quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

memórias literárias - 301 - SANTIFICAI-VOS HOJE


SANTIFICAI-VOS
HOJE


301
Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio de vós. (Js 3:5)
 
INTRODUÇÃO
 
Cabia a Josué, filho de Num e imediato de Moisés, levar o povo hebreu para a tão sonhada, esperada e aguardada Terra Prometida. Era a terra de Canaã, habitada por gente que fazia o possível e o impossível para agredir a santidade divina, e por séculos. Deus prometera a Abraão a posse daquela preciosa região e agora os hebreus estavam prestes a possui-la. Por quarenta anos vagaram pelo deserto, até que a geração incrédula que saíra do Egito falecesse completamente, excessão de Josué e Calebe, que foram os únicos que acreditaram no poder de Deus para conquistá-la. Agora Josué iria liderá-los para essa vitória.
 
Sua palavra foi clara, diretiva, absolutamente determinante: "santificai-vos, pois amanhã o Senhor operará maravilhas no meio de vós". Sim, somente com as maravilhas divinas o povo teria condições de conquistar uma terra cheia de exércitos, de pessoas de grande porte, de armas, de fúria, de senso de defesa. Um povo que vagara 40 anos no deserto, sem casa, sem bens imóveis, sem nada, como conseguiria conquistar todo um país que funcionava em sua plenitude? Josué sabia que dependeria inteiramente de Deus e para isso determinou a santificação do povo. E o que seria santificação para eles?
 
Aquele povo, conquanto fosse chamado de "povo de Deus", não vivia realmente de acordo com os ensinos recebidos por Moisés no Monte Sinai. Era chamado de povo de Deus, mas não vivia com Ele. Havia quem adorava imagens de escultura, escondidas na bagagem. Havia quem quebrava a observância do sábado. Havia quem comia carnes imundas. Havia quem traía o próximo em todos os seus sentidos. Havia quem não observava as festividades espirituais. Portanto, era um povo sujo de mente e de coração e Josué sabia que, para que o Senhor operasse as necessárias maravilhas, seria indispensável para o povo uma santificação geral.
 
Aqueles que agiam com imoralidade deveriam romper com isso imediatamente. Quem tivesse ídolos escondidos deveria jogá-los fora sem dó e nem piedade. Quem estivesse imundo, tendo tocado em coisas mortas, deveria purificar-se e obter a limpeza necessária. Quem não estava seguindo à risca a Lei deveria sacrificar ao Senhor e obter a cobertura de seu pecado pelo sangue ritual das ovelhas e cordeiros. Enfim, era necessária uma atitude ativa generalizada por parte do povo para que a necessária santificação abrisse caminho para uma operação em poder, graça e eficácia por parte de Deus.
 
"Santificai-vos hoje" é o que ouvimos também da boca do Senhor para nós, que adentraremos a um novo ano cheio de cananeus a nos esperar. Atravessaremos o Rio Jordão, não o de Israel, mas o Rio Jordão imaginário da mudança de ano em nosso calendário, onde encerramos uma etapa e iniciamos outra. E, lá do outro lado do rio, encontraremos uma Jericó murada, armada até os dentes, defendendo-se de nossa conquista. É o ano novo, repleto de desafios, de dificuldades, de tentações, de esquemas que procurarão a todo custo impedir que o Senhor "opere maravilhas" no meio de nós.
 
Para Josué e o povo, a santificação gerou uma cena épica, pois, após atravessarem o Rio Jordão,  sitiaram Jericó e a derrubaram na cena impressionante do cerco por sete dias e o grito generalisado de todos, culminando na intervenção divina para derrubar todas as muralhas protetoras da cidade. E nós, que iremos atravessar o ano, o que poderemos fazer para nos qualificarmos diante do Senhor e estarmos preparados para que Ele opere maravilhas no meio de nós?
 
Gostaria de sugerir dez atitudes que demonstrarão de forma profunda uma consagração verdadeira de nossa parte para com o nosso Deus, atitudes que, mantidas ao longo de todo o ano, nos trarão retumbantes vitórias, gloriosas batalhas e preciosas conquistas, assim como os hebreus conquistaram a Canaã terreal, instalando-se naquela terra e fazendo dela o seu país.
 
01) NÃO TER OUTROS DEUSES E NEM ÍDOLOS
 
Deus não reparte a sua glória com ninguém. Assim, se queremos que o novo ano seja um "ano aceitável ao Senhor", um ano autenticamente consagrado a Deus, não poderemos repartir o nosso coração com mais ninguém. Isto significa colocar o Reino em primeiro lugar. De forma prática podemos dizer que a igreja, com suas atividades espirituais, evangelísticas e sociais, deverá ocupar o topo de nossa atenção, de nosso amor, de nossa dedicação. Para isso, não poderemos trocar a nossa responsabilidade com as funções que temos, com os ministérios que Deus nos deu com outras coisas privadas, pessoais, de cunho particular, relegando a obra do Senhor para quando for possível. Os cultos devem ter a nossa prioridade. A evangelização deve tornar-se regra e devemos nos envolver nas atividades da igreja durante todo o tempo. Não devemos trocar a confiança em Deus pelo dinheiro, pelos amigos, pelos políticos ou por interesses divergentes. Cristo é o nosso Senhor, não a TV, o futebol, o salão de beleza, o shoping, a construção civil, o lazer, a faculdade, o casamento, a família. Se Cristo não for o primeiro, ele não será nada para nós.
 
02) NÃO TOMAR A FORMA DO MUNDO
 
Por causa de uma capa babilônica os hebreus perderam vidas e tiveram grande derrota. Acã cobiçou a riqueza e a beleza do mundo e isso foi o seu tropeço. Se desejamos a bênção de Deus devemos parar de buscar nos parecermos com ele. O corpo do crente não foi feito para ser um desfile de modas, uma árvore de Natal cheia de luzes. A beleza física não deve ser a nossa busca, com maquiagens, cirurgias, piercings, tatuagens, modas caras. Quem vive de aparências terá um fim triste porque a velhice ceifará qualquer eficácia nos tratamentos. O mundo passa e a sua beleza aparente. Somente aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. Assim, não tomar a forma do mundo significa não querer ser igual, não imitar sua linguagem chula, não cantar as suas toadas imorais, não festejar as suas mentiras, não celebrar as conquistas que agridem ao Senhor. Estamos do mundo mas não somos do mundo. Não devemos ter vergonha de ter uma linguagem sã e irrepreensível, não devemos ter medo de testemunhar de nossa fé com simplicidade e com humildade. Não devemos copiar o figurino de artistas, modelos, cantores ou políticos, mas inspirar-nos nos modelos que a Bíblia nos traz. Mulheres de Deus eram humildes e se trajavam de submissão e oração. Homens de Deus trajavam-se de um caráter irrepreensível e de trabalho dedicado.
 
03) CUMPRIR OS COMPROMISSOS, FAZENDO VALER A PALAVRA
 
Jesus diz que apenas o sim e o não bem esclarecidos e definidos pertencem a Deus. Quem precisa jurar ou assinar documentos para fazer sua palavra valer, tem procedência maligna. A palavra do crente deve lembrar o dito antigo, onde um fio de bigode demonstrava honra e a certeza de que o que foi acordado seria cumprido. Assim deve ser o crente. Ele disse que seguiria a Jesus; deve segui-lo. Ele disse que seria dizimista; deve sê-lo. Ele disse que testemunharia a sua fé; deve testemunhar. Ele disse que faria isso ou aquilo na igreja do Senhor; deve fazê-lo. Ele afirmou que permaneceria casado e que seria fiel; deve sê-lo. Ele disse que trabalharia e sustentaria a sua casa; deve trabalhar. Ele disse que não mentiria para o patrão, para o irmão, para o amigo, para o governo; deve dizer a verdade. Ele disse que oraria e leria a bíblia contínuamente; deve cumprir. Os políticos corruptos, que são a quase totalidade deles nesta Pátria tão sofrida, são um retrato claro da corrupção do brasileiro. Infelizmente os cristãos têm sido tão corruptos e mentirosos quanto os políticos. Se queremos um Brasil diferente e uma igreja diferente, devemos começar por sermos verdadeiros, cumpridores de nossos sins e de nossos nãos.
 
