sexta-feira, 16 de setembro de 2016

memórias literárias - 361 - BAITA SAUDADE...


 

 
BAITA SAUDADE...
 

 
361
Acordar com o brilho do sol a penetrar pelas frestas da janela de madeira e pelos vãos das telhas altas do quarto.
 
Sentir o cheiro do café a ser passado lá na cozinha, junto com o aroma de pão de queijo recém-tirado da fornalha.
 

 
Sentar à mesa de toalha plástica estampada e beber o café na caneca de esmalte branco esfolado.
 

 
Trocar-se, colocando a roupa de trabalho, a bota com solado de pneu e sair pela estrada, contemplando as árvores verdinhas, os ipês floridos, os capinzais dourados e as trepadeiras cheias de botões. O vento traz o som do nhambú chitão e da garça branca. Os bem-te-vis cantam e respondem a si próprios, enquanto bandos de curruíras sobrevoam o pasto. Lá embaixo, no barranco, o som forte da água que desce da montanha, fresca, pura e cristalina, rompendo o vão das pedras e formando uma cachoeira pequenina e forte. Dá pra escutar o respingo sobre os copos de leite que florescem à margem.
 

 
No céu um sol de primavera, feliz e quente, a despertar o amor e a provocar a farta reprodução no campo. Galinhas com suas ninhadas de pintinhos ciscam ao redor das plantas e do estrume do gado, buscando bichinhos e chamando os filhotes quando encontram alguma coisa apetitosa. As galinhas d'Angola continuam ostentando sua fraqueza, cararejando que estão fracas. E o galo, imponente, galo índio brigador, imponente em cima do paiol, cantarola a cada meia hora, olhando o terreiro e observando seu harém galináceo.
 

 
Nas laranjeiras a flor se abre e exala um aroma tão gostoso e tão característico, que se pode senti-lo há dois quilômetros de distância! No cafezal os frutinhos estão verdes e vermelhos, alguns já no ponto para serem panhados. A mangueira começa a soltar botões, anunciando que, para dezembro, haverá tanta manga que o chão ficará coberto. E os bananais estão carregados, quase a derrubar as largas moitas que se aglomeram e se escoram umas às outras. Cachos bem grandes, alguns verdes, outros amarelos, visitados por periquitos e por papagaios oportunistas.
 
Logo mais, na hora do almoço, saber que no fogão de lenha, nas panelas de ferro, sairá um delicioso tutu de feijão com torresmo e linguiça frita!
 
Ah, minha roça amada e querida! Meu sertão mineiro, minha terra caipira! Minha Meia Légua, meu Cambuí do sul de Minas Gerais!
 

 
Aqui no escritório, enquanto trabalho e me preparo para outro final de semana na Obra do Senhor, relembro o quanto eu te amo e o quanto eu sinto a tua falta!
 
Obrigado, Senhor, pela linda natureza do nosso Brasil!
 
E quem tem tudo isso perto de si, por favor, aproveite e AGRADEÇA AO SENHOR! Vocês não sabem a falta que faz!
 

Wagner Antonio de Araújo

16/09/2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário

memórias literárias - 1477 - CHORA, Ó RAQUEL...

  CHORA, Ó RAQUEL...   1477   Quando o Senhor Jesus Cristo fez-Se homem, nascendo do ventre de Maria, Herodes o Grande desejou matá-Lo...