quarta-feira, 26 de junho de 2013

memórias literárias - 88 - REFLEXÕES SOBRE O ESCREVER

88 - REFLEXÕES SOBRE O ESCREVER
07/06/2013
Escrever por escrever é fácil. Escrever o que sente é difícil. Difícil porque nem sempre o sentimento ajuda; difícil porque nem sempre é possível escrever o que se sente.
Escrever é uma febre, é uma respiração, é um vício. O texto surge lá no canto do cérebro, atira-se feito uma bala de canhão, arromba a fronte da testa, apossa-se da mão e diz: "ei, escritor, o que está esperando? Eu quero nascer!" Às vezes ele nos pega desprevenidos: estamos dormindo, ou no carro, ou no banho, ou em qualquer outra atividade. Ele chega a nos levantar na madrugada, exigindo providências!
O escritor gosta de leitores. Para os que publicam em papel, a venda de seus textos constitui no seu grande prêmio: muita gente deve estar lendo o que escreveu. Para quem publica em blogs ou internet, o número de visitas conta bastante. Mas o que realmente incomoda o escritor é quando seu texto não provoca qualquer tipo de reação, nem tampouco sintomas de que foram recebidos e, quem sabe, lidos. Isso tira do autor a febre da caneta. Quando um novo texto surgir e exigir atenção o autor responderá: "ah, pobre texto, fadado à marginalidade das letras, para quê nascer se não há quem te leia? Aquieta-te na mente porque somente eu por ti me interesso..." Ah, quantos textos morrem de aborto pelo simples fato do autor estar cansado do silêncio!
Há textos que adquirem vida própria. Eles se tornam maiores de idade e donos de uma personalidade própria. Quando têm personagens, esses parecem sobreviver ao autor. Suas estórias, seus contos, suas fantasias difundem-se de forma impressionante, tornando-se mais conhecidos que o próprio autor. Hoje, com o império das mídias de computador os textos se tornam febres de repente: textos escritos há anos são transmitidos aos milhares da noite para o dia e sem explicação alguma!
Textos têm alma. Seu sopro vem do coração e da mente do autor. Alguns fazem chorar. Até o autor vai às lágrimas. Outros fazem rir. Uns irritam. Outros dão sono. Alguns causam contrição, levam a mensagem divina; outros, trazem tranquilidade, lazer e informação. Uns têm cores: são azuis da cor do mar; outros são amarelos como a morte; há textos verdes como as campinas, vermelhos como o rosto enrubecido da mulher; outros são brancos de pureza ou beges de juventude. Os textos são substantivos próprios, não apenas comuns. Em minha carreira de letras tenho textos que foram na minha frente. Outros, coitados, lutam para não serem apagados dos arquivos ou das páginas dos livros!
Mas escrever é uma necessidade e seguiremos a pensar com letras. Um pensamento registrado corre o risco de se imortalizar. Por isso, por que deixá-los esquecidos?
Viva a página escrita!
Wagner Antonio de Araújo,
aprendiz de escritor

memórias literárias - 46 - ENTÃO PENSO ... E ME LEMBRO ...


46 - ENTÃO PENSO ... E ME LEMBRO ...
A vida pastoral não pode ser exercida por meros executivos eclesiásticos. Estes nunca têm tempo para as pessoas; aliás, para eles, o que estraga a igreja são as pessoas que nela congregam...
Quando se é pastor por chamado e se entende que o serviço de Deus ao povo é uma das prioridades, então as marcas que estas deixam na alma do obreiro são para sempre.
E como é triste descobrirmos o paradeiro de muitas pessoas que conosco congregaram, conosco trabalharam, conosco conviveram, servindo a Deus e participando do serviço ao Senhor.
Com o império das redes sociais é fáicil encontrá-las.  E as vejo às vezes, quando alguém aceita amizades delas em redes onde também estou inscrito.
Vejo aquela moça. Tão meiga, tão adolescente, tão dedicada, hoje envolvida com drogas e com um casamento destruído. Penso: onde foi que eu errei? E me lembro: as escolhas eu não pude fazer por ela, apenas indicar-lhe o caminho.
Vejo aquele jovem instrumentista. Ensinei-lhe as primeiras posições. Onde o vejo hoje? No mundo, cheio de piercings, brincos, tatuagens, não há um único símbolo que lembre que um dia ele fez a boa confissão diante de Deus e comprometeu-se a ser fiel até a morte. E imagino: o que Deus pensa de alguém assim? E me lembro: Deus nunca deixou-se escarnecer; portanto, aquele louvor e aquela interpretação pública nunca iludiram ao Senhor.
Vejo aquele menino, hoje pai de família. Antes pacífico, gentil, singelo, querido ao extremo. Hoje com armas e fuzís sobre a cintura e os ombros. Lembro-me das canções que cantava e dos estudos bíblicos que fazia. E me indago: foi isso que lhe ensinei? E me lembro: nem todo o que diz Senhor, Senhor, é de fato do Senhor. Para Deus não vale cantar, ensinar, expulsar demônios no nome de Jesus; no Céu o bem-vindo contemplará: "os que não praticam a iniquidade".
Vejo aquele pregador. Como pregava bonito. Achava defeitos em tudo e em todos; muitas vezes busquei mostrar-lhe que o caminho era proclamar as virtudes do Senhor e não as suas próprias. Agora o vejo. Faz com a mão o símbolo do Diabo e mantém uma página escura e satânica, nem de longe semelhante ao jovem adolescente a quem ensinei a Palavra do Senhor. E penso: por que as pessoas mudam quando amadurecem, ficam diferentes com a passagem  do tempo e nunca é para melhor? E me lembro: o servo é provado pelo fogo e o tempo mostrará sobre o que edificou, se sobre ouro, pedras preciosas, madeira, feno e palha.
Como disse no começo, a vida pastoral não pode ser exercida por um mero executivo. Esse não liga para o povo, não chora pela ovelha perdida, não festeja a conversão do pecador, não se preocupa com ninguém além de si mesmo. Pastorado tem que ser feito por gente que não teme cheirar a ovelha, cheirar a bode, cheirar a animal (nem sempre tem-se só ovelhas, e só Deus conhece os bodes presentes). Certamente que isso é analogia. O que se faz necessário é que o pastor desça da cadeira do gabinete e vá para o meio do povo. Que abrace a velhinha solitária, que gaste tempo com o idoso enfermo; que converse com a juventude transviada, que pegue a criancinha no colo, que continue a investir tudo o que tem no bem da igreja, na pregação do evangelho, no "assim diz o Senhor".
Não sabemos quem são os eleitos, os salvos, os verdadeiramente cristãos. Só Deus e as próprias pessoas as conhecem. Então devemos continuar a semear. Sementes ainda cairão na estrada e desaparecerão. Sementes ainda nascerão nas rochas e morrerão. Outras nascerão no espinheiro e serão sufocadas. Mas às vezes contemplamos algumas que cairam na boa terra. Estas são tão maravilhosas, são tão consagradas, tão estáveis no Senhor, que compensam todas as demais, alegrando coração do pastor que semeia.
São lutas de pastor. Que Deus nos ajude a conviver com elas, superá-las e nos manter com a "mente de Cristo", através da qual pensaremos no que é lá do Alto e não nos sufocaremos com as angústias dos que abandonam o caminho ao longo da jornada.
Wagner Antonio de Araújo
23 de março de 2013
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, Carapicuíba, São Paulo, SP

terça-feira, 25 de junho de 2013

memórias literárias - 98 - O JEITO DE FALAR

98 - O JEITO DE FALAR

O jeito de falar conta muito!

Às vezes alguém nos diz a coisa certa, mas da maneira errada. E então, ao invés de ajudar, acaba atrapalhando. O efeito é exatamente inverso: fortalece-se a atitude errada, ao invés de conduzir à certa, talvez como forma de contra-atacar ou defender-se. Alguém que age assim corta os canais de comunicação, impedindo a compreensão daquilo que gostaria de dizer.

Pior ainda é quando NÓS fazemos isso, isto é, tentamos dizer a coisa certa, mas o fazemos de forma tão errada! Um marido à esposa, um pai ao filho, um patrão ao empregado, um pastor ao membro da igreja. Quantas vezes levantamos uma guerra aonde reinava a calmaria, e tudo por causa da forma de falar! Tudo ia tão bem, até que abrimos a boca, escrevemos um texto ou fazemos um gesto!

Às vezes alguém NÃO NOS DIZ a coisa certa, mesmo sabendo que estamos errados, e acabamos por fracassar ou crescer de forma irregular, tudo porque alguém omitiu-se. O erro da omissão é tão grave quanto o erro da cumplicidade. Erra quem ajuda a fazer a coisa errada, e erra quem não aponta o caminho certo. 

Pior ainda é quando NÓS somos os omissos, nós, que sabíamos a coisa certa, e víamos o erro, e nada fizemos para avisar! Às vezes nos omitimos para ter "paz a qualquer preço"; às vezes deixamos como estava "para ver como iria ficar"; outras vezes procrastinamos e "empurramos com a barriga", deixando para resolver "amanhã", que, na verdade, significava "nunca". Um vizinho ou colega de trabalho, que não conhecia o evangelho, e morreu sem ouvi-lo de nossos lábios; um adolescente que palmilhava o caminho da rebeldia e hoje está atrás das grades ou a "sete palmos" debaixo da terra; um irmão que não foi admoestado na hora certa, e hoje dividiu a igreja.