04) CULTIVAR O BEM EM NOSSA VIDA
 
Se desejamos um ano abençoado para nós e para os nossos filhos, devemos cultivar esse ano com uma lavoura qualificada. Olhem para uma estrada e vejam duas propriedades, de mesmo tamanho, com um mesmo rio que atravessa o território. Uma é cultivada, a outra não. A cultivada possui um pomar vasto, uma horta maravilhosa, um gramado belíssimo com campo de futebol e com jardins floridos. Uma casa bem construída, um curral com animais e lindas cercas pintadas e bem cuidadas. A outra propriedade está no meio do mato, cheia de poças fétidas de lama, com cobras, buracos, sem cercas, com mato, mosquitos e todo um campo abandonado. Não há árvores frutíferas e as flores são de mato nativo, não de jardins cuidados. Assim é a vida de quem teme e de quem não teme a Deus. Moram na mesma rua, trabalham na mesma empresa, têm número similar de residentes na casa e ganham os mesmos salários. Porém em uma casa há alegria, há fartura, há crianças bem educadas, há mesa farta, há flores no jardim, há música feliz, há paz e há a presença de Deus. Na outra, ao lado, a casa está caindo aos pedaços, seu chão é sujo, suas paredes descoradas, as crianças xingam e se machucam, o casal brica e se ameaça, não há jardim e o mau cheiro é constante. O problema não está na casa, no tamanho, no lugar, mas em como se cultiva a vida, a família, os bens e a presença de Deus. Uma vive de trabalho metódico, contínuo e confiante; a outra sobrevive de migalhas. Neste novo ano poderemos fazer dos lugares onde vivemos um paraíso cultivado ou um vale sombrio cheio de sombras e violência. Se queremos que o Senhor "opere maravilhas", temos que cultivar "tudo o que é bom, tudo o que é reto, tudo o que é de boa fama, tudo o que gera louvor e virtude". Devemos trabalhar, comer o nosso pão com o suor de nosso rosto, fazer o nosso melhor. Como no antigo filme "So Dear To My heart", da década de 50, "o que importa é o que se faz com o que se tem". Ao invés de cobiçar do próximo, façamos o melhor com o que recebermos.
 
05) MANTER ÍNTIMA COMUNHÃO COM DEUS
 
Deus conhece aquele que ora, aquele que dedica tempo às Escrituras Sagradas, aquele que, ao invés de sair correndo em desespero ou em ataques de fúria, procura a Deus na simplicidade de um lugar quieto onde possa dobrar os joelhos e apresentar as suas causas diante do Senhor. A vida em comunhão é fundamental para que Deus opere maravilhas em nós e através de nós. Deus atende a oração dos que Lhe são fiéis em todo o tempo. Deus está atento às suas súplicas. Quem não anda com Deus, não vive em comunhão não obtém respostas às orações e nem sequer sente que Deus está atento às preces. Mas quem conhece a Deus no seu íntimo sim, vive constantemente observando a mão divina em seus caminhos e em resposta às suas súplicas. Ler a bíblia nos faz ouvir a voz do Senhor. Na bíblia Deus nos fala de forma clara. Aliás, é a única fonte digna da orientação divina. Quem ora fala com Deus e aprende a viver num diálogo constante: enquanto Deus nos fala na bíblia, nós lhe falamos pela oração. Um ano novo feliz e abençoado exige vida íntima verdadeira.
 
06) TESTEMUNHAR A NOSSA FÉ EM TODO O TEMPO
 
Cristo nos organizou como igreja não para que guardássemos a nossa fé como um tesouro pessoal não compartilhado. Se fosse assim os apóstolos teriam morrido com o tesouro e jamais teríamos crido no Senhor dois mil anos depois. Nós, cristãos, fomos incumbidos como semeadores de boas-novas, como mensageiros do Reino de Deus, como arautos da salvação, como proclamadores da vida eterna através do sacrifício de Jesus Cristo. Se hoje há crentes em nosso país é porque alguém teve o amor e a compaixão de compartilhar conosco, com os nossos pais ou com os pioneiros o plano de salvação. Nós somos esses mensageiros. Nem todos pregam, nem todos lecionam, nem todos cantam. Mas todos podemos testemunhar, repartir a nossa experiência de vida eterna e anunciar aos pecadores o caminho para o Pai mediante Jesus. Assim, devemos ao longo do próximo ano semear exemplares de bíblias aos amigos e colegas, e porque não dizer, até aos desconhecidos. Devemos estar munidos de literatura cristã, de folhetos, de livretos, de mensagens, de marcadores bíblicos, para não perder a chance de proclamar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Devemos convidar pessoas para os cultos e conseguir lares onde celebrar estudos bíblicos e proclamações do evangelho. Se cada um de nós for um arauto da salvação, grandes multidões conhecerão o caminho de Cristo.
 
 

07) AMAR AO PRÓXIMO
 
Se cada um de nós seguir o que João, o Batista, ensinou aos que lhe perguntavam de que maneira deveriam viver daquele ponto em diante, após serem batizados, o mundo seria outro, pois os cristãos resgatariam a beleza do amor sacrificial. Quem tivesse duas roupas, deveria repartir com alguém que não tivesse nenhuma. Quem fosse cobrador, que não pedisse propina ou luvas para fazer o que tivesse que fazer. Enfim, que tivéssemos amor pelo próximo. Jesus chegou a dizer que no juízo ele valorizará quem visitou o enfermo, quem saciou a fome ou dessedentou o sedento, quem visitou o preso ou vestiu o nu. Isto significa que Deus ama aquele que vive e age com generosidade, que procura colocar-se no lugar do outro e sofrer com ele, chorar com ele ou fazer-lhe a companhia necessária. Num mundo perverso como o nosso onde a bondade tornou-se instituição (e toda vez que desejarmos ver um ideal morrer bastará institucionalizá-lo!), as oportunidades pessoais e particulares para ajudar a quem precisa estão diante de nós em todo o tempo: o menino que pede ajuda, o velho caído na rua, o orfanato da esquina, o asilo da beira da estrada, a favela ali ao lado, a família cujo chefe está enfermo. Também em nossa igreja, onde não podemos deixar de unir esforços para dirimir a dor do outro. Igreja é um corpo onde o padecimento de um é o padecimento de todos!
 
