COBERTINHA
DE
CRIANÇA
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Quando o meu sobrinho João Pedro nasceu, há doze anos, uma cobertinha entrou para a família. Uma manta de bebê, um cobertorzinho para aquecê-lo nas noites frias e acompanhá-lo pelas andanças. Não era uma peça cara ou requintada; era uma cobertinha simples, mas muito prática.
João Pedro
ganhou uma irmãzinha, a Mariana. E então a cobertinha também foi aquecê-la.
Certamente ela tinha a dela, mas durante muitas noites a coberta foi
compartilhada. Foram cinco anos de família.
Deus resolveu
dar-nos filhos também. Nasceu Rute Cristina, a minha primeira princesa. Uma joia
de menina. Ela cresceu e se desenvolveu. Em uma de suas visitas aos priminhos
João e Mariana, apossou-se da cobertinha e não teve quem conseguisse tirar-lhe.
Rute passou a ter na cobertinha uma extensão de si mesma. Onde está Rute?
Procure a coberta. Onde está a coberta? Procure pela Rute.
Nasceu o meu
segundo, Josué Elias. Também ele teve a sua cobertinha, mas assim que cresceu
queria a todo custo tomar a mantinha da Rute. E essa briga se manteve por muitos
meses. Foi então que Deus nos deu a terceira filha, a Maria Isabele, uma jóia de
menina.
Para espanto
nosso a Rutinha decidiu presentear a irmã com a cobertinha. "Por que, minha
filha?" "Porque eu amo a minha irmãzinha". Que lindo! A nossa Maria passou a ser
coberta pela velha mantinha dos pequenos. Uma cobertinha que acompanha a
família.
Pensei na
semelhança desse cobertinha com outras coisas preciosas que nos acompanham pelos
anos afora, riquezas que são passadas de pai para filho.
Mamãe sabia
fazer um bauru (lanche), que ninguém mais sabia fazer igual. Ela aprendera com a
minha avó Silvia, que aprendera com a sua mãe também. Esse conhecimento passou
para a minha esposa e para a Milú, minha irmã adotiva. Pode-se dizer que o bauru
está há cem anos em nossa casa. Meu avô João usava polvilho Granado após a
higiene; o meu pai também o usava. Eu o uso desde sempre e os meu filho
provavelmente usará. São mantinhas de família.
Mas há uma
coberta que entrou em nossas vidas por ocasião de minha conversão a Cristo. Foi
o evangelho de nosso Senhor. Através da Bíblia eu fui apresentado ao Deus
verdadeiro, Senhor do Céu e da Terra, que havia criado o homem para o louvor da
Sua glória. O homem abandonou a glória de Deus e trouxe sobre si a condenação
eterna, da qual sozinho jamais poderia se livrar. Na Bíblia eu encontrei a
solução deste problema: Deus enviou o Seu Filho Jesus Cristo para nos ensinar a
Sua Palavra, para sofrer, morrer e ressuscitar por causa de nossos pecados. E
hoje nos oferece perdão completo e vida eterna se nEle confiarmos de todo o
nosso coração. Eu cri em Seu Nome; confessei os meus pecados e Ele me deu a vida
eterna. Eu não serei mais condenado; o Inferno já não será o meu destino. Devo
isso ao amor de Deus. E por causa desta salvação eu trouxe aos meus familiares
esta mensagem. A maioria deles (tios e parentes) não quis ouvir. Mas - e bendito
seja Deus por isso! - os meus pais e o meu irmão também abriram o coração e
receberam o perdão de Deus.
Quando me
casei esta manta, esta cobertinha que agora era de nossa família veio comigo. A
minha esposa também havia entregado o coração a Jesus. Estávamos debaixo do
calor da mesma coberta, a salvação em Cristo. Agora, quando nossos filhinhos
chegaram, fruto da graça do Senhor para conosco, temos colocado cada um debaixo
da mesma manta, ensinando-os a amar a Deus sobre todas as coisas, ao próximo
como a si mesmos e a colocar a sua fé em Jesus Cristo e não em fábulas e ficção
infantil. Quando assistem a um desenho que não é bíblico, eles dizem: "Isso é só
estorinha, né, papai?". Quando vêem um bíblico dizem: "È a Palavra de Deus, né,
papai?" A minha esperança é que eles não só se abriguem debaixo dessa cobertinha
ao longo de sua infância, adolescência e mocidade, como também a levem para os
lares que venham a formar, cobrindo com ela os filhos que Deus porventura lhes
der.
Vejo nesta
quarentena muitas cobertas familiares que são diferentes da nossa. O facebook
traz coisas inimagináveis aos nossos olhos: filhos ficando nus e sensuais diante
de seus pais, brigas terríveis entre os membros da casa, o uso de tóxicos e de
bebidas alcoólicas, a linguagem chula e imunda dos pais e dos filhos, a
promiscuidade reinante e a mentira perpetuante. Os valores destas vidas,
impressos no coração e que os cobre como uma manta, os escraviza a tudo o que
não presta, a tudo o que não edifica e que não satisfaz. Mesmo os religiosos,
quando não guiados pela Bíblia e pela sensatez, não passam de reprodutores de
uma religiosidade que não transforma o âmago dos corações. Quando a coberta é
divina, quando vem de Deus, ela traz paz, harmonia, respeito, hierarquia
familiar, responsabilidade, limpeza, linguagem sadia, o cultivo da verdade. E
isso somente Deus pode dar, mediante Jesus Cristo e a luz de Sua Palavra, a
Bíblia Sagrada.
Ah, coberta
preciosa,
Que aquece os
pequeninos,
Uma peça
graciosa
Do vestuário
dos meninos.
Mas coberta
permanente
Que aquece o
coração
É aquela que
na mente
Edifica e
traz lição.
Os exemplos
de valor,
As virtudes
do exemplo,
São mensagens
de amor
Que na
memória contemplo.
O trabalho de
meu pai,
A dedicação
da mãe amada,
A saudade que
não sai
A lembrança
tão guardada!
O perdão que
foi cedido,
A chance nova
que foi dada
O amor do
qual preciso
E o ânimo na
jornada
Tudo isso eu
recebi
Como jóias
num baú dourado
As palavras
que eu ouvi
O exemplo que
me foi dado
São cobertas
valiosas
Que permeiam
o meu viver
As virtudes
preciosas
Que formam o
meu ser
Recebidas de
meus pais,
Que souberam
me educar,
Construindo
vida e paz
E meu futuro
transformar
Mas uma manta
mais preciosa
Que recebi
quando adolescente
Foi a
mensagem tão amorosa
Do meu Deus,
que é tão presente!
Ele, que
tanto me amou,
Enviando Seu
Filho ao mundo
O meu ser
transformou
Tornando
limpo o coração imundo
E salvação me
concedeu
Por Jesus
Cristo, o Salvador
Vida eterna
prometeu
Bênção
graciosa de Seu amor.
Eu desejo com
grande esperança
Para cada
leitor de meu texto
Uma coberta
de criança
Na sua
história e no seu contexto
Exemplos
vívidos deixados,
Memórias de
ensinos corretos,
Que serão,
por fim doados
Aos que nos
seguirem, por certo
Mas a
principal herança
E a manta que
nos aquece
É em
Cristo ter esperança
Fé, estima,
amor em prece!
Bendita
cobertinha de criança!
Wagner
Antonio de Araújo
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