Bem, algumas coisas precisam ficar claras.

1) Precisamos dizer a coisa certa. Isso é ponto pacífico. Diz a bíblia que o verdadeiro amor não se alegra com a mentira, mas regozija-se "com a verdade" (cf. I Coríntios 13.6). A coisa certa é a única coisa certa a fazer. Assim, deixar de dizê-la é pecado. "Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" (Tg 4:17). Já dizia o profeta veterotestamentário: "Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniqüidade, mas o seu sangue, da tua mão o requererei." (Ez 3:18). A verdade e a coisa certa têm que ser ditas. Do contrário, nós seremos os pecadores.

2) Precisamos dizer a coisa certa DA MANEIRA CERTA. Dizê-la da maneira errada também é pecado. Até no ministério pastoral! Sob o pretexto de dizer "todo o conselho de Deus", pessoas ferem pessoas, sem a menor piedade, e o fazem, apontando Deus como cúmplice, quando a própria bíblia nos diz para termos cuidado na maneira de falar! Paulo, ao aconselhar Timóteo no pastoreio da igreja, disse: "Não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais; aos moços como a irmãos; As mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs, em toda a pureza." (1Tm 5:1,2). Aos pais, Paulo recomendou: "E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor." (Ef 6:4). No trato de uns para com os outros, diz-nos a Escritura que devemos nos portar "Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor," (Ef 4:2).

3) Precisamos dizer a coisa certa, da maneira certa e NO TEMPO CERTO - "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu."  (Ec 3:1). Um bolo, para ficar bom, precisa ficar no forno o tempo certo; nem mais, nem menos. Assim também funcionam as radioterapias: nem mais, nem menos, pois se passar, prejudicam, e se forem com menor exposição, não surtem o efeito. Nós também precisamos ser criteriosos e ter o discernimento da inteligência e o discernimento do Espírito Santo, para aproveitarmos o tempo certo, a hora certa. Diz a bíblia: "Exorta semelhantemente os jovens a que sejam CRITERIOSOS". (Tt 2:6). Assim, a mulher deve encontrar a hora certa de dizer algo ao marido; o patrão, ao empregado; o filho, ao pai, e este, ao filho; o pastor, ao irmão, e os irmãos, ao pastor. Diz-nos a bíblia que o amor "tudo sofre, tudo crê, tudo ESPERA, tudo suporta" (cf. I Coríntios 13.7). Diz-nos o provérbio: " quão boa é a palavra dita a seu tempo!" (Pv 15:23). Uma palavra dita na hora certa pode salvar uma nação. Mas, quando dita na hora errada, pode gerar uma tragédia. Está aí a História Universal a comprovar o que afirmo!

Hoje é um novo dia. Vamos cuidar do que falamos. Abramos a boca na hora certa, para dizer a coisa certa, para as pessoas certas. "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um." (Cl 4:6); "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. "(Ef 4:29)

Um bom dia a todos!

Wagner Antonio de Araújo, 2008
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP
bnovas@uol.com.br
www.uniaonet.com/bnovas.htm  

memórias literárias - 97 - DEPOIS DA FALA DA PRESIDENTE UMA PROFUNDA FRUSTRAÇÃO...

97 - DEPOIS DA FALA DA PRESIDENTE
UMA PROFUNDA FRUSTRAÇÃO...
22/06/2013
Eu esperava uma estadista a comunicar-se com uma nação em ebulição. Uma líder eleita pela imensa maioria do povo, disposta a apaziguar a população, com dados certeiros na mão, com respostas às muitas preocupações nacionais. Imaginava ter ali uma líder respeitável, repleta de argumentos sólidos, inteligentes, de questões encaminhadas e com soluções dos problemas levantados.
Mas, será que era realmente isso que eu esperava? Talvez não. Afinal, conquanto eleita pela maioria da população brasileira, a nossa líder máxima teve o seu tempo de militância política como os agressores das imagens de hoje. Ela militou junto a guerrilheiros. Também fez parte do que na época chamou-se de "dilapidação do patrimônio público", também foi contada entre "os baderneiros que turbavam a opinião das massas", também assumiu sua postura de rebeldia.
Então, enquanto ouvia o seu discurso, prometendo defesa do patrimônio público e do povo à serviço da Nação, não pude deixar de imaginar as tristes cenas da época da ditadura. Independente dos motivos, o patrimônio era o mesmo. Só que as posições se invertem: hoje os que atacavam são o poder, e os atacados estão diluídos nas massas. Um político precisa ter passado limpo para servir de modelo. E nesse afã, infelizmente, não há. A voz do passado fala tão alto que é difícil ouvir a voz no microfone.
Dilma prometeu trazer médicos para o Brasil. Talvez os nossos não prestem. Talvez os nossos sejam poucos demais, pois num país de 180 milhões de pessoas o número de médicos formados deve ser muito pequeno. Ou então os nossos sejam muito ruins. Ou, quem sabe ainda, sejam caros demais para que se gaste com eles. Afinal, há tanto dinheiro no sustento do pão e do circo, que não sobra nada para a saúde e a educação. E para os militantes cubanos, país de onde virão esses brilhantes médicos, a simples infiltração no Brasil já será paga suficiente.
Ouvi também a promessa de direcionar o lucro do petróleo para a educação. Que promessa linda! Mas qual educação? A que manda imprimir cartilhas para o movimento gay? A que ensina os adolescentes a praticar orgias sexuais? A que ensina a juventude a usar drogas com cuidado e higiêne? A que dá cursos e cria escolas de diversidade sexual? Trazer verba do petróleo para um só setor é absolutamente inviável. É bom prometer coisas esdrúxulas, pois depois, ao se demonstrar a inviabilidade das mesmas, pode-se sair ilesa, culpando os avaliadores. Muito mais sábio seria confessar que as coisas não estão bem e que pequenos atos seriam praticados buscando uma solução. Nenhuma solução é rápida como um poço de petróleo. Mas toda solução precisa vir de um compromisso viável. Somente os sonhadores não entendem isso. Sonhadores ou aproveitadores.
Como brasileiro vou dormir frustrado. Impedido de chegar a Osasco a exercer o meu papel de ministro religioso pelo excesso de manifestações nas estradas e vias públicas e a ausência quase completa do poder público. Estava ansioso por ouvir uma palavra de ordem da autoridade máxima do país, mas vou deitar-me com o sentimento de vazio. Não há mais autoridade em nenhuma esfera. Conseguiram desconstruir a moral cívica, institucional, religiosa e humana. As cenas do Itamaraty sendo depredado não me saem da cabeça, ao lado da muralha de policiais na Bahia e no Rio de Janeiro, defendendo estádios de futebol. Dois pesos e duas medidas: os estádios valem ouro, as instituições não valem nada! Inversão absoluta de valores!
Como cristão vou dormir confiante. "Assim como foi nos dias de Noé", e também nos dias de nossos pioneiros, de nossos pais, assim é hoje, neste país incluso nas chamadas "PRIMAVERAS", nem tanto árabes e nem tanto asiáticas, apenas tupiniquins. Há um Deus soberano na história, detentor do poder supremo; o mundo não está num despenhadeiro, mas caminha para o caos. E quando isto acontecer, virá o Senhor, a ressuscitar os mortos e a arrebatar os vivos. Pode demorar muito ou pouco, mas isto virá, sem dúvida alguma. Quem prometeu não perdeu a moral nem negou seu passado. Aquele que é, que era e que há de vir prometeu e há de cumprir. E se não vier, caberá a cada um de nós dar o seu melhor na mantença do que sobrou e, se possível, na reconstrução da dignidade brasileira.
Se  mais tempo houver, espero votar em outras pessoas. O difícil será em quem, pois ninguém, do cenário atual nacional merece o meu voto. O meu voto pode ser pequeno mas é qualificado; não votarei em hipócritas. Peço a Deus que levante lideranças dignas, e, se possível, cristãs. Não politiqueiros mentirosos, mas idealistas e construtores de um futuro mais decente e menos corrupto neste mar de pão e circo com o dinheiro público. Não me importa que tenham cabelos grisalhos; só não podem ter as mãos sujas e nem o passado comprometedor.
Deus, tenha compaixão do nosso país.
Wagner Antonio de Araújo, cidadão brasileiro.