08) SABER AGRADECER
 
Se desejamos ver o Senhor operar maravilhas no ano que se inicia, devemos ter a capacidade espiritual e educacional de dizer "muito obrigado!" A atual geração não sabe agradecer. Ela agradece a si por si própria. Basta vermos os programas de TV onde, quando alguém é aplaudido, o homenageado se aplaude também! Isto demonstra que o mundo aplaude a si próprio, algo que é absolutamente divergente do jeito bíblico de ser! Nós não vivemos para nós, mas para Deus e, por Ele, pelo próximo! E devemos aprender a agradecer. Gratidão aos pais (e demostração de forma prática e presente), por ter-nos gerado e criado. Gratidão aos professores que nos ensinaram tantas coisas em tantas áreas! Gratidão por quem nos evangelizou! Gratidão pelos nossos pastores, que cuidaram de nós! Gratidão pelo lugar onde trabalhamos, pelo nosso ganha-pão! Gratidão pelos cuidados divinos em dar-nos o pão à mesa, a roupa para nos vestir, o teto para nos abrigar, a condução que nos leva, o dinheiro que nos sustenta. Gratidão a Deus por nos dar um corpo funcional num lugar onde podemos viver a liberdade! Gratidão por quem passou pela nossa vida e por quem ficou também! Gratidão pelos filhos, pelos netos, pelos sogros, pelos amigos e até pelos inimigos, que nos ensinam a avaliar a nossa vida e nos ensinam a suportar quem é difícil! Quem deseja ver Deus operar maravilhas deve aprender desde já a ser grato constante e definitivamente!
 
09) NÃO PERDER TEMPO COM FUTILIDADES
 
A bíblia fala sobre remir o tempo porque os dias são maus. E de fato o tempo, quando bem utilizado, é longo e suficiente para fazermos tudo o que Deus nos dá para fazer. Quem perde tempo com preguiça, com má administração, com falta de sabedoria, é um mordomo ruim desta dádiva que o Senhor concedeu. Nós não podemos acrescentar um milímetro no relógio do tempo de nossa vida. Deus não nos revela quanto tempo teremos por aqui. Assim, cada minuto é importante, é necessário e, quando bem aproveitado, torna-se parte de uma grande e maravilhosa história. Se queremos ver a mão de Deus no ano que se inicia então que venhamos a investir numa boa disciplina do uso de nosso tempo. Temos que ter tempo para Deus. Temos que dedicar tempo para a igreja. Temos que ter tempo para o trabalho. Temos que ter tempo para a leitura, para o lazer, para a família, para os amigos, para a saúde, para as notícias, para a oração, para a bíblia, para visitar os amigos, para cuidar dos pais, para zelar dos aflitos, para evangelizar, para escrever, para construir, para discernir. Ninguém tem tempo demais que possa jogar fora e ninguém tem tempo de menos, que possa justificar-se por não tê-lo aproveitado bem. Tudo quanto nos vier à mão para fazer, façamos conforme as nossas forças, priorizando sempre o Reino de Deus e toda a sua justiça.
 
10) ESTAR PRONTO PARA MORRER
 
Se queremos ver a mão divina operando maravilhas no próximo ano devemos entender que a vida é uma concessão, é uma dádiva, que é temporária, e que ela só valera a pena se vivida para Deus em toda a sua plenitude. Cristo disse que quem amasse mais a si próprio, mais aos seus queridos ou aos seus bens não era digno dEle. Assim, devemos amar a nossa vida, as nossas coisas, os nossos queridos, mas devemos amar muito mais ao Senhor, o Seu Reino, pensar nas coisas celestiais, vislumbrar pela fé a Canaã Celestial, aguardar a volta de Cristo e fincar as nossas raízes lá no Alto, aéreas, onde Cristo está a nos aguardar. Aqui não é o nosso lar. Como diz o hino, "sou forasteiro aqui, em terra estranha estou, do reino lá do Céu embaixador eu sou; meu Rei e Salvador vos manda em Seu amor as boas-novas de perdão". Se o Senhor nos enviar e quiser que morramos em campo, semeando a Palavra, em amor ao próximo e em serviço de Sua igreja, que assim seja! Devemos dar a Ele o direito de escolher onde viveremos, com quem nos casaremos, onde moraremos, com quem nos relacionaremos, em que lugar trabalharemos, até quando viveremos e de que forma morreremos. Devemos viver o dia de hoje como um constante agradecimento pela vida que passou e uma constante entrega nos braços do Pai. Se outro dia vivermos, será para a glória dEle. Se morrermos, iremos para os seus braços. Quer vivamos, quer morramos, que estejamos sempre com o Senhor!
 
CONCLUSÃO
 
Josué mandou o povo santificar-se, pois atravessaria o Rio Jordão e conquistaria Jericó e a terra de Canaã.
 
Deus nos manda santificar-nos, pois atravessaremos o rio imaginário que nos separará deste velho ano carcomido pelo tempo e nos dará um novo ano, onde teremos uma Jericó desafiadora a conquistar na Canaã onde viveremos, o ano que entra.
 
Para Josué, o povo deveria deixar sua idolatria, imoralidade, contato com mortos, falta de obediência à Lei do Senhor, purificar-se cerimonialmente e qualificar-se para esse precioso momento épico e histórico.
 
Nós também devemos nos santificar à luz da Palavra de Deus. E, à guisa de sugestões, destacamos dez atos práticos que demonstrarão, se feitos com amor e com absoluta fé, o nosso desejo de santificação:
 
1) Não ter outros deuses ou ídolos
2) Não tomar a forma do mundo
3) Cumprir os compromissos, fazendo valer a palavra
4) Cultivar o bem em nossa vida
5) Manter íntima comunhão com Deus
6) Testemunhar a nossa fé em todo o tempo
7) Amar ao próximo
8) Saber agradecer
9) Não perder tempo com futilidades
10) Estar pronto para morrer
 
Certamente que, se observadas essas sugestões ao longo do ano, teremos a bênção de ver Deus, em Sua misericórdia, operar maravilhas em nossas vidas, em nossa casa, em nosso trabalho, em nossa saúde, em nossos alvos, em nossos planejamentos e na salvação de nossos parentes e amigos.
 
FELIZ ANO NOVO!
 
Pastor Wagner Antonio de Araújo
São Paulo, SP, Brasil, 31 de dezembro de 2015, 15:45 hs
 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

memórias literárias - 300 - IGREJAS SADIAS PREGAM A PALAVRA



02
IGREJAS SADIAS
PREGAM A PALAVRA

300


"Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." (2Tm 4:2)

Igrejas sadias pregam a Bíblia, a Palavra de Deus, chamada também de Escrituras Sagradas. Elas amam esse livro e o dão ao povo, facilitando ao máximo o aprendizado e o manuseio dele.

Elas não questionam a Bíblia, fazendo o papel do “advogado do Diabo”: “É assim que Deus disse?” Elas não usam o púlpito para pulverizar a fé dos seus membros ou lançar dúvidas no “Assim diz o Senhor”. Para as igrejas sadias a Bíblia é inerrante, é verdadeira, é de fato a Revelação de Deus para o ser humano.

Igrejas sadias não fazem “re-leituras da bíblia”, um modismo maldito, criado pelos teólogos incrédulos, pelos sociólogos oportunistas, buscando adaptar a Bíblia à contemporaneidade dos costumes e das opiniões politicamente corretas. Elas não vivem à caça de novas versões ou traduções contemporâneas; elas já possuem boas traduções.

Igrejas sadias não selecionam textos exclusivos para a pregação, omitindo os demais. Elas apresentam TODA a Palavra de Deus. Elas pregam e ensinam a Bíblia toda, de Gênesis a Apocalipse, todos os 66 livros do Cânon. Seus pregadores ensinam os rudimentos da fé e também lições de maturidade. Eles pregam expositivamente, pregam textualmente, pregam por tópicos, pregam sermões biográficos, pregam sermões épicos, pregam toda a Bíblia. Os seus professores ensinam os crentes sobre a arte da autêntica interpretação bíblica, analisando texto, contexto imediato, contexto do livro e contexto bíblico. Eles não omitem informações, eles mostram tudo o que é possível. Eles buscam apresentar todo o conselho de Deus. "Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. "(At 20:27);

As igrejas sadias crêem que as Escrituras Sagradas são suficientes para a fé. Elas não precisam fundamentar a sua teologia em correntes de teólogos, em escolas de interpretação, em comentaristas afamados, em regras criadas por um conselho ou readaptações particulares. Elas alicerçam sua prédica no que está revelado na Bíblia e é isto que compartilham domingo após domingo, semana após semana, tanto nos púlpitos quanto nos lares e classes. "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;" (2Tm 3:16); "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação." (2Pe 1:20)

As igrejas sadias ensinam crentes a localizar na Bíblia todos os 66 livros, encaixando-os em suas classes literárias específicas (Lei, profetas, poesias, história, cartas, evangelhos etc). Elas promovem eventos para memorização de nomes, de versículos-chaves em assuntos de defesa da fé, de evangelização e de edificação, auxiliando os crentes a usarem com fluência e facilidade as suas Bíblias. "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (2Tm 2:15).

