terça-feira, 8 de agosto de 2023

memórias literárias - 1383 - AS VIRTUDES DO PAI DO PRÓDIGO - LUCAS 15..11-32

 AS VIRTUDES

DO PAI DO
PRÓDIGO
Lucas 15.11-32
INTRODUÇÃO
 
Nós já ouvimos inúmeras mensagens sobre este texto da Palavra de Deus. Ele é riquíssimo e uma fonte inesgotável de inspiração e de ensino. Foram palavras de Cristo; logo, perfeitas.
 
Algumas mensagens, talvez a grande maior quantidade delas, aborde a experiência maravilhosa do filho mais novo, o pródigo, que abandona o lar em busca da felicidade, mas, ao vivenciar a realidade das terras alheias, distantes da Casa do Pai, não se acostuma, não se sente amado, nem suprido, e decide voltar.
 
Outras mensagens, em menor número, abordam o papel do filho mais velho, o enciumado. Na realidade, se analisarmos o contexto no qual Jesus proferiu esta parábola, Ele realmente estava a falar principalmente do filho mais velho, comparando o novo aos pecadores, aos quais viera salvar, incluindo aí os gentios, e o mais velho ao povo de Israel, que não admitia que Jeová trouxesse à Sua companhia aqueles que rejeitaram a aliança do Sinai.
 
Mas hoje, com a ajuda de Deus, eu gostaria de abordar um terceiro tema, contido no texto, que fala sobre o Pai. Jesus compara esse pai ao Pai celeste. Porém, ao descrevê-lo, Ele dá a esse pai uma série de virtudes e de comportamentos, que muito ajudariam os pais atuais, também as mães, na condução, às vezes dura, da educação e do relacionamento com os filhos, bem como a clara distinção entre acolher a um filho, mas rejeitando o pecado que este pratica.
 
Vejamos os destaques, após a leitura bíblica.
 
01 - O PAI DIALOGAVA COM OS FILHOS (v. 12)
 
Diz-nos o texto bíblico que o filho procurou o pai para com ele conversar. Quantos filhos não têm oportunidade de conversar com os seus meninos ou com as suas meninas! Barreiras se interpõem no curso da vida e pais e filhos não dialogam mais. O filho mais novo, porém, encontrou um pai aberto a conversar, mesmo que fosse um assunto do qual o pai não gostasse: a partilha antecipada da herança e a saída do filho sem ter estabelecido sua família.
 
02 - O PAI AJUNTARA PATRIMÔNIO (v. 12)
 
Este pai tinha um patrimônio, tinha algum recurso. Como se trata de uma parábola, não precisamos pesquisar de que maneira ele conseguira estabelecer a sua propriedade. Mas isto nos estimula, como pais, a manter as nossas finanças em ordem, a pouparmos recursos e construirmos algo para que os filhos tenham recursos no começo de suas vidas ou, quando partirmos, para darem melhores condições aos nossos netos. Quantos pais gastam tudo o que têm em futilidades, em jogos, em bebidas, em decisões comerciais das quais se arrependerão amargamente amanhã! Ao invés de guardar recursos para os estudos dos filhos, para ajudá-los na compra de sua casa própria, gastam tudo o que têm com coisas de nenhum valor! Pais, sejamos econômicos e saibamos semear as sementes, para que produzam, não as comamos!
 
03 - O PAI RESPEITOU A DECISÃO INSENSATA DO FILHO (v. 12)
 
Ainda que constrangido, ainda que com dor no coração, ainda que colocando em risco as próprias finanças da casa, o pai, após o diálogo com o filho, resolve atendê-lo em sua demanda. Filhos não são cópias de nós mesmos; cada um tem a sua personalidade. E, muitas vezes, filhos não seguem as orientações que receberam. Este filho insensato toma o dinheiro da herança antecipadamente e vai embora, em busca do que já possuia em casa, num engano praticamente fatal para a sua vida. Mas o pai respeitou. Era-lhe impossível prender o filho. Quando eles crescem tomam as suas próprias decisões e, enquanto não se ferirem gravemente lá fora, não entenderão que nós desejamos o bem deles. Este pai sabia respeitar.
 
04 - O PAI TRATAVA BEM AOS EMPREGADOS (v17)
 
O filho insensato, enquanto padecia severa fome lá fora, quando desejava comer as alfarrobas dos porcos, uma fruta sem nenhum paladar agradável, que era a ração lançada para os animais dos quais cuidava (em franca desobediência aos mandamentos de Deus aos judeus, que não deveriam comer carne de porco em hipótese alguma, nem criá-los), lembrou-se da maneira com que os colonos da fazenda do pai viviam bem. Segundo ele, em seus pensamentos, os funcionários tinham comida em abundância. Isso mostra que o pai era um patrão generoso, não era sovina, não se limitava ao mínimo indispensável. Quantas vezes temos pessoas que trabalham para nós, sejam empregadas, sejam funcionários, e não os tratamos como nós gostaríamos de sermos tratados! Este pai era generoso e os seus empregados eram felizes. Que bênção ter um pai cujo coração possuia generosidade!
 
05 - SEU PAI ERA DIGNO DE RESPEITO ((v18)
 
Nos seus pensamentos enquanto planejava voltar, ele imaginou-se a falar com o seu pai. Ele imaginou-se a dirigir-se a ele com palavras escolhidas, palavras que demonstrassem todo o seu arrependimento, que pudessem cativar o coração do pai. Ele tinha respeito pelo seu progenitor. Quantos filhos não respeitam os pais! Tratam-nos como seus iguais! Mas este pai conquistara o respeito dos filhos. Ainda que o pródigo estivesse desviado, lembrava-se com reverência do pai. Pais segundo Deus transmitem aos filhos o respeito, a reverência e a dignidade de sua posição.
 