memórias literárias - 96 - EM PLENA EBULIÇÃO

96 - EM PLENA EBULIÇÃO
21/06/2013
A pauta não foi esgotada. O Brasil continua a protestar. Não bastou diminuir a tarifa; a vitória pontual criou o precedente: as massas detém o poder e agora não deixarão as ruas enquanto não conseguirem outras tantas conquistas.
Enquanto escrevo a presidente e os ministros discutem. Deveriam ter feito isso ontem, chamando as lideranças à conversa, procurando entender a pauta de reinvindicações; no entanto, diferentemente das campanhas eleitorais, o poder está sempre dez passos lá atrás, depois que a passeata anda. Daí é apenas chorar o leite derramado.
O que vai acontecer? Ou melhor, o que aconteceu? Porque, diferentemente dos projetos, não teremos um futuro diferente; já estamos num presente diferente. Nada mais será como outrora. A página escrita nas últimas duas semanas marcou de forma histórica a política contemporânea do Brasil. Os poderes políticos homogêneos (PT+situação+oposição hipócrita) ficaram à margem disso, com exceção de uns poucos partidos revolucionários e anarquistas. Seriam eles os gigantes de amanhã?
Os protestos inviabilizaram a hipocrisia da campanha política dos próximos meses. A agenda PÃO E CIRCO ficou comprometida, uma vez que por falta de pão o povo está evitando o circo (leia-se COPA DAS CONFEDERAÇÕES e para o ano COPA DO MUNDO). A festa das bolsas distribuídas como verba para compra de votos mostra-se agora ineficiente, pois o povo não age por ideologia mas pelo estômago, e revolta-se quando a barriga começa a roncar. O dinheiro está acabando. Não há de onde tirar para bancar tanta bolsa. A recente controvérsia do fim da bolsa-família e os tumultos junto aos bancos mostrou ao governo que o povo, de barriga vazia se torna oposição. Mas onde encontrar mais dinheiro para bancar a fantasia? Mais impostos? Quatro meses de escravidão absoluta de cada trabalhador não são suficientes? Nem José no Egito, que escravizou a nação e cobrava 20% de impostos, nem Salomão que imperava com mão de ferro, foram tão vorazes em impor taxas e impostos como os governos brasileiros! O mundo vive perplexo ao ver um país assim.
Que Brasil emergirá após a ebulição dos protestos? Sim, pois não há como manter mobilizações diárias, protestos dia após dia. Seu vigor durará por mais algum tempo, mas algo terá que acontecer. Será a repressão? Será a distribuição de mais bolsas? Será a criação de CPIs para julgar políticos? Será a prisão dos "mensaleiros"? Será a criação do PPL, Partido Passe Livre?
Um país não se constrói com discursos inóquos. Um país se constrói com trabalho, educação, respeito, investimento no futuro e temor de Deus. Não é mudando a língua, destruindo a família, demolindo os monumentos ou bancando a orgia moral que se fará deste lugar o país dos nossos sonhos.
É preciso mudar, mas mudar com objetivos. E o país carece de um. Todos querem mudar, mas sem saber o que ou para que. Mudar a política ou os políticos? Mudar a economia ou a carga de impostos? Mudar a moral ou moralizar os imorais? Mudar o que?
Ao lado de tudo isso está o cristianismo brasileiro, que em sua maior parte não passa de chaga infeccionada e purulenta. De um lado o catolicismo híbrido, cuja fonte de lucro é a mentira e a ilusão pública, com clero hipócrita e ganancioso. Basta ver as cores neopentecostais adquiridas pelas expressões religiosas católicas e a maneira "xerográfica" de copiar os métodos e os espetáculos gospel pelas mídias e pelas paróquias. Do outro lado está o povo evangélico, em sua maioria corrupto e mundano, adoradores de personalidades prósperas e idólatras do dinheiro. Seus templos são meros encontros motivacionais pela prosperidade e pelo poder, distribuindo afagos ao ego dos seus seguidores cegos. Jogaram a bíblia na lata do lixo e inventaram suas próprias bíblias, negando a fé cristã e criando a fé no dinheiro e no poder como verdade absoluta. Um cristianismo assim não presta para nada na reconstrução da Nação. No meio dessa massa chamada cristã apenas uns poucos são autênticos. A autenticidade é comprovada pelos frutos e estes têm que ser bons. Que Deus nos ajude a estarmos entre os que prestam!
A mudança precisa começar no coração do brasileiro. É preciso uma mudança de dentro para fora.
Já dizia o Pastor Rubens Lopes, há muitos anos, sobre os tristes anos de ebulição social na década de 60, que podem facilmente ser compreendidos à luz dos acontecimentos dos últimos dias:
"HÁ POR AÍ UMA FEBRE DE RENOVAÇÃO.
O QUE SE VÊ EM TODA PARTE É VONTADE DE MUDAR,
DE TROCAR DE POSIÇÃO, DE MELHORAR
DE SAIR DA ROTINA, DE QUEBRAR TABUS,
DE ROMPER TRADIÇÕES.
MAS QUE MUNDO É O QUE SE PRETENDE MELHORAR,
O MUNDO EXTERIOR OU O MUNDO INTERIOR?
NÃO HÁ DÚVIDA DE QUE O PRIMEIRO.
QUEREMOS UM MUNDO MELHOR POR FORA,
MATERIAL E SOCIALMENTE.
QUANTO AO MUNDO MATERIAL DESEJAMOS MELHORES CONDIÇÕES
DE HABITAÇÃO,  DE ALIMENTAÇÃO, DE VESTUÁRIO,
DE RECREAÇÃO, DE TRANSPORTE.
QUANTO AO MUNDO SOCIAL PENSAMOS MUITO EM CONVIVÊNCIA PACÍFICA,
EM POLÍTICA DE BOA VIZINHANÇA, EM FRATERNIDADE E,
VEZ POR OUTRA, EM SANEAMENTO MORAL, EM REGENERAÇÃO DE COSTUMES.
MAS O MUNDO INTERIOR ANDA ESQUECIDO.
REFERIMO-NOS AO HOMEM COMO INDIVÍDUO, E AO INDIVÍDUO VISTO POR DENTRO.
ORA, EM RELAÇÃO AO MUNDO EXTERIOR O HOMEM É O CONTEÚDO
DE QUE AQUELE É O CONTINENTE.
E EM RELAÇÃO AO MUNDO SOCIAL ESTE É O TODO DE QUE AQUELE É A UNIDADE ÚLTIMA.
E O QUE ESTAMOS FAZENDO ENTÃO?
ESTAMOS CUIDANDO MAIS DA EMBALAGEM DO QUE DA MERCADORIA,
FICANDO COM A CASCA E JOGANDO FORA A POLPA.
EM SE TRATANDO DA SOCIEDADE
ESQUECEMO-NOS DE QUE ESTA NUNCA PODERÁ MARCHAR EM CADÊNCIA
ENQUANTO OS INDIVÍDUOS QUE A COMPÕEM NÃO ACERTAREM O PASSO,
UM DE CADA VEZ.
POR UMA QUESTÃO ELEMENTAR DE PRIORIDADE, POIS,
É PRECISO COMEÇAR PELO HOMEM.
TAL A META DE CRISTO, A META HOMEM.
MESMO FALANDO ÀS MULTIDÕES (E CRISTO FOI O HOMEM DAS MULTIDÕES),
ELE NUNCA PERDIA DE VISTA AS PESSOAS.
NO MEIO DAS MASSAS NUNCA NINGUÉM FOI NINGUÉM PARA JESUS,
POR MUITO QUE ELAS O COMPRIMISSEM.
CERTA VEZ, NUMA AGLOMERAÇÃO, UMA INFELIZ MULHER PRETENDEU
PASSAR-LHE DESPERCEBIDA APENAS ROÇANDO-LHE AS VESTES
PARA CURAR-SE DE GRAVE DOENÇA.
MAS FOI LOGO IDENTIFICADA POR ELE.
E AQUELE CEGO? POBRE HOMEM,
CUJOS GRITOS FRENÉTICOS JESUS PÔDE FACILMENTE
DISTINGUIR, MESMO ABAFADOS PELO VOZEIO DO POVO.
COMO A ESSA MULHER E A ESSE HOMEM
CRISTO SEMPRE ATENDEU PESSOALMENTE A QUANTOS O PROCURARAM.
TODOS MERECERAM DELE UMA ATENÇÃO SINGULAR.
FALANDO DO SEU REBANHO JESUS DECLAROU
QUE ELE TRATA AS SUAS OVELHAS
NÃO COMO SE FOSSEM CABEÇAS DE GADO, CONTADAS A GROSSO,
MAS COMO PERSONALIDADES A QUEM
ELE CONHECE PELO NOME E A QUEM CHAMA PELO NOME.
SEMPRE O INDIVÍDUO. E DO INDIVÍDUO CRISTO PARTE PARA A COMUNIDADE
FAZENDO DE CADA CRISTÃO UMA PITADA DE SAL PARA CONTAGIAR O MUNDO.
CONTUDO - REPARE-SE NISTO,
SEMPRE O HOMEM, MAS O HOMEM POR DENTRO
ANTES DO QUE POR FORA.
O HOMEM SITUADO NO SEU MUNDO INTERIOR.
POIS ESTANDO O CORAÇÃO HUMANO ENFERMO,
É O CORAÇÃO QUE PRECISA SER MEDICADO PELA GRAÇA DIVINA.
CLARO, TRATADAS AS NACENTES,
CURADAS FICARÃO AS ÁGUAS.
EIS AÍ UMA REFORMA QUE SE PODE CHAMAR, ESSA SIM, DE BASE,
PORQUE PARTE DO INDIVÍDUO
QUE É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS.
ELA PODE LEVAR TEMPO,
MAS SOBRE SER INFALÍVEL, É A ÚNICA INDICADA
PELO RÁPIDO DIAGNÓSTICO QUE ACABAMOS DE FAZER.
DAÍ PORQUE REPETIMOS COM O APÓSTOLO PAULO:
"JESUS CRISTO, ESPERANÇA NOSSA".
FELIZMENTE NEM TUDO ESTÁ PERDIDO.
AINDA ACREDITAMOS NAS POSSIBILIDADES DO HOMEM,
NÃO POR ELE,
MAS POR CRISTO."
Pastor Rubens Lopes, da mensagem CRISTO, A ÚNICA ESPERANÇA, 1960
Continuemos a orar por essa Nação. Ela está em ebulição. Quando o fogo baixar saberemos qual foi o resultado e averiguaremos se foi alimento cozido ou comida queimada que ficou.
Wagner Antonio de Araújo, cidadão brasileiro

memórias literárias - 95 - ESTAMOS SEM GOVERNO?

