terça-feira, 25 de junho de 2013

memórias literárias - 96 - EM PLENA EBULIÇÃO

96 - EM PLENA EBULIÇÃO
21/06/2013
A pauta não foi esgotada. O Brasil continua a protestar. Não bastou diminuir a tarifa; a vitória pontual criou o precedente: as massas detém o poder e agora não deixarão as ruas enquanto não conseguirem outras tantas conquistas.
Enquanto escrevo a presidente e os ministros discutem. Deveriam ter feito isso ontem, chamando as lideranças à conversa, procurando entender a pauta de reinvindicações; no entanto, diferentemente das campanhas eleitorais, o poder está sempre dez passos lá atrás, depois que a passeata anda. Daí é apenas chorar o leite derramado.
O que vai acontecer? Ou melhor, o que aconteceu? Porque, diferentemente dos projetos, não teremos um futuro diferente; já estamos num presente diferente. Nada mais será como outrora. A página escrita nas últimas duas semanas marcou de forma histórica a política contemporânea do Brasil. Os poderes políticos homogêneos (PT+situação+oposição hipócrita) ficaram à margem disso, com exceção de uns poucos partidos revolucionários e anarquistas. Seriam eles os gigantes de amanhã?
Os protestos inviabilizaram a hipocrisia da campanha política dos próximos meses. A agenda PÃO E CIRCO ficou comprometida, uma vez que por falta de pão o povo está evitando o circo (leia-se COPA DAS CONFEDERAÇÕES e para o ano COPA DO MUNDO). A festa das bolsas distribuídas como verba para compra de votos mostra-se agora ineficiente, pois o povo não age por ideologia mas pelo estômago, e revolta-se quando a barriga começa a roncar. O dinheiro está acabando. Não há de onde tirar para bancar tanta bolsa. A recente controvérsia do fim da bolsa-família e os tumultos junto aos bancos mostrou ao governo que o povo, de barriga vazia se torna oposição. Mas onde encontrar mais dinheiro para bancar a fantasia? Mais impostos? Quatro meses de escravidão absoluta de cada trabalhador não são suficientes? Nem José no Egito, que escravizou a nação e cobrava 20% de impostos, nem Salomão que imperava com mão de ferro, foram tão vorazes em impor taxas e impostos como os governos brasileiros! O mundo vive perplexo ao ver um país assim.
Que Brasil emergirá após a ebulição dos protestos? Sim, pois não há como manter mobilizações diárias, protestos dia após dia. Seu vigor durará por mais algum tempo, mas algo terá que acontecer. Será a repressão? Será a distribuição de mais bolsas? Será a criação de CPIs para julgar políticos? Será a prisão dos "mensaleiros"? Será a criação do PPL, Partido Passe Livre?
Um país não se constrói com discursos inóquos. Um país se constrói com trabalho, educação, respeito, investimento no futuro e temor de Deus. Não é mudando a língua, destruindo a família, demolindo os monumentos ou bancando a orgia moral que se fará deste lugar o país dos nossos sonhos.
É preciso mudar, mas mudar com objetivos. E o país carece de um. Todos querem mudar, mas sem saber o que ou para que. Mudar a política ou os políticos? Mudar a economia ou a carga de impostos? Mudar a moral ou moralizar os imorais? Mudar o que?
Ao lado de tudo isso está o cristianismo brasileiro, que em sua maior parte não passa de chaga infeccionada e purulenta. De um lado o catolicismo híbrido, cuja fonte de lucro é a mentira e a ilusão pública, com clero hipócrita e ganancioso. Basta ver as cores neopentecostais adquiridas pelas expressões religiosas católicas e a maneira "xerográfica" de copiar os métodos e os espetáculos gospel pelas mídias e pelas paróquias. Do outro lado está o povo evangélico, em sua maioria corrupto e mundano, adoradores de personalidades prósperas e idólatras do dinheiro. Seus templos são meros encontros motivacionais pela prosperidade e pelo poder, distribuindo afagos ao ego dos seus seguidores cegos. Jogaram a bíblia na lata do lixo e inventaram suas próprias bíblias, negando a fé cristã e criando a fé no dinheiro e no poder como verdade absoluta. Um cristianismo assim não presta para nada na reconstrução da Nação. No meio dessa massa chamada cristã apenas uns poucos são autênticos. A autenticidade é comprovada pelos frutos e estes têm que ser bons. Que Deus nos ajude a estarmos entre os que prestam!
A mudança precisa começar no coração do brasileiro. É preciso uma mudança de dentro para fora.
Já dizia o Pastor Rubens Lopes, há muitos anos, sobre os tristes anos de ebulição social na década de 60, que podem facilmente ser compreendidos à luz dos acontecimentos dos últimos dias:
"HÁ POR AÍ UMA FEBRE DE RENOVAÇÃO.
O QUE SE VÊ EM TODA PARTE É VONTADE DE MUDAR,
DE TROCAR DE POSIÇÃO, DE MELHORAR
DE SAIR DA ROTINA, DE QUEBRAR TABUS,
DE ROMPER TRADIÇÕES.
MAS QUE MUNDO É O QUE SE PRETENDE MELHORAR,
O MUNDO EXTERIOR OU O MUNDO INTERIOR?
NÃO HÁ DÚVIDA DE QUE O PRIMEIRO.
QUEREMOS UM MUNDO MELHOR POR FORA,
MATERIAL E SOCIALMENTE.
