51 ANOS
!
"EU
APRENDI"
Eu
aprendi
Eu aprendi que há um dia
depois do outro, sempre com uma noite entre eles. Assim, se eu tiver paciência,
poderei aguardar o amanhecer para tomar decisões mais
acertadas.
Eu aprendi que as paixões
cegam os olhos. Se eu confiar mais no que Deus ensina em Sua Palavra e na visão
sem paixão dos que me amam, poderei ter conselhos eficazes e evitar abraçar
pessoas ou causas que não valem a pena.
Eu aprendi que para a
realização familiar não há uma idade-limite. Assim como há variedade de
maturidade nas coisas criadas por Deus na Natureza (as couves produzem com três
meses e os carvalhos com décadas), assim também há tempos diferentes para a
felicidade familiar entre as pessoas; aguardar esse tempo e aproveitá-lo ao
máximo é o segredo! Hoje sou marido de uma mulher maravilhosa (Elaine) e tenho
uma filha maravilhosa (Rute Cristina)
Eu aprendi que as pessoas
amam o poder e são amigas de quem o detém; os legítimos amigos não se encantam
com os cargos ou poderes circunstanciais que recebemos em nossas mãos. Dessa
forma há pessoas que jamais olharão para nós, mas para o cargo ou o poder que
temos. Ainda assim teremos que amá-las e servi-las!
Eu aprendi que os amigos
são poucos. Amigos são os que ficam quando todos os outros vão embora, e que não
estão preocupados no que os outros vão pensar, mas no que eles mesmos vão pensar
se se esquecerem de nós. Amigos não dependem de empréstimos, auxílios ou
indicações, ainda que no exercício da amizade situações desse porte aconteçam. A
relação de estima e consideração só funciona de forma bela quando é uma estrada
de duas vias, quando nós também nos importamos com elas. Afinal, amizade não é
caridade, mas relacionamento mútuo!
Eu aprendi que é melhor
sermos considerados radicais ou inflexíveis do que completamente abertos para
mudanças. As âncoras existem para dar estabilidade às naus; se elas mudassem de
peso, de forma, de tamanho, não seriam âncoras, mas assessórios ou enfeites.
Âncoras são mais necessárias do que fatores-surpresa. É preferível sermos uma
torre onde relógios mecânicos mantém a hora certa do que digitais que zeram por
qualquer anomalia.
Eu aprendi que os momentos
devem ser vividos com toda a intensidade e com toda a gratidão. Eles podem ser
únicos em toda uma existência, ou então terem uma configuração de ambiente, de
pessoas ou de situações que jamais se repetirão. Ainda que o fotografemos ou
filmemos, somente a mente e o coração saberão vivenciá-lo completamente, e só
uma vez!
Eu aprendi a recordar e a
ser seletivo nas minhas recordações. Há aquelas coisas que nos entristecem, nos
trazem mágoas, abrem feridas; estas não precisam regressar. Mas há muitas outras
que trazem alegria, lágrimas de felicidade, ânimo para novos passos e ideais, e
devem estar sobre a mesa todos os dias. Recordar é viver!
Eu aprendi a não esperar
recompensas na Terra. Aqui elas são feitas de objetos, celebrações, prêmios de
deslocamento ou honrarias. Mas são rápidas e de pouca duração. A maior
recompensa na Terra é poder ser um cristão de bom testemunho, servir sem desejar
pagamentos e buscar parecer-se mais com Cristo a cada dia. Ele disse que há um
Céu e que lá serão lembrados todos os copos de água que demos. Isso
basta!
Eu aprendi a ser feliz com
a felicidade do próximo. Se ele estiver suprido, amando, prosperando, vencendo,
sarando da enfermidade, firmando-se na fé, reencontrando entes queridos ou
celebrando emprego ou formatura, quero festejar o seu sucesso e sentir-me feliz
por ele. Quanto mais feliz eu estiver pelo próximo, mais cultivarei no coração a
gratidão que dá sabor à vida.
Eu aprendi a dar valor aos
mais velhos, a honrá-los, a respeitá-los, a dar-lhes o tempo que lhes indique
serem relevantes e importantes. Os mais velhos trazem em si a experiência,
trazem consigo a maturidade. E sentem a falta dos seus contemporâneos que já
partiram. Se eu for sinceramente um amigo e um admirador, tenho certeza de que
estarei me beneficiando com estes heróis da vida e me preparando para, em algum
dia, também ser útil aos que são mais jovens. Eu também poderei ficar velho e
saberei o quanto um amigo presente e um ouvido atento são
valiosos!
Eu aprendi a fazer da
igreja o centro do meu serviço ao Senhor. Foi Cristo quem a fundou e mandou
organizar. Ali eu comungo com outros pecadores arrependidos e salvos, sirvo com
os dons e talentos recebidos, reparto os meus bens, sustento a obra do Senhor,
propago o evangelho e cresço na fé e na maturidade cristã. Não sei viver sem
Deus e, por isso, não conseguiria viver sem igreja, pois a igreja é de Deus.
Eu aprendi que família é
algo por demais precioso. Gastar todo o tempo do mundo com o trabalho, com a
escola ou com os afazeres diversos não trará nem para mim e nem para a minha
família o bom relacionamento que dura até a morte, até os anos da velhice, até o
momento da despedida. Quando eu deixar a empresa contratarão dois em meu lugar.
Os colegas terão os seus lares e eu ficarei só. Assim, se alguém deve receber a
minha atenção, esta é a minha família, a quem devo valorizar mais e
mais!
Eu aprendi que Deus tem que ter a minha
prioridade, ou Ele não terá nada. Ou Ele é o meu Senhor ou eu não estarei
debaixo de Seu Império. Se o chamo de Senhor e Salvador devo honrá-Lo com o
melhor do que tenho: o melhor do meu tempo, o melhor do meu patrimônio, o melhor
dos meus talentos e capacidades, o melhor da minha leitura, o melhor de tudo.
Afinal, como cristão que sou, a vida gira em torno de Jesus e é Ele quem estará
do outro lado da morte a me esperar.
Eu aprendi que irei morrer.
Não quando os diagnósticos dizem, como os meus, que decretaram o meu falecimento
a qualquer momento em 1982. Os que decretaram o meu óbito já faleceram e eu
estou aqui. Mas morrerei (se Cristo não voltar para o arrebatamento) e
descansarei no Senhor. Pode ser hoje, agora mesmo. Quero ter a consciência de
que Cristo me salvou e de que estou preparado. Sempre. E com alegria, sem temor.
Essa consciência eu tenho. Bendito seja Deus que me salvou em
Cristo!
Há tanto por dizer! Mas
nestes cinquenta e um anos de vida essas poucas coisas eu já
aprendi.
Não sei por quanto tempo
peregrinarei por aqui ainda. Mas, seja por um dia ou por uma década, quero
praticá-las todos os dias. E aprender tantas outras.
Obrigado, Senhor, por meus
51 anos de vida!
Wagner Antonio de
Araújo
São Paulo, 03 de setembro
de 2016
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