ESTAMOS
SEM GOVERNO?
20 de junho de 2013
memórias literárias - 95
Brasil. Estamos sem governo. Não há presidente, governador, prefeito, deputados ou senadores. Ninguém na mídia, ninguém nos palácios, ninguém no congresso, ninguém. Um vazio imenso. Também não há exército, marinha, aeronáutica nas ruas. Estão nos quartéis a cumprir o silêncio. Estratégia???
O país está debaixo de uma revolução e não há uma autoridade disponível. Fugiram todos para os seus palácios pessoais.
Invadiram o ITAMARATY, mas não podem invadir os estádios da FIFA. Lá as tropas são severas e reprimem com rigor; nos palácios de governo não há tropas. Só seguranças. Parece que nos estádios existe ouro, pedras preciosas, não se pode aproximar num raio de 4 quilômetros de nenhum deles. Quem tenta pode morrer. Mas podem destruir o ITAMARATY, sede do governo brasileiro!
O que está acontecendo com o Brasil?
A roda da história girou. Por muito menos em 1968 foi decretado o AI-5. Por muito menos a Revolução de 64 foi deflagrada, pois as manifestações eram nacionais. Agora elas também são nacionais, mas sincronizadas e de milhões de pessoas. E não há governo, ao menos na hora dos protestos e diante da mídia. Os governos são hipócritas: no início diziam ser contra, agora tecem elogios. E quando não sabem o que fazer tomam helicópteros e seguem para a casa do ex-presidente: "companheiro, o que faremos?" E voltam com o discurso "paz e amor".
Seria uma estratégia de poderes ocultos a dizer: "deixem que derrubem os palácios, assim justificaremos a tomada do poder"? Ou seria absoluta impotência diante do poder das massas, insatisfeitas com a hipocrisia de um governo que dizia representá-los?
As massas são estomacais: quando a barriga ronca elas mudam de lado. Já foi assim nos dias do Senhor: os mesmos que diziam: BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR, foram os mesmos que disseram dias depois: CRUCIFICA-O.
Os valores das passagens de ônibus baixaram. Esgotar-se-á a pauta dos protestos? A própria presidente crê que não, pois cancelou sua viagem ao Japão.
E então? Quando a polícia reprime a mídia e as massas condenam; seria agora a vingança, quando as prefeituras, os palácios e os monumentos ficaram sem policiamento algum? Onde estão os tanques de água para dispersão de vândalos?
Continuo assistindo a tudo isso, não passivo. A minha bandeira a hasteei desde que as cores vermelhas mancharam a nossa bandeira; não de sangue, mas de ideologias sinistras. Continuo assistindo um poder que subiu potente e único, que dominou todas as esferas da cultura, do poder, da educação, da segurança e dos prazeres hedonistas da Nação, e agora assisto perplexo a sua derrocada como um grande Zeppelim em chamas.
Seria a PRIMAVERA TUPINIQUIM? Pode ser. Mas nessa primavera não há perfume de esperança, senão de instabilidade institucional. Haverá governo após tudo isso? O que farão os vermelhos? As massas terão eleições ou processos de responsabilidade contra os governantes, ou tudo se acabará com mais bolsas para tapar a boca dos descontentes?
No dia em que os poderes agrediram a família brasileira, impondo o homossexualismo como a regra e a heterossexualidade como tolerada, o juízo de Deus foi deflagrado. Quando o país aprovou o aborto e deixou as nossas crianças à mercê de famílias não formadas do jeito que o Criador desejou os anjos detentores de juízos (veja a descrição em Apocalipse) devem ter ouvido o dia, o mês e a hora do Senhor a dizer: "soltem os ventos". E os ventos sopram copiosamente sobre o país. Não os do apocalipse ainda, mas do nosso apocalipse momentâneo.
As mentiras estão caindo. As riquezas faraônicas do suposto pré-sal mostra-se uma farsa. O dinheiro entregue aos países pela Copa está sendo cobrado em praça pública. Os políticos de todos os partidos estão sob a ira das massas (não há oposição ou situação neste país, pois como diz Marcelo Rezende, "oposição neste país é aquela que xinga em público e beija em privado").
A minha bandeira eu a hasteei na minha militância cristã. Mas observo em oração os acontecimentos. Saúdo o despertamento, mas pergunto: estamos sem governo?
Onde está o poder público?
Wagner Antonio de Araújo, cidadão brasileiro.
obs: podem divulgar à vontade.
meu e-mail: waa.ibbno@gmail.com

memórias literárias - 94 - MANTENDO-SE NAS ALTURAS

94 - MANTENDO-SE NAS ALTURAS
No ano de 1995 eu recebi do Senhor uma bênção muito preciosa: participar do 17o. Congresso da Aliança Batista Mundial, em Buenos Aires, na Argentina. Foi uma viagem inesquecível, um tempo que jamais esquecerei em minha vida.

Lembro-me como se fosse hoje do dia em que deixamos a capital portenha, após tão monumental empreitada de fé e amor ao Senhor. Eram 17:30 horas quando o avião deixou o aeroporto. Estávamos num Boeing 767. A maioria dos passageiros eram congressistas que retornavam para as mais diversas partes do Brasil.

Decolamos tranqüilamente, deixando Buenos Aires muito distante, no chão. Alguns minutos se passa­ram, enquanto o avião não cessava sua subida rumo aos 12.500 metros de altitude, para poder viajar em velocidade de cruzeiro, 900/1000 Km/h. O céu estava límpido. A temperatura caiu para 60 graus negativos lá no alto, do lado de fora (é claro!). Então, num movimento simples e belo, a aeronave nivelou-se, rumando para São Paulo.

As cenas ali vistas foram indescritíveis. Sair da Argentina e atravessar o mar, chegando ao Uru­guai em 8 minutos, foi fantástico! Em 20 minutos atravessamos todo o solo daquele país, rumando para as terras gaúchas. Alí víamos nuvens de uma frente fria, que cobriam todo o território riogran­dense. Era um espetáculo cinematográfico: nuvens como flocos de lã, soltas pelo ar, um autêntico tapete debaixo de nosso avião. O sol se punha no horizonte, deixando-nos contemplar o seu reflexo lá no mar. A quietude e o azul escuro do céu nos deixavam atônitos, impressionados! Após duas horas pousamos no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guaru­lhos, São Paulo.

Enquanto eu voava, recolhido na quietude da minha alma, em doce comunhão com o meu Criador, Ele falou ao meu coração. A grandi­osidade de Sua criação e a pequenez do ser hu­mano  me humilharam. “Quem é o homem para que dele te lembres?” (Salmos 8.4). A maneira como as coisas perdem a magnificência também são chocantes. Nós achamos que nossas  dificul­dades são tão grandes, ou cremos que o mundo todo gira em torno de nós mesmos, e, quando contem­plamos as cidades e os povos pequeninos lá de cima, vemos o quanto estamos enganados! O mundo não depende de nós, o mundo não se re­sume ao nosso problema ou à nossa pessoa. Deus é o centro de tudo, e nós o exaltamos por isto: “Não a nós, Senhor, não a nós, Senhor, mas ao teu nome dá glória"  (Salmos 115.1).

Sob o ponto de vista humano, tudo parece grande demais, como foi com os espias da terra de Canaã, ao contem­plarem os antigos habitantes da Terra Prometida: para eles, os habitantes de Canaã eram gigantes(conf. Números 13.33). No entanto, Josué e Calebe, cujos olhares não estavam firmados no ponto de vista humano, mas sim no de Deus, de quem está nas alturas, pela fé, verificaram que não eram tão grandes assim, mas que Deus era maior e que podiam conquistar a terra (idem, 13.30). Eram os mesmos homens! Eram os mesmos inimigos! Mas uns viam o inimigo sob a ótica míope de quem olha de baixo para cima, da terra. Os outros viam sob a ótica de Deus!

Paulo, o apóstolo, nos instrui para que estejamos assentados nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Que nos coloquemos, pela fé, nas alturas, acima das nuvens, acima dos problemas e da realidade imediata. Lá no alto não há tempestades, não há tormentas, não há oscilações. Lá do alto tudo é paz, tudo é tranqüilidade! Cristo é a nossa paz. Assim como Pedro cami­nhou sobre as águas quando confiou no Senhor, nós também podemos estar acima do que os olhos vêem ou do que o coração sente, assentados nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Temos a mente de Cristo (I Coríntios 2.16), e devemos ter também o olhar de Cristo.

"Oh, Deus, que estejamos nas alturas, que nos acheguemos com confiança até a Tua presença em oração, que experimentemos o que significa viver debaixo de Tua paz e da Tua bênção. Tu és a nossa Paz. Que assim seja.  Em nome de Jesus. Amém."

Pr. Wagner Antonio de Araújo.2001

memórias literárias - 93 - OS QUE CONFIAM NO SENHOR

 93 - OS QUE CONFIAM NO SENHOR

 O versículo primeiro do Salmo 125 diz:  “Os que confiam no Senhor são como o Monte de Sião, que não se abala, mas permanece firme para sempre”.

