segunda-feira, 28 de setembro de 2015

memórias literárias - 252 - A CAMA


 


 
A CAMA
252
 



 
A CAMA
Fui deitar-me.
Puxei os cobertores e enfiei-me no meio dos  lençóis.
Tentei arranjar-me durante uns dez minutos, mexendo-me em todos os sentidos, até que, triunfantemente, acomodei-me, tendo encontrado a posição ideal!
Então veio a triste lembrança: esquecera-me de ir ao banheiro!
Novamente levantei, colocando a perder todo o esforço que fizera para arrumar-me no leito.
Após a realização da minha atividade típica de W.Cs pré-sonos, voltei e deitei-me de novo.
Pensei com os meus botões, digo, com o único botão do meu pijama: "Será que tomei o remédio?"
Um tanto alterado no humor, levantei-me, para tomar a droga de comprimido. Voltei para a cama, na esperança de, enfim, encontrar alento à minha luta titânica em prol do descanso.
Agora o sono me fugia. "Contar carneirinhos". Mas, carneirinhos são chatos. Decidi contar CDs, muito mais interessantes. Então comecei: "1, 2, 3, 4 , MIAU..." - "MIAU?" Que número era esse?
"MIAU", escutei novamente. Era um casal de gatos namorando em cima do muro da frente de minha casa. Os empestiados estavam namorando sem respeitar aos pobres humanos que tentavam dormir. Gritei com eles: "Fora, chô, desapareçam!" Mas, quê, quem os tirava do "meu bem, meu amor?" Apelei para a violência: peguei uma velha régua escolar e arremessei-a com força: arrebentei a régua e eles não foram atingidos... Por fim, foram-se. Voltei ao leito de dor...
Lembre-me que havia deixado a torneira do banheiro pingando. Ah, fui até lá para conferir. Voltei para a cama. Deitado, pensei: "Onde será que deixei a minha carteira?" Larguei os cobertores já enfezado e coloquei-me a procurar a dita cuja. Abri gavetas, mexi nos armários, revirei a biblioteca, desarrumei papéis e, por fim, fui encontrá-la no bolso da calça, onde tradicionalmente a coloco. Que raiva!!
Deitei de novo. Estava apertado. Precisava ir novamente ao banheiro. Fui e voltei. Quando estava adormecendo, um bendito pernilongo (muriçoca) começou a zunir na minha orelha. "Aja paciência!", eu já estava desesperado. Dei 5 tapas no rosto, com força, e não matei o infeliz! Fiquei com a cara vermelha. Levantei três vezes, perseguindo-o até a sala. Na terceira consegui vencê-lo.
Pensei então que agora tomaria os louros da vitória: finalmente iria dormir!
Foi quando ouvi, feito uma bomba atômica, o despertador tocar. Era hora de levantar.
Droga!!!
Pr. Wagner Antonio de Araújo
(baseada em texto que escrevi em 1985, num concurso literário do colégio onde estudei.).
Formatação de Meire Michelin, da lista "Em Nome do Amor", a quem agradeço.
(Imagem de base: Anne Geddes - http://www.annegeddes.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...