CONSTRUÇÃO
QUE PERDURA
QUE PERDURA
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I Coríntios 3.12-15
E, se alguém sobre este fundamento
levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a
obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será
reveldada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.
Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo.
Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.
Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo.
O texto bíblico acima citado nos fala
sobre construções e materiais. O apóstolo Paulo está apresentando a realidade da
Igreja do Senhor Jesus Cristo: que Ele, o Senhor, é a pedra fundamental e que a
doutrina dos apóstolos funciona como alicerce juntamente. E que fique claro que
Paulo falava daqueles apóstolos, os originais, os únicos escolhidos por Cristo,
nomeados, consagrados e enviados por Ele. Hoje não há mais apóstolos, ainda que
queiram transformar a função especial e fundamental daqueles escolhidos em dons
comuns da igreja contemporânea. Não nos consta que a Nova Jerusalém estivesse
ampliando o número de fundamentos do seu muro com a série infindável de
apóstolos modernos. Não, mil vezes não! Paulo reinvindica o apostolado dele e
dos seus contemporâneos chamados, e ninguém mais!
Paulo diz que estão a construir a igreja
de Cristo. Ele fala de 6 tipos de materiais utilizados: ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno, palha. E afirma que a obra de quem constrói sobre esse
fundamento seria provada pelo fogo. Eu, particularmente, imaginei a capela da
igreja onde tenho o privilégio de servir o Senhor (Igreja Batista Boas Novas do
Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil). Ela é inteiramente de madeira, com
telhas e janelas de outros materiais, igualmente combustíveis. Se o Senhor
provasse essa capela com um maçarico de fogo, pouca coisa restaria, e certamente
inutilizável, pois não passaria de ferro e pedaços de coisas retorcidas. A
capela não passaria pelo teste do fogo.
Mas será que Paulo falava de construção
de templos, de capelas, de casas de oração comumente chamadas de igreja?
Certamente que não. No tempo dele não havia templos evangélicos, cristãos. Eles
se reuniam nas casas, nos quintais, à beira de rios, nas sinagogas e lugares de
oração. Os cristãos romanos reuniam-se no cemitério subterrâneo (catacumbas)
para evitar as prisões. Certamente que Paulo não falava da construção de
prédios, mas da construção viva da igreja do Senhor, da construção que fazemos
na Obra de Deus. Paulo falava da vida que construímos na presença do Pai
celestial, de nossa carreira como cristãos.
Segundo o Apóstolo Paulo, a nossa
carreira cristã, a nossa vida, deve ser construída sobre a solidez da Palavra de
Deus. E o viver em Cristo, o dia a dia, o serviço na fé, a vida privada,
pessoal, tudo o que fazemos, representa uma construção contínua. Se o que
fizermos for à luz da vontade do Senhor, será uma construção feita com materiais
nobres (ouro, prata e pedras preciosas). Se não for orientada por Deus será
feita com materiais perecíveis (madeira, feno, palha). E no dia do julgamento do
tribunal de Cristo (e é bom que saibamos que TODOS compareceremos nesse
tribunal, mesmo que sejamos crentes), seremos provados pelo fogo. A salvação nos
livra da perdição eterna e do "grande trono branco", onde os ímpios serão
julgados segundo as suas obras para receber mais ou menos castigo. Os crentes,
por outro lado, serão apresentados no tribunal de Cristo e ali prestarão contas
do que fizeram de suas vidas cristãs. Veja-se: E vi um grande trono branco, e o
que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se
achou lugar para eles. (Ap 20:11); Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu,
também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o
tribunal de Cristo. (Rm 14:10); Porque todos devemos comparecer ante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo,
ou bem, ou mal. (2Co 5:10)
Será que existe alguma regra, alguma
norma, alguma fórmula que nos conduza a construir dia após dia com materiais que
não perecem? Será que é possível levar uma vida nobre, à luz da Bíblia, que nos
garanta um julgamento ameno, abençoado, onde apresentaremos construções que não
perecerão com o teste do fogo da luz do Senhor?
Sim, existe. Gostaria de sugerir três
regras básicas de construção, para que escolhamos os melhores materiais e não
soframos detrimento no dia do tribunal de Cristo, onde as verdadeiras intenções
do coração e as verdadeiras motivações do que fazemos serão esclarecidas e
postas à prova.
PRIMEIRO DEUS,
DEPOIS O RESTO!
Esta é a regra número um para quem
deseja construir para a eternidade. O crente fiel e verdadeiramente fundamentado
nas Escrituras Sagradas coloca o Reino de Deus em primeiro lugar de sua vida.
