quarta-feira, 27 de novembro de 2013

memórias literárias - 126 - AS ESMOLAS DE CORNÉLIO


126 - AS ESMOLAS DE
CORNÉLIO
 
E eis que diante de mim se apresentou um homem com vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus. (At 10:31)
 
O texto bíblico citado trata de um homem chamado Cornélio. É dito sobre ele que era temente a Deus com toda a sua casa; fazia esmolas ao povo e de continuo orava ao Senhor. Em um desses encontros com Deus um anjo lhe aparece e diz: suas orações foram ouvidas e suas esmolas foram lembradas. Na sequência do texto o anjo lhe orienta sobre o que fazer: deveria buscar a Pedro, que lhe anunciaria as boas-novas de salvação. Interessante observação: o anjo não lhe prega o evangelho, pois não era de sua responsabilidade portá-las. Diz-nos a Bíblia que os anjos até que gostariam de fazê-lo, mas o privilégio foi confiado aos homens convertidos.
 
Deus conhece os que são sinceros, independentemente da fé que tenham. Ele sabe quem tem buscado uma verdadeira comunhão com Ele. E, segundo o que entendemos do texto, é capaz de intervir na história dessas pessoas e lhes apontar o verdadeiro caminho da salvação. Não é qualquer caminho, qualquer religião, qualquer fé que salva. Mas quem é sincero em sua busca de Deus acaba por encontrar o rumo da verdade em Cristo Jesus. Foi o que aconteceu com Cornélio, um ignorante sobre Jesus Cristo: Deus lhe manda buscar um evangelista.
 
Isso me faz lembrar do ex-padre Aníbal Pereira dos Reis. Ele amava a Deus, era religioso ao extremo, mas não conhecia a verdadeira boa-nova de salvação. Deus se revelou a ele. Também Martinho Lutero: sua busca teve êxito, pois foi guiado a encontrar na carta aos Romanos a direção da verdadeira fé que salva independentemente das obras. Posso citar o meu caso: um religioso sincero, consagrado, mas perdido nos próprios pecados. Ainda adolescente Deus tocou em meu coração, mostrando-me que não haveria outra encarnação para resolver-me diante do Criador. Foi quanto através de um folheto ("Previsão Científica do Fim do Mundo") fui conduzido à reflexão bíblica e ganho para Jesus, através da instrumentalidade do Pastor Timofei Diacov, a quem serei eternamente grato.
 
Deus vê as nossas esmolas. Aliás, na maioria dos casos, ninguém precisa conhecê-las. Nem a mão direita deve dizer à esquerda. Ofertas e dízimos sim, são conhecidos (como a viúva pobre, vista por todos, inclusive por Jesus). Mas ainda que sejam ofertas ou esmolas desconhecidas pelos homens, no livro de Deus são anotadas uma por uma. Ele conhece cada uma delas. Sabe com que intenção foram dadas. Sabe qual foi a motivação delas. Se foi mera ostentação de falsa piedade, se foi busca de notoriedade, se foi para obter admiração pública, ou se foi motivada por um coração misericordioso e piedoso. No rol das esmolas entra também a nossa fidelidade à Obra de Deus e a nossa generosidade para com o trabalho do Senhor. Ele conhece a nossa disposição. Muitas vezes 10 reais de um assalariado, ofertados com amor e com muita devoção são tremendamente mais preciosos do que 10 mil reais entregues mecanicamente. Quantos maços de verdura, quilos de arroz, roupas usadas, casas varridas, jardins aparados, não foram ofertados com tamanha dedicação? Segundo a Bíblia, nenhum deles passa despercebido pelo Senhor.
 
Deus ouve as nossas orações. É importante que se diga: é a única pessoa que realmente importa ouvir-nos. Pena que muitas igrejas não pensem assim, e que muitos pastores não ensinem isso às suas igrejas. Quando oram fazem questão de dar um microfone e ligarem um som altíssimo, com alguém a esgoelar-s, berrando como um jumento ferido, envergonhando o evangelho, transformando a Casa de Oração numa casa de insanos e mal educados! Pensam que quanto mais se grita mais se é ouvido por Deus. Talvez porque nem creiam num Deus que ouve; querem é que o povo escute. Mas Cornélio mostrou por sua prática que Deus o ouvia no recôndito privado do seu lar, orações que só ele e Deus conheciam. Deus ouve quando oramos!
 
Esmolar, ofertar e orar não salvam. Cornélio não estava salvo por ser um homem temente a Deus. Ele precisava inteirar-se do único caminho de vida eterna, Jesus Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Para isso foi preciso chamar a Pedro. Se o anjo lhe tivesse anunciado as boas-novas certamente teria pecado contra Deus, ou, certamente, teria mentido ao pobre pecador. Anjos não devem pregar mensagem de salvação. Mas podem ajudar, indicar e facilitar o contato entre um evangelista e um pecador perdido. Quantas vezes já vimos isso acontecer! Quantas pessoas já foram colocadas no caminho de mensageiros de boas-novas! É nítida a ação angelical em tais casos! Mas é notório também que Cornélio só foi salvo quando ouviu a Palavra e recebeu-a em seu coração.
 
Como estão as suas esmolas? Como vai a sua generosidade? Como anda o seu bolso? Deus está vendo e anotando o uso que faz do dinheiro que Ele permite chegar às suas mãos. Poderia um anjo dizer-lhe: "suas esmolas foram anotadas no Céu?"
 
Como estão as suas orações? São honestas? São constantes? São sinceras? Deus as está ouvindo. E se forem relevantes serão certamente atendidas! Ele não as esquece! Ele não as ignora! Mas pesa a honestidade de cada uma delas e decide como e quando respondê-las. Há orações em sua vida? Ou não passam de fórmulas bobas de alívio de consciência, do tipo "obrigado, Senhor pelo alimento", ou "dá-me uma boa noite de sono?" Agradecer o pão e pedir pela noite é bom, mas só isso não se constitui numa oração relevante; pode ser circunstancial, mas não pode ser rotineira na vida de quem diz orar de verdade. Coração quebrantado, alma dedicada, témpo despendido são condições necessárias para que, de fato, as orações sejam chamdas de "oração" diante do memorial de Deus.
 
Deus viu a esmola de Cornélio, Deus ouviu suas súplicas. Ele verá a sua dedicação e também atenderá às suas orações.
 
Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, Carapicuíba, SP, Brasil

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