Um Amor
de Verdade
de Verdade
Dificilmente
alguém que ignore a natureza das pedras dará algum valor a uma pepita de
diamantes. Ela está coberta de rochas feias e acinzentadas, parecendo uma ostra
e não uma pedra preciosa. Mas o trabalho do lapidador experiente é,
primeiramente, descobrir se é ou não um diamante e, em achando um, trabalhá-lo
lenta, contínua e profundamente. Não é um trabalho fácil, mas com o tempo o
diamante vai surgindo daquela brita feia e quebrada. Quanto mais trabalha tanto
maior é a qualidade da pedra. Até que, então, esgotados os cuidados e esmeros,
possui em suas mãos uma pedra de extraordinário valor.
A pedra é o
amor e o lapidador é o tempo. O tempo se encarrega de separar o que é amor e o
que é mera paixão carnal. As paixões não duram muito tempo; são pequenas
pedrinhas brilhantes e frágeis, que não suportam as ferramentas das
contrariedades, das decepções, do envelhecimento, das doenças ou feiúras. As
paixões são perfeccionistas. Elas têm a capacidade de serem mais quentes que o
amor, em labaredas imensas e de fogo intenso; porém são de pouquíssima duração e
tudo o que resta ao final de seu fogo são cinzas e carvão apagado. O amor, pelo
contrário, é chama que não se apaga. O amor é como o fogo de tora: colocado no
forno à lenha, é capaz de queimar a noite inteira, num fogo contínuo e valioso,
diferente da palha, cujo fogo é imenso, mas dura minutos
apenas.
A pedra do
amor, trabalhada pelo tempo, desvenda diamantes. Um casal que se ama e que
buscou sua união na vontade de Deus encontra nEle a sua plena realização. E por
realizar-se em Deus possui em si o remédio para todas as feridas, a cura para
todas as tristezas e contrariedades. O amor “tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta”. Uma paixão sucumbe aos primeiros sinais de humanidade (elas
consideram que o objeto do amor é divino, não humano!). O amor, ao contrário,
quanto mais humanidade encontrar no objeto de seu amor mais desejo de
compartilhá-la tem, uma vez que não tem vergonha de ser quem é, de sentir o que
sente, de pedir perdão, de lavar o rosto e de seguir em
frente.
Certamente que
há 25 anos atrás Fátima e Pr. Neilson não sonhavam com outra coisa senão com uma
união que resistisse ao tempo e ainda mantivesse sua beleza intensa e fervor
contínuo. Bem, os 25 anos se passaram. E o que temos hoje? Um casal temente a
Deus, que viveu lado a lado um do outro, unindo lágrimas e riso, alegrias e
tristezas, felicidades e dramas, farturas e escassez. Foram tantas e tão
múltiplas as experiências, que estarem unidos pura e simplesmente pela força do
compromisso já denota que o amor intenso foi lapidado pelo tempo. Antes se amava
“ainda” que o outro não fosse o que se desejava; hoje se ama “certo” de que o
outro não é aquilo com o que se sonhava. Sonhos e realidades, na maioria das
vezes, são distintos. 25 anos não celebram sonhos; celebram
realidades.
E que
realidades são essas? Quantas poderiam ser contabilizadas num momento de
gratidão como este! A concepção, criação e amadurecimento dos filhos; a alegria
de ter superado dia após dia os
conflitos que surgiam; o pão, a água, o teto e o trabalho, que nunca lhes
faltou, ainda que com dificuldade o conquistassem na luta e nos desafios! Ver
seus filhos crescerem e ainda assim manterem-se unidos, foi em si um prêmio mais
importante que barras de ouro! Geralmente ouro é mais valioso que gente aos
olhos dos apaixonados; mas ouro não faz companhia, não enxuga lágrimas nem
compra amor. Ter filhos é mais precioso do que ter ouro; filhos são o selo e a
continuidade da vida. Filhos que são frutos de um casal que se ama são bênçãos
para a eternidade. Que bom contempla-los e poder dizer: Deus foi
bom!
25 anos de
prata, uma caminhada longa e duradoura; não sem ameaças. Quantas ousaram contra
a estabilidade do casal! Dias amargos, horas difíceis, sentimentos duplos,
interpéries financeiras, quantas crises! Mas em tudo o Senhor lhes protegeu e
lhes concedeu um escape, uma saída, uma construtiva e inteligente alternativa.
Quem só tem paixão não vê solução nos problemas. Quem ama aprende a resolvê-los
um após outro, com paciência e com dedicação.
Quem acha uma
boa esposa acha o favor do Senhor. Uma esposa amorosa e afetiva, uma esposa fiel
e digna, uma esposa trabalhadora e honrada, uma mulher virtuosa, isso tudo
compõe a Fátima, pepita de ouro e diamante brilhante nas mãos do Senhor,
confiada ao Pr. Neilson como companheira para toda a vida. Mas encontrar um
marido digno e fiel, trabalhador e honrado, sério e comprometido com Deus, com a
justiça e com o próximo, que ame seu lar como ama a si próprio e que tenha em
seu coração todos os elementos que o transformem num homem completo também é um
privilégio, e Fátima encontrou esse
homem no Pr. Neilson.
Hoje agradecem
pelos 25 anos. Talvez prenúncio de outros 25 de grande felicidade, no contínuo
trabalhar do lapidador do amor. Em cada dia um brilho a mais. Talvez prenúncio
da volta do Senhor ou da ida ao Reino Celeste, o que também será de grande
regozijo, porque para o casal o viver é Cristo e o morrer é lucro. Quem vive com
Cristo não teme partir para a glória. Mas em tudo a gratidão por nunca estarem
sozinhos: Deus esteve com vocês.
Sim. Foi Deus
quem fez o outro. Foi Deus quem fez o amor. Foi Deus quem deu a mão quando mais
precisaram. Foi Deus quem enxugou as lágrimas, aplicou remédio, fez companhia,
deu o pão, concedeu o teto, fortaleceu a fé, mostrou o rumo, blindou a emoção,
amoleceu o coração. Foi Deus quem esteve a cada dia levando-os pelas mãos e, não
raras vezes, carregando-os no colo. Ele não os abandonou um minuto sequer. E a
presença reconhecida de Deus trouxe-os nesta noite para dizer a Ele, na presença
dos seus amados um “muito obrigado” do fundo do coração.
Porisso juntos,
irmanados nessa gratidão, rendemos hoje graças a Deus e celebramos com vocês
seus 25 anos de união, pedindo ao Pai celeste outro tanto desses, para que
desfrutem do fruto de seu intenso trabalho, da criação sábia dos filhos, da
edificação cuidadosa do lar, e que sirvam de exemplo e de inspiração para casais
jovens que iniciam sua caminhada de união e companheirismo. E que não temam o
lapidador, que dia após dia tirará as arestas e provocará um brilho sempre maior
desta jóia chamada AMOR, mais preciosa do que a própria
vida.
Parabéns, Pr.
Neilson e Fátima!
Wagner Antonio de Araújo
12 de setembro de 2009
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