Igrejas sadias não consideram concursos bíblicos e testes de conhecimentos bíblicos coisas retrógradas; pelo contrário, fazem isso com freqüência, pois buscam firmar os seus membros na rocha da revelação. "Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;" (Ef 2:20)

Igrejas sadias não gastam o tempo do culto em atividades de lazer ou entretenimento de pecadores. Pelo contrário, o foco do culto é a pregação da Palavra, pois "a fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Cristo", conforme Romanos 10.17. Nessas igrejas o púlpito está no centro e não encostado, como objeto que incomoda, como supérfluo, como coisa de pouco uso, apenas importante no interregno de outras coisas. "Ide por todo o mundo e PREGAI" (cf. Marcos 16.15) 

Igrejas que substituem a Bíblia por filosofia, auto-ajuda, política ou notícias de jornal em seus púlpitos não são igrejas sadias. Igrejas que usam suas classes para propagar estruturas de crescimento, projetos meramente estruturais de administração, auto-ajuda e psicologia, política e filantropia, não são igrejas sadias. Igrejas que vivem às custas de pregar milagres e maravilhas, pregar prosperidade e sucesso empresarial, pregar egolatria disfarçada de bênção divina não são boas igrejas. Elas são doentes, servindo à comunidade pão fresco feito de joio, que não dá vida, mas que mata. São igrejas que trocam “todo o conselho de Deus” pelas temporaneidades fúteis. "Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus." (Jo 12:43)

Que Deus nos ajude a termos igrejas sadias que pregam a Palavra! "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;" (2Tm 4:3); "Então começareis a dizer: Temos comido e bebido na tua presença, e tu tens ensinado nas nossas ruas.E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade." (Lc 13:26-27)

16/09/2012

-----------------------------------
 
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuiba, São Paulo, Brasil
OPBCB 001 - pres. da Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil
 

Igreja Batista Boas Novas do RodoanelRua Urano, 99 - Novo Horizonte
06341-480 - Carapicuíba - SP
São Paulo - Brasil
Cultos aos domingos às 9:30 e 18:30 hs.
Escola Bíblica Dominical às 10:30 hs.
Quartas-feiras às 20 horaswww.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br 
 

memórias literárias - 299 - HÁ FLORES NO CAMINHO

HÁ FLORES
NO
CAMINHO


299
A vida quotidiana é de tal forma atarefada que, se possível, nossos carros iriam sozinhos para os lugares de costume. Hoje, com o império dos GPS chega até a ser possível que isso ocorra.

Nós chegamos, telefonamos, falamos na internet, fazemos as nossas reuniões, vamos aos locais necessários, levamos os filhos à escola, o cônjuge ao trabalho, passamos no mercado para comprar o básico, estacionamos na agência bancária, vamos à igreja, e se estivermos em São Paulo perdemos duas horas no trânsito.

Numa dessas idas e vindas notei algo confortador: As árvores da rua, as moitas nas praças e jardins, as plantas da minha casa, elas estavam floridas! Sim, há flores em todo o caminho e eu sequer havia notado!  São flores das mais diversas, das cores mais diferentes, dos tamanhos mais variados. Há flores que perfumam a noite e outras que encantam o dia. Da janela de meu quarto, onde sempre olho para a rua procurando alguém ou alguma coisa eu pude encontrar as flores efusivamente festejando a primavera que se aproxima! Só os pássaros e as abelhas festejavam!

Há flores no caminho. Nós é que não as observamos. Nossos olhos estão fixos no cimento da calçada, no asfalto da rua, nos tijolos dos muros ou no cinzento do céu. Mas há flores no caminho!

A vida é assim, não é mesmo? De tanto sofrimento em inúmeras provações esquecemo-nos de encontrar alguma beleza ou algum sentido para viver. Disse o salmista: Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele. (Sl 118:24). Igualmente em outro trecho nos fala, citando a experiência da idade avançada: Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios. (Sl 90:12)
Quando inexperientes deixamos os dias correrem com a pressa das agendas. Quando a idade avança consideramos cada dia uma dádiva, algo a ser celebrado! O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate. (Pv 15:13) E alegrarmo-nos com o que?

Diz o Novo Testamento: Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts 5:18). Agradecer. Agradecer a Deus pela vida, pelas bênçãos e também pelas provações, pois tudo tem um propósito. Nada acontece por um acaso. E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Rm 8:28). Para isso precisamos encher a nossa cabeça com coisas boas, afastando as ruins: Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. (Fp 4:8).

Pensamentos seletivos: o segredo para uma vida de gratidão.

Os jardins estão florindo e eu estou a olhar para as paredes! Preciso admirar mais as belezas que o Senhor coloca no caminho e menos para os buracos da calçada. Eu não posso impedir uma pomba de pousar em meu ombro, mas posso afugentá-la para que não me transforme em poleiro. Assim, eu não posso impedir um pensamento ruim de vir exibir-se em minha mente; mas posso expulsá-lo: E não vos conformeis  com este mundo, mas transformai-vos  pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)

A propósito, você reparou que as árvores estão floridas? Não? Hoje, ao andar pelo caminho repare, porque bem pode ser que esteja perdendo um grande espetáculo.

 “Conta as bênçãos, conta quantas são recebidas da divina mão; uma a uma, dize-as de uma vez, e hás de ver surpreso quanto Deus já fez”* 

Boa tarde!

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP
www.uniaonet.com/bnovas.htm
bnovas@uol.com.br

obs: * (Count Your Blessings Johnson Oatman, Jr. (1856-1926) Edwin Othello Excell (1851-1921), hino 329 do hinário Cantor Cristão).

memórias literárias - 298 - INCOMPARAVELMENTE MELHOR


 
03 - 23 / 08 / 2010
 

INCOMPARAVELMENTE
 MELHOR
 
298
Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1:23)
 
O Apóstolo Paulo falava sobre a morte. Para ele a morte era uma partida, não um mero estágio. Ele sairia daqui e iria para outro lugar. Também para ele a morte não era um sono, mas um “estar com Cristo”. Não seria um sono porque um dormente não pode avaliar se algo é bom ou é ruim, pois dorme. Paulo não ansiava por dormir, mas por estar com Cristo. O corpo simbolicamente dorme; a vida em nós não.

E ele conhecia o outro lado. Certamente que não por completo, uma vez que só morrendo atravessamos o grande divisor. Mas no arrebatamento pessoal pelo qual passou ele experimentou algo da beleza do além. Foi arrebatado ao Paraíso, aquele mesmo onde Cristo teve um encontro com o ladrão após morrer (veja-se Lucas 23.43); e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. (2Co 12:4). Sim, ele viu o Paraíso e ouviu uma voz a falar por lá. E era muito bom, pois chega a dizer que era inefável, isto é, que não tinha nem palavras para descrever o quanto era bom.

A morte é isso. A morte é estar com Cristo.

