FOMOS
GRAMPEADOS!
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A nação brasileira ouviu,
perplexa, as gravações de telefonemas particulares das maiores autoridades
governamentais do país. E o que ouviu foi de tal forma aviltante, chulo,
criminoso e vil, que transformou um conhecimento público no estopim final da
indignação nacional. Há uma repulsa, um nojo, um mal-estar generalizado, uma
impressão de hipocrisia pública, pois o que se ouviu é tão diferente da imagem
pública, que causa uma sensação de traição, de ludíbrio, de maquiagem artística
enganadora.
Os que tiveram as
vozes reveladas discutem a legalidade das gravações, esquecendo-se,
infelizmente, de que o conteúdo registrado é de tal forma degradante que não há
desculpas para o que foi dito, seja em privado, seja em público. Mulheres,
homens, presidente, ministros, deputados, prefeitos, advogados, gente que
deveria dar o exemplo através de uma linguagem sadia e virtuosa, mostraram-se
chulos, mundanos, promíscuos, torpes e absolutamente degradantes.
CONTUDO, e não querendo em
hipótese alguma tirar uma vírgula sobre a gravidade de tais gravações, eu me
pergunto: o que aconteceria se os PASTORES e MINISTROS DO EVANGELHO recebessem
uma escuta telefônica, tendo suas conversas particulares gravadas e publicadas?
O que aconteceria se as ESPOSAS e os MARIDOS cristãos fossem grampeados e
tivessem suas falas registradas para os cônjuges? O que os filhos achariam das
conversas íntimas de seus pais com amigos ou conhecidos? O que aconteceria se OS
CRISTÃOS fossem monitorados e tivessem seu sigilo pessoal
descoberto?
Ouso dizer que muitos de
nós nos surpreenderíamos com as coisas que dizemos em particular!
Lamento afirmar que muito do que não se diz publicamente para evitar escândalo,
é dito sobejamente em privado, sem pejo e sem piedade!
Acompanhemo-nos em nossas
falas diárias.
O que dizemos quando um
carro nos fecha no trânsito e estamos sozinhos no volante? O que falamos quando
ninguém nos escuta? O que dizemos quando um carrinho de supermercado passa sobre
o nosso pé? O que dizemos quando tomam o nosso lugar na fila? O que dizemos
quando a conta de luz chega com 70% de aumento e o salário com um desconto
monstruoso?
O que dizemos ao telefone
com pessoas de nossa intimidade, pessoas com quem podemos pensar alto? Muitas
vezes, sem a ética pública, deixamos que a linguagem se torne livre e solta e,
não raras vezes, transformamos a nossa fala num monumento ao baixo calão e ao
livre curso dos palavrões!
O que dizemos sobre as
pessoas quando estamos com outras que gozam de nossa intimidade? Na frente delas
somos corteses e elegantes; mas basta que estejamos seguros da privacidade para
que expressemos da forma mais dura e ácida a nossa opinião sobre amigos, sobre
líderes, sobre irmãos, sobre ministros do evangelho, sobre pessoas da família,
sobre liderados, sobre funcionários ou patrôes. Se as nossas conversas fossem
gravadas poderiam não ser muito diferentes das chulas e torpes conversas que
ouvimos durante esta semana!
Conheci um pastor que, ao
jogar futebol, era quem mais xingava em campo. Interpelado pela juventude da
igreja, ele saiu-se com essa pérola: "Na igreja eu sou pastor; aqui eu sou
atleta". Conheci um pregador que não percebeu a presença de uma abelha junto ao
púlpito; enquanto buscava a passagem bíblica foi picado pelo inseto. E, com toda
a força da expressão, gritou um palavrão escabroso para um auditório de 200
pessoas! Claro, acostumado a xingar em particular, reagiu da forma natural e sem
lembrar-se da etiqueta! "... porque da abundância do
seu coração fala a boca."(Lc 6:45) Quantas cristãs que postam no
facebook usam expressões chulas para falar de suas emoções, opiniões ou
deboches! Lembro-me de ter sentido vergonha de membros da igreja que pastoreio,
quando vi expressões mundanas em suas publicações!
Os fatos desta semana
tenebrosa no Brasil levaram-me a examinar-me intimamente.
Se um grampo fosse
instalado não em meu telefone, mas em minha mente, o que seria coletado? O que
seria escutado? Que tipo de palavras seriam registradas? E as que eu falo na
intimidade das pessoas que convivem comigo, expressam a fé que eu alego ter no
Senhor Jesus Cristo e numa vida guiada pela Palavra de Deus? Será que eu sou
realmente alguém que vive o que prega? Será que o que eu falo em particular não
escandalizaria os que olham para mim em busca de um exemplo a ser
seguido?
Mas agora, despojai-vos também de
tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da
vossa boca. (Cl 3:8)
Se sou um cristão
verdadeiro tenho que ter cuidado com o que penso e com o que falo. Ser livre em
Cristo não significa ser livre para pensar no que quiser ou falar o que desejar
e com a linguagem que escolher. A linguagem do crente deve ser uma linguagem que
expressa um nível moral, ético e espiritual à altura do senhorio de Jesus
Cristo!
Linguagem sã e irrepreensível, para
que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós. (Tt
2:8)
O adversário, Satanás,
busca oportunidades para nos envergonhar e envergonhar o evangelho de Cristo.
Cada vez que damos vazão às palavras de baixo calão, que expressamos opiniões
ácidas contra as pessoas ou que nos envolvemos em palavreados mundanos e chulos,
envergonhamos a Cristo e nos tornamos um escândalo para o
evangelho.
Porque por tuas palavras serás
justificado, e por tuas palavras serás condenado. (Mt
12:37)
Sim, as minhas palavras
são preciosas. Enquanto na minha boca, são minhas escravas. Quando saem, eu me
torno escravo delas. E a questão é simples: eu disse. E, por ter dito, tenho que
assumir todas as consequências! Se foram palavras sábias, elas trarão vida,
transformação e bênção; se foram palavras chulas, satânicas e mundanas, elas
trarão a minha condenação e a minha perdição.
O que vos digo em trevas dizei-o em
luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados. (Mt
10:27)
O Senhor Jesus disse que
Suas palavras seriam proclamadas nos telhados. Seriam divulgadas. E, em sendo
seguidores do Senhor, as nossas também. Assim, as palavras que dizemos, quer
sejam públicas, quer sejam privadas, devem passar pelo crivo
divino:
Não saia da vossa boca nenhuma
palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê
graça aos que a ouvem. (Ef 4:29)
Será que um telefonema
meu, grampeado, edificaria a pessoa que o escutasse? Será que o que eu digo
depois do culto em particular pode ser publicado no boletim da igreja? Será que
o que falo no carro sozinho é digno do nome do Senhor? Será que o que eu publico
nas redes sociais ou nos whatsapps da vida, em particular, poderia ser
inspirativo se viesse a ser público?
Pois eu quero afirmar com
absoluta segurança: um dia TODOS prestaremos conta de CADA PALAVRA que já
dissemos. "Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa
que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo." (Mt 12:36)
Teremos que prestar contas; não com a justiça do país, mas com O DEUS DE
JUSTIÇA, de onde emana todo dom perfeito e toda verdade.
Estaremos preparados para
o grampo divino?
Não havendo ainda palavra alguma na
minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces. (Sl
139:4)
Cuidemos de nossos
pensamentos. E, além deles, de nossas palavras.
Que Deus colha de nós
coisas melhores do que as que ouvimos nesta semana!
Fomos grampeados por
Deus.
Pr. Wagner Antonio de
Araújo
18/03/2016
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