CORRENDO
ATRÁS
DO
VENTO
ou
ME INDICA, POR
FAVOR?
343
1o.
ATO
-
Alô?
-
Sim?
- Pastor
Arantes?
- Pois
não?
- Aqui é o Pr.
Amâncio. Tudo em ordem?
- Tudo, pastor.
Em que posso ajudá-lo?
- Pastor,
deixei a igreja que pastoreava e gostaria que me indicasse para uma das suas
igrejas. Sei que o irmão tem muita influência, poderia
ajudar-me?
- Mas, Pr.
Amâncio, o que houve que saiu tão cedo?
- Sabe, pastor,
a igreja não era o que eu achava que era. No início era uma festa só. Todo mundo
me convidava para visitá-los, eu era querido, respeitado, a igreja ficava
repleta. Mas com o tempo detectei que era uma igreja doente, cheia de donos,
havia pecados enterrados, eu passei a pregar com ardor. E fui perseguido. Ah,
pastor, como foi difícil. O clímax foi há dois meses, quando, numa assembléia,
tentaram xingar-me. Então eu me exonerei. Deus vai tratar daquela congregação.
Por isso estou precisando de sua ajuda.
Pr. Arantes
ajudou o colega a encontrar outra congregação. Havia 3 igrejas sem pastor em sua
região e recomendou-o para que pregasse e fosse conhecido dos membros. Uma delas
convidou-o. Em três meses foi a posse.
2o.
ATO
O culto de
posse foi uma festa. Veio gente de longe. Inúmeras caravanas. Familiares do
pastor encheram o salão. A festa foi gorda: tinha bolo, carne desfiada,
refrigerantes, doces e lembrancinhas.
O domingo foi
inesquecível. A igreja rejubilava-se. Finalmente tinham um pastor. Parece que
era bom pregador, tinha presença, muitos amigos importantes. Quem sabe até a
congregação não cresceria à partir daqui?
Durante o mês
os crentes disputavam o pastor. Queriam-no a comer em suas casas. Muitas
visitas.
Não havia um
domingo em que ele não ganhasse algum mimo: uma verdura, alguns ovos do sítio de
um irmão, um chale para a esposa, um brinquedo para o filho, um livro novo para
a sua biblioteca.
O povo até
pensava em cotizar-se para dar-lhe um carro novo, uma vez que o seu já estava
bem usado e ele o usaria para o serviço do Senhor.
3o.
ATO
Foi no terceiro
mês que as coisas azedaram. O pastor arrancou um quadro, colocado há dez anos
por um membro falecido. Alguns irmãos pediram para que não fizesse isso. O
pastor não só o tirou como arrebentou-o em vários pedaços. Em seguida foi à mesa
de som e recolheu todas as gravações do ex-pastor e mandou colocar no lixo. Se
não fosse um velho diácono que passara na frente do templo antes do lixeiro, as
pregações do pastor anterior teriam se perdido para sempre. Em seguida resolveu
fechar o seu gabinete para o público, passando a atender somente os que tinham
recursos maiores, e em casa.
Aos poucos os
diáconos e a diretoria foram sentindo grande arrependimento pelo convite. No
púlpito o pastor fumegava o fogo da carapuça, isto é, pregações com endereço
certo. Eram duras, pouca piedade, um verdadeiro embate.
Sem condições
de continuar, a diretoria pediu uma reunião com o pastor. Uma tragédia: xingos,
gritos, o pastor tentou agredir um senhor, sendo seguro pela própria esposa.
Surgiu o grupo dos favoráveis e dos desfavoráveis, com agressões verbais e
ameaças de tapas e socos. Ao final o pastor saiu fumegando da reunião. Pedira
exoneração.
4o.
ATO
- Pastor
Juvenal?
- Sim, quem é?
- É o Pr. Amâncio. O senhor teria como me indicar
para alguma igreja? Deixei a anterior. Ela não prestava...
----
Qualquer semelhança é mera
coincidência????
Wagner Antonio de Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário