FOLHA
DE
PAPEL
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Estava a
limpar as gavetas de minha escrivaninha. Estas gavetas costumam estar
desarrumadas, pois tudo o que fica sobre a mesa vai para lá, dando-nos a
impressão de que deixamos o ambiente limpo. De quando em quando é preciso
organizar.
Em uma delas
encontrei muitos papéis velhos, notas de compras, propagandas recebidas, início
de artigos e sermões que nunca foram terminados, recados, papéis sem importância
nenhuma. Mas havia lá uma folha em branco de sulfite, bem amassada, de pouca
utilidade e por quem ninguém, em sã consciência, daria qualquer vintém para
adquiri-la. Eu ia jogá-la fora depois de picá-la em pedaços. Mas, antes disso,
pensei:
"Uma folha
velha de papel, sem valor e sem nenhum atrativo. E se fosse colocada na mão do
Apóstolo Paulo, ou dos evangelistas, ou de algum dos profetas bíblicos? E se
fosse colocada na mão dos grandes gênios da literatura brasileira? Nas mãos de
Machado de Assis, de Maria José Dupret, de Olavo Bilac, de Rui Barbosa? Ou
servisse de base para pregadores como Spurgeon, Moody, Welsey, do passado, ou de
Timofei Diacov, David Gomes, Josué Nunes de Lima, William Carey Taylor, Rubens
Lopes, do presente? Já pensou se esta folha fosse o único lugar onde se pudesse
registrar um pedido de socorro? Ou a única anotação da senha de um cofre? Ou o
lugar onde se registrasse a fórmula de um remédio contra a covid 19? Ou o código
que descobrisse uma língua morta? O valor deste papel iria às
alturas!"
Eu concluí
que o valor de algo não está em sua beleza, em seus elementos químicos, em seu
preço elevado ou em sua complexidade, mas no propósito que cumpre e no conteúdo
que carrega. Esta folha não terá qualquer valor se não for usada devidamente e
para uma missão que lhe valha a existência. Faz-se necessário dar-lhe um
destino, uma meta, uma missão.
Há bilhões de
seres humanos a viverem sobre a Terra. Gente de toda espécie, de todo tamanho,
de toda procedência, com múltiplas aparências, com diferentes cores, linguagens
variadas e obras distintas (ou nenhuma). O que torna alguém especial diante da
multidão, diante da abundância e do número quase incontável de pessoas? A sua
alma, o seu espírito, o conteúdo de seu ser interior. Ele é tão precioso e
importante que levou Deus, o Pai, a enviar Jesus Cristo, o Filho, para escrever
uma nova história na página de cada uma dessas pessoas que se colocam como
folhas diante de Sua mão de escritor. Jesus Cristo, com Sua morte na cruz,
derramou sangue precioso, puro, limpo, que tem poder para alvejar a página de
cada um de nós e, depois disto, escrever em seu corpo uma nova história, um novo
poema, algo que lhe torne incomensuravelmente valioso. Sim, cada um de nós,
folhas velhas e amareladas de papel comum, nos tornamos manuscritos de Deus a
exibir para todos a mensagem que o Senhor nos trouxe.
Vós sois
a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.
(2Co 3:2)
Espero
escrever nesta folha velha que encontrei um poema. E que os meus filhos guardem
com carinho. Espero que o Senhor escreva em minha vida e na dos meus leitores, a
cada dia, a mensagem de Seu amor e graça.
Obrigado,
Senhor, por nos tornar valiosos. Não por nós, mas pela Tua escrita em
nós.
Amém.
Wagner
Antonio de Araújo
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