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas. (Mt 6:33)
Colocar o Reino em primeiro lugar
significa tomar a cruz e seguir após Jesus. Atualmente, nas igrejas que
constróem com palha e feno, não há cruz. A vontade do homem vem primeiro. Eles
entretém as pessoas com banalidades, com sociabilidades, com clubes de convívio
ou rodas de discussões filosóficas, mas não ensinam o autêntico cristianismo,
que exige renúncia, exige abnegação, exige doação. E dizia a todos: Se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
(Lc 9:23)
No último sábado jantei com o
missionário Josafá Venâncio Fernandes. Um servidor público aposentado, que
poderia viver tranquilamente com a família numa chácara, desfrutar da companhia
dos filhos e netos, uma agenda pacata e sem surpresas. Decidiu, entretanto,
dedicar o resto de sua vida a semear a Palavra de Deus entre os indianos e
socorrer os doentes, os feridos, os aflitos, os abandonados daquele país. Em
cinco anos de trabalho voluntário e independente, resgatou mais de quatro mil
pessoas da morte iminente, dando a elas a possibilidade de voltarem ao trabalho,
ao convívio. Ele gasta o que tem e gasta a si mesmo em prol da salvação dos que
precisam. Isso é colocar Deus em primeiro lugar.
Mas nem todos são missionários no
exterior. Podemos fazer isso aqui mesmo, em nosso dia a dia. Quem coloca Deus em
primeiro lugar não tem dificuldades em ofertar ao Senhor, em ser dizimista ou em
dispor de seus bens em prol da expansão do evangelho. Um dia parei o carro no
semáforo e havia um outro à frente, com o adesivo que dizia: "propriedade de
Jesus". Fui até lá e pedi a chave do carro. Ele estranhou. Eu disse que era
auxiliar de Cristo numa de suas igrejas e que precisávamos comprar o terreno
para pregar o evangelho e que, se o carro era propriedade exclusiva do Senhor,
Ele reinvindicava o carro, assim como reinvindicou o jumento no passado. O rapaz
acelerou e foi embora, chamando-me de louco. Bem, creio que não era eu o louco,
mas ele, pois considerava o seu carro nominalmente do Senhor, mas não na
realidade. Quem não oferta, não dizima e não dispõe finge ser de Jesus, mas não
é. Está a construir com palha, feno e madeira. No dia do tribunal tudo será
queimado.
Deus vem primeiro para quem constrói com
materiais preciosos. Ele não deixa de ler a súa bíblia, não deixa de gastar o
seu tempo em oração, não deixa de congregar. Muitas vezes se cansa, muitas vezes
se desanima, mas o Senhor o refortalece e ele segue o seu caminho
vitorioso.
PRIMEIRO O
PRÓXIMO,
DEPOIS O RESTO!
Para quem constrói com ouro, prata e
pedras preciosas o próximo vem primeiro. Depois ele pensa em si próprio. Não são
raras as vezes em que pensamos em nos suprir plenamente e, se sobrar alguma
coisa que não iremos usar, cederemos ao próximo. Já vi crentes servirem o resto
da comida de ontem para alguém que precisava, sendo que a comida do dia estava
posta à mesa. Já vi gente doar roupas rasgadas e descosturadas pensando fazer
algum bem, quando na verdade buscava livrar-se de lixo e entulho.
Para o crente fiel o próximo vem
primeiro. Se ele tiver que escolher entre comer ou ceder o seu prato, ele cederá
o seu prato. Para ele suprir a necessidade do outro vem primeiro. E não se trata
de demagogia ou de caridade barata; deve ser algo da alma. Como poderá comer bem
quando o outro sofre carestia? Faz-me lembrar a música da cantata que contava a
história de Barnabé. Sim, o crente ama o próximo e o faz com expressões. João, o
Batista, preparava a geração messiânica com pessoas que repartissem o que
tinham. No filme "O Manto Sagrado", num tempo onde ainda se faziam filmes com
algum temor de Deus, Marcelo, o centurião desesperado, dá um cavalo de presente
para um menino numa aldeia cristã. Este, imediatamente, o dá para um menino
cego. O soldado, furioso, pergunta porque ele fizera isso. O menino responde:
"porque ele é cego e queria muito". Os cristãos são assim. Não ajuntam para si,
mas para servir. De que vale uma mesa farta na casa de um rei se ninguém vier
comer do banquete? O crente é alguém que mantém a vida como um banquete
ambulante, sempre buscando servir o outro.
Nesse serviço a família está incluida. O
pai de família prefere comprar as roupas que as crianças precisam e suprir as
necessidades da esposa do que adquirir o veículo esportivo da revista deste mês.
