenha ficado esquecido em muitas destas lutas por opiniões de Paulo, Apolo, Pedro ou de cristãos. Estamos tão ocupados com a festa de aniversário que nos esquecemos do aniversariante. Estamos tão envolvidos com o sistema que nos esquecemos do propósito para o qual ele foi construído. Estamos tão viceralmente embuídos de um ideal de fachada que deixamos o principal de lado: a nossa luta é pelo Senhor, pelos seus valores, pelo Seu Reino, pela Sua vontade. Simplificando: deixamos de viver verdadeiramente a fé que propagamos. A prédica não é praticada. Vida cristã verdadeira é luta. E luta contra quem?
Luta contra a carne, o pecado, as tentações que tenazmente nos assediam todos os dias. Luta contra as armadilhas que nos colocam num abismo quase sem volta. Luta contra o assédio da mídia, da vã filosofia, dos adultérios sexuais, das falsas religiões. Luta contra o idealismo da auto-ajuda que facilmente nos faz deixar as fileiras do Reino e lutar pelas fileiras da carne e das suas concupiscências. Luta contra o secularismo e o evangelho social.
Luta contra o Diabo, Satanás, o acusador. Luta contra as hostes espirituais da maldade, contra o arqui-inimigo do evangelho. Luta contra o príncipe deste mundo, que domina a mente e coração dos homens. Luta contra as influências do maligno esparramadas na mente de nossos irmãos, de nossos familiares e de nós mesmos. Luta contra as suas tentações tão presentes, que querem ousar tirar Deus do trono de nossas vidas e colocar o nosso ego ou o próprio Satanás.
Luta contra o ceticismo. Este demônio sorrateiro, que deseja transformar o evangelho e a nossa fé num mero emaranhado de códigos e de valores que nada valem. Assim, conquanto sejamos lutadores de princípios acima descritos, deixamos de viver para o Senhor com fé, com discernimento, com afabilidade, com sensibilidade. Não oramos mais, não cremos mais, não temos fé naquilo que ousadamente asseveramos.
Então nos tornamos o contrário de nossas defesas. Dizemo-nos cristãos, mas mentimos. Dizemo-nos calvinistas, mas devemos dinheiro e satisfação ao próximo. Dizemo-nos arminianos, mas nos declaramos vítimas das línguas ferinas. Dizemo-nos fundamentalistas, mas negamos a eficácia dos princípios basilares do cristianismo. Nos consideramos clássicos, mas buscamos brechas que nos deixem respirar sem qualquer canga no pescoço. E o último pensamento que se nos apresenta é este: "E o Senhor? O que tenho feito de Jesus em minha vida?"
É aqui que a luta tem que ser alterada. Não sou eu quem devo fazer de Jesus alguma coisa. Eu devo entregar-me em Suas mãos e dizer: "Senhor, a luta é Tua, a batalha é Tua, Sou Teu servo, guia a minha vida e perdoa as minhas faltas. ". Preciso consertar o que o mal testemunho levou: se o meu próximo tiver um dedo para me apontar, eu, ao invés de jogar-lhe dez pedras, deverei buscar o que há de errado em mim e consertar-me, porque, se quero ser ícone de alguma coisa, que o seja de humilde servo do Deus vivo.
Porque a outra bandeira, a da opinião, só terá credibilidade se eu, como sustentador de opinião específica, tiver testemunho de Cristo para chancelá-la, carimbá-la e validá-la. E só o Senhor em nossa vida e testemunho pode fazer isso. Senão eu serei um grande modelo, mas a não ser seguido!
Quando eu tiver o Senhor como General e a Sua luta como a minha luta, a minha bandeira será levada com maior facilidade (ou trocada por uma que melhor represente a vontade do Senhor).
Quero lutar, mas a luta do Senhor. Quero lutar para ser um cristão na prédica e na prática. Que Deus me ajude!

Wagner Antonio de Araújo

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...