87 - COMO
CELEBRAR O DIA DO PASTOR
9/6/2013
O Dia do Pastor é
comemorado no segundo domingo de junho em muitas igrejas evangélicas. A data foi
escolhida pela Convenção Batista Brasileira há muitos anos. Outras denominações
acompanharam o tema e hoje espalha-se por grande parte do meio
evangélico.
Geralmente as igrejas
celebram cultos especiais, celebrações importantes, preciosas. As que têm
maiores condições financeiras costumam dar aos seus pastores presentes
substanciosos, valiosos monetariamente. Outras, mais simples, homenageiam-no
como podem, expressando com amor a data festiva. Há outras, contudo, que só se
lembram disto no próprio dia e rapidamente distribuem uma ou outra tarefa para
líderes e conjuntos, buscando suprir essa demanda inesperada. Há algumas que
sequer se lembram de celebrar.
Sou pastor. E sei o
quanto isso é importante na vida do ministro do evangelho. Não que um pastor
busque homenagens; aliás, é melhor que nem as tenha, pois as receberá completas
e eternas, no Céu. Pastores que buscam reconhecimento e homenagem na Terra
privam-se de seu galardão no Reino de Deus (...para serem glorificados pelos
homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. (Mt 6:2b)).
Contudo, quando as homenagens não são buscadas e aparecem, fruto do
reconhecimento de suas próprias igrejas pelo trabalho prestado dia após dia (e
isso é bíblico, pois está escrito: Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem
tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra,
honra. (Rm 13:7)), elas são não apenas lícitas, mas abençoadas, dignas, honrosas
e reconfortantes.
Gostaria de citar
algumas coisas importantes para esse dia. Nunca li nada a respeito e sei que
muitos pastores gostariam de dizer isso. Resolvi sintetizar essas observações e
compartilhar com todos os que irão homenagear os seus obreiros no próximo
domingo ou em outro qualquer:
1) NÃO
CELEBREM UM CULTO ANTROPOCÊNTRICO - Muitas vezes, no afã de
homenagear os seus pastores, igrejas tiram o foco de Cristo e enquadram o pastor
no centro das honrarias. Isso não é correto. Bons pastores sentem-se
constrangidos e desconfortáveis quando isso acontece. O culto deve sempre ser
celebrado a Deus e a gratidão sempre deve ser dirigida a Ele. Afinal, o que são
pastores senão servos do Supremo Pastor? Todo culto que enaltece ao homem em
detrimento de Deus é uma abominação. Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha
glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura. (Is
42:8)
2) NÃO
BAJULEM - Bajulação é dizer um monte de coisas no dia do pastor e
nenhuma nos outros dias do ano. Parece que a situação torna-se constrangedora,
pois algumas pessoas, que nunca gastaram um minuto orando pelo pastor ou
mantendo com ele algum relacionamento intelectual, espiritual ou afetivo,
naquele dia apresentam homenagens artificiais. Pastores não gostam disso. É
melhor homenageá-los dia após dia com um tratamento cordial, espiritual,
elegante, amistoso, do que dizer palavras que não são reais.
3) NÃO O
PRESENTEIEM SÓ NO DIA DO PASTOR - Há pastores que vivem de forma
precária em sua mantença financeira. Conquanto o orçamento da congregação
comporte melhorias salariais, muitas vezes para não constranger o rebanho
pastores calam-se quanto ao assunto e sofrem as dificuldades de uma prebenda
insuficiente: não podem dar conforto à família, nem comprar livros novos, nem
usar ternos melhores, nem oferecer uma refeição mais qualificada para a família
ou visitas. No dia do pastor recebem uma homenagem desproporcional, fora da
realiade, um presente caro demais, que não trará solução aos seus diversos
problemas orçamentários. Se a igreja melhorasse as suas condições de vida, de
salário, seria um presente muito, muito melhor e mais honesto: um salário mais
condizente, um plano de saúde, um seguro de vida e de morte, uma moradia mais
confortável, um plano para uma condução mais apropriada etc. Diz a Bíblia: Os
presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplos honorários
(dupla honra), principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; (1Tm
5:17)
4) NÃO SE
ESQUEÇAM DA DATA - Para algumas denominações o segundo domingo de
junho é dedicado à celebração do Dia do Pastor; para outras, a data é diferente.
Seja em que data for, não esqueçam de celebrá-la. Um pastor não faz tanta
questão de celebrar o dia de seu aniversário, ou o dia de sua ordenação ou outra
data preciosa, mas ele JAMAIS se esquece do Dia do Pastor, que coroa anualmente
a decisão que um dia tomou, em dedicar-se ao sagrado ministério da pregação e
dos cuidados com a igreja do Senhor. É claro que ele fará tudo para não
demonstrar, mas ficará muito triste se nenhuma lembrança ou alusão for feita
(experiência própria). Lembrar-se, dar um abraço, um cartão escrito à mão, uma
flor, um bombom, um olhar de gratidão, um café gostoso, tudo isso conta muito e
incentiva o obreiro a manter-se fiel ao chamado, entusiasmado com o ministério e
reanimado em suas forças.
