AJOELHADOS
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Foi-se o tempo em que os cultos
mantinham momentos onde o povo de Deus dobrava os joelhos. No meio católico é
mantida a tradição; porém, infelizmente, tradição e motivações diferentes
daquelas mencionadas nas páginas da Bíblia (veneração de imagens, adoração da
hóstia etc). O neopentecostalismo, uma heresia não cristã em sua essência,
ensina os seus adeptos, que se chamam de crentes e usam as nossas denominações,
a se ajoelharem diante de seus falsos apóstolos, primazes e profetas. Os
cristãos comuns, por sua parte, não têm se ajoelhado com frequência. Andam
arrogantes, metidos a patrões, exigindo de Deus alguma coisa. Quando se dobram,
buscam intimar a divindade a entregar aquilo que supostamente prometera nas
páginas das Escrituras Sagradas ou na boca dos oráculos modernos chamados
profetas. As igrejas gostam é de celebrar, pular, dançar, se divertirem às
custas de Deus! O antes e o depois dos cultos denotam a falta de respeito na
Casa de Oração: não há um clima de contrição, senão de entretenimento ou de
confraternização; instalação ou retirada de instrumentos e sonorização. Quanta
saudade da igreja onde podíamos entrar, nos sentarmos e orarmos demorada e
contritamente ao Pai!
Os chamados heróis da fé viviam de
joelhos. Tiago, o meio-irmão de Jesus, recebeu o apelido de "Tiago Joelho de
Camelo" pela grossura dos calos nos joelhos, provocados por inúmeras vezes em
que se ajoelhara diante de Deus. Em toda a história da igreja cristã encontramos
os heróis e as heroínas a buscar a Deus de joelhos, em contrição, em
reconhecimento da autoridade divina sobre a vida e a história humana. Contou-nos
John Paton (herói da fé, evangelista das Ilhas Hébridas) que o que mais tocava o
seu coração era ouvir o pai, Tiago, ajoelhado em lágrimas no seu "santo dos
santos", a implorar pela vida dos seus filhos. Suzana Wesley, a mãe dos Wesley,
tinha tantos filhos e tantas atribuições, mas era constantemente flagrada de
joelhos pelos pequeninos, nas duas horas que gastava diariamente neste afã.
David Livingstone, o explorador inglês e evangelista herói da fé na África, foi
encontrado morto, de joelhos, em seu quarto; ele literalmente dormiu de joelhos
na presença do Senhor!
As igrejas evangélicas, principalmente
no meio pentecostal original, mantinham o costume de, ao chegar à Casa de
Oração, dobrar os joelhos em silenciosa e contrita oração com Deus. Os
protestantes, e, ao lado deles, os batistas, costumavam ver os seus líderes e
dirigentes do culto, de joelhos na plataforma, consagrando as atividades, depois
de terem orado numa sala à parte. Os crentes, em suas casas, mantinham o costume
de dobrar os joelhos antes de dormir, buscando a face do Senhor.
Hoje nem se ajoelha e nem se ora. Que
tragédia! O resultado é visivelmente horrível: uma igreja rica, cheia de
recursos tecnológicos, repleta de gente, com música de qualidade profissional,
mas sem a presença de Deus ou a graça do Senhor. Não há enchimento do Espírito,
pois os vasos estão cheios de si próprios. Esqueceram-se do que Moisés fez ao
contemplar a sarça ardente: recebeu ordens de tirar as sandálias por estar em
terra santa(Êx 3.5). E prostrou-se diante de Deus (prostrar-se é mais que
ajoelhar-se; é lançar mãos e pés ao chão, esticando-se em completa rendição).
Josué, ao ser visitado pelo Príncipe dos Exércitos do Senhor, recebeu a mesma
determinação, prostrando-se imediatamente (Js 5.14-15) . E assim encontramos
todos aqueles que foram grandes em sua fé e em sua dedicação ao Senhor, a
prostrarem-se diante de Deus, humilhando-se e rendendo-se (Ef 3.14; At 20.36) .
Nosso exemplo maior é o próprio Senhor Jesus, que, no Getsêmani de dor,
prostrou-se para orar (Mt 24.35).
Está mais do que em tempo de nós, povo
de Deus, ajoelharmo-nos diante da Santíssima Trindade. Se quisermos andar eretos
na vida, nos negócios, na espiritualidade, na moralidade e na consciência,
devemos nos prostrar diante dAquele que era, que é e que há de vir, o
Todo-Poderoso. Sim, porque Ele diz: "E o que a si mesmo se exaltar será
humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado." (Mt 23:12). Ó, vinde,
adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou. (Sl 95:6).
O crente que mantém-se de joelhos diante de Deus nunca cai, pois encontra-se
debaixo da graça e da autoridade do Senhor. Aquele, pois, que cuida estar em pé,
olhe não caia. (1Co 10:12). E isto não é uma questão meramente de joelhos
físicos, propriamente falando. Há gente que se ajoelha com arrogância, ao passo
que há quem não pode mover os joelhos e é quebrantado. Ajoelhar-se é mais que um
ato físico; é uma atitude da alma. Perto está o Senhor dos que têm o coração
quebrantado, e salva os contritos de espírito. (Sl 34:18). Nem toda oração
precisa ser feita literalmente de joelhos; mas o coração deve ajoelhar-se e,
quando possível, e se os joelhos funcionarem, deve unir o coração ao corpo, e,
se possível, prostrar-se diante do Senhor. Um ato cerimonial, um rito, mas
também uma obediência. Até no Céu os anciãos prostraram-se diante do Altíssimo!
(Ap 19.4)
Precisamos de locais públicos, casas de
oração, onde tenhamos a oportunidade de dobrar os nossos joelhos diante do Pai.
Precisamos de quartos e locais secretos onde também venhamos a fazer o mesmo
diante de Deus. Nossos salões de culto, capelas, templos, salas de encontro
devem se tornar Casas de Oração! Há de haver um Monte Horebe para cada coração,
um Monte Sinai para cada vida e um Getsêmani para cada um de nós! Temos que
devolver às nossas casas de oração a sua autêntica finalidade: além da pregação
da Palavra de Deus, também o local de refúgio das almas contritas, a nossa
Betel!
Que o Senhor nos coloque de joelhos e
que compreendamos que Ele é o nosso Deus e nós rebanho do Seu
pastoreio!
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
04/03/2016
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