VOCÊ
ME
PERDOA?
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Era uma
investigação criminal. O detetive trabalhava com a hipótese do dono do
supermercado ter assassinado um adolescente que há anos o assaltara. Durante a
investigação fê-lo sentir-se ameaçado, pois queria extrair dele a verdade. Ao
final descobriu-se que o verdadeiro assassino era o comparsa do menino. Quando
conseguiram prendê-lo o detetive foi até o empresário e, com a cabeça baixa,
disse: "Eu vim aqui para lhe pedir perdão. O senhor me
perdoa?"
Como a vida
seria diferente se nós seguíssemos o exemplo de Jesus Cristo! "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!" (conforme Lucas
23.24). A expectativa do Senhor para com Seus discípulos era de que
fossem tão perdoadores quanto Ele: Assim vos fará,
também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as
suas ofensas (Mt 18:35). E alguém pergunta: "E o julgamento? E a
justiça? E a retribuição?" E a Bíblia responde: Porque
bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz
o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. (Hb 10:30). O
nosso papel não é o de juízes, mas o de perdoadores.
Um marido que
reconhece os seus erros, as suas infidelidades, a sua desonestidade, a sua falta
de cuidados, e sinceramente procura o arrependimento e a reconciliação com a
esposa seria muito nobre! O mesmo para com a mulher infiel, que desonrou os seus votos
conjugais e não disse toda a verdade. "Você me perdoa?"
Um pai que
agrediu os seus filhos ao longo da vida, com violência doméstica, com palavras
ameaçadoras, a criar traumas irreparáveis para aquelas vidas, teria grande
dignidade se, reconhecendo os seus erros procurasse a sua prole e dissesse: "Eu
me arrependo e peço perdão!".
Um
funcionário que traiu a confiança do seu patrão, do seu encarregado, do seu
chefe, um soldado que não disse a verdade ao seu superior, ao reconhecer o erro,
se buscasse o reparo, a confissão, a responsabilidade e dissesse: "Eu fiz o que
não deveria ter feito e estou arrependido. Eu peço
perdão!"
Um
presidente, um governador ou político, que ganhou as eleições num estelionato
eleitoral, mentindo aos que o apoiaram, prometendo um caminho político e
seguindo por outro, fingindo ser inimigo de corruptos e abraçando-os no decorrer
do mandato; que prometeu a verdade e seguiu pela mentira; que não sentiu
compaixão e que zombou da lágrima cidadã; seria muito digno e nobre dizer ao
povo que governa: "Eu errei; me perdoem!"
Uma igreja
que destruiu o ministério de um pastor, transformando a sua vida num sofrimento,
amordaçando a boca do boi quando debulhava (reduzindo o seu salário ou não
pagando com justiça e com generosidade); que não o reconheceu nas horas certas e
o desprezou nas celebrações da comunidade; bem faria se o procurasse em caráter
institucional e dissesse: "Pelas lágrimas que provocamos no senhor e em sua
família nós lhe pedimos perdão!"
O mesmo se dá
a pastores que levaram uma igreja à desgraça, ao conflito, ao trauma, à briga
entre irmãos, ao pecado, ao abandono da fé; que pecaram violentamente e fizeram
toda uma geração de jovens cristãos abandonarem a moralidade e a dignidade, pois
viram em seu líder um adúltero, um pedófilo, um ladrão, um estelionatário, um
infiel, um ser violento e sem pudor. Que bênção poderia ser se esse obreiro
procurasse a igreja e dissesse: "Não há palavras que expressem o quanto eu
lamento por ter feito o que eu fiz. Mas vim pedir perdão!"
Se um dia
judeus e palestinos baixassem as armas e as reinvindicações, as agressões e os
ataques e se reconhecessem irmãos étnicos por parte de Abraão; se brancos e
pretos, coreanos e americanos, argentinos e brasileiros, indígenas e invasores
latinos reconhecessem seus erros e dissessem: "Nós erramos e queremos pedir
perdão!", as coisas seriam tão diferentes!
Mas isso
começa em nosso coração, não no coração do próximo. Começa na esposa que está em
casa ou na que foi abandonada. Começa com o filho com quem não tivemos
demonstração de afeto, nos pais que abandonamos à solidão ou no asilo; nos avós
que nunca viram os netos. Começa na igreja que magoamos, no pastor que
maltratamos, no vizinho com quem não nos damos. Começa comigo, com você,
conosco, um a um, pessoa a pessoa.
O meu perdão
não depende da atitude de quem magoei. O meu perdão é gerado no coração de quem
sabe que também é pecador e foi perdoado por Deus.
Nós perdoamos
porque também fomos perdoados. Se não perdoarmos, não teremos experimentado a
força e o poder do perdão.
PERDOA AS
NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES. (Mateus
6.12).
Você me
perdoa?
Wagner
Antonio de Araújo
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