Este texto foi preparado para ser o sermão do 3o.
aniversário de nossa congregação batista em ilha comprida, litoral sul de são
paulo.
conquanto os fatos sejam locais e os desafios também,
podem servir de incentivo aos ministros do evangelho e líderes de congregação
que
acompanham as nossas publicações. Que Deus glorifique o
Seu Nome.
DIZE AO POVO DE ISRAEL QUE
MARCHE!
Êxodo
14.15
Mensagem do Pr. Wagner Antonio de Araújo em 20 de
fevereiro de 2016, por ocasião do culto da noite na Congregação Batista em Ilha
Comprida, São Paulo.
INTRODUÇÃO
O texto bíblico selecionado para a nossa meditação é um
monumento à fé e ao trabalho dedicado daqueles que confiam definitivamente na
graça e no poder de Deus.
Conquanto escrito há mais de 3 mil anos, é atual e
presente, porque Deus, o nosso Senhor, não muda; Ele é o mesmo ontem, hoje e
para sempre.
Gostaríamos de meditar sobre o contexto histórico da
época em que foi escrito. Depois, repartiremos com os irmãos as experiências que
Deus tem nos dado ao longo do nosso ministério à frente da Igreja Batista Boas
Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil. Finalmente, desafiaremos os
irmãos a enxergarem e aceitarem os grandes desafios da fé que o Senhor se lhes
apresenta.
I – MARCHAR RUMO AO MAR
O povo hebreu era escravo dos egípcios e sofria a agonia
da tirania de Faraó. Seus meninos eram mortos, seus homens pelejavam de manhã à
noite para fazer tijolos e construir as obras públicas e não conseguiam ver a
promessa de Deus, feita a Abraão, se cumprir. Foi preciso trabalhar na vida de
um homem especial, Moisés, sobrevivente dos bebês hebreus, criado pela filha de
Faraó, educado para ser rei, perseguido por ter justiçado um patrício, que
peregrinou por 40 anos nas terras de Mídiã e onde formou sua família, Lá esse
homem teve a experiência com o Deus verdadeiro e recebeu uma ordem: liderar a
nação escrava na saída e libertação.
De regresso ao Egito, aos 80 anos de idade, foi, com seu
irmão Arão, anunciar ao Faraó que iriam sair. Proibidos e perseguidos, Deus
enviara dez pragas terríveis que quase dizimaram o Egito. Desesperados por
tantas pragas, que culminaram na morte de todos os primogênitos, os egípcios os
libertaram, concedendo-lhes tudo o que pediam em termos materiais. Seguindo pelo
deserto, encontraram-se frente ao mar. Ao olharem para trás, viram Faraó e todo
o exército que seguia contra eles, arrependidos da liberdade concedida. Não
havia por onde escapar. Os hebreus, desesperados, passaram a gritar, a murmurar,
a cobrar de Moisés uma atitude. O que fazer? Moisés, perplexo e desesperado,
busca a presença de EU SOU, o nome revelado para ele do Deus de Abraão, o Deus
verdadeiro.
A resposta de Deus foi curta e direta: “Por que clamas a
mim? Dize aos filhos de Israel que marchem!” Deus admoesta a Moisés. À primeira
vista pode soar como uma contradição: por que ralhar com o servo que O busca em
oração? Mas, ao examinarmos a situação e o seu desenrolar, percebemos que Moisés sabia o que tinha que fazer; ele
apenas estava vacilante, amedrontado. Deus dera a ele a incumbência de sair e ir
adorá-lo. Era sua tarefa conduzir o povo ao lugar que Deus mostrasse. Uma grande
nuvem colocou-se entre os hebreus e Faraó, e uma grande luz alumiava a própria
noite. Moisés vira as dez pragas, vira a sarça ardente, ouvira a voz de Deus. Já
era mais do que tempo de confiar plenamente naquele que o conduzia, não
amedrontar-se e vacilar em meio às provações.
