sexta-feira, 11 de outubro de 2019

memórias literárias - 809 - MÚLTIPLOS CASAMENTOS

MÚLTIPLOS
CASAMENTOS
 
809
 
O rapaz na celebração de seu casamento. Ele já vive maritalmente com a futura esposa, mas ainda assim quer se casar na igreja. Questão de "obediência", de "princípios"...
 
A sua mãe ao lado do terceiro marido.
 
O seu pai ao lado da segunda esposa.
 
O seu irmão ao lado da segunda esposa.
 
A sua irmã ao lado do segundo esposo.
 
Um bando de crianças aparentadas em vários níveis, muitos pais e muitos avós.
 
O pastor celebrante está ao lado da terceira esposa. A organista é a ex-esposa dele, convidada por laços de afeto do tempo em que ele era criança. As daminhas são meio-irmãs entre ambos os pais.
Os seus três filhos, um de cinco, outro de três e outro na barriga da noiva, enriquecem a celebração...
 
Esta é a realidade que vivemos no mundo moderno. Famílias de múltiplas posições e em múltiplos relacionamentos numa nova moralidade (ou amoralidade...).
 
Este casamento tem uma data de validade limitada: aguentará algumas crises, mas é quase certo que não chegará até a morte de um deles, salvo se houver alguma tragédia, enfermidade ou crime.
 
Mas as palavras de compromisso ditas pelo celebrante são as mesmas:
 
"Juvêncio, você aceita a Jandira como sua esposa? Sim? Então diga: Comprometo-me diante de Deus e diante dos homens amar-te, honrar-te, ser-te fiel, cuidar de ti e viver contigo até que a morte nos separe."
 
Foram as mesmas palavras que o pastor disse no seu primeiro casamento. A organista, a primeira esposa, se lembra bem. Ela disse o mesmo ao segundo esposo também. Ninguém faleceu ainda, mas estão todos em novos relacionamentos.
 
Este é o nosso moderno mundo evangélico e cristão. O presidente da República, que se identifica como cristão, também está no terceiro casamento. E o que é que tem? Todo mundo faz isso hoje em dia. "Todos têm a chance de ser novamente felizes!". Uma boa porcentagem dos pastores de diversas denominações estão recasados também.
 
A celebração é muito bonita. Contudo, ignora completamente os ensinamentos dAquele que deu origem ao cristianismo, o Senhor Jesus Cristo. Mas isto é apenas um detalhe, não é mesmo?
 
Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. (Mt 19:6).
 
Para os partícipes da cerimônia acima, a questão que lhes dá um suposto direito de não morrerem ou esperarem o companheiro morrer para um novo casamento é simples: quem garante que o casamento anterior tenha sido um ajuntamento feito por Deus? É uma boa pergunta. Talvez João o Batista não tenha atentado para esse detalhe ao condenar Herodes pela sua nova relação com a ex-esposa do seu irmão: Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. (Mc 6:18). Talvez o Apóstolo Paulo não tenha feito a mesma ponderação quando disse que um casamento se efetiva ainda que tenha sido uma relação entre alguém e uma prostituta: Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. (1Co 6:16). Não; certamente Paulo não investigara o caso. Ele deveria ter feito, pois como era possível afirmar que uma relação de prostituição já seria considerada casamento? A verdade é que Paulo sabia que ajuntar corpos era tão sério que comprometeria a ambos como casal.
 
Jesus disse que ninguém poderia separar um casal senão a morte. Nenhum homem. Nem um juiz, nem uma legislação. 
 
Mas vá se dizer isso para alguém, para um cristão, para um pastor. Prepare-se para ouvir argumentos psicológicos, existenciais, filosóficos, teológicos e quiçá insultos. O casamento para toda a vida caiu em desuso. Só não avisaram a Bíblia. Talvez fosse necessário fazer uma versão moderna dela. Ah, me enganei! Já estão à venda sob o título de NOVA VERSÃO em várias editoras...
 
Tempos estranhos estes...
 

Wagner Antonio de Araújo

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