SENSAÇÕES
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Creio que o
brasileiro cristão, mormente evangélico, crente, passa por muitas sensações
desconexas nestes dias tão tumultuados do Brasil contemporâneo. Uma grande
parcela sente-se assim, e entre eles me incluo.
Gostaria de
citar algumas dessas sensações.
SENSAÇÃO DE
INDIGNAÇÃO
O poder
executivo do país não possui credibilidade alguma. Todos vemos, ouvimos e
assistimos diariamente a divulgação de fatos documentados da mais profunda
corrupção de todos os tempos na história brasileira. Todos sabemos que o partido
e os líderes desta nação quebraram a economia, roubaram cada centavo das
estatais, destruíram os setores econômicos e levaram as fortunas para o
exterior, deixando as migalhas nos Guarujás e Atibaias da vida. Porém, a cada
dia que passa a injustiça mantém-se e acentua-se. O congresso nacional, que não
representa ninguém mais a não ser o governo e a si próprio, destrói toda a
esperança de justiça. O governo compra descaradamente cada representante dali,
forma a sua base e aprova os seus desmandos. E a oposição? Que oposição? Tão
imunda quanto a situação, só está preocupada em manter-se na mídia e preparar o
campo para as próximas eleições; eles nem ligam para o desejo profundo de
mudanças no poder. E o exército? Qual? Ah, o verde? Eu também não sei por onde
anda; o povo brasileiro só os vê tirando água de pneus nas campanhas contra os
mosquitos. E a justiça? Esta fica de mãos amarradas, como hoje, por exemplo,
quando um ex-presidente, que se sente acima da Lei, conseguiu o benefício de não
prestar depoimento à justiça. O que uma parcela considerável dos brasileiros
sente? Indignação, sentimento de injustiça!
SENSAÇÃO DE
NOJO
Nojo do povo brasileiro, não de todo
ele, mas do passivo povo que é guiado pela lascívia, pela promiscuidade, pela
prostituição, pelo prazer. O carnaval arrastou multidões pelas avenidas, gente
que pagou mil reais para suar e feder com fogo no olhar e pecado no corpo; não
bastasse isso, agora aglutina-se nos estádios para assistir corruptos times,
corruptos jogadores e corruptos campeonatos, guiados por corruptos cartolas que
compram os resultados às custas do dinheiro que os passivos brasileiros pagaram
nos estádios e nas tvs à cabo, além dos patrocínios milionários. Cidades como
São Paulo farão finais de semana com dezenas de shows caríssmos, para dar ao
povo o circo que tanto almeja. As novelas das grandes tvs, inclusive da que se
diz de uma (falsa) igreja evangélica, não param de publicar lascívia, adultério,
mentiras em nome da Bíblia, mudança de comportamento de gênero e excitação à
violência. E as redes sociais reúnem todo esse lixo nojento em grandes
aglomerações de pecado, num verdadeiro mundo pré-diluviano, onde "comiam,
bebiam, casavam e davam-se em casamento", sem atentar para a iminente volta
do Cordeiro de Deus! Gastam o pouco que têm com o prazer. E os seus patrões,
quando lutadores, estão fechando as portas de suas empresas, endividados e sem
recursos, sem clientes e sem fornecedores, sem expectativa e com impostos
insuportáveis. E os ricos? Sim, aqueles que nunca empobrecem? Esses estão
alheios a tudo isso, eles fecham as empresas e mandam o povo catar migalhas.
Eles continuam a comprar carros de quinhentos mil dólares e a lotear as ilhas
paradisíacas do nordeste brasileiro, bem como ajuntam no interior terras e mais
terras, gado e mais gado, dinheiro e mais dinheiro. Eles detém tudo e o que
sobra para o povo é o resto de suas mesas. Ah, se Tiago, o irmão de Jesus, o
escritor da epístola bíblica, estivesse por aqui, o que diria? Eia, pois,
agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de
vir. (Tg 5:1)
SENSAÇÃO DE
VERGONHA
Os cristãos de hoje, com raríssimas
exceções, tanto os evangélicos quanto os católicos, possuem tudo, menos o Cristo
de quem tomam o nome e de quem supostamente pregam. As redes católicas chafurdam
na lama do neopentecostalismo, falando mais línguas estranhas do que os
pentecostais; latem, miam, gritam, fungam diante da idolatria, e colocam em seus
altares grupos de rock, axé music, samba, funk e todos os mundanismos possíveis,
tirando quaisquer sintomas de religiosidade do povo. Transformaram os hinos e os
versículos em moda, tirando deles a reverência e o poder, a ponto de se decorar
a bíblia como vinheta de comunicação. E os padres? Bailam o forró, o vaneirão, o
axé, nos próprios programas das tvs católicas! Criaram padres obcenos, lascivos,
que usam roupas apertadas, que participam de rodeios e que são mais mundanos do
que os fiéis. E os evangélicos? Os protestantes elitizam-se, fazendo retiros
caríssmos em locais paradisíacos, colocando o foco no entretenimento e os
temas são desculpas esfarrapadas para justificar tais encontros. Quando não, se
mundanizaram de tal forma que, ou suas igrejas estão vazias (porque o povo não
tem mais tempo para Deus - sou pastor e sei bem que a preguiça e a falta de
compromisso estão matando as igrejas!) ou então estão cheias de gente
mundanizada, que não está congregando pelo Senhor ou para ouvir a Bíblia, mas
para curtir, para ter um local barato onde se divertir e amigos um pouco mais
estáveis e requintados. Nos negócios, na política, na indústria, na
administração dos lares e na fidelidade ao casamento, esse evangelho de nada tem
adiantado, pois que não é evangelho, mas palha seca de joio. E os pilantras da
fé? Esses cafetões religiosos tomam toda a grade das tvs para vender a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida a um
povo carregado de pecados. Quando esse povo ouve falar de um apóstolo mais
popular e que tem uma mídia mais poderosa, abandonam o primeiro e seguem o outro
e assim indefinidamente. Foi assim com as igrejas neopentecostais originais no
Brasil, e assim se sucedem nas cópias xerografadas de má qualidade que a cada
ano aparecem. O que é comum em todas é o pecado, a luxúria, um clero altamente
rico e um povo altamente egoísta, que quer só a bênção.