De fato o povo marchou rumo ao Mar Vermelho. Deus fizera
com que um vento contínuo e extraordinário dividisse as águas e o povo hebreu
passou o mar à seco. Quando terminaram a travessia, Deus recuperou a normalidade
do ambiente e o mar cobriu os egípcios impiedosamente, que faleceram naquelas
águas. Moisés aprendera que, quando Deus determina um caminho, Ele dá as
condições para que se chegue a bom termo. Ele protege, Ele conduz, Ele ilumina,
ele dá forças, Ele concede a vitória. O povo hebreu adorou ao Senhor no Monte
Sinai, recebeu as leis do Senhor e finalmente entrou na Terra
Prometida.
II – A NOSSA EXPERIÊNCIA EM
MARCHAR
Permitam-nos contar as experiências que o Senhor nos deu
enquanto marchamos rumo à execução da vontade de Deus em Sua obra chamada Igreja
Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo,
Brasil.
Entre 1994 e 1996 pastoreamos uma igreja na cidade de
Osasco e bendizemos ao Senhor pela experiência que tivemos. Pela misericórdia do
Senhor diversas pessoas foram conduzidas à salvação em Cristo e o nome do Senhor
foi glorificado. Mas era o momento de deixarmos a sua liderança e em 06 de
novembro de 1996 anunciamos a nossa saída. No dia seguinte participamos de um
culto realizado por membros daquela igreja que, à semelhança de nós, deixariam a
congregação. Estes nos perguntaram se aceitaríamos pastoreá-los. Consultamos os
pastores experientes e maduros que conhecíamos, Estes nos animaram a aceitar o
desafio, acalmando o nosso coração sobre estar fazendo algo irregular. Não
estávamos. Assim, aceitamos o desafio de pastorear a pequenina congregação. Em
20 de novembro do mesmo ano inauguramos o primeiro imóvel alugado, embaixo de
uma avícola. Ali permanecemos por mais de um ano. Em 1998 fomos para um salão bem melhor,
próximo dali, no bairro do Novo Osasco, na cidade de Osasco. Ficamos até o ano
de 2003. Fomos organizados como igreja em 04 de novembro de 2000. Em 2003
transferimo-nos para um salão muito bom e bem maior, no bairro do Santo Antonio.
Muitas pessoas receberam a salvação em Cristo na Boas Novas. Muitos vieram,
muitos saíram. Nossos recursos eram poucos e precisávamos de um terreno, de um
templo. Em 2006 o cantor e evangelista Luiz de Carvalho, de saudosa memória,
esteve conosco e ajudou-nos a lançar uma campanha para a compra de um terreno. O
Pr. José Vieira Rocha, então executivo da Convenção Batista do Estado de São
Paulo, deu todo o apoio, gravando um depoimento. O Pr. Neilson Xavier de Brito,
da Igreja Batista em Vila Pompéia, ajudou-nos a criar um plano baseado em quotas
e iniciamos a arrecadação de fundos.
No ano de 2010 essa pequenina igreja de 25 pessoas já não
podia pagar o seu aluguel e contas. Não podíamos alugar outra propriedade.
Buscamos ao Senhor em oração. E a resposta dEle continuou sendo a mesma que dera
a Moisés: “ Por que me procuras? Dize ao povo de Israel que marche!” Sim, nós já
havíamos orado, já havíamos clamado, já tínhamos algum dinheiro em poupança e
agora não poderíamos mais pagar aluguel. O que fazer? Decidimos nos reunir nas
casas dos irmãos até encontrar um terreno apropriado para a nossa necessidade. E
assim fizemos. Por mais de um ano congregamos na garagem das casas dos irmãos.
Enquanto isso procurávamos um terreno, assessorados pelo Pr. Aparecido Donizete
Fernandes. Até que, para a honra e a glória do nosso Deus, encontramos um
terreno à beira de um córrego, no município vizinho a Osasco, Carapicuíba, de
quase 600 metros
quadrados , e o adquirimos. Aleluia! Imediatamente
transferimos as nossas atividades para lá, valendo-nos das duas casas que
encontramos e glorificamos a Deus pela fenomenal
vitória.
No final de 2013 o Pastor José Vieira Rocha visitou-nos,
lamentando que não tivéssemos ainda uma capela. Dissemos-lhe que não
conseguíramos nenhuma. Ele imediatamente tratou de nos amparar: contatou o Pr.