5) NÃO
IGNOREM OS PASTORES IDOSOS OU OS EX-PASTORES - Infelizmente os
pastores idosos tornam-se esquecidos. Tanto fizeram, tanto lutaram, tanto
pregaram, mas, devido à idade e as dificuldades oriundas da passagem do tempo,
não estão mais na titularidade das igrejas e nem nos ministérios auxiliares. Às
vezes apenas congregam numa igreja média ou grande. No dia do pastor eles
simplesmente são omitidos, esquecidos, desprezados. Não tenham dúvidas: eles têm
sentimentos, eles sentem dores. Uma igreja que honra os seus velhos pastores
demonstra amar ao Senhor e honrá-lo pelos obreiros que Ele separou. Aliás, seria
lindo se as igrejas pudessem alistar os pastores anteriores ao atual e dedicar a
eles um telefonema, um cartão assinado por toda a igreja, ou, se as condições
forem melhores, uma visita de amor, o envio de uma cesta de café ou de uma
lembrança. Que alegria sentiriam esses colegas! Soube de uma igreja antiga, que
já havia sido pastoreada por vários pastores, que alistou todos os que estavam
vivos e enviou-lhes uma telemensagem e um cartão assinado por todos os membros.
E um desses pastores, velhinho, mostrou-me com as mãos trêmulas e com lágrimas
nos olhos, essa dádiva recebida. Que demonstração de amor!
6)
HOMENAGEIEM PESSOAL E INSTITUCIONAL - Uma homenagem da igreja a
nível institucional é esperada, é bem-vinda, é preciosa e importante. É a
maneira coletiva de dizer ao pastor o quanto ele é importante para a sua
existência e o seu ministério. Nessa ocasião as palavras são preciosas, as
manifestações públicas dos departamentos, os presentes diversos, da diretoria,
das crianças, jovens, músicos, ministério educacional etc. Porém há também as
homenagens pessoais, tão singelas, tão preciosas, tão importantes. Lembro-me da
saudosa irmã Isabel Felix: num dia do pastor, após o culto, ela chamou-me ao
canto e entregou-me um sabonete feito sachê, preparado pelas suas mãos
octogenárias. Era um sabonete barato, simples, envolto em fitas coloridas e com
uma florzinha de tecido em cima. Aquele presente teve um valor tão grande para
mim, que 15 anos são passados, a irmã já está com Jesus e eu não me esqueci
daquela homenagem.
7)
OBEDECER É MELHOR DO QUE SACRIFICAR - Infelizmente há igrejas que
não se submetem às orientações de seus pastores. Claro, estamos falando daqueles
que são bíblicos, não dos que são loucos. Há igrejas que não acatam as suas
orientações: jovens rebeldes, que fazem questão de não seguir os seus conselhos;
adultos contrários, que não acatam as suas orientações; diretorias que não o
respeitam publicamente nas reuniões ou nas assembléias; famílias que nunca lhe
dão o reconhecimento necessário (não o convidam senão para crises internas; nos
dias de festa o esquecem). Para esse comportamento rotineiro as homenagens no
Dia do Pastor não servem para nada, senão para aborrecer o obreiro. Seria melhor
para essa igreja fazer um pacto de quebrantamento, buscando atender com maior
dedicação, amor, respeito e consideração o seu pastor, tornando-o mais feliz e
menos sofredor na rotina do ministério pastoral. Isto seria real, não hipócrita
e o pastor entenderia essa homenagem muito mais preciosa do que festejos
diversos.
8)
RECONHEÇA O SEU PASTOR - Muitas vezes o obreiro da igreja é
disputado e desejado em outros púlpitos, em congressos, em encontros e as
pessoas vêm de longe para ouvi-lo, vê-lo ou estar com ele. Ele é lido e
assistido por multidões nas mídias modernas. Em sua igreja local, porém, nos
cultos rotineiros, nos cultos no meio de semana, é desprezado. Depois, quando
esse obreiro morre ou vai embora e outro surge, começam as comparações e, não
raras vezes, a conclusão: éramos ricos, éramos felizes e não sabíamos; tínhamos
uma jóia e a desprezamos ... É a mais pura verdade. Já dizia a Bíblia: "Porque
Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria." (Jo
4:44). Estou cansado de ouvir as mesmas histórias: o nosso velho pastor era
maravilhoso... Oras, para quê esperá-lo morrer ou ser levado para outro lugar
onde lhe dêm maior valor? Valorizem o obreiro que possuem! Deus os enviou, Deus
os mandou, as igrejas convidaram-nos após muita oração. E, se não houver
comportamento anti-bíblico em sua vida, devem prestigiá-lo. Se ele lecionar uma
matéria, devem participar. Se pregar numa série de conferências, devem fazer-se
presentes. Nada anima e alegra mais um pastor do que ver que sua igreja o
aprecia, gosta de lhe ouvir, reconhece-o como pregador da Palavra. Um auditório
local repleto num culto normal é para o pastor um grande certificado de
qualidade. E quando alguém citá-lo num jornal, numa conversa ou igreja, poderão
dizer com muita honra: "aquele é o meu pastor".
Há muito mais a
ser dito mas isso já é o bastante por hoje.
FELIZ DIA DOS
PASTORES!
Wagner Antonio
de Araújo
sócio 001 OPBCB
- presidente
Igreja
Batista Boas Novas do Rodoanel, Carapicuíba, São Paulo,
Brasil
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