 Dias atrás assisti a um documentário americano. Nele eram explicados os fenômenos decorrentes da força dos furacões. Sua passagem destrói casas, sítios, clubes, enfim, cidades inteiras. Porém, algo impressionante às vezes acontece: em meio a tanta destruição, uma ou outra construção permanece intacta, sem ser atingida pela fúria do vento. Ao redor tudo é tragédia: teto, paredes, árvores, tudo destruído, desarraigado. Mas a casa poupada está em pé, sem um único problema. Até os papéis soltos em cima da mesa continuam no lugar. Algo impressionante!

 O texto citado acima nos fala de algo semelhante àqueles que decidem voluntariamente confiar em Deus.

 Ele diz: “Os que confiam”. Confiar é acreditar realmente. Confiar é crer sem duvidar. A firmeza não está para os que duvidam, para os que não têm muita certeza. Confiar é entregar a chave, é sair de casa e ficar descansado, certo de que a deixou em boas mãos. Confiar é sentar-se no banco do passageiro e confiar no motorista. Confiar é convidar alguém para falar à família e ter certeza de que só coisas úteis e cristãs serão abordadas. Confiar é, na expressão popular, “colocar a mão no fogo”. A promessa do versículo é que os que confiam não serão abalados. Mas só os que confiam.

 O texto continua, dizendo: “Os que confiam no Senhor”. Não é uma confiança  banal, cega, em qualquer coisa. A firmeza é para aquele cuja confiança está depositada em Deus. Sim, no Criador, no mantenedor de todo o universo, nAquele que conhece todas as coisas e é capaz de manter tudo sob Seu controle. Não se entrega uma oficina mecânica à um bebê de dois anos, ou uma  cirurgia a um estudante de primeiro ano de economia. Não se dá um avião na mão de um piloto formado por correspondência, ou um aparelho eletrônico quebrado a um técnico de agricultura. A firmeza prometida no versículo é para aquele que confia no Senhor. Confiança no "Eternamente Capaz". A promessa é para aquele que confia inteiramente, que sabe que Deus é competente, que quer o nosso bem, que pode operar maravilhas e que tudo faz para cumprir Seus desígnios. É como confiar num estrategista militar. Seus subalternos podem dizer: “Não sei onde ele quer chegar, nem sei como ele pretende fazer; mas sei que ele vai vencer, e aposto minha vida no seu plano ! ”. Isso é confiança!

 Àqueles que confiam no Senhor há algo fatalmente previsível: “Não se abalam”. É certo que as montanhas são bastante estáveis. São antiqüíssimas, resistem muito bem à terremotos, não sucumbem ante enchentes, protegem contra vendavais, enfim, são bastante firmes. Diz a Bíblia que "os que confiam no Senhor são como o Monte Sião". Era o monte de Davi, um monte de Jerusalém muito conhecido e amado. Era símbolo da firmeza concedida por Deus. Este monte existe até hoje. Lá está, firme e seguro. Desde que o salmista escreveu o Salmo 125, milênios se passaram; impérios sucumbiram; governos se foram; povos se espalharam; vegetações pereceram; civilizações se sucederam; construções foram erguidas e destruídas Mas o monte lá está, firme e forte, idêntico aos que confiam no Senhor. Que promessa maravilhosa!

 Por fim, o texto diz: “permanece firme para sempre”. O crente sincero e fiel não volta para trás. Ele permanece firme. Não vive solto, sujeito à todo vento de doutrinas, à toda tentação do maligno. O autêntico crente está firmado em Deus, e não perde a sua salvação, nem a sua estabilidade em Deus. O Senhor é quem o sustenta. Jamais será abalado. É certo que lutas vêem e virão. Muitas aflições, muitas provas, muitas dúvidas lançadas pelo inferno na mente inquiridora e sincera. Mas, por fim, a promessa é que sempre haverá firmeza, até a eternidade. Jesus Cristo, certa feita, disse que aqueles que ouviam Sua Palavra e a colocavam em prática eram semelhantes ao homem sensato que construiu sua casa sobre a rocha. Afirmou que dificuldades sobrevieram: ventos, enchentes, tempestades. Mas a casa ficou firme. Não por ser diferente daquela feita na areia (todos querem fazer boas casas) . A razão é que estava construída sobre chão firme, sobre a rocha. O crente está guardado por quem é fiel. Deus é quem o guarda. Não há tempestade que tire um crente fiel da firmeza no Senhor. Pode haver luta, dor, tristeza, mas nunca a ruína. Fiel é o sustentador do crente em Jesus. Deus é quem o guarda. Ele é a Rocha. Aqui e no além.

 Você está firme no Senhor? Você está firme como o Monte Sião? Saiba que somente a confiança integral em Deus lhe dará estabilidade. O mundo pode dar alguma aparência de vigor, alguma ilusão de força e destreza. Mas somente Deus dará estabilidade. Conta-se que um coqueiro veterano e idoso estava ereto em seu lugar, quando um pé de chuchu cresceu rápida e violentamente ao redor dele. O pé de chuchu lhe disse: “Viu só, coqueiro? Em dois meses eu ultrapassei você!”. Tranqüilo e confiante, o coqueiro lhe respondeu: “Nestes quase cem anos eu já vi dezenas de pés de chuchu insolentes e transitórios dizerem a mesma coisa. Como você é tolo...” De fato, depois de dois meses o pé de chuchu não passava de uma porção de galhos secos...

 Que você seja como o coqueiro. Ou melhor, que você seja como o Monte de Sião, que não se abala, mas permanece firme para sempre.

“Os que confiam no Senhor são como o Monte de Sião, que não se abala, mas permanece firme para sempre”.

Pastor Wagner Antonio de Araújo, 2001
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP

memórias literárias - 92 - É MAIS FÁCIL ASSIM...

92 - É MAIS FÁCIL ASSIM ...


Tarde quente de inverno, destas que fazem arder a saudade do verão. Para não ficar em casa, resolvi passear na Lapa, aproveitando o ensejo de comprar alimento para o canarinho.

Como o comércio já fechara as portas, a única alternativa era o mercado municipal, que aos sábados atende até o crepúsculo.

Naturalmente tudo é espetáculo num passeio destes, principalmente quando se vai decidido a não gastar nada além do que se pretende comprar. Por ali tudo é interessante: lojas de biscoitos, chocolates, sacolas, produtos agrícolas, carne seca, pastelarias, etc. Se o desejo superasse a situação econômica e a razão, compraríamos tudo!

Como eram poucas as lojas que vendiam pássaros, procurei a mais próxima de onde meu carro estava estacionado. Que gostoso é admirar os pássaros! Periquitos australianos, canários, bigodinhos, patos, gansos, frangos, codornas... Codornas? Sim, olhem aquelas codornas, quantas amontoadas! Todas de fisionomias idênticas, do mesmo tamanho, com as mesmas cores nos olhos... Mas, esperem... e aquela alí? Coitadinha! Uma das codorninhas estava com os olhos doentes, profundamente inchados e fechados. Que tristeza... Mesmo doentinha, tentava à todo custo alimentar-se no cochinho coletivo. Dava pena de ver.

Pensei: "Certamente o criador dos pássaros não percebeu o estado da pobrezinha; senão teria dado algum remédio ou encaminhado para algum veterinário. Bem, se o problema é este, vou chamar o responsável". E foi o que eu fiz.

- “Moço, por gentileza!"

- “Pois não?”

- “Você viu o estado da pobre criatura alí no viveiro?" Apontei-lhe o viveiro de codornas. "A pobrezinha não está nem podendo enxergar. Dê só uma olhada”.

O rapaz, muito prestativo, abriu o viveiro. Naquele instante até senti uma profunda realização pessoal. Imaginei até a codorninha piando como forma de agradecimento. Já imaginei o papai "codorno" e a mamãe "codorna", olhando para mim, a pensar em quanto eram agradecidos pela ajuda prestada ao filhotinho... Quanta fantasia... Porém, ao pegá-la, o rapaz, com um rosto malicioso, foi dizendo:

- “É, amigo, essa está doente mesmo. Não tem jeito.”

E imediatamente, sem que eu pudesse intervir, colocou a codorna em cima da boca do latão de lixo, puxou-lhe o pescoço e atirou-a nos detritos.

Que crueldade, Senhor! Quanta maldade existe no coração humano! O bichinho revolvia-se por entre seu próprio sangue... Aquele fora o tratamento mais fácil encontrado pelo vendedor. Com este remédio a pobre infeliz nunca mais daria trabalho.

Aquilo chocou-me profundamente. Cheguei a sentir-me culpado pela tragédia. Verifiquei, porém, pelo número de cadáveres no lixo, que tal tratamento era comum naquele estabelecimento...

Pensei no Reino de Deus.

Não estaríamos nós, na qualidade de Igreja de Cristo, fazendo o mesmo com as “ovelhas doentes”, os irmãos que pecam e se afastam do aprisco divino?

Qual tem sido a nossa atitude ao vermos o fraco, o doente,  o desanimado, o desiludido, o caído nos vícios, o comprometido com o mundo? Oramos? Ajudamos? Orientamos? Sofremos? Exortamos? Admoestamos? Disciplinamos em amor? Não, nada disso nos passa à mente ou à mão para fazermos. Nós apenas os excluímos. Sim, nós os expulsamos. Seus olhos espirituais estão enfermos porque não têm se valido  do “colírio” da graça de Cristo (Apocalipse 3.18), estão inchados pelas graves infecções de sua alma pecadora (I Co 11.36); estão fechados sem contemplarem a glória de Deus. Ao invés de tratarmos destes doentes na fé, curando as suas enfermidades (ou ao menos fazendo de tudo para isto), achamos mais fácil amputá-los do Corpo de Cristo pura e simplesmente. Puxamos-lhes os pescoços, jogando-os fora, deixando-os à mercê de Satanás, no lixo do desamparo deste mundo.

