LAMENTO DA MADRUGADA
Meu desejo, meu sonho acalentado
É de voltar à minha casa em São Paulo
Sonho com isso, vivo amargurado
Por não ter com quem falar; então me calo
Cada dia neste interior tão diferente
É uma pena que cumpro na cadeia
Não sorrio mais como antigamente
O meu rosto envelhece e avermelha
As mesmas ruas, as mesmas casas
O mesmo povo vulgar e desbocado
Só saio daqui imaginando ter asas
Mas é só sonho; me sinto frustrado
Quantos dias ainda terei que aguentar
Viver num sítio que rejeito por completo
E sobre o tema nem com Ela falar
Porque senão o estrago é concreto
Só com Arlete, a mãezinha do coração
É que me abro, a chorar de emoção
A dizer o quanto quero me mudar
E pra São Paulo poder retornar!
Oh, Deus, sei que me usas no interior
E uma igreja estou a doutrinar
Permite que eu o faça com amor
E que não viva sempre a reclamar
Mas, ao chegar ao fim minha missão
E a tarefa que me deste for completa
Dá-me a dádiva da resposta à oração
Para a minha cidade de novo me leva
E que eu tenha a alegria de sorrir
Ao ver o povo e as ruas da cidade
Que eu celebre em prece junto a Ti
E me derrame de gran felicidade
Enquanto isso, me ajuda a carregar
O peso imenso de viver no exterior
Me dê paciência para a luta suportar
Me dê na alma uma alegria superior
E que em breve o meu lamento se encerre
Dando origem ao ode da alegria
Que eu resposta encontre em cada prece
E para minha casa volte um dia!
Ajuda-me, Senhor!
040722
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