06 - SEU PAI TINHA ESPERANÇA DA RECUPERAÇÃO DO FILHO (v.20)
 
O texto nos diz que o pai vira o filho enquanto ainda estava bem longe. Quantas vezes esse pai deve ter ido até a estrada, olhado por toda a redondeza, esperando que o seu filho regressasse? Que fique claro que o pai não queria um regresso a qualquer custo, sem transformação. O pai sabia que, se este filho aparecesse na estrada, era porque estaria em dificuldades e arrependido. Deus é assim. Ele espera pelo pecador arrependido, não pelo pecador alvoroçado. Será que somos pais assim? Será que perdemos a esperança com um filho corrompido? Não devemos deixar de esperar. O pai viu o rapaz vindo pela estrada. Que possamos ir até a estrada!
 
07 - O PAI COMPADECEU-SE DELE (v20)
 
O texto nos afirma que o pai, ao contemplar esse rapaz esfarrapado, sentiu profunda compaixão. Ouviu-o até certo ponto, quando lhe dirigia as palavras que havia ensaiado no caminho. Mas, não se contendo, abraçou-o e beijou-o, trazendo-o à sua comunhão paternal. Que cena magnífica! Como é lindo ver um filho que busca o perdão de seus pais, a reconciliação, o regresso à mesa da casa! Como é triste ver pais que rompem relações com os filhos e morrem sem ter conversado com eles!
 
08 - O PAI FESTEJOU O REGRESSO DO FILHO (22-23)
 
Que atitude maravilhosa! Não foi uma reconciliação forçada, protocolar, apenas para manter as aparências! Pelo contrário, o pai o perdoou integralmente e ainda fez festa! O filho havia consumido metade de seu patrimônio, que poderia ter sido muito grande. Quem sabe a fazenda tenha sido hipotecada, ou vendida a sua metade, ou se desfeito de animais para suprir o filho rebelde. Agora, com o regresso, o pai não lhe apresenta uma fatura, não lhe lança em rosto o seu erro, não o agride, não lhe manda compensar o estrago. Pelo contrário, o pai faz festa. Quanto vale um filho? Quanto vale o regresso de um filho arrependido? Este é o sonho de muitos pais, que, infelizmente, têm filhos rebeldes. Este pai fez festa. Nós, se formos pais nessas condições, havemos de festejar também!
 
09 - O PAI CONVERSA COM O OUTRO FILHO ENCIUMADO (vs.28-30)
 
Nem acabara a celebração da vitória por um filho recuperado, já há um novo problema para esse pai resolver: os ciúmes entre os filhos. O mais velho, apelando para a razão, disse que esta festa não tinha sentido. Não havia porque gastar o melhor com o regresso do mais novo. Pelo contrário, sentiu-se fortemente desprezado, por não ser rebelde e nunca ter sido premiado com um festejo desses. Quantas vezes há conflitos nas famílias porque um irmão acha que um pai dá mais valor ao outro, seja com relação à sua vida profissional, estudantil, familiar ou espiritual! Esse tipo de crise deve ser debelado com a atitude de um pai presente: ele não se esconde, não deixa pra lá; ele vai atrás do filho enciumado. Não só vai atrás; ele o escuta, ele valoriza a sua opinião. Não nega as suas razões; não o critica. O bom pai sabe ouvir.
 
10 - O PAI ENALTECE O FILHO ENCIUMADO (v.31)
 
O pai diz palavras que qualquer filho gostaria de ouvir. "Tudo o que é meu, é seu". Há tantos pais possessivos, que não compreendem que as coisas que possui são da sua prole! Pelo contrário, quer que mantenham distância de suas posses, de suas coisas. Grande erro! Quando morrerem deixarão tudo, senão para os filhos, para outros que cuidarão de gastar os seus pertences! Esse pai mostra ao filho enciumado que ele não tem do que reclamar, pois, se o bezerro cevado foi morto para a festa, o resto do rebanho é dele também, todo o patrimônio!
 
11 - O PAI EXPLICA A ALEGRIA DO RESGATE (v.32)
 
Era preciso festejar. Era preciso celebrar. Não foi algo de somenos receber de volta um filho perdido! Era preciso marcar esse evento com uma alegria intensa! Assim Deus faz, quando, ao lado dos anjos, festeja a conversão de um pecador à Cristo. Há festa nos céus no dia da conversão, como há festa na igreja no dia do batismo de um regenerado em Cristo! Deus é um Deus de festejo e de alegria, mas de festejo santo com motivos santos, não com o mundanismo que todos bem conhecemos. Um pai deve celebrar a volta de um filho arrependido.
 
CONCLUSÃO
 
Inspiremo-nos nesse pai.
 
Dialoguemos com os nossos filhos.
 
Respeitemos as suas decisões.
 
Sejamos exemplo de justiça e de bondade para com todos aos olhos de nossos filhos.
 
Inspiremos respeito e postura de nossos filhos quando se dirigirem à nossa presença.
 
Tenhamos esperança no arrependimento de um filho rebelde.
 
Expressemos compaixão quando esse dia chegar.
 
Festejemos o doce regresso, mas cuidemos em não dar aos demais a impressão de que eles valem menos.
 
Ensinemos o quão preciosa é a recuperação de um filho à sensatez e ao Senhor.
 
Que Deus nos abençoe.
 
Amém.
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
Barbosa, estado de São Paulo, 15 de maio de 2022
 
 
 
 
 
 

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