11 - 11 / 08 / 2012
TÃO PERTO
E
TÃO
LONGE...
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Eu iria usar um nome
fictício, mas pensei bem: pra quê? Os meus leitores são gente como eu:
pecadoras, imperfeitas, carentes da graça de Deus. Então uso o meu próprio
exemplo.
Hoje eu sou um homem casado,
e muito bem casado! Louvo a Deus por não ter me casado com outra pessoa; Deus me
preservou para ser feliz! Mas houve tempo em que eu gostava de quem não gostava
de mim. E lamentava muito o fato junto de minha mãe. Um dia minha mãe morreu. O
vazio que ficou foi tão profundo, tão denso! Foi então que compreendi um grande
erro: eu era feliz por ter mamãe junto comigo e não sabia! Eu tinha uma mãe
maravilhosa, amável, compreensiva, temente a Deus, mas estava o tempo todo
buscando algo distante, um amor longínquo, quase que inaccessível... Eu tinha a
felicidade tão perto e a buscava tão longe! Claro que era uma felicidade
diferente, a de um filho grato por sua mãe. Claro que eu era feliz e expressava
para a minha mãe todo o amor e o cuidado que com ela deveria ter. Mas eu poderia
ter uma consciência muito mais apurada do fato de que, ao invés de lamentar o
que não tinha, agradecer pelo que tinha!
E sei que muitos que me lêem
vivem a mesma situação, talvez com papéis invertidos ou em áreas diferentes.
Percebo muitos comentadores de teologia ou assistidores de pregações, por
exemplo. Somos tão admiradores de grandes ícones, de nomes estrangeiros, de
pessoas projetadas pela mídia internacional e que muitas vezes fazem jus aos
nossos elogios; porém, não raras vezes, temos um pastor, um escritor pobrezinho,
brasileiro, um irmão de nossa igreja que não tem a escolaridade de tantos
outros, a quem Deus tanto usa e nunca, nunca tecemos para ele um único
comentário, um único elogio, nunca valorizamos o nosso próprio pastor por alguma
mensagem ou por algum escrito seu! É que o nosso olhar está projetado para ver
só o que está bem longe, bem distante, e às vezes temos um tesouro tão perto e
não sabemos...
Maridos admiram esposas de
outros amigos, colegas ou mulheres da mídia. E muitas vezes se esquecem da
mulher que está ao seu lado. Mulher de fibra, que o acompanha, que o conhece,
que compartilha de sua intimidade, que vive as suas alegrias e chora as suas
tristezas. Mulher que é a mãe de seus filhos, que prepara a sua comida, que lava
a sua roupa, que o ajuda na hora da crise e da dificuldade. Mulher que muitas
vezes tem jornada dobrada, dentro e fora de casa, tem uma vida profissional tão
importante quanto a sua. E, ao invés de dar valor a essa pérola, tem a sua
imaginação aguçada e atraída para as jóias douradas das vitrines do mundo, as
inatingíveis estrangeiras ou as esposas alheias. É hora de olhar para perto e
não para longe! "Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel
para com a mulher da sua mocidade." (Ml 2:15)
Muitas vezes deixamos de
viver uma vida profissional frutífera por pensar em outras profissões melhores,
mais rentáveis. Lembro-me de um dentista que me atendia, que queria de toda
forma ter sido um fazendeiro, um criador de gado e um plantador de soja. Não
perdia um programa rural da tv. E lamentava o fato de ter que cimentar dentes e
fazer dentaduras. Claro, o seu serviço deixava marcas de quem fazia o que fazia
sem vontade. Quantas vezes fazemos o nosso trabalho com tamanha má vontade que a
qualidade deixa a desejar? Tornamo-nos maus funcionários, maus profissionais, o
nosso produto sai de qualquer jeito e ainda nos lamentamos da vida! Talvez não
tenhamos sido o que gostaríamos no início, mas precisamos crer que Deus está no
controle de nossa história, que Ele permitiu que fôssemos o que somos e que
devemos fazer o melhor, fazer com zelo, com ardor e, principalmente, fazer como
se fosse para o Senhor! Lembremo-nos de José, filho de Jacó, escravo no Egito:
ele não queria ser escravo, mas foi o melhor que pôde; ele não queria ser
funcionário da penitenciária, mas foi obrigado a sê-lo. E em ambas as funções
que não queria foi o melhor! Claro, no final Deus lhe deu uma função com a qual
sonhara desde pequeno, e ele foi também o melhor. Mas poderia não ter recebido a
chance e continuaria a ser o melhor no que fazia. Que ele nos sirva de exemplo.
"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, " (Ec
9:10);
"E tudo quanto fizerdes,
fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens," (Cl
3:23)
Dias atrás a nossa igreja
ganhou algumas mesas. Mas nem todas cabiam e eu as reparti com o Pr. Aparecido
Fernandes. Posteriormente o visitei em seu gabinete e admirei-me de sua bela
mesa. Perguntei onde a conseguira. Ele disse: "foi a que o irmão Roberto havia
lhe doado". Pensei: "nossa, eu não sabia que era tão bonita!" De fato, estava
suja quando a recebi. Mas o valor que o Pr. Aparecido deu naquela mesa fez dela
uma jóia, uma beleza. Muitas vezes somos assim no resto da vida. Achamos a sala
feia, a cozinha feia, o quarto feio, a casa feia, o carro feio, e, quando nas
mãos de quem é grato e de quem realmente dá o devido valor, as coisas ganham
brilho, beleza, virtude, valor e grande importância. Eu pergunto: o que está ao
meu lado e eu não estou vendo? O que tem gerado lamentos e não gratidão? O que
tem trazido ansiedade e não tranquilidade? Está na hora de dar valor ao que
tenho e não lamentar a falta do que não tenho! Preciso fazer um inventário das
coisas pelas quais devo agradecer e não lamentar. "E a paz de Deus, para a qual
também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede
agradecidos." (Cl 3:15); "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco." (1Ts 5:18)
"Senhor, ajuda-me a dar
valor ao que está perto, ao que está disponível, a quem é vivo e comigo convive,
a quem eu possa valorizar e elogiar. Em nome de Jesus. Amém."
Wagner Antonio de
Araújo
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