E para o crente a morte inaugura um tempo incomparavelmente melhor, algo inefável.

O crente não teme a morte, mas a passagem dela. "Será que irá doer? Será que me sentirei sufocado? Será parecido com um pesadelo? Sentir-me-ei só?"

Serginho falou sobre o assunto na última quarta-feira e usou da sabedoria vinda de Deus. Disse ele: “Nós não vivemos com a graça de uma prova pela qual não passamos; ninguém vive com a força de viver sem uma perna, sem um braço ou com uma grave enfermidade. Deus não dá essa graça para quem por ela não passa. Seria inútil. Porém, se passar por ela a graça do Senhor o alcançará. Ele suprirá toda a necessidade, fortalecendo-o, consolando-o, dando-lhe a Sua mão. Assim é na morte. No momento da partida Ele nos preparará de tal forma que ela será mansa e suave para nós, pois não estaremos sós” Que palavra boa!

Não estamos e não estaremos sós. O Senhor está conosco sempre. Agora e na hora de nossa morte. E após a nossa morte também, aleluia!

Alguns vislumbres do além nós encontramos em II Tessalonicenses, quando é dito sobre a vinda do Senhor com os Seus santos e a ressurreição; em Apocalipse várias cenas são mencionadas no além, tanto antes quanto depois do cumprimento das profecias. Em todas elas há glória, há consolo, há rostos enxutos de lágrimas, há água, há alegria, há comunhão, há perfeição.

Nossa memória seletiva no céu filtrará as más lembranças , as dores e tragédias, as pessoas ausentes, e manterá a certeza de que se está lá não por obras, por méritos, mas pela graça do Senhor, pelo sangue do Cordeiro de Deus, que morreu na cruz para nos salvar. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. (Ap 21:4)

Que mantenhamos em nossos corações a certeza de que a vida é uma bênção, que cada dia é uma dádiva, e que quando o Senhor nos chamar a nossa situação será “incomparavelmente melhor”.
 
Consolemo-nos sempre com esta certeza.

Amém.
 

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

memórias literárias - 297 - A TERAPIA DO CULTO DOMÉSTICO



A TERAPIA DO
CULTO DOMÉSTICO
297
Culto doméstico é o ato de se cultuar a Deus dentro de casa. Anunciado como excelente teoria e quase nunca divergido pelos fiéis, o culto doméstico é o que existe de mais fictício na vida da maioria das famílias. Algo que se considera excelente, muito bom, um autêntico bálsamo, mas, na realidade, a maioria dos casais nunca o viu, nunca dele participou, nunca conheceu um. Na casa de onde vieram jamais se praticou. Em seu casamento nunca houve uma oportunidade. E se houve, não se sabia bem o que fazer. Portanto, é uma utopia, um "horizonte utópico", que serve muito bem como alvo a ser desejado e jamais alcançado.
No passado (décadas atrás) os crentes realizavam o culto doméstico. As casas dos pastores e dos crentes fiéis eram ninhos para a formação do caráter cristão com a prática da adoração em família. Tive o privilégio de conversar com a Professora Nicéa de Souza, filha do saudoso pastor Manoel Avelino de Souza, autor de diversos hinos do Cantor Cristão e pastor da Primeira Igreja Batista de Niterói, Rio de Janeiro. Segundo ela, o que mais marcou a sua vida foram os cultos domésticos realizados em sua casa, com o pai orando, pregando e a família cantando, dia após dia, ao longo de muitos anos. O resultado não podia ser outro: filhos ajustados, equilibrados, cristãos, de alto poder intelectual, moral, social, espiritual.
Hoje eu proponho o culto doméstico como terapia. Eu o recomendo como um bálsamo e o remédio para a maioria dos problemas familiares. E quais são eles? São muitos e conhecidos pela maioria: falta de comunicação, problemas de hierarquia de posições entre marido e mulher, falta de perdão, filhos distantes e rebeldes, feridas antigas jamais tratadas, frieza espiritual generalizada (nem a oração pelas refeições acontece!), crises institucionais com a constante ameaça de separação, pobreza da mensagem cristã, falta do ato conjugal do casal. Isso tem afetado homens e mulheres, pastores e leigos, ricos e pobres, cultos e analfabetos. Com o império da internet, das redes sociais, da televisão e da mediocridade, a sala de casa deixou de ser o centro de convívio para tornar-se a porta de entrada do mundo no coração da família.
Mas o culto doméstico está aí, disponível para quem o desejar. Pouco importa a sua forma, o seu roteiro. Alguns o fazem longo, com orações, cânticos, pregação, participação dos membros da família. Outros o realizam rápido, com uma leitura bíblica e uma oração. O importante não é o tempo de duração ou o formato com diversos conteúdos, mas a busca de Deus em comunhão familiar e com absoluta constância. Ele é terapêutico, curativo. E quais são os seus benefícios?
O culto doméstico quebra o distanciamento dos familiares. Geralmente a rotina e os problemas mal resolvidos são apenas assimilados e jamais tratados. No culto doméstico, porém, o contato com a Palavra de Deus e com a presença do Senhor, os corações são tocados, são aquecidos, são convertidos e transformados. Numa leitura bíblica as escamas dos olhos podem cair e o perdão pode aparecer. Numa oração o perdão pode chegar e a reconciliação brotar. Conta-nos o saudoso missionário Orlando Boyer, a quem tive o privilégio de conhecer também, que os avós de Hudson Taylor foram assim. O avô converteu-se e a avó era uma crente nominal. Esse homem orava de joelhos todas as noites pela alma da esposa, até que um dia a mesma, ajoelhando-se, decidiu entregar-se ao Salvador Jesus. O culto doméstico pode levar os inconversos da casa aos pés de Jesus!
O culto doméstico gera pensamentos cristãos. Geralmente acostumamo-nos com o jeito mundano de ser: linguagem torpe, encantamento por personagens de filmes e novelas, discussões efêmeras de política, futebol e consumo etc. O culto doméstico traz novos temas, traz a bíblia para o pensamento familiar. Um culto onde se aborde o amor de Rute faz com que o amor de pais, filhos e cônjuges seja avivado; uma abordagem da consagração de Cristo à oração motiva os familiares a buscarem mais ao Criador. Uma leitura de textos proféticos do fim do mundo conscientiza de que estamos aqui mas a nossa Pátria é lá no Céu. Assim, deixamos o mundo numa relevância secundária e passamos a meditar nas coisas lá do Alto, onde Cristo está assentado, à direita de Deus Pai.
O culto doméstico muda atitudes. Um casal que nem se cumprimenta no dia a dia, filhos que não tomam a bênção dos pais e nem respeitam as suas orientações, familiares que não cooperam em nada com a manutenção da casa, são tocados pelo poder da oração e da explanação da bíblia a agir com mais amor, maior dedicação e consciência. Assim, passam a pedir perdão quando agem errado, agradecem às refeições, pedem permissão e orientação dos pais para coisas novas ou perigosas, a apresentam a Deus as demandas e deixam que Ele os conduza. Maridos tornam-se mais gentis, esposas aprendem a serem submissas em amor, filhos tratam seus pais com maior respeito, a família aprende a orientar-se não pela mídia, pelas redes sociais ou pelo pensamento vigente, mas pela Palavra de Deus.
O culto doméstico cura feridas. Há coisas que não são ditas, que magoaram, feriram, causaram dor e muita tristeza. O culto doméstico expõe a verdade, tratando o pecado como pecado e a mágoa como realidade. Quem deve aprende a pagar ou a pedir perdão e quem é credor aprende a perdoar e ajudar o causador da mágoa. Isso faz com que as ameaças de separação ou de revide cessem e pavimentam o caminho da constante reconstrução das paredes danificadas do lar. Tive o privilégio de ser hospedado na casa do Pastor Marcos Amazonas dos Santos, da Primeira Igreja Baptista em Coimbra, Portugal,  e vi a realização do seu culto doméstico. Cada membro da família era motivado a dizer algo bom a respeito do outro e a contar algo de que não gostaram em seu comportamento. Ao final, todos se reconciliavam, louvavam a Deus e aprontavam-se para mais uma semana de vida na presença do Senhor. Que terapia maravilhosa!
O culto doméstico aprimora a fé. Há crentes cujas bíblias só se abrem na igreja. Aliás, nem lá, uma vez que os pastores e líderes, ávidos por tecnologia, colocaram-na no datashow e agora nem é necessário portá-la. Há crentes cujas bíblias estão nos celulares, não há livro algum. O resultado não poderia ser outro: uma fé tecnológica, virtualizada, sem papel, sem anotações reais, que funciona quando há bateria para exibi-la e que não permite interação tactil. O culto doméstico corrige isto. A bíblia da família é um desses bens. Cada encontro pode ser anotado, registrado. As boas experiências podem ser destacadas, aprende-se a anotar, a grifar, a decorar, a vivenciar. Além disso aprende-se a orar pelo outro, pelo próximo, pela obra missionária, pelo evangelismo, pelos enfermos, pela própria fé.
Por fim, o culto doméstico nos prepara para o Céu. Enquanto o mundo exibe mortos vivos como a realidade pós-morte e transforma a sociedade num grande vale de perdidos, o culto doméstico leva a família a preparar-se para a grande viagem, para o Céu, para o Reino de Deus, onde não há mais morte, nem pranto, nem dor, nem separação, nem tristeza. O cultivo de Deus no lar faz com que a casa seja a "sala vip" do Céu, condicionada com as coisas lá do Alto, vivenciando Deus rotineiramente, impregnando respeito, amor, abnegação, caráter e qualidades cristãs em seus participantes.
Assim, como alguém que tem experiência pessoal na própria casa, posso afirmar com convicção que o culto doméstico é terapêutico. Minha esposa e eu aprendemos que não há como mantermo-nos magoados um com o outro, pois do contrário o nosso culto não será aceito. Assim, comprometemo-nos a nos perdoar diariamente mesmo que não sentíssemos vontade para isso. Perdão não é uma questão de sentimentos, mas de obediência. E então, com os corações limpos, semeamos dia após dia a presença de Deus, de Sua Palavra, de Cristo e do Ceu em nossa sala, em nosso quarto, em nosso lar. E não precisamos fazer cultos longos, com diversas partes. A vida quotidiana não nos dá chance de longos encontros, com compromissos tão variados. Mas isso não nos impede de diariamente orarmos juntos, lermos as Escrituras Sagradas, dizermos uma rápida palavra aplicativa e apresentarmos a Deus as nossas súplicas.
Que tal começar? No início pode ser algo artificial, forçado, sem vontade, só por obediência. Porém, aos poucos, com a leitura da bíblia, a oração e a comunhão, tudo irá se aclarando. Os grandes problemas se apequenarão, os enormes desafios se tornarão mais fáceis, a frieza no relacionamento cederá ao fogo incandecente das labaredas do amor do Senhor e a glória "do segundo templo será maior do que a do primeiro", isto é, o tempo de comunhão renovará a alegria da vida e da existência de nossa família.
Antes de fazer terapia com remédios ou com analistas, que tal o culto doméstico?
Wagner Antonio de Araújo

28/12/2015

domingo, 27 de dezembro de 2015

memórias literárias - 296 - NÃO CREIO NA SUA FÉ


NÃO CREIO
NA SUA FÉ
(ou "REFLEXÕES SOBRE A HIPOCRISIA")

296
 
Você diz que crê na Bíblia e em Deus, que é cristão e que serve ao Senhor. Diz ter fé e é membro de uma igreja.
 
Porém, eu não creio na sua fé.
 
Não creio na sua fé quando, ao menor sinal de tempestades, você se atira ao chão desesperado, arrancando os cabelos e estremecendo de nervoso, esquecendo-se de que Cristo já nos alertava para as crises: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (Jo 16:33)
 
Não creio na sua fé quando você pede perdão a Deus domingo após domingo, algumas vezes em lágrimas, outras em público, de pecados dos quais diz ter se arrependido e nas segundas-feiras repete os mesmos erros, faz as mesmas coisas e demonstra que sua suposta transformação não passava de teatro amador e encenação barata. E dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. (Ap 2:21)
 
Não creio na sua fé quando  julga a todos os outros como carnais e pecaminosos, como dignos dos castigos divinos, e você, que faz as mesmas coisas, justifica-se dos maus procedimentos, dizendo que só faz o que faz porque a carne é fraca, porque o Diabo lhe tentou e porque ainda não recebeu poder nessa área. Não é falta de poder, é hipocrisia pura. Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? (Rm 2:22)
 
Não creio na sua fé quando ela só existe na igreja ou diante de quem deseja convencer, mas é inexistente dentro de casa, no seu relacionamento com os pais, cônjuges, amigos ou inimigos. Afinal, uma fé apenas aparente é como uma linda flor de plástico: perfeita para os olhos, mas sem cheiro, sem vida e sem valor.  Não procedais como os fariseus em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; (Mt 23:3)
 
Não creio na sua fé quando vive a ameaçar a Deus; se os seus pedidos não forem atendidos deixará de congregar, de cantar, de pregar, de pastorear, de servir, de ser útil. A chantagem em si já é uma demonstração de hipocrisia e denota uma inversão da seguinte realidade: não é Deus que precisa de você, mas você que precisa de Deus. Seria bom lembrar-se do que Cristo disse aos apóstolos: "Quereis retirar-vos também?" Pedro respondeu categoricamente: Senhor, para quem iremos nós se só tu tens as palavras da vida eterna. (Jo 6:68)
 
Não creio na sua fé quando torce a Escritura Sagrada para que ela concorde com as suas idéias, quando faz malabarismos de interpretação para justificar as suas esquisitices. Não fomos chamados para brigar com a Bíblia, discutir com ela ou enfrentar o Seu autor; fomos chamados para obedecê-la. E, como se diz na caserna, ordens não são para serem discutidas, mas obedecidas. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. (Js 1:7)
 
Não creio na sua fé quando só pensa em si e se esquece dos seus e do próximo, quando despreza os pais, quando ignora os clamores dos amigos, quando não se perturba com a dor alheia ou quando faz vistas grossas com as necessidades do próximo. É bom lembrar que um dos fatores que avaliam uma fé verdadeira é o amor, que se dá pelo outro, não por si próprio, e que Cristo afirmou que quem amar mais a si mesmo perderá a chance de morar no Céu. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. (Mt 10:37). E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. (Lc 9:23)
 
Por fim, não creio na sua fé quando ela é meramente pragmática, como uma ferramenta de PNL (programação neurolinguística) ou um condicionamento de pensamento positivo, e não objetiva a eternidade, a salvação e o Céu. Crer para ser rico, para ser curado, para galgar degraus sociais, para ser famoso, para ser bonito, para casar-se, para eleger-se, é fácil, é meramente humano;  isso qualquer religião ou positivismo faz; o Reino de Deus fala de um Céu que começa aqui e continua eternamente lá, colocando nossos pés nas alturas e fazendo de nós cidadãos transcedentais, de dupla nacionalidade. Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. (Hb 11:16)
 
Será que poderei crer na sua fé? Ela é do tipo que agrada a Deus e é cultivada num coração quebrantado e contrito? Se sim, aleluia! Somos irmãos! Se não, eu lamento: sua fé não vale nada!
 
