PENSANDO
NA
AMIZADE
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Há aqueles que precisam de
nós. Então se aproximam, ligam, escrevem, conversam, pedem, doam, e,
principalmente, valem-se de nossa companhia, afeto e ajuda. Depois, quando as
circunstâncias não são mais avassaladoras para eles, esquecem-se de nossa
existência e nada mais comunicam. De quando em quando sabemos de notícias por
terceiros. Se estão bem, ficamos felizes e desejamos bênçãos. Se estão tristes,
oramos e mantemo-nos com as portas abertas para ajudar
novamente.
E quanto
a mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós;
antes vos ensinarei o caminho bom e direito. (1Sm
12:23)
Há aqueles que desejam
dominar-nos. Aproximam-se, buscam pontos de referência, mostram-se animados e
entusiasmados com as nossas lides. À princípio até demonstram parceria; contudo,
ao passar o tempo, manifestam um insaciável desejo de domínio, de manipulação,
de ditar as regras, de refazer as normas, de tornar-nos submissos as suas
vontades. Então chega o conflito, o dissabor, a cisão, o rompimento e, não raras
vezes, o fim das relações. Se as questões eram apenas de incompatibilidade sem
consequências morais, um dia um relacionamento leve e livre poderá ressurgir. Se
envolveu ofensas e agressões, dificilmente haverá retorno. Tudo é belo em seu
tempo e há tempo de deixar de abraçar. Perdoados, mas
distantes.
Tempo de
espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de
afastar-se de abraçar; (Ec 3:5)
Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo? (Am
3:3)
E tal
contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando
consigo a Marcos, navegou para Chipre. (At 15:39)
Há aqueles que não querem
amigos; querem sustentadores: incapazes de dar um passo por si só, exigem de nós
as decisões que eles mesmos deveriam tomar. Se for amor, querem que ditemos as
cartas; se for serviço querem que trabalhemos por eles; se for saúde querem que
sejamos os médicos, enfermeiros e o próprio remédio; se for carência afetiva
querem que supramos os seus vazios. Então, em algum momento, alguém resolve
romper esse processo de parasitismo e a relação se rompe. Quase sempre o
dependente sai ferido, julgando-se o mais infeliz de todos os viventes, acusando
o amigo de ter destruído a sua história. Só deixará de falar quando encontrar
outra pessoa em quem lançará as suas raízes, no abraço mortal do parasita
vegetal, manipulando o próximo até destruí-lo ou até que o outro também acorde.
A
sanguessuga tem duas filhas: Dá Dá. (Pv 30:15)
Mas há aqueles que são
amigos. E amizade exige respeito. Nem sempre os amigos concordam; pelo
contrário, a amizade exige sinceridade e transparência. Porém, por terem laços
firmes e voluntários, os amigos brigam, discutem, se separam, mas não são
capazes de manter a distância, pois o respeito mútuo e a afeição sincera os
reaproxima. Eles não exigem que os outros vivam as suas vidas, coloquem o pão em
suas mesas ou tomem as suas decisões. Pelo contrário, têm prazer em contar, em
ouvir, em falar, em pensar alto. Não são capazes do abandono, pois OS VERDADEIROS AMIGOS SÃO OS QUE FICAM QUANDO TODOS OS DEMAIS
FORAM EMBORA.
O homem
de muitos amigos pode congratular-se, mas há um amigo mais chegado do que um
irmão (Pv 18:24)
Fiz-me
acaso vosso inimigo, dizendo a verdade? (Gl 4:16)
Às vezes não têm contato
constante, não se falam sempre, não visitam a casa do outro em todo o tempo. Não
pedem ajuda para qualquer coisa e nem invadem a privacidade do companheiro.
Entretanto, sabem e têm certeza de que, quando de fato precisarem, terão um
porto seguro, uma âncora, alguém em quem confiar de verdade. Os bons amigos são
assim, e o são para vida toda. Eles festejam a alegria do outro e choram as
suas dores. Mas mantém a privacidade e a distância necessária, transformando os
reencontros em momentos especiais e memoráveis. E, em sabendo, repartem o seu
pão, celebram a alegria e choram as tristezas juntos!
Porque
pela obra de Cristo chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida
para suprir para comigo a falta do vosso serviço (Fp
2:30)
Ninguém
tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. (Jo
15:13)
Quem não tem um único amigo
assim tem que repensar a sua própria conduta. Quem diz que não tem amigos é
porque não se fez amigo de ninguém. É preciso cultivar alguns, tratando-os como
gostaríamos de sermos tratados.
Porque
com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes
medido vos hão de medir a vós. (Mt 7:2)
Dai, e
ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no
vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de
novo. (Lc 6:38)
Amigos são jóias que
guardamos com carinho. Amigos são dádivas.
Neste mundo virtual alguns
aparecem e muitos desaparecem. No ministério pastoral muitos nos conhecem, mas
poucos de fato desenvolvem duradouras amizades. Nas igrejas a realidade é a
mesma; nas famílias, no trabalho, na escola, em toda a parte. A vida é assim.
Até na questão da gratidão a medida é de 10% de retorno: 90% ficará sem
retribuição aqui; mas no Céu há um galardão!
E
qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos,
em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu
galardão (Mt 10:42)
E,
respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não
houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? (Lc
17:17-18)
Escrevo este texto para
saudar aqueles que, de fato, prezam por uma boa amizade. Deus muito lhes
abençoe!
27/01/2017
Pastor Wagner Antonio de
Araújo
Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel
em Carapicuíba, São Paulo, Brasil
whatsapp: +5511
99699-8633
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