89 - VI VOCÊ
NO OBITUÁRIO...
Hoje vi o meu
amigo Pastor Rivas Bretones com uma página inteira no obituário de O Jornal
Batista. Seu escritor citou fatos, enalteceu virtudes, contou algumas
peculiaridades. É o protocolo do "arquivo morto", quando os nossos irmãos
transferem-se daqui para o Reino dos Céus. Tiro o chapéu para o escritor.
Fiquei
pensando. Será que o Pastor Rivas Bretones gozou algum dia de uma página inteira
em O Jornal Batista? Será que alguma revista, periódico, noticioso
denominacional ou evangélico algum dia dedicou a ele alguma página inteira?
Tenho certeza que não. Não tiro o chapéu para a nossa prática social, de gastar
uma página inteira somente depois que os nossos queridos se
vão.
Aliás, não
apenas o Pastor Rivas, mas quase todo mundo só ganha destaque num jornal ou
publicação de página inteira quando já não está mais aqui para ver. Lindas
homenagens, gloriosas lembranças, mas já não valem de nada para o
homenageado.
Que mundo
medíocre o nosso! Que atitude mesquinha temos! Convivemos anos e anos com os
nossos amados líderes e somente depois que morrem é que os destacamos, que
comentamos seus feitos, que mostramos seus retratos, que divulgamos suas
virtudes! Falo isso da grande mídia, pois à nível local ou regional é possível
que uma ou outra homenagem aconteça.
Não quero ver
ou ler sobre os meus amigos apenas no obituário. Quero falar deles enquanto
estão vivos, enquanto podem me ouvir, me escutar! Quero levar flores enquanto
podem cheirá-las, quero homenageá-los enquanto podem interagir, receber,
agradecer! Como diria a inesquecível e também saudosa Myrthes Mathias, "Se
queres dar-me uma flor, faze-o agora!" Não as levarei na sepultura. As flores
que dei para a minha mãe dei-as em vida. Hoje ela não precisa mais delas, pois
as tem todas, em abundância de espécies, junto de Jesus!
Não esperei
que Josué Nunes de Lima ou Rivas Bretones partissem para tecer elogios e
enaltecer os seus trabalhos. Não espero que os meus amigos sejam uma página
amarelada pelo tempo para honrar suas virtudes e falar de seus ministérios. As
dádivas que quero dar não as entregarei na sepultura
deles.
E por que
digo isso? Porque me enoja a filosofia humana de esperar a morte para homenagear
o virtuoso. É claro, citei o meu amigo porque foi o que acabei de ver, mas isso
acontece dia após dia, jornal após jornal, situação após situação. A gratidão
que não expressamos aos nossos queridos quando vivos nunca mais poderá ser
expressa em sua inteireza. Prefiro comer um pão doce com o meu amigo em vida do
que dar-lhe flores na sepultura depois de morto.
Irmãos, que
isto sirva aos filhos. Que não esperem seus pais gelarem num caixão para
lembrarem do que foram em suas vidas. Honrem o pai e a mãe enquanto vivos. Não
permitam que eles morram em asilos por falta de cuidados nossos. Honrem seus
amigos, expressem o carinho e o amor. Presenteiem e homenageiem de forma singela
a quem desejarem, mas façam isso agora. Não esperem sua morte ou o próximo
obituário disponível. Não homenageiem seus pastores com placas metálicas
comemorativas apenas, mas façam isso hoje, onde eles estiverem, de forma real,
calorosa, afetiva e agradecida.
Que Deus
abençoe os nossos pastores, amigos, parentes e conhecidos vivos e que sejamos
para eles não um obituário em preparação, mas aqueles que sabem homenageá-los
condignamente enquanto vivos.
Wagner
Antonio de Araújo,
que jamais se
esqueceu de Rivas Bretones, amigo do coração.
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