segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

memórias literárias - 397 - QUEM NÃO DÁ SETA



QUEM NÃO
DÁ SETA
397
Os veículos automotores, os carros, sejam particulares ou públicos, vêm equipados com uma chave de seta, que faz acender a luz externa do lado em que o motorista vai entrar. Serve para sinalizar e para mostrar respeito e consideração pelos motoristas que estão próximos. Com esta sinalização evitam-se acidentes e manifestam-se os valores éticos e morais que tais condutores têm em seus corações.
 
Ora, uma simples seta pode mostrar o valor ético e a moral do condutor?
 
Sim, pode. É claro que há aqueles que não dão seta porque a mesma encontra-se queimada, danificada, em curto-circuito. Estes certamente estão tensos, sabendo que aborrecem o trânsito e podem provocar acidentes. Estes não estão listados em minha reflexão.
 
Falo dos que NÃO DÃO SETA, dos que não sinalizam, podendo e devendo fazê-lo. Possuem carros equipados, estão com seus braços livres para agir, mas não agem, ou, pior que isso, fazem questão de invadir a pista dos outros motoristas, acelerar, brecar ou cortar, costurar, destruir a harmonia do trânsito. As ruas e estradas estão repletas de gente assim. Foram geradas pelas habilitações ineficazes, pelas certificações falsas ou compradas por parentes e autoridades complacentes, ou então são compostas pela geração dos inclusivos, dos "riquinhos"  e dos NEM-NEM (nem trabalham e nem estudam), que pensam ser o trânsito um brinquedo de videogame.
 
Quem não dá seta mostra o desrespeito com o próximo. Ele não liga para os outros, não dá a mínima por invadir o espaço alheio. Isso mostra a maneira com que encara a sua própria vida dentro do meio em que vive: sem respeito pelo próximo. Provavelmente não teria dificuldades em empurrar e em derrubar colegas de trabalho para ficar com suas vagas ou suas posições de liderança. Não tem problemas em colar para a prova. Não teria drama de consciência em trair um amigo ou enganar uma esposa. Ele não liga para as regras ou para a opinião do próximo. Ele quer avançar, seguir, não importa se agredir o outro ou se tomar à força a oportunidade de outrem.
 
Quem não dá seta é egoista, só pensa em si mesmo. A sua consideração pelos outros é zero, a consideração para consigo é alta, mesmo que seja burra. Sim, uma burrice sem tamanho. Ele pode se acidentar em outro automóvel ou inspirar a fúria de outro condutor que se sinta agredido ou invadido. O valente só é valente enquanto não encontrar valente maior. Então ele deixa de ser valente e torna-se um morto. Mas aquele que não dá seta não pensa em nada disso. Ele confia no arranque do seu motor, na potência do seu carro e na artimanha de sua direção. E assim segue na vida, correndo, derrubando, agredindo, até que a própria idade ou morte demonstre a ele que viveu uma vida torpe e terá contas a acertar com o Altíssimo.
 
Quem não dá seta não ama a família. Um acidente gerado por falta de sinalização não é mera falha humana, mas falta de amor humano. Um condutor deveria lembrar-se de que há uma esposa, um filho, uma mãe, um pai, alguém que se preocupa com ele. Da mesma forma o outro condutor, que será fechado por ele, tem família e pessoas que o amam, e um acidente provocado por falta de seta é a plena banalização da vida, uma confissão prática de que as famílias não valem nada. Neste rol estão aqueles que praticam esportes radicais, tão radicais que não mereciam ter famílias que por eles chorassem. Afinal, choramos pelos que morrem involuntariamente; quem morre porque quis deveria seguir sem tais lágrimas, pois não as mereceu.
 
Quem não dá seta não teme a Deus, pois crê que não há polícia e nem radar que lhe detecte. Infelizmente no Brasil a lei é para poucos, inclusive no trânsito. Um deputado que estraçalha uma família a 180 quilômetros por hora numa rua cujo limite é de 60 continua solto no Brasil, enquanto que um ladrão de galinhas pode estar morto nas rebeliões dos presídios do norte. Então esse motorista que não dá seta pensa que tudo isso não terá o menor valor e que não virá à tona diante de Deus, pois nem crê em Sua existência. Pobre infeliz! Terá que dar contas da maneira ímpia com que conduziu o seu carro.
 
À propósito, você dá seta quando tem que fazer uma conversão à esquerda, à direita, quando tem que sair da pista, quando vai mudar de faixa? Não? A seta do seu carro está queimada? Não? Então, meu caro, só posso dizer uma coisa: corrija-se. Senão estará demonstrando que a sua ética e a sua moral não são dignas. E não adiantará ter adesivos no carro com o falso escudo da fé, com versículos, ou com frases do tipo "guiado por mim e conduzido por Deus", que a prática negará a prédica e o seu mau testemunho soará muito mais estridente do que as suas palavras.
 
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, (Ef 5:15)
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo

09/01/2017

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