O TESTE
DE
ALAOR
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Era um bom
emprego. O salário era bem valorizado e os ganhos por comissão de venda eram
muito promissores. Alaor estava feliz. Nos primeiros quatro meses triplicara os
ganhos e recebera elogios da gerência.
Foi numa
segunda-feira que as coisas mudaram. Um e-mail institucional chegara à sua caixa
postal. "Convocado para a noite especial". "Noite especial? O que seria isso?"
Alaor foi até o gerente e perguntou-lhe.
- Chefe, que
noite especial é essa?
- Ninguém lhe
falou nada ainda?
- Não. De que
se trata?
- Alaor, hoje
teremos uma noite daquelas. Avise em casa que só irá chegar pela madrugada. Diga
que vai trabalhar até mais tarde. Nós teremos um encontro com uma dúzia de
clientes ricos. Já preparamos um hotel, uma pista de dança e muitas mulheres.
- O senhor
está dizendo que a empresa vai financiar uma orgia?
- Não veja
por esse lado. Nós, vendedores, temos que ter bom relacionamento com os nossos
clientes. Ali teremos uma noite bem à vontade e poderemos estabelecer amizades
sólidas. Todo ano temos uns quatro ou cinco encontros assim. Mas fique
tranquilo. Tudo "privê" e com segurança. Não tem erro!
Alaor estava
perplexo. O que fazer? Dois anos desempregado foram duros demais para que se
repetissem. Mas participar daquilo era contra os seus valores familiares e
cristãos. De sua mesa ligou ao gerente:
- Chefe,
tenho a opção de não ir?
- Claro que
tem! Você pode não ir e também não precisará voltar aqui no departamento, ok?
Pare de bobagem, homem! Aproveite a vida! Teremos champagne e muita
canabis!
Alaor foi ao
banheiro, dobrou os joelhos e orou. Pediu a Deus sabedoria e graça. Avisou em
casa que não chegaria no horário. E saiu com a turma para o hotel privê do outro
lado da cidade. Lá encontrou outros colegas, todos animados e já de posse de
outras mulheres, as mais lindas que já vira. Uma moça veio ao seu encontro e ele
desculpou-se e não correspondeu. Entraram na boate defronte da pista de danças.
Sentou-se e pediu uma água tônica. O gerente veio até ele e
disse:
- Ânimo,
rapaz! Um serviço destes não sairia por menos de mil reais e você vai ter isso
de graça! Aproveite!
Alaor
contemplava perplexo a baixeza e a perversidade moral de seus colegas. Alguns
eram pais de família e estavam repugnantemente indecentes. Moças lindas, com
idade similar as de suas irmãs depravavam-se diante de desconhecidos,
conduzindo-os às suites luxuosas. Do outro lado futuros clientes fumando maconha
e bebendo champagne. Era horrível.
Ele
levantou-se, procurou o gerente, que estava a beijar uma das mulheres e
disse:
- Chefe,
estou saindo. Amanhã passo no departamento para pegar as minhas
coisas.
- Seu idiota!
Vá embora mesmo! Você não sabe viver! Você nunca será um bom vendedor! Seu
fracassado!
Alaor chegou
às 22 horas em casa. Tomou o seu banho, fez o seu culto doméstico com a esposa e
deitou-se. No dia seguinte foi ao departamento. Em sua mesa estavam os seus
pertences, já fora das gavetas. Tomou uma caixa de papelão e foi colocando ítem
por ítem, condicionando-os direitinho. Os poucos colegas que ali estavam olhavam
com desdém para ele. "Bobão"; "Crente fanático"; "Trouxa, não soube valorizar a
oportunidade". Alaor escutava calado.
Quando já
estava prestes a sair o seu telefone tocou. Ao atender
escutou:
- Vendedor
Alaor?
-
Ex-vendedor, infelizmente. Pois não?
- Eu lhe vi
ontem naquele hotel. Estou certo?
- Sim,
viu-me, lamentavelmente.
- E saiu
antes de todo mundo. Por que?
- Porque sou
um cristão e não comungo com essa depravação moral. Tenho família e tenho
caráter, não vou fazer um papel que não me corresponde para poder ganhar a
vida.
- Você não
sabia que era preciso fazer de tudo para conquistar os
clientes?
- Se fazer de
tudo significa romper o meu relacionamento com Deus e enganar a minha família eu
não sirvo para vender nada nesta empresa. Por isso estou indo embora. Posso
transferi-lo para outro vendedor, se desejar.
- Olhe para a
porta, Alaor.
Alaor olhou.
Ali estava o figurão da indústria, cobiçado pela gerência e bajulado por todo
mundo. Alaor, perplexo, não estava entendendo. O homem chegou-se à sua mesa,
puxou uma cadeira e sentou-se. O gerente correu a saudá-lo, mas o homem sequer
olhou para ele. Os colegas estavam pasmos. "O que significa isso?",
pensavam.
- Alaor, eu
estava lá no hotel também.
- Eu percebi,
senão não saberia que eu saíra antes dos demais.
- Eu saí
depois de você. Eu também sou cristão e aquilo não me seduziu em
nada.
O gerente
então interrompeu:
- Seu
Evaristo, se nós soubéssemos teríamos contratado um coral de igreja!
- Cale a
boca, rapaz. Deixe-me continuar a falar com o seu
vendedor.
E olhou para
o Alaor. Sorriu e lhe disse:
- Eu estou
disposto a assinar o contrato com esta empresa. Mas só o farei se lhe derem a
exclusividade da minha conta, se lhe derem uma comissão extra e se lhe
respeitarem como cristão.
Olhou para o
gerente e perguntou:
- Uma conta
de três milhões lhe interessa, gerente?
O gerente,
vermelho como um pimentão, envergonhado pela situação,
disse:
- Mas é claro
que sim! Daremos a exclusividade ao Alaor e ele terá a liberdade de ser quem
é.
O contrato
correspondia a um crescimento de 50% no faturamento da empresa. Alaor foi
promovido a gerente. E daquele dia em diante não houve mais noitadas sedutoras
para seduzir clientes. A empresa não precisava disto. Em três anos Alaor
tornou-se sócio e transformou a empresa na líder do seu
setor.
Caro leitor,
como está o seu testemunho diante do mundo onde vive? Você rebaixa a sua moral e
a sua dignidade para ganhar o seu pão? Você engana a família e vive uma farsa
para sobreviver? Pois saiba que de nada adianta ganhar o mundo inteiro e perder
a sua alma. Alaor foi firme e deu testemunho de sua fé e foi vencedor. Você
também pode vencer, se tão somente buscar primeiro o Reino de Deus, sem temer o
que lhe possa fazer o homem.
Não se
rebaixe para o mundo e não se renda a Satanás. Seja um cristão verdadeiro e
testifique da verdade. O Senhor tem bênçãos àqueles que forem fiéis. Não se
prostitua, não minta, não faça as coisas que vão contra os valores bíblicos só
para ganhar dinheiro. Sirva a Deus. Ele sabe recompensar os Seus.
Wagner
Antonio de Araújo
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