SENSAÇÃO DE
DESLOCAMENTO
Parece que esses brasileiros, que também
são crentes em Cristo Jesus, sentem-se deslocados neste mundo. Estão no mundo,
mas não são do mundo. Até da época sentem-se deslocados. Sonham com as coisas
como antigamente, onde a TV mantinha a censura dos palavrões, das pornografias,
onde era necessário respeitar a casa dos cidadãos, mantendo uma linguagem sadia,
culta e de nivel elevado. Sentem saudades de quando suas casas urbanas não
precisavam de grades até em cima e de concertinas que protegessem seus lares.
Sentem saudade do tempo em que podiam conversar à noite na calçada, manter as
crianças brincando na rua ou que não havia perigo na porta das escolas. Sentem
saudades do tempo em que se aprendia a ler, a escrever, a fazer contas e a
conhecer a história nas escolas; sentem falta do tempo onde adolescentes podiam
ajudar nas tarefas e até trabalhar por um período para ajudar nas despesas e
ganhar conhecimento. Sentem saudades do tempo em que os móveis eram feitos para
durar, onde os filmes eram feitos para ilustrar ensinamentos e onde as igrejas
eram casas de oração para que o povo fosse adorar a Deus. Tempos que não voltam.
Tempos em que havia música, havia melodia, havia letra, havia enredo. Hoje só há
barulho, sons desconexos, palavrões, sexo, luxúria e baixo nível. Tempos em que
vestir-se era um prazer e uma necessidade, não os de hoje, onde despir-se e
tatuar o corpo tornou-se um verme, uma epidemia, uma droga.
A ÚNICA SENSAÇÃO QUE
IMPORTA
Essas sensações são reais e,
infelizmente, não possuem antídoto. Elas persistirão enquanto o país não for
alcançado com um quebrantamento legítimo em massa, através da conversão a Cristo
e da transformação das instituições de ensino, de comunicação e do governo. E,
como o mundo jaz no Maligno e irá de mal a pior, é bom que não se criem
expectativas que levem à ilusão de uma volta a tempos
melhores.
A solução está em outra sensação. Uma
sensação provocada por uma decisão. Decisão pensada e realizada, uma atitude que
provoca autêntica mudança. Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai
as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. (Cl
3:1).
Isso nos faz lembrar uma letra de música
esquecida, mas brilhantemente verdadeira, levada ao vinil por Waldemar Fomin e o
Grupo Káris:
PARA AS HORAS TRISTES,
PARA AS HORAS MÁS
EXISTE UM BOM LUGAR DE
REFÚGIO E PAZ
PARA AS HORAS LONGAS E
DE SOLIDÃO
EXISTE UM BOM LUGAR DE
CONSOLAÇÃO
LUGAR DE PROTEÇÃO,
LUGAR DE COMPREENSÃO
LUGAR DE SALVAÇÃO, DE
GRAÇA E PAZ
NA ROCHA ETERNA,
JAMAIS SE ABALARÁ
EM PLENO MAR SOSSEGO E
VIDA TRAZ
PARA AS HORAS NEGRAS
DE PERIGO E DOR
EXISTE UM BOM LUGAR
ONDE EXISTE AMOR
SE NÃO HÁ ESPERANÇA,
SE PRAZER NÃO HÁ
EXISTE UM BOM LUGAR
ONDE DEUS ESTÁ
EU SOU AMADO
ALI
EU SOU CUIDADO
ALI
SOU ESPERADO
ALI
É O MEU
LUGAR
QUE O PAI ME
PREPAROU,
QUE O SALVADOR
CONTOU
E NADA AQUI ME PODERÁ
TIRAR
PARA AS HORAS
TRISTES
PARA AS NORAS
MÁS
EXISTE UM BOM
LUGAR
DE REFÚGIO E
PAZ
SE NÃO HÁ ESPERANÇA,
SE PRAZER NÃO HÁ
EXISTE UM BOM LUGAR
ONDE DEUS ESTÁ
obs: pode ser ouvido aqui:
Pode parecer incrível, inacreditável.
Mas, se mergulharmos em oração, em nome de Jesus, adorando a Deus na beleza de
Sua Santidade, bendizendo-o até pelas provações, suplicando perdão pelos nossos
pecados e faltas, ítem por ítem, e intercedermos pelos nossos amados, pelos
nossos amigos, pelos desconhecidos, pelas autoridades e até pelos inimigos,
encontraremos uma paz muito maior do que a mente humana pode imaginar.
Desfrutaremos da paz de Deus, autêntica, legítima, que não olha as
circunstâncias, que não está sujeita ao mundo mal em que
peregrinamos.
E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo
Jesus. (Fp 4:7)
E a paz de Deus, para a qual também
fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.
(Cl 3:15)
Que seja assim! Eu desejo estar nesse
lugar agora mesmo, desfrutando da graça do Senhor, pois o Reino dEle não é deste
mundo, e um dia Ele fará justiça sobre toda a impiedade.
Que os meus leitores assim desfrutem
também.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
17/02/2016
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