Quem busca servir ao próximo não deixa os seus passarem necessidade. Um dia uma
irmã pediu para que eu orasse pela sua mamãe, que era tão carente e que estava
no asilo. Logo em seguida falou-me da viagem à Europa que faria com o marido,
que lhe custara 30 mil reais. Eu perguntei: "será que sua mamãe não vale muito
mais do que toda a Europa?" Ela aborreceu-se. E eu lamentei, pois manifestou
estar construindo a sua vida com madeira, feno e palha.
O crente que ama, que coloca o próximo
antes de si próprio é sempre produtivo e é sempre suprido. Ele assemelha-se a um
rio caudaloso: a água entra abundantemente. E, com a velocidade com que entra,
também sai. Mas deixa um rastro de piscosidade em seu leito, com uma infinidade
de peixes e vida aquática, de belezas naturais e de frescor, características que
uma lagoa egoísta e sem saída de água não tem. A lagoa só recebe. E tanto recebe
sem distribuir que apodrece. Em seu leito está toda sorte de vermes, de bichos e
de sujeiras. O crente que constrói com ouro, prata e pedras preciosas é rio, não
lagoa sem saída.
PRIMEIRO EU,
DEPOIS OS MEUS
DESEJOS
Uma coisa é a necessidade básica para
uma vida suprida; outra muito diferente é a vida regalada, suprida pelos
caprichos e pelas vaidades. Aquele que deixa de suprir as coisas fundamentais e
básicas para a vida e enche-se de banalidades e de desejos impróprios está
construindo com madeira, feno e palha.
O meu irmão costuma sentar-se à mesa e
primeiro servir-se de salada e misturar com linhaça. Ele come essas coisas e
depois serve-se de outras. Sua frase célebre é: primeiro o dever, depois o
prazer. Lembro-me daquelas mães que educam filhos pequenos. Se os pequeninos
guiarem a mãe para escolherem suas próprias alimentações, encherão o estômago de
balas, doces, chocolates, bolos, chicletes. Mas as mães prudentes não permitem;
elas dão comida substanciosa e que possua vitaminas e todos os ingredientes
necessários. Em alguns momentos liberam os desejos, limitadamente. Elas querem
suprir primeiro a necessidade, e só depois dar o prazer.
Assim é o crente que constrói com ouro,
prata e pedras preciosas. Ele cuida de si. Ele cuida de sua vida interior, lendo
coisas que constróem, lendo a Bíblia Sagrada para ouvir a voz de Deus; ele ora
diuturnamente, buscando a comunhão com o Senhor. Ele mantém-se ativo em sua
igreja e busca o que fazer. Ele exercita-se fisicamente, seja através do serviço
ou ajuda ao próximo, seja com exercícios físicos. Ele dorme o suficiente e
alimenta-se com responsabilidade. Ele protege-se das infecções e cuida do corpo
como o templo do Senhor. Ele é responsável para com a sua vida.
Ele não preenche as suas horas vagas com
banalidades. Ele não é escravo de jogos intermináveis de videogame ou da
internet. Ele não gasta o tempo a assistir esportes sem fim. Ele não passa as
noites nas baladas e nem gasta a sua mente com filmes que não edificam. Ele não
destrói o corpo e a vida com coisas passageiras e efêmeras. Ele é fiel, é
responsável, é prudente.
Ele só deixa de observar isso quando
oferece a própria vida, a própria carreira, o próprio tempo, a própria
alimentação e tudo o que tem por amor a Cristo ou para ajudar aquele que carece
de si. Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos
dar a vida pelos irmãos. (1Jo 3:16)
Assim, com essas três regras, PRIMEIRO
DEUS E DEPOIS O RESTO; PRIMEIRO O PRÓXIMO E DEPOIS O RESTO; PRIMEIRO EU E DEPOIS
OS MEUS DESEJOS, nós construiremos uma vida que não será destruída pelo fogo da
provação dos reais sentimentos, motivos e valores no dia do grande tribunal de
Cristo.
Não coloquei PRIMEIRO, SEGUNDO E
TERCEIRO porque tudo o que fizermos é simultâneo. Amamos a Deus, amamos o
próximo e nos amamos o tempo todo. E harmonizamos esses três focos de amor com a
graça do Senhor, com o equilíbrio e com a sabedoria de Deus. Quem assim leva a
vida não terá muito que se decepcionar no dia em que for
julgado.
Para terminar: com que materiais o
querido leitor tem construído a sua vida?
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
11/04/2016
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