Não falo dos falsos crentes, daqueles que entram sorrateiramente nas igrejas, sem conversão genuína, e passam a ser tal qual joio no meio do trigo. Não, não falo desses infelizes. Não falo de pessoas rebeldes, malignas, que não se submetem às autoridades. Não falo de gente das trevas, que não conhece a graça do Senhor. Uma igreja sabe quando estamos diante de um irmão em crise ou de um falso crente. Há frutos, há sintomas, e um pastor tem que ter o discernimento divino para avaliar cada caso. 

Eu falo de irmãos doentes, que caíram em ciladas, que foram pelo caminho tortuoso do pecado, do vício, da desonestidade, da imoralidade, e agora estão numa cela, num beco sem saída, com vergonha de congregar, mas completamente infelizes no que fazem, com nojo do mundo e de seus prazeres. Eles não são do mundo! Sim, falo daqueles que estão precisando de cuidados, que querem ser cuidados. Muitos tentam o suicídio, tornam-se mundanos inverterados, infelizes, arruinados, fracassados, e jamais encontram nem a felicidade nem o caminho de volta.

Tiago diz que aquele que tirar um pecador do pecado, aquele que "convertê-lo" terá coberto uma multidão de pecados. E que privilégio é ajudar quem precisa de ajuda! 

Espero que todos nós, servos de Deus e membros das igrejas, sejamos mais dóceis com os crentes que precisam de ajuda, estendendo-lhes a mão, sem fraquejar na correção. Uma disciplina bíblica não amputa o pescoço, matando a pessoa, mas tira-o de lado, para que sinta falta da Casa do Senhor, da comunhão dos santos, da graça de Jesus, do poder do Espírito Santo. Os que são de Deus sentirão a falta e, à semelhança do Filho Pródigo, não resistirão por muito tempo comendo as bolotas de porcos. Voltarão para os braços do Pai!

Sejamos os agentes da restauração dos que precisam. 

Pr. Wagner Antonio de Araújo, 2001
Igreja Batista Boas Novas, Osasco, SP

memórias literárias - 91 - CORAGEM

91 - CORAGEM

Quando eu era pequeno meu pai não era cristão. Apesar de ser um honrado pai de família, supridor de todas as nossas necessidades materiais, a quem sou e serei perpetuamente agradecido, ele não tinha muito tato para tratar com seus filhos.


Todas as noites, antes de dormir, meu pai me obrigava a pedir "perdão e bênção". Eu peço a bênção e ensino os jovens a fazê-lo, também peço perdão pelas coisas erradas que eventualmente venha a fazer; mas aquilo já era demais: eu tinha que ajoelhar-me, implorar, e, se eu ameaçasse sair da sala ou do quarto dele, levava um tapa na orelha, um puxão de orelhas ou mesmo uma surra. Desconheço dias, quando pequeno, em que deitei sem derramar algumas lágrimas de tristeza e aflição, para dormir.

Como sói acontecer, isso causou-me problemas imensos: meu comportamento escolar sempre foi tímido e defensivo, sem me expor, amedrontado de tudo e de todos. Fugia das brigas, pagava para não ter desentendimentos com ninguém, pois já vivia de forma difícil em meu lar.

Lembro-me do trauma que tenho até hoje de bola de futebol. Estávamos na roça. Meu pai estava no bar, "jogando conversa fora" com seus amigos de infância. No campinho de várzea, os filhos deles, contemporâneos meus, estavam jogando uma pelada (jogo de futebol). O campo estava cheio de lama, resultante da chuva que caíra uma hora antes. Eu não sabia jogar bola, pois meu pai, além de não jogar, me proibia de estar com outros garotos da rua. Vivia trancado em casa. Assim, jogar bola não era comigo.

Então, no bar, surgiu a conversa sobre a virilidade dos garotos. Os amigos do meu pai gabavam-se dos filhos que se chutavam lá no campo, imundos na lama. Meu pai, que não queria ficar para trás, chamou-me dizendo: "- Vá jogar bola já!". "Mas, papai, o senhor disse que isso é coisa pra marginais, eu nunca joguei!" Meu pai deu-me um tapa no rosto e gritou: "Cala a boca, vá jogar bola, senão eu quebro você aqui mesmo!"

Chorando e tremendo, eu fui para o campinho. Os garotos, rindo, receberam-me no time sem-camisas. Meu Deus, que dia infeliz! Eu não sabia chutar, não sabia passar, não sabia driblar, não sabia absolutamente nada! Quando a bola chegava, eu me desesperava. Como eu só fazia coisas erradas, apanhei como um cão viralatas naquele campo. Rolei na lama, fui xingado, agredido, foram os 20 piores minutos da minha infância (tinha 9 anos). Quando terminou, o meu pai foi até o campinho, e, na frente dos outros garotos, surrou-me como nunca, pois os comentários eram que eu não passava de um perneta.

Cresci. Aos quatorze anos entreguei a minha vida para Cristo! Como diz o hino do Cantor Cristão,
"Ditoso o dia em que aceitei do meu Senhor a Salvação! A grande paz que eu alcancei perdura no meu coração". Tudo mudou. A covardia oriunda de uma criação acuada e violenta transformou-se em coragem para servir a Deus e enfrentar a vida, pois o nosso Salvador é capaz de transformar tragédias em vitórias, tristezas em alegrias, problemas em soluções, solidão em companhia, perdição em salvação. Com Cristo tudo mudou para mim! Deus transformou-me numa nova criatura, usando as coisas que me aconteceram como base na formação do meu caráter. Como sou grato a Deus! Como bendigo ao Senhor por tudo que já me aconteceu nesses 36 anos de existência! Como agradeço a Deus também pelo meu pai, de saudosa memória, ele, que já está com Jesus, pois morreu regenerado por Cristo! Aleluia!

Tu és fiel, Senhor, Tu és fiel, Senhor
Dia após dia, com bênçãos sem fim!
Tua mercê me sustenta e me guarda!
Tu és fiel, Senhor, fiel a mim!

Aprendi a ter coragem.

Coragem para enfrentar as limitações. Não serei nunca o melhor, mas não precisarei ser o pior. Posso melhorar. Posso enfrentar as minhas limitações e procurar superar as dificuldades. Não preciso ter vergonha de dizer "não sei"! Mas posso muito bem querer saber e buscar aprender! Contento-me com as coisas pequenas! E o melhor lugar para mim é o centro da vontade de Deus.

Coragem para assumir as coisas que digo. Enquanto muitas pessoas são covardes, escondendo-se atrás dos que vão à frente, vão à luta, que assumem posições e colocam a cabeça a prêmio, o meu sofrimento deu-me base para nunca mais, em tempo algum, ter medo de ser quem sou, de assumir uma postura, assumir um parecer, colocar com educação a minha opinião. Ter coragem não significa ser mal educado, mas ter a educação de dizer sim para algumas coisas e não para outras. Ter coragem é não ser morno, indefinido, mas ter identidade daquilo que se crê, daquilo que se ensina, daquilo que se vive. E essa coragem eu sempre quero ter, na graça e misericórdia do Senhor.

Coragem para pedir perdão e dizer "eu estava errado; me perdoe". Durante um tempo deixei de pedir perdão ou desculpas, pelo excesso de pedidos que fizera no tempo de criança (era o que eu pensava). Contudo, quando aceitei a Cristo, o Espírito Santo tornou-me alguém que valoriza o bom relacionamento com o próximo e a comunhão com o Senhor. Diz a bíblia que, no possível, eu deveria ter paz com todos os homens. Também diz que, se eu for ofertar no altar do Senhor, e perceber que meu irmão tem algo contra mim, deverei deixar a oferta no altar e buscar a reconciliação. Errei? Assumo o meu erro e peço perdão. É vergonhoso? Não, é "dignificante"! É melhor dizer "errei", do que manter um erro até o fim, destruindo a possibilidade de consertar uma situação. A humildade é uma chave que abre as portas mais difíceis!

Coragem para trabalhar. A vida não foi feita para a preguiça, para a contemplação, para a inatividade. Há muito o que fazer. Somente com o trabalho digno, trabalho honrado, é que podemos construir algo duradouro. E Deus tem sido tão bondoso para conosco, dando-nos um corpo perfeito e oportunidades de progresso! Há tantos que têm muito menos do que nós, e são produtivos e felizes!

Coragem para morrer. Se alguém não sabe viver, também não saberá morrer. Temos que estar preparados para a morte. Cristo nos prometeu vida eterna, prometeu-nos uma morada no Céu, garantiu-nos o perdão dos pecados. É imprescindível estarmos prontos para a morte. É claro, ninguém fica aguardando a morte, como um louco. Contudo, se ela chegar, deveremos acolhê-la com resignação, entregando a Deus o nosso espírito.

Nestes últimos dias, como resultado de uma das crônicas de dezembro, tenho recebido e-mails maravilhosos, de congratulações. A esses eu agradeço. Também tenho recebido mensagens de discordância, às quais eu também agradeço. Mas aos caluniadores e difamadores, aqueles que dizem inverdades da forma mais dura que se possa imaginar, eu respondo com toda a firmeza aquilo que creio, para que possam saber que em Cristo Jesus somos feitos soldados do Senhor, corajosos pela fé, como diz o conhecidíssimo hino presbiteriano: "Corajosos, pois, de tudo o defendei, marchando para os Céus".