Arídio Pinto Barreto e indicou-nos um empreiteiro. Avaliada a situação, vimos
que o dinheiro que teríamos que gastar era alto demais. Clamamos ao Senhor. “Por
que clamas a mim? Dize ao povo de Israel que marche!” E lá fomos nós. O
empreiteiro tirou 41 caminhões de pedras do terreno, construiu uma laje de
11
metros por 19 e levantou um batistério. Os irmãos
norte-americanos ergueram uma capela de madeira. E nós demos seqüência, fazendo
dois banheiros e agora estamos prestes a terminar o gabinete pastoral, o
berçário e a sala de crianças. Dinheiro? Não temos. Data para terminar tudo o
que precisa ser terminado? Não temos. Clamamos ao Senhor. E qual foi a sua
resposta? “Por que clamas a mim? Dize ao povo de Israel que
marche!”
III – MARCHAR EM ILHA
COMPRIDA
Em novembro de 2012 um Mar Vermelho apareceu em Ilha
Comprida. Algo que, à primeira vista inviabilizava o ministério de diversos
irmãos em Cristo, incluindo os amados Pr. Luiz Rodrigues de Oliveira e sua
esposa irmã Arlete. Ao sabermos disto o Pr. Aparecido e nós, prontamente, nos
reunimos para avaliar a situação e estudar uma alternativa que fosse viável.
Oramos a Deus. E o que foi que Ele nos respondeu: “Por que clamas a mim? Dize
aos filhos de Israel que marchem!” Se o trabalho da evangelização e da
edificação de crentes em Ilha Comprida estava atravessando dificuldades, por que
não começar um outro, da estaca zero, como nós em Osasco fizemos em 1996?
Desafiamos o Pr. Luiz, a irmã Arlete e os irmãos amados que juntos com eles
estavam. E, para a glória do Senhor, conseguimos alugar o atual salão de cultos
e há três anos os irmãos reúnem-se aqui, contemplando as maravilhas que Deus tem
realizado através da vida da Congregação Batista em Ilha
Comprida.
E agora? O que fazer? Na celebração de três anos de
existência quais as decisões a serem tomadas? Continuarão indefinidamente neste
imóvel, que não comporta reformas, que dificilmente seria vendido e onde mais
dificilmente conseguiriam ampliar? Alugarão outro, continuando a pagar aluguel
pelos anos afora? Certamente que esta congregação tem orado ao Pai, perguntando:
“Senhor, o que devemos fazer?” E a resposta, ainda que dura, continua sendo a
mesma do início: “Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem!”.
Em 2012 os irmãos poderiam ter diversos desejos e ideiais e morreriam com cada
um deles, não fosse a determinação de encarar o Mar Vermelho, entrar no meio
dele e enfrentar a dificuldade com a fé no Senhor que abre as águas. As águas
abriram-se e há três anos os irmãos são uma excelente e crescente congregação.
E agora? Gostaríamos de desafiá-los a pensarem no futuro.
Sabemos que a nossa pátria não é aqui; mas enquanto no mundo dependemos de
espaço para a celebração de nossos cultos, para o ensino bíblico, para a
convivência fraterna, para a ação social e para o desenvolvimento desse
crescimento. Precisamos de um chão próprio, um imóvel onde visumbremos uma casa
de oração digna de nós, de nossos filhos, dos visitantes que virão e do nome do
Senhor. Precisamos ousar!
Temos dinheiro? Não. Temos recursos de fora que virão?
Não. Os nossos dízimos são suficientes para separar audaciosamente uma verba que
compre um terreno? Não. E o que fazer? Deixar como está até que o ânimo se
esfrie, as pessoas se desloquem da cidade ou outras igrejas mais audaciosas
ocupem o espaço que Deus deu a esta congregação? Creio que
não!
Queremos desafiá-los a olhar com os olhos de quem crê, de
quem enxerga o futuro como se já fosse o presente, que estabelece um propósito e
tudo faz para atingi-lo. Jesus disse que alguém, para construir uma torre, deve
calcular o seu custo, e um reino, para fazer uma guerra, deve calcular quantos
soldados têm. Caso contrário servirá de mal exemplo e de menosprezo dos outros,
que dirão: “começaram e não puderam
terminar”.
