sexta-feira, 18 de outubro de 2019

memórias literárias - 813 - E OS MEUS FILHOS?

E OS MEUS
FILHOS?
813
 
Os filhos dos adolescentes e jovens do meu tempo estão no facebook. Alguns são cristãos. Mas poucos. A maioria não tem sequer um sinal, um sintoma da fé que seus pais cantavam, tocavam, pregavam ou ostentavam. Fui em busca de seus perfis. Encontrei algo em nada agradável: havia de tudo, inclusive coisas que não convém aos cristãos. A fé no Senhor, a mensagem de Cristo, o evangelho, este encontrei muito pouco, quase nada. Frases de efeito, clichês, chavões evangélicos, achei alguns. Testemunho da fé, vivência, aplicação, sentido da vida, achei pouco. Seus facebooks têm menos Deus do que o perfil de gente que nunca foi evangelizada biblicamente!
 
Isto serviu de lição para mim. Eu não sou melhor do que eles. Tenho dois filhos pequeninos. Se o Senhor permitir ainda acrescentarei mais um filho que chegará no próximo ano. Eles convivem comigo, com a minha esposa, com a minha irmã adotiva, com uma igreja cristã, com um tipo de vida que busca obedecer ao Senhor. Se eu projetá-los no futuro, uns vinte anos à frente, quem serão eles? Terão fé em Cristo? Estarão a servi-lo em alguma igreja? Terão se casado? Já serão pais? E a salvação, terão experimentado? E mais: cumprirão o "ide" de Jesus, divulgando a mensagem do Salvador? Ou serão mais uns perdidos, a segunda geração de crentes que não se concretizou?
 
Quando cantei em conjuntos jovens não interpretei um papel. Eu cria naquilo. Quando participei de retiros não estava apenas a me divertir; eu assumi compromissos. Lembro-me de cultos ao pé do fogo, naquelas mensagens épicas e emocionantes, realizadas diante de uma fogueira, ao som de um violão e das vozes jovens a cantarem "Nas Estrelas", "Buscai Primeiro", "Foi na Cruz", "A Deus Demos Glória", "Além do Pó" etc. Lembro-me dos apelos e do chamado de Deus aos nossos corações. Lembro-me das pessoas que assumiam compromissos em lágrimas, oravam em êxtase, saíam vibrantes dos retiros. Onde foi parar aquela fé?
 
Eu tive as minhas experiências com Deus. A primeira foi em fevereiro de 1980, quando Jesus entrou em meu coração e me salvou. A segunda foi na Igreja Batista do Bairro do Limão, em SP, quando numa vigília fui consagrado ao Senhor como evangelista. A terceira foi no Acampamento Jovens em Cristo, em 1982, quando em lágrimas experimentei a plenitude do Espírito Santo ao lado de outros cem jovens e vi outros cem entregarem-se ao Senhor. Depois, ao longo da vida, inúmeras vezes ouvi a voz de Deus, senti a presença de Cristo, fui chamado para fazer, para crer ou para servir em algo específico. Para mim tudo isto que vivi foi sério e marcou para sempre o meu futuro.
 
O que houve com a maioria dos meus contemporâneos que também estavam lá? Teriam seguido o caminho de Demas? Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia. (2Tm 4:10). Onde foram parar os votos de dedicação, de consagração, de chamado missionário, de dedicação ao serviço do Senhor do próximo? Com que tristeza lembro-me de gente que fez papel de vocacionado, apresentando-se e gerando orações de ação de graças, mas que, na verdade, não passava de um ator, de um intérprete, talvez enganando-se a si próprio!
 
Quantos filhos dos meus contemporâneos estão nos bares bebendo e fumando, praticando imoralidades e gerando filhos sem lar! Quantos filhos estão adorando a Satanás, tatuando braços e pernas, vestindo roupas rasgadas em nome da moda, acumulando piercings em toda a parte do corpo e doando o seu dinheiro ao consumismo, ao cinema satânico e ao deus deste século! Muitos empunham as bandeiras do time de futebol e do partido político e não sentem a menor falta da velha igreja cristã onde deveriam ter aprendido o caminho que trilhariam até a morte. Talvez os pais não o trilhassem, quem sabe. Talvez tudo não passasse de blefe...
 
Peço a Deus pela Rute Cristina e pelo Josué Elias. Não quero ostentar filhos que não seguem a Cristo e ser reprovado pelo Senhor. Quero filhos que amem a Cristo e que tenham a sua salvação. Eu não gerei filhos para o Inferno! E se eu precisar dar a minha vida para que eles sejam salvos, para que levem a sério a mensagem de Jesus assim o farei, pois são a minha maior obra, o meu maior tesouro, a minha maior conquista. Quero que os meus filhos amem ao Senhor! Hoje são pequeninos, mas amanhã, se Jesus não regressar agora, serão adolescentes. Não os quero no colo do Diabo! Não os quero nos bares, não os quero nas academias a cultuar a vaidade e nem nos shows populares seculares ou de música gospel! Eu os quero em Cristo, vivos, salvos, santos, trabalhadores, estudiosos, prósperos, a construirem pontes e a semearem o amor! Eu os quero cristãos!
 
Que Deus ajude os filhos dos meus antigos irmãos com quem congreguei a serem salvos e experimentarem a autêntica fé cristã que transforma e renova. E que me livre de ter o desgosto de ver os meus perdidos.
 
Deus salve a família!
 
Wagner Antonio de Araújo

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