Finalizando, é preciso também coragem para seguir avante em Cristo. Muitas vezes o cansaço do caminho, as tentações do deserto e as vicissitudes do coração nos levam a titubear. Mas, quando as nossas forças estão para se esgotar, o Senhor vem até o nosso coração, nos dizendo: "Não temas, que eu sou contigo; não te assombres, que eu te ajudo". Aleluia!

Se o fardo é pesado, Deus dá maior graça,
Maior fortaleza se é grande o labor!
Se a prova é mais dura, maior o consolo,
Mais quentes as chamas, mais perto o Senhor!

Amor sem limites, poder sem fronteiras
E graça infinita e inefável tem Deus!
E desses tesouros guardados em Cristo,
Dá sempre, dá sempre a todos os Seus!

E quando os recursos em nós se esgotarem,
E a força faltar-nos pra mais suportar,
As fontes eternas da graça divina
Terão começado somente a jorrar!

Pr. Wagner Antonio de Araújo, 2001

segunda-feira, 10 de junho de 2013

memórias literárias - 90 - ESTAMOS NO FIM DOS TEMPOS

90 - ESTAMOS NO FIM DOS TEMPOS
10 de junho de 2013
Há muito tempo a ESCATOLOGIA (estudo das últimas coisas, na Bíblia) era tema para um futuro distante, longínquo, inimaginável. Era tido como sinal da chegada da "GRANDE TRIBULAÇÃO", sintoma de um iminente "ARREBATAMENTO DA IGREJA", profecias concercentes à "PAROUSIA" (do grego PRESENÇA, aludindo ao retorno do Senhor).
Tais sinais sempre existiram A NÍVEL LOCAL, alguns com maior evidência do que outros. Agora, entretanto, não apenas por causa da comunicação instantânea, mas talvez decorrente da propagação que isso cause, são sintomas GLOBAIS, UNIVERSAIS, IRREVERSÍVEIS, demonstrando de forma cabal o provável caos desta civilização do modo como a conhecemos. Para quem não crê no Senhor, a humanidade está a se autodestruir; para quem crê, os sinais são os do Dia do Juízo Final e seus precedentes acontecimentos.
À guisa de informação, vejam as manchetes de hoje (10 de maio de 2013):
1) Uma escola particular paulista fecha por causa do SAIAÇO (meninos de saia a protestar por causa de preconceito na sexualidade)
2) Empresa de aves compra outra e se torna a MAIOR FORNECEDORA DE AVES DO MUNDO
3) Emissão de gás carbônico é a maior da história neste ano
4) Preso suspeito de matar o próprio filho
5) Polonesa deseja ter relações imorais com cem mil homens e recebe patrocínio
6) Grupos luteranos e presbiterianos nos Estados Unidos aprovam liderança ministerial gay
Por que afirmo que não se trata mais de ESCATOLOGIA FUTURISTA, mas de ESCATOLOGIA EM FLAGRANTE CUMPRIMENTO?
Vejamos:
1. "O AMOR DE MUITOS SE ESFRIARÁ" (Mateus 24.12). Numa estrada os motoristas não sinalizam na passagem dos carros; cada um busca o seu espaço, independentemente de colocar em risco a vida do próximo. O desejo de subir de posição no trabalho impõe a lei da selva, fazendo dos mais fortes os predadores dos mais fracos. Pais idosos são estorvos e devem ir para o depósito humano chamado asilo. Velhos são meros custos e deveriam ser ajudados a morrer rapidamente. Professores não são respeitados em sala de aula. Adolescentes e jovens criminosos matam sem rancor ou trauma. Maridos traem esposas e vice-versa. Amigos esquecem de seus benfeitores e membros de igreja não se submetem a qualquer autoridade, criando novas igrejas antinomistas. Não é isso evidente sintoma de esfriamento de amor?
2. FILHOS QUE MATAM PAIS - "E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer." (Mc 13:12). Tornou-se comum matar os pais ou os familiares. Os motivos são vários: vingança, crimes pacionais (triângulos amorosos), indenizações por seguradoras, efeito de drogas, "queima de arquivo", insubordinação, disputa de poder etc. Isso existiu antes a nível local, nas disputas da nobreza pelos cargos imperiais ou de exércitos em litígio. Hoje, entretanto, a prática é desenfreada e deixa perplexa a sociedade mundial. Não há segurança alguma de que um filho não vá matar um pai num "momento de fraqueza".
3. O HEDONISMO COMO VIRTUDE E FILOSOFIA DE VIDA - "Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. (Lc 17:27). Hedonismo em filosofia significa "a busca desenfreada do prazer". Vivemos tempos em que o prazer ocupa todo o interesse da mídia, dos governos, das igrejas e da educação. Na mídia: façamos um cálculo do conteúdo dos jornais, das páginas noticiosas e dos noticiários de TV e programações disponíveis: mais de 70% da temática gira em torno de sexo, compras, viagens, banalidades, músicas de agitação, culinária exótica, pesca esportiva, esportes caríssmos e alienantes etc. O gasto das verbas governamentais: sob o pretexto da criação de empregos o dinheiro, que deveria ser gasto em saneamento, segurança, educação, é consumido em espetáculos de entretenimento, construção de estádios, pagamento de shows, produção de cartilhas favorecendo grupos de extermínio da moral e da familia, eventos religiosos de consumo etc. As igrejas não ficam distantes disso: avaliam seu público pela receita financeira levantada; preparam estratégias para aglutinar gente, aparecer na mídia, realizar grandes eventos, shows, congressos para vender bugigangas e quinquilharias, testemunhos caríssmos para lotar congregações; realizar cursos de líderes para formar novos nomes bons de venda etc. Na área da educação: ao invés de equipar escolas com professores bem pagos e de sólida formação, estão ocupados demais com a produção de cartilhas para orientar gays, lutas racistas em busca de quotas, mobilização para idéias massificantes de mudanças sociais, criação de grupos de dança, de jogos, de divertimentos; transformando aprendizes em ditadores das regras intentadas a toda hora, chamando isso de democracia e direito.
4 - LIDERANÇA DESQUALIFICADA: "E dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças governarão sobre eles." (Is 3:4). Um império global domina a filosofia, a mídia, a economia; enquanto isso, nos governos mundiais, não há um único estadista de fibra, de valores, de conteúdo, de liderança equilibrada e capacitada. Quem vê a direção dos Estados Unidos, dos países europeus, da América Latina ou dos governos internos no Brasil não encontra sequer um líder qualificado por virtudes, apenas por votos, partidos sem ideologia alguma senão a do poder e do dinheiro, líderes que não possuem valores próprios, guiados pelos próprios interesses, pelo próprio bolso, pelo pragmatismo maldito do "não importam os meios, importam os fins", e estes sempre são os de satisfazer a esse poder oculto que domina a sociedade global, que paga altos valores aos seus vassalos governadores. Foi-se há muito o tempo em que governantes se vestiam bem, falavam corretamente, tinham valores familiares, eram honestos, íntegros e justos, tinham ideologias e viviam pelo povo.
5 - SENTAR-SE NO TRONO DE DEUS: Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor Deus: Porquanto o teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; e não passas de homem, e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus; (Ez 28:2); Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda; (Mt 24:15) - O homem assentou-se no lugar de Deus. Por trás dele está Satanás, que busca usurpar o lugar do Criador. E de que forma?
a) MUDANDO A CRIAÇÃO DIVINA - Deus, que criou MACHO E FÊMEA está sendo questionado e sua criação está se rebelando, dizendo que HOMEM ou MULHER é um mero conceito ideológico, não biológico ou anatômico. Assim, crianças estão escolhendo se o seu órgão genital é válido ou não.
b) CRIANDO NOVAS ESPÉCIES - As criadas por Deus não são suficientes ou perfeitas. Assim, empresas do mundo brincam de genética, misturando genes de espécies diferentes, criando virus de destruição em massa, misturando animais, fazendo clones, organismos híbridos e, quem sabe, tirando da mulher a maternidade, inventando um ventre dentro do corpo masculino.
c) OUSANDO CONTRA A FAMÍLIA - O Criador estabeleceu ADÃO E EVA, não ADÃO E IVO, nem IVA E EVA. Mas a nossa socidade ultrapassa qualquer estrutura indígena de sociologia ou pensamento primitivo de sociedade e busca impor um conceito de que não há sentido na família nuclear e heterogênea. Seus sacerdotes que possuem cargos públicos legislam com violência e rapidez para destruir o papel da paternidade, da maternidade, da autoridade familiar e do direito das crianças em possuir uma família original para criá-las.
d) BUSCANDO A FÓRMULA DA ETERNIDADE - Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. (Gn 3:5) - O homem busca o Éden perdido, mas sem passar pelo Criador dele. O homem quer um Paraíso sem Deus, preconizado por John Lenon em sua maldita canção "IMAGINE". É justamente por isso que paga fortunas inimagináveis em pesquisas para rejuvenescimento, para  transferência do cérebro para corpos feitos em laboratório, ou que trafica órgãos humanos de pobres e indefesos seres caçados na África ou na América Latina, extraindo seus órgãos vitais (rins, coração, intestinos, fígado, estômago, medula etc), injetando-os nos que podem pagar pelas conquistas. O homem quer ser Deus. Alguns famosos mandaram congelar seus corpos, crendo que assim preservariam o fôlego de vida para um tempo onde a medicina poderia curar os seus cancros. Outros submetem-se a técnicas que sequer imaginamos! E enquanto isso os seus cientistas anti-divinos continuam na busca pela partícula divina nada sobrenatural.
6 - TROCAR OS MINISTROS DO EVANGELHO PELOS MINISTROS DO INFERNO - Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras. (2Co 11:15); Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. (2Co 11:13). Um grupo de falsos pastores dominou os seminários de grande parte das denominações cristãs e impôs um outro evangelho, um outro reino, uma outra eclesiologia, uma outra pneumatologia, uma outra ética e um outro poder.
 Resultou disso que:
1) Igrejas hoje estão quase todas iguais em seu formato litúrgico (mesmas baladas, mesmos urros, mesmo emocionalismo, mesmos shows)
2) Igrejas tornaram-se casa de espetáculos, com palco, luzes, dançarinas, coreógrafos, músicos profissionais e preletores de auto-ajuda
3) Igrejas perderam a característica de casa de adoração, transformando-se em centro de aquisição de bênçãos, confraria de compadres e clube de entretenimento
4) Igrejas transformaram-se em indústria pasteurizada de adeptos ou sócios em pirâmides de poder, de sucesso e de ministérios
5) Igrejas perderam seus conceitos e códigos de ética, suas declarações de fé ou seus pudores e hoje podem fazer de tudo, menos proclamar um reino no porvir, pois não crêem nele.
6) Igrejas tornaram-se braços de redes de obreiros fraudulentos na venda de produtos e no estabelecimento de impérios pessoais.
7) Igrejas viraram capachos de partidos políticos.
Tudo isso porque os seus pastores atualmente:
a) Não crêem na inerrância das Escrituras Sagradas
b) Não fazem acepção entre o sacro e o profano
c) Não se submetem à Palavra de Deus e à declaração doutrinária de sua fé
d) Não têm preparação espiritual para o exercício do ministério
e) Não conhecem o Deus que perdoa pecados pois nem crêem mais em pecados
f) Aceitam religiões outras pois crêem que "Deus é um só, independente do lado da janela em que se olhe").
g) Não crêem na volta do Senhor, nem no seu nascimento virginal e nem em sua ressurreição dentre os mortos
h) Não temem mudar padrões, liturgias, moral ou costumes
i) Aceitam o homossexualismo, admitem o aborto, compartilham o púlpito com qualquer incrédulo e trocam de ministérios como se troca de roupa.
7 - SINAIS NO CÉU E NA TERRA - E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. (Lc 21:25) - As catástrofes sempre existiram em nosso planeta; não são um fenômeno contemporâneo. Porém, por causa do desgaste da ecologia, da superpopulação, da tecnologia de comunicação e dos estragos causados, nunca houve em toda a história um tempo em que se provocassem tantos fenômenos ao mesmo tempo (terremotos, maremotos, tsunamis, enchentes avassaladoras, secas intermináveis, destruição de áreas inteiras,tornados, chuvas ácidas etc). O ser humano está provocando o próprio vômito ecológico do planeta e o custo está se mostrando elevado demais para os seus recursos. A propagação de virus de laboratório, as doenças estranhas e novas, a poluição com armas químicas, o desmatamento e todos os estragos provocam fenômenos de porte cada vez maior. Por outro lado, no mundo sideral é clara a evidência de que coisas muito estranhas ajuntam-se no céu, somando-se aos nossos estragos: meteoros e meteoritos, buracos negros, tempestades solares e objetos estranhos sendo filmados em nossa estrela, aparição de OVNIS, UFOS e outras coisas etc.
Essa lista poderia seguir-se à exaustão. Mas ela é bastante longa para demonstrar, ao menos para alguns, que não estamos tratando de ESCATOLOGIA FUTURISTA, mas de PROFECIAS EM PLENO CUMPRIMENTO. Os dias do fim estão presentes, não sabemos se logo em seu início, em seu meio ou em seu fim, pois os desdobramentos e o tempo que levarão só o Senhor sabe e conhece.
Uma realidade deve ser dita: ainda há SETE MIL JOELHOS que não se dobraram a Baal, ou seja, ainda há fiéis neste mundo, que detém o apodrecimento maciço desta sociedade. Eles AINDA ESTÃO AQUI, em pequeno número e diminuindo dia após dia.
São os crentes leais, fiéis às Escrituras Sagradas, simples e muitas vezes desconhecidos da mídia em geral, mas muito bem conhecidos pelo Céu. São pequenas ou grandes igrejas com pastores que ainda crêem na Bíblia e buscam ser fiéis ao Senhor. São testemunhas do Senhor Jesus Cristo, indo por todo o mundo, falando do amor e da justiça de Deus em todas as nações. Eles não estão alinhados com o falso evangelho. Na verdade muitos deles estão sendo marginalizados ou excluídos de suas igrejas, pois elas, que toleram tudo o que não presta, sob o pretexto de DEMOCRACIA, não podem permitir crentes verdadeiros a impedir o avanço da apostasia. Assim, esses crentes continuam sendo perseguidos, uns mais, outros menos.
Que o Espírito Santo nos encontre fiéis, no meio da multidão, agindo como sal da terra e luz do mundo, como verdadeiros representantes de Cristo num mundo perdido e decadente. Quando Senhor voltar, que nos encontre servindo com fidelidade.
Não esmoreçamos!
O FIM ESTÁ CHEGANDO!
MARANATA ! ORA VEM, SENHOR JESUS!
Wagner Antonio de Araújo
sócio 001 da
ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, Carapicuíba, São Paulo, Brasil