Doamos 20 anos de nossas vidas na Boas Novas e ainda não
terminamos. E não desistimos de perseguir o ideal que o Senhor plantou em nossos
corações. Cada etapa é celebrada, cada bênção é testemunhada, cada degrau
anuncia um próximo. Muitos desistiram no meio do caminho. Inúmeros voltaram para
o Egito de suas existências; outros acharam que era tempo demais numa obra tão
difícil. Mas quem crê no Senhor e tem certeza de Sua vontade não mede esforços,
não coloca barreiras, não estabelece limites, exceto um: até a vitória! Sim, a
vitória é o único limite. Ou vencemos ou morremos
lutando!
Queremos desafiá-los a montarem um propósito para a
compra de um terreno. Não um simples terreno, mas algo que vise servir ao Senhor
com boas condições, algo amplo e que comporte uma boa construção. Quero
desafiá-los a fazer o que fizemos: um sistema de quotas. Por menor que seja o
valor estabelecido, elas trazem algo de prático e concreto: um alvo a atingir.
Gostaríamos de sugerir-lhes um alvo de R$100.000,00, a serem divididos em quotas
de R$30,00. Nesta sugestão, esta congregação voluntariamente decidiria
contribuir mensalmente com tantas quotas quantas famílias houvessem, 16, 20
quotas. Talvez alguns, melhores remunerados em suas profissões, conseguissem
contribuir com mais de uma quota mensal. Se 20 quotas de R$30,00 fossem
levantadas por um ano, conseguiriam chegar a R$ 7.200,00 no final do período.
Certamente cada crente conhece outros, sejam amigos, irmãos em Cristo ou
parentes, que com amor contribuiriam também, e fariam essas quotas subirem para
40 por mês. Talvez alguns contatos pela internet aceitassem o desafio e então
quotas extras fossem erguidas. Ao final do ano o Senhor poderia surpreendê-los
com R$15.000,00. Quem sabe já poderiam adquirir um dos vários lotes que
desejariam comprar? Quem sabe o proprietário já os reservasse para receber
anualmente o valor de cada lote?
Garanto-lhes, amados e queridos irmãos em Cristo, que se
pararmos de clamar para que Deus dê uma resposta, e aceitarmos aquela que Ele já
deu a Moisés, teremos força, coragem e a graça celestial para conquistar a nossa
Canaã dos sonhos, a aquisição do terreno. E então não precisaremos mais alugar
um salão de cultos. Com os profissionais que o Senhor já deu entre os membros
desta congregação conseguiriam erguer um galpão inicial para os cultos, enquanto
comprariam os demais lotes e projetariam as salas de Escola Bíblica Dominical,
cozinha, salão social e outras dependências.
CONCLUSÃO
Não haveria Monte Sinai se não houvesse Mar Vermelho. Nem
maná, nem tábuas da lei, nem a glória do Senhor no tabernáculo, nem as
conquistas do aquém-Jordão, da terra de Gileade. E, finalmente, não haveria a
travessia do Rio Jordão, a conquista de Jericó e, consequentemente, toda a terra
de Canaã. Era indispensável crer no Senhor, mesmo que tivessem que atravessar o
Mar Vermelho. E atravessaram.
Da mesma forma a Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel
não existiria mais se não tivéssemos nos enveredado numa campanha da compra de
um terreno e, após a sua compra, na construção de uma laje e de sua capela. Foi
necessário crermos contra a esperança. Foi necessário aceitarmos os que
vacilaram, os que desistiram, os que traíram, os que pereceram. Hoje ainda não
chegamos ao final, mas podemos nos considerar uma prova de que Deus dá forças
àqueles que acreditam que o Mar Vermelho não é o fim de
tudo.
Agora é a hora e a vez da Congregação Batista em Ilha
Comprida. Os irmãos precisam tomar uma posição e responder à seguinte pergunta:
continuaremos a clamar ao Senhor para que nos aponte um caminho ou corajosamente
decidiremos que é de Sua vontade erguer em Ilha Comprida uma casa de oração
digna do nome do Senhor, onde afluam os povos para ouvirem a mensagem de
salvação e onde possam levar as suas famílias no convívio
cristão?
Ousamos desafiá-los a aceitar o
desafio.
Deus há de esperá-los do outro lado do Mar Vermelho, com
a vitória e com a glória da conquista.
Que Ele seja
exaltado.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
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