Pense nisso.
 

Wagner Antonio de Araújo

sábado, 26 de dezembro de 2015

memórias literárias - 295 - A LIDERANÇA DE UM HOMEM


A LIDERANÇA
DE UM HOMEM

 295
Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR. (Js 24:15)
E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. (Dt 6:7)
Porque eu já lhe fiz saber a Eli que julgarei a sua casa para sempre, pela iniqüidade que ele bem conhecia, porque, fazendo-se os seus filhos execráveis, não os repreendeu. (1Sm 3:13)

INTRODUÇÃO
O mundo geme e chora por falta de liderança sábia na condução dos negócios internacionais. Os analistas são ávidos por apontar as falhas, as causas, as razões, mas não há quem assuma a responsabilidade em colocar em prática o que precisa ser feito. Rio Doce em Minas Gerais (destruiu o ecossistema, as famílias, dois estados, o litoral e ninguém consertará); política brasileira (roubaram o dinheiro do povo, destruíram o mercado, acabaram com a indústria, destruíram a esperança, e não há quem coloque os criminosos na cadeia e assuma a direção), guerras internacionais (árabes e judeus, indianos e paquistaneses, racismo e terrorismo, e nenhuma atitude definitiva para resolver as questões).

Os lares são responsáveis pela geração sem líderes. Antes os pais de família assumiam a responsabilidade, davam a direção, conduziam as questões familiares. Hoje marido e esposa disputam posições e destroem qualquer hierarquia de valores para eles ou para os filhos. Estes, confusos, aprendem desde cedo que mentir enganar, brigar e chorar, são armas lícitas que todos usam, porque às vezes funcionam. O resultado: uma sociedade degenerada, destruída, com pessoas que, vindo a Cristo e à igreja, e não reconduzindo seus lares à luz da Palavra de Deus, geram igrejas fracas, confusas, sem valores bíblicos e repletas de problemas, sem liderança de peso e de honra.

Deus deu uma receita para a felicidade familiar: autoridade masculina, paternal, marital e autoridade espiritual. Não praticá-la, e em nome de uma atitude moderna e “politicamente correta” ´gerará o desastre. Por esta causa encontramos o feminismo imperando nas igrejas, a frouxidão masculina nas atividades eclesiásticas, juventude transviada e sem sexualidade definida pela biologia, mas pelas concupiscências do pecado. Por fim, pastores que não falam o que devem, mas apenas mantém um rebanho unido, servindo pão fresco de joio dia após dia, para não perderem o público. Será isso o que Deus deseja dos homens?

A receita bíblica para o homem é a liderança, que deve ser expressa em todas as áreas de sua vida. Gostaria de sugerir aos homens cristãos aqui presentes as seguintes esferas de liderança:

I – LIDERANÇA NA VIDA ESPIRITUAL DO LAR

“Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. Josué, líder dos hebreus que tomaram posse da terra prometida, não fez uma reunião consultiva para saber a opinião da esposa, para saber se os filhos concordavam, para definir qual deus iriam servir. Josué certamente era casado com uma mulher que temia a Deus (por isso um casamento para ser realmente bíblico deve unir cônjuges que tenham a mesma fé). Somente Jeová era considerado Deus e digno da adoração. A ele, o homem da família, cabia executar a determinação de servir a Deus ao lado da família. Os filhos deveriam acatar a orientação do pai e seguir a sua orientação. Não estava em jogo aqui a disputa de autoridade no lar, a democracia das opiniões. Cabia ao pai de família levar a si e toda a sua casa para o serviço de Deus.


E nós, cristãos? Quando um homem é casado com uma mulher cristã, é determinação divina conduzir essa vida espiritual com absoluta responsabilidade. Cabe a ele o papel similar ao do sacerdote da antiga aliança, isto é, conduzir o povo a Deus. O marido conduz o lar para o compromisso com Deus. Cabe ao marido levar a família ao culto. Cabe ao homem conduzir os filhos à Escola Bíblica Dominical. Cabe ao homem forjar uma rotina de culto doméstico, onde deve haver oração, leitura da bíblia, cânticos e meditação nas coisas do Senhor. Agora mesmo, no Natal acontecido ontem (25/12/2015), quantos maridos oraram especificamente para louvar a Deus pelo Natal? Quantos reuniram suas famílias em torno da leitura bíblica? Quantos foram homens o bastante para impregnar de Deus as comemorações em casa?


Cabe ao marido ser exemplo de vida consagrada. Ele não manda orar, ele ora; ele não manda ler a bíblia, ele a lê; ele não manda fazer o culto doméstico, ele o faz; ele não manda usar linguagem sadia, ele só a usa; ele não manda ser crente, ele é um crente! Ele cumpre o texto bíblico que diz: “sê exemplo dos fiéis!”. Ele é um exemplo de pai, de marido, de orientador, de cristão, de trabalhador. Ele conduz a família a Cristo.

II – LIDERANÇA NO CONHECIMENTO BÍBLICO
Deus determinou que a Sua palavra fosse lembrada, repetida, ensinada, cultivada a todo tempo junto de seu lar. Deveria ser tema ao sair de viagem, ao voltar para casa, ao comer, ao dormir, no lazer, enfim, ocupar o foco das atenções. Mas não é isso que se vê atualmente.

A televisão dita o assunto do dia. A internet, as redes sociais escravizam as pessoas ao compartilhamento de banalidades e de temas que nada têm com a Palavra de Deus. TV ou whatsapp não são maus por natureza; o que é ruim é a má utilização dos mesmos. Cabe ao homem conduzir um clima de meditação bíblica dentro de casa, na conversa com a esposa e com os filhos, nos assuntos de viagem, no lazer, em todas as áreas e aspectos. Não significa viver como um chato, inconveniente. Significa ter sabedoria de aplicar a bíblia a todos os eventos, pensamentos e emoções que vivem, relacionando todos os acontecimentos à luz dos ensinos do Senhor.

O dinheiro está curto? Deve o homem lembrar-se do suprimento divino para horas amargas. A saúde atravessa dificuldades? Deve o homem ponderar no poder curador de Deus e também na eternidade da alma, caso a doença seja fatal. Há crise emocional? Deve o homem apontar o caminho  da fé, do testemunho, da sinceridade, do compromisso com as alianças assumidas. Foram alvo de violência? Devem buscar ao Senhor em oração e aguardar qual a orientação que Ele concederá ao futuro desta família, se deverá mudar-se, se deverá responder com a justiça etc.

Em tudo isso, porém, o testemunho de ser um fiel cumpridor da Palavra deve prevalecer. Quem prega e não vive não tem autoridade. Quem mostra aos filhos que é um pai mentiroso e rude transmite aos filhos a idéia de que Deus também é assim (filhos relacionam o pai humano ao pai celestial). Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. (Tg 2:12)

III – LIDERANÇA NA DISCIPLINA DE FILHOS
Eli, o sacerdote dos dias de Samuel, era um homem envolvido nas coisas de Deus, mas era passivo e absolutamente conivente com o erro. Seus filhos se prostituíam com as mulheres no templo, roubavam as ofertas de carne dos cultuantes, ameaçavam os que não concordavam com suas atitudes e não fazia nada para detê-los. Sua morte trágica se deveu à falta de atenção em corrigir os filhos em seus erros e pecados.

Hoje os homens agem de forma similar, deixando filhos decidirem seu próprio futuro, independente de estarem certos ou errados. Sob o pretexto de que devem ter liberdade, de que há leis que impedem a disciplina, os pais não fazem nada quando os filhos jovens, menores de idade, se tatuam, colocam piercings, freqüentam baladas, saem com colegas maconheiros, trazem meninas ou meninos para dormir em casa, usam internet e celulares com pornografia. Para não criarem problemas deixam o mal entrar, não disciplinam, não corrigem e confiam na maturidade que supostamente um dia terão.