sexta-feira, 7 de junho de 2013

memórias literárias - 89 - VI VOCÊ NO OBITUÁRIO...

89 - VI VOCÊ NO OBITUÁRIO...
Hoje vi o meu amigo Pastor Rivas Bretones com uma página inteira no obituário de O Jornal Batista. Seu escritor citou fatos, enalteceu virtudes, contou algumas peculiaridades. É o protocolo do "arquivo morto", quando os nossos irmãos transferem-se daqui para o Reino dos Céus. Tiro o chapéu para o escritor.
Fiquei pensando. Será que o Pastor Rivas Bretones gozou algum dia de uma página inteira em O Jornal Batista? Será que alguma revista, periódico, noticioso denominacional ou evangélico algum dia dedicou a ele alguma página inteira? Tenho certeza que não. Não tiro o chapéu para a nossa prática social, de gastar uma página inteira somente depois que os nossos queridos se vão.
Aliás, não apenas o Pastor Rivas, mas quase todo mundo só ganha destaque num jornal ou publicação de página inteira quando já não está mais aqui para ver. Lindas homenagens, gloriosas lembranças, mas já não valem de nada para o homenageado.
Que mundo medíocre o nosso! Que atitude mesquinha temos! Convivemos anos e anos com os nossos amados líderes e somente depois que morrem é que os destacamos, que comentamos seus feitos, que mostramos seus retratos, que divulgamos suas virtudes! Falo isso da grande mídia, pois à nível local ou regional é possível que uma ou outra homenagem aconteça.
Não quero ver ou ler sobre os meus amigos apenas no obituário. Quero falar deles enquanto estão vivos, enquanto podem me ouvir, me escutar! Quero levar flores enquanto podem cheirá-las, quero homenageá-los enquanto podem interagir, receber, agradecer! Como diria a inesquecível e também saudosa Myrthes Mathias, "Se queres dar-me uma flor, faze-o agora!" Não as levarei na sepultura. As flores que dei para a minha mãe dei-as em vida. Hoje ela não precisa mais delas, pois as tem todas, em abundância de espécies, junto de Jesus!
Não esperei que Josué Nunes de Lima ou Rivas Bretones partissem para tecer elogios e enaltecer os seus trabalhos. Não espero que os meus amigos sejam uma página amarelada pelo tempo para honrar suas virtudes e falar de seus ministérios. As dádivas que quero dar não as entregarei na sepultura deles.
E por que digo isso? Porque me enoja a filosofia humana de esperar a morte para homenagear o virtuoso. É claro, citei o meu amigo porque foi o que acabei de ver, mas isso acontece dia após dia, jornal após jornal, situação após situação. A gratidão que não expressamos aos nossos queridos quando vivos nunca mais poderá ser expressa em sua inteireza. Prefiro comer um pão doce com o meu amigo em vida do que dar-lhe flores na sepultura depois de morto.
Irmãos, que isto sirva aos filhos. Que não esperem seus pais gelarem num caixão para lembrarem do que foram em suas vidas. Honrem o pai e a mãe enquanto vivos. Não permitam que eles morram em asilos por falta de cuidados nossos. Honrem seus amigos, expressem o carinho e o amor. Presenteiem e homenageiem de forma singela a quem desejarem, mas façam isso agora. Não esperem sua morte ou o próximo obituário disponível. Não homenageiem seus pastores com placas metálicas comemorativas apenas, mas façam isso hoje, onde eles estiverem, de forma real, calorosa, afetiva e agradecida.
Que Deus abençoe os nossos pastores, amigos, parentes e conhecidos vivos e que sejamos para eles não um obituário em preparação, mas aqueles que sabem homenageá-los condignamente enquanto vivos.
Wagner Antonio de Araújo,
que jamais se esqueceu de Rivas Bretones, amigo do coração.

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...