QUANTO AO MUNDO MATERIAL DESEJAMOS MELHORES CONDIÇÕES
DE HABITAÇÃO,  DE ALIMENTAÇÃO, DE VESTUÁRIO,
DE RECREAÇÃO, DE TRANSPORTE.
QUANTO AO MUNDO SOCIAL PENSAMOS MUITO EM CONVIVÊNCIA PACÍFICA,
EM POLÍTICA DE BOA VIZINHANÇA, EM FRATERNIDADE E,
VEZ POR OUTRA, EM SANEAMENTO MORAL, EM REGENERAÇÃO DE COSTUMES.
MAS O MUNDO INTERIOR ANDA ESQUECIDO.
REFERIMO-NOS AO HOMEM COMO INDIVÍDUO, E AO INDIVÍDUO VISTO POR DENTRO.
ORA, EM RELAÇÃO AO MUNDO EXTERIOR O HOMEM É O CONTEÚDO
DE QUE AQUELE É O CONTINENTE.
E EM RELAÇÃO AO MUNDO SOCIAL ESTE É O TODO DE QUE AQUELE É A UNIDADE ÚLTIMA.
E O QUE ESTAMOS FAZENDO ENTÃO?
ESTAMOS CUIDANDO MAIS DA EMBALAGEM DO QUE DA MERCADORIA,
FICANDO COM A CASCA E JOGANDO FORA A POLPA.
EM SE TRATANDO DA SOCIEDADE
ESQUECEMO-NOS DE QUE ESTA NUNCA PODERÁ MARCHAR EM CADÊNCIA
ENQUANTO OS INDIVÍDUOS QUE A COMPÕEM NÃO ACERTAREM O PASSO,
UM DE CADA VEZ.
POR UMA QUESTÃO ELEMENTAR DE PRIORIDADE, POIS,
É PRECISO COMEÇAR PELO HOMEM.
TAL A META DE CRISTO, A META HOMEM.
MESMO FALANDO ÀS MULTIDÕES (E CRISTO FOI O HOMEM DAS MULTIDÕES),
ELE NUNCA PERDIA DE VISTA AS PESSOAS.
NO MEIO DAS MASSAS NUNCA NINGUÉM FOI NINGUÉM PARA JESUS,
POR MUITO QUE ELAS O COMPRIMISSEM.
CERTA VEZ, NUMA AGLOMERAÇÃO, UMA INFELIZ MULHER PRETENDEU
PASSAR-LHE DESPERCEBIDA APENAS ROÇANDO-LHE AS VESTES
PARA CURAR-SE DE GRAVE DOENÇA.
MAS FOI LOGO IDENTIFICADA POR ELE.
E AQUELE CEGO? POBRE HOMEM,
CUJOS GRITOS FRENÉTICOS JESUS PÔDE FACILMENTE
DISTINGUIR, MESMO ABAFADOS PELO VOZEIO DO POVO.
COMO A ESSA MULHER E A ESSE HOMEM
CRISTO SEMPRE ATENDEU PESSOALMENTE A QUANTOS O PROCURARAM.
TODOS MERECERAM DELE UMA ATENÇÃO SINGULAR.
FALANDO DO SEU REBANHO JESUS DECLAROU
QUE ELE TRATA AS SUAS OVELHAS
NÃO COMO SE FOSSEM CABEÇAS DE GADO, CONTADAS A GROSSO,
MAS COMO PERSONALIDADES A QUEM
ELE CONHECE PELO NOME E A QUEM CHAMA PELO NOME.
SEMPRE O INDIVÍDUO. E DO INDIVÍDUO CRISTO PARTE PARA A COMUNIDADE
FAZENDO DE CADA CRISTÃO UMA PITADA DE SAL PARA CONTAGIAR O MUNDO.
CONTUDO - REPARE-SE NISTO,
SEMPRE O HOMEM, MAS O HOMEM POR DENTRO
ANTES DO QUE POR FORA.
O HOMEM SITUADO NO SEU MUNDO INTERIOR.
POIS ESTANDO O CORAÇÃO HUMANO ENFERMO,
É O CORAÇÃO QUE PRECISA SER MEDICADO PELA GRAÇA DIVINA.
CLARO, TRATADAS AS NACENTES,
CURADAS FICARÃO AS ÁGUAS.
EIS AÍ UMA REFORMA QUE SE PODE CHAMAR, ESSA SIM, DE BASE,
PORQUE PARTE DO INDIVÍDUO
QUE É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS.
ELA PODE LEVAR TEMPO,
MAS SOBRE SER INFALÍVEL, É A ÚNICA INDICADA
PELO RÁPIDO DIAGNÓSTICO QUE ACABAMOS DE FAZER.
DAÍ PORQUE REPETIMOS COM O APÓSTOLO PAULO:
"JESUS CRISTO, ESPERANÇA NOSSA".
FELIZMENTE NEM TUDO ESTÁ PERDIDO.
AINDA ACREDITAMOS NAS POSSIBILIDADES DO HOMEM,
NÃO POR ELE,
MAS POR CRISTO."
Pastor Rubens Lopes, da mensagem CRISTO, A ÚNICA ESPERANÇA, 1960
Continuemos a orar por essa Nação. Ela está em ebulição. Quando o fogo baixar saberemos qual foi o resultado e averiguaremos se foi alimento cozido ou comida queimada que ficou.
Wagner Antonio de Araújo, cidadão brasileiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...