segunda-feira, 16 de setembro de 2019

memórias literárias - 804 - FOTOS VELHAS...

FOTOS
VELHAS...
 
804
 
Estou revendo antigas fotografias, antigas convenções e cultos dos quais participei. Deparo-me com um pastor barbudo, que era muito querido entre a juventude. Eu sempre o considerei um tanto polêmico, com alguns mistérios nas entrelinhas, mas nada que turbasse a admiração. Procuro-o hoje, para ver se está vivo e o que faz. Que decepção! Virou adepto de uma seita, anda como um mendigo e vive como um magnata, prega o amor livre e mantém uma vida familiar para lá de duvidosa...
 
Vejo outro. Um grande tradutor de livros teológicos, muito popular para palestras e intérprete de americanos e europeus quando aqui vinham. Um erudito extremamente capaz. Vou pelo mesmo caminho. Procuro-o pelas redes sociais. Encontro-o. Faço uma pesquisa em suas publicações. Não é mais o mesmo homem. Sua temática é política, ataques à sociedade, crítica à teologia que ele mesmo ajudou a fomentar e a traduzir. Ouço-o. Nem de longe lembra aquele teólogo, quiçá o erudito conservador de velhos tempos. Nem congrega mais em qualquer igreja.
 
Vou mais longe um pouquinho. Estou sentado ao lado de uma irmã em Cristo. Era tão prestativa, tão meiga, tão operosa no meio denominacional do qual participo. Vou em busca de sua pessoa. Encontro-a militante feminista e defensora das lésbicas e da depravação moral. O evangelho inclusivo e sem pecado. Uma lágrima triste resolve escorrer de meus olhos. Na mente a questão: "O que aconteceu com o nosso povo, Senhor?"
 
E eu? Será que mudei? Prego desde os 14 anos, pastoreio na prática desde os 22 anos. Escrevo desde os 15 anos e já caminhei léguas pelas páginas da minha própria biografia. Será que mudei? Será que voltei atrás na fé que alegava ter? Será que mudei os meus conceitos, como tantos afirmam ser progresso, evolução, crescimento? Será que o Wagner de 1980 é o mesmo Wagner de 2019?
 
Fisicamente não, pois eu envelheci. Beleza física nunca tive. Talvez mais saudável, uma vez que o Senhor curou o meu problema cardíaco. Sou um homem de família, com esposa, dois filhos e um que chegará em março do ano que vem, se Deus permitir. Mas e o meu eu interior? E a minha fé? E a minha teologia? E a minha liturgia? E os meus conceitos de vida, de eternidade, de fé, de visão de mundo? Terei mudado?
 
Eu tenho que reconhecer: eu continuo o mesmo rapaz que recebeu a Cristo como Salvador em 1980. Quando entrei no culto da Igreja Batista em Sumarezinho, SP, eu era um. Quando saí eu me tornara outro, e esse outro manteve-se pelos anos. Errei muito, acertei algumas vezes, li e estudei muito, mas a base de minha fé, de meus conceitos teológicos, de minha liturgia de culto e de minha esperança escatológica continua intacta, imutável, perpétua. Será que não evoluí?
 
À luz daqueles que "evoluíram", eu confesso que prefiro ser primitivo como sou. Quando o Senhor me chamou as igrejas mantinham uma identidade, uma teologia, um jeito de adorar a Deus, um código de ética social entre os crentes. Naquele tempo adultério era pecado e recasamento não existia. Naquele tempo não existia evangelho inclusivo, mas disciplina contra quem renegava a própria fé cristã. No meu tempo culto não era balada e nem programa de auditório. Também não havia gente que militava no Reino de Deus e no reino do mundo. O preço era muito caro para ser um cristão. Era preciso força e coragem para assumir a própria fé.
 
Hoje as coisas estão diferentes. O suicídio tem se tornado moda entre pastores. O pecado é apenas algo que não nos faz bem e que deve ser dominado a bem do nosso bem estar. No altar de Deus não nos encontramos, sacrificando a vida pelo Senhor. Pelo contrário, sacrificamos a Deus pela nossa felicidade em várias esferas da vida. Não é mais o "Assim diz o Senhor", mas "Assim penso eu". E igreja tornou-se aglomerado de gente que procura diversão religiosa barata, comodidade e palco para o seu próprio show. Graças a Deus há exceções, há quem não tenha se corrompido e umas poucas igrejas que não "evoluíram". Mas no geral esse é o nosso tempo.
 
Bem, acho que minhas fotos continuam a ser apenas fotos velhas, lembranças de um tempo que se foi...
 
Uma grande pena...
 
 
Wagner Antonio de Araújo

 

Um comentário:

  1. Olá! Que trabalho milagroso de grande Amiso, eu sou Jose Nuno, minha esposa me deixou porque tenho câncer no corpo, então enviei um email para o Dr.Amiso e explique tudo para ele, ele cura a doença e devolve minha esposa de volta para mim, Eu também disse ao meu amigo que sua esposa está se divorciando em três dias, ele também o contatou e viu sua esposa ligar para o advogado 2 dias antes do dia do negócio e disse a ele que ela não estava se divorciando do marido novamente. com relação à questão do divórcio, acredite: agora eles estão vivendo felizes como nunca antes. caso você esteja passando por um problema conjugal, entre em contato com Dr.Amiso pelo herbalisthome01@gmail.com

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