127 - AS
TRÊS ATITUDES
DO
LEPROSO
E aconteceu
que, quando estava numa daquelas cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo
a Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres,
bem podes limpar-me. E ele, estendendo
a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele. (Lc
5:12-13)
Encanta-me a
sensibilidade de Jesus. Há muito tempo tive oportunidade de pregar sobre o tema.
Havia muitas viúvas a perder filhos na época do Senhor. Mas nenhuma passara por
ele a levar o filho morto para o cemitério. Em Naim uma viúva passou;
encaminhava-se ao cemitério para sepultar o filho falecido. Cristo viu aquela
mãe sofrida. Olhou para a sua face carcomida pela dor, pelo pranto, pelo
cansaço. Avaliou o custo desse jovem ceifado em tenra idade, provavelmente seu
ajudador e sustentador. Essa viúva nada pediu. Jesus ofereceu-lhe o consolo.
"Não chores!" E, em seguida, ordenou ao defunto para que se levantasse. O rapaz
ressuscitou e essa mãe recobrou o filho perdido. Que sensibilidade, que amor,
que delicadeza a do Senhor!
Neste caso, um leproso
cruza o seu caminho. Leprosos eram isolados em seus territórios como seres
repugnantes e deploráveis. Sua comida era colocada à distância. Suas vestes eram
trapos que facilmente se identificavam. Se viessem no meio da população
provocariam grande tumulto, sob gritos desesperados da multidão: "leproso!
leproso!". Enquanto o leproso fosse o vizinho ou o desconhecido, era algo
natural. O difícil era quando a lepra vitimava a mãe, o pai, o filho, a esposa,
o marido! Que sofrimento! Que angústia, que dor! Um romancista imaginou algo
assim ao escrever seu conto "Ben-Hur", vitimando mãe e irmã com a lepra
marginalizante. Conta-nos a história dos batistas no Brasil que o Dr. William
Edwin Entzminger, missionário dos mais consagrados e operosos no início do
século XX, adquiriu morféia e observou que os seus mais próximos amigos se
afastavam, com medo de adoecerem também. Sentiu na própria pele a lepra física e
a lepra da rejeição. No caso do Dr. Entzminger, tempos depois, numa choupana
isolada nos Estados Unidos, Deus ouviu a sua súplica e ele foi miraculosamente
curado, voltando ao Brasil para continuar a sua obra monumental (é o segundo
maior compositor de hinos do Cantor Cristão).
Um leproso se aproxima
de Jesus. Ele vai até o Salvador. Ele o busca. Ele o procura. Assim deve ser o
pecador, cuja lepra não é física, mas espiritual (o pecado é comparado à lepra
da alma). Deve-se ir até Jesus. Jesus Cristo é a única esperança, o único e
legítimo curador da alma. No caso do homem leproso, ele foi ao encontro de
Jesus, conforme lemos no texto paralelo de Mateus 8.2.
Esse leproso
prostra-se diante de Jesus. Ele não vai até o Salvador com ares de quem exige,
de quem ordena, de quem manda. Triste é ver pregadores famosos ensinando a
determinação das coisas com ares de grande sabedoria, espiritualidade e poder.
Nem em Jesus vemos tamanha petulância! No Getsêmani, próximo da hora de sua dor
e crucificação, não vemos Cristo dizendo: "Eu determino em meu nome, que este
cálice seja afastado sem que eu o beba!"; pelo contrário, vemo-lo prostrado,
orando ao Pai, dizendo humildemente: "Pai, se possível, afasta de mim esse
cálice; todavia, não se faça como eu quero, mas como tu queres". O leproso de
nosso texto vai com esse espírito ao Salvador. Prostra-se. Essa é a atitude com
a qual devemos buscar a Deus em nossos encontros diários! Prostrar-se é mais que
ajoelhar-se. Prostrar-se é deitar de bruços, vencido, absolutamente dominado,
completamente disponível e sem restrições. É reconhecer no outro a completa e
absoluta autoridade. Prostrar-se diante de Deus tem que começar na alma, não
apenas no corpo. Há muita gente prostrada de corpo, mas ereta na alma, fingindo
humildade e extravasando arrogância. O leproso não; ele prostrou-se por
dentro.
Sua oração denota
absoluta dependência, confissão explícita de que ali era a sua última esperança,
única alternativa: "se quiseres podes purificar-me!" Não impõe, não obriga, mas
confessa: somente Jesus poderia trazer-lhe libertação daquela moléstia horrenda
e cruel. A atitude do leproso deve ser também a do pecador que busca em Cristo o
perdão para os seus pecados e a salvação para a sua alma! Converti-me ao Senhor
cantando isso:
"Jesus, Senhor, me
achego a Ti,
Ó, da-me alívio mesmo
aqui;
O teu favor estende a
mim,
Aceita um
pecador!
Eu venho como estou;
eu venho como estou;
Porque Jesus por mim
morreu, eu venho como estou!" (Hino 270 CC)
Quem se aproxima do
Senhor e busca nEle o perdão para os pecados tem que reconhecê-lo como última e
única alternativa: somente Ele pode curar a alma, somente Ele pode perdoar os
pecados; somente Ele pode dar vida eterna! No caso do leproso Jesus era o único
remédio para a sua enfermidade e ele o buscou de todo o coração.
E qual foi a reação de
Jesus? "Quero! Sê limpo!" Oh, graça inefável, ó, Salvador bendito e benfazejo!
Como é doce e terno o cuidado e o amor do Salvador! Ele quis curá-lo! E curou-o
gloriosa e miraculosamente! Assim também ocorre com o pecador arrependido que
busca no Senhor o perdão de todos os seus pecados! Foi Cristo quem disse: Todo o
que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei
fora. (Jo 6:37). Ele acolhe o arrependido pecador, o limpa e o
transforma.
Assim, na atitude do
leproso súplice, encontramos as três atitudes que o curaram, atitudes que podem
salvar e libertar a todo pecador também:
1) O leproso foi a
Jesus. É preciso ir até Jesus, buscá-lo, invocá-lo,
procurá-lo.
2) O leproso
prostrou-se diante de Jesus. É necessário render-se aos pés de Cristo,
reconhecendo Sua autoridade e a nossa absoluta impotência.
3) O leproso clamou
com toda a determinação de sua alma, reconhecendo em Cristo a única saída. É
preciso ir até Jesus reconhecendo-O como a única
esperança.
O resultado: cura. O
nosso resultado: perdão dos pecados. E, se Ele desejar, se for para a Sua
glória, até a saúde Ele pode nos recobrar.
Busquemos ao Senhor
com a atitude do leproso curado.
Wagner Antonio de
Araújo
Igreja Batista Boas
Novas do Rodoanel, Carapicuíba, SP, Brasil
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