Deus não se agrada de homens que não disciplinam os seus filhos. Aliás, é do pai que a disciplina deve surgir. Por disciplina entende-se o saber orientar, ensinar, dizer não e, quando necessário, punir. E a punição em amor não é violenta, destrutiva, mas instrutiva, inesquecível, profunda e pedagógica. Não é porque a sua infância e juventude foram livres e soltas que deverão reproduzi-las nos filhos que Deus lhes deu. A bíblia existe para ser obedecida e cabe ao pai manter seus filhos sob disciplina, ensinando-lhes e detendo-lhes o pecado enquanto debaixo de seu teto ou menores de idade. Pais não crêem pelos filhos, mas ensinam-lhes valores. Diz um ditado judaico que o pai que não ensina um ofício ao filho ensina-o a roubar. Um pai deve ensinar aos filhos a responsabilidade pela vida, a honestidade, a linguagem sadia, o amor ao próximo, a generosidade, o cuidado com o patrimônio, o respeito com as autoridades e com os mais velhos, a gratidão pelas coisas que recebem, os cuidados para com os progenitores, a hospitalidade, a humildade, a sabedoria, a liderança. Cabe ao pai, ao lado da esposa, ser um autêntico educador. Aliás, o primeiro e mais eficaz. As escolas e o mundo não podem oferecer o que é da responsabilidade do pai dar aos filhos.

CONCLUSÃO
Que tipo de homens Deus tem nesta igreja? Homens aprovados ou réprobos? Homens do tipo de Josué ou dos homens hebreus dignos, ou do tipo Eli, fracos e passivos? Que tipo de homem você é dentro de seu lar, em sua igreja e na sociedade onde vive?

Ainda é tempo de mudar. Mesmo que os filhos já estejam crescidos. Mesmo que o lar já esteja desestruturado. Curadas as fontes, curadas ficarão as águas; transformado o coração de um homem, curada será, aos poucos, uma família enferma.
Gostaria de contar com a bênção de Deus em toda a sua vida? Não se omita. Seja um cristão verdadeiro, real, cumpridor da Palavra e dirija bem a disciplina dos seus filhos.
Que Deus nos transforme em homens segundo o coração de Deus.
Wagner Antonio de Araújo, 26/12/2015

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

memórias literárias - 294 - AH, MENINO SÍRIO...


 

 
Ah, menino sírio ...
 
294
Sua foto me comove, me incomoda, me assusta, me causa indignação. Mas também me faz pensar.
 
Penso na sua dor, menino sírio. Por causa dos adultos você foi levado pelo pai para um barco. Não teve escolha. Seu pai, desesperado, queria lhe dar um futuro melhor, porém lhe deu uma sepultura. Quando olho para a sua foto vejo o quanto uma escolha dos adultos pode afetar a vida de nossos próprios filhos!
 
Penso no uso que fizeram de você. Antes, um garoto desconhecido e anônimo; hoje, o retrato de uma campanha. Alguns usam seu retrato para acusar o Ocidente de invasões e provocação do caos; outros o utilizam para ameaçar outros pais sobre futuro similar se não se renderem aos terroristas. Algumas bandeiras se erguem com ódio; outras, com desprezo. E você, menino sírio, que já está sepultado há algum tempo, foi esquecido, trocado por um ícone, uma causa apenas.
 
Penso na vida que você não teve. Não pôde estudar numa escola digna; não teve uma cama quente uma refeição farta; não viveu uma vida normal ao lado de seus pais; não brincou com os amiguinhos; não teve presentes; não teve futuro. Você não se formou na faculdade; não teve seu primeiro emprego; não ficou enamorado por uma linda menina; não se casou e não deixou prole. Foi um ser de existência rápida, uma libélula humana.
 
Penso no que você desejava, com alma e coração de criança. Talvez se assustasse com todo o movimento de fuga; talvez aprendesse já em tenra idade as falácias religiosas que seus familiares lhe ensinavam; talvez já tivesse em sua mente infantil os princípios que transformam o mundo em escravos de Alá e inimigos de Alá. Ah, menino sírio, esquecido como pessoa e lembrado como causa, como a vida é difícil! Naquela margem de praia o seu corpinho mostrava o que o ódio faz: ele traz morte! Os adultos guerreiam e os jovens pagam a fatura com a vida!
 
Penso na minha impotência diante da cena. Ao vê-lo estendido na praia, com seu tênis e suas roupinhas infantis sinto um desespero emocional para correr para você, tentar erguê-lo, fazer massagem em seu peito e ressuscitá-lo! Não consigo aceitar a realidade de que não pude fazer nada para lhe ajudar! Essa impotência me desespera, me estrangula, me despe de quaisquer orgulhos e me exige concluir de que eu não sou onipotente!
 
Penso também nos outros meninos e meninas que morrem todos os dias na África, vítimas das mesmas barbaridades dos adultos. Mas por serem negros e por estarem na África aos milhares, nunca chamaram a atenção do mundo para a sua dor, exceto quando alguns poucos artistas mostram a fome, a doença e a tirania em especiais (que, diga-se de passagem, servem também como meios de promoção e venda de produtos...). As crianças africanas que morrem como você ou de forma pior são tão relevantes e tão dilacerantes quanto você; mas você se tornou notório e desnudou esse mundo corrompido e essa humanidade pecaminosa irreparável! Os amilenistas e pós-milenistas ficam sem chão ao ver que "a glória do Senhor" não está cobrindo paulatinamente toda a Terra; pelo contrário, o mal avança e caminha para um clímax!
 
Por fim, penso em minha filha, menino sírio. Essa menina linda que Deus me deu, coberta de carinhos, cuidados, atenção, brandura, limpeza e assistência. Essa menina que não sabe o que é uma violência ou uma necessidade não suprida. Penso na dor que eu teria se, ao invés de ser você morto na beira da praia, fosse ela, à deriva, molhada, gelada, suja, abandonada, inerte! O mero pensamento já sufoca o meu coração e me traz desespero, pois por um filho somos capazes de tudo, menos de pecar (pelo menos para cristãos sinceros). Preferiria mil vezes morrer a ver minha filha sofrer. E penso que seu pai carregará para sempre no peito a lembrança de seu corpinho morto e a realidade de uma fuga frustrada. Que Deus tenha piedade da alma dele.
 
Concluindo: eu hei de vê-lo, menino sírio. Sim, não sei se o reconhecerei, mas hei de vê-lo. O Reino dos Céus é das crianças, cujos anjos assistem diariamente junto ao Pai celestial. Cristo estendeu a salvação àqueles cuja maturidade pessoal não pôde alcançar o juízo, pelo que sua alma está com Cristo, junto com a de todos os outros pequeninos que morrem na África, nos países islâmicos, nas guerras, nos ataques, à beira dos rios, nas maternidades, nas clínicas de aborto e nas atrocidades deste mundo tenebroso. "Dos tais é o Reino dos Céus". Conquanto você tenha morrido, menino sírio, a sua vida não acabou: Cristo é Senhor do seu futuro. Você não sofre mais. Está no Reino do Pai Celestial, é um dos remidos do Senhor, alcançado pela obra da Cruz!
 
Minha homenagem a você, menino sírio. E que outros não sofram o que você sofreu!
 
Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. (Lc 18:16)
 
E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. (Mt 18:5)
 
Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus. (Mt 18:10)
 
Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. (2Co 5:19)
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
15/12/2015

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...