BAITA
SAUDADE...
361
Acordar
com o brilho do sol a penetrar pelas frestas da janela de madeira e pelos vãos
das telhas altas do quarto.
Sentir o cheiro do café
a ser passado lá na cozinha, junto com o aroma de pão de queijo recém-tirado da
fornalha.
Sentar à mesa de toalha
plástica estampada e beber o café na caneca de esmalte branco esfolado.
Trocar-se, colocando a
roupa de trabalho, a bota com solado de pneu e sair pela estrada, contemplando
as árvores verdinhas, os ipês floridos, os capinzais dourados e as trepadeiras
cheias de botões. O vento traz o som do nhambú chitão e da garça branca. Os
bem-te-vis cantam e respondem a si próprios, enquanto bandos de curruíras
sobrevoam o pasto. Lá embaixo, no barranco, o som forte da água que desce da
montanha, fresca, pura e cristalina, rompendo o vão das pedras e formando uma
cachoeira pequenina e forte. Dá pra escutar o respingo sobre os copos de leite
que florescem à margem.
No céu um sol de
primavera, feliz e quente, a despertar o amor e a provocar a farta reprodução no
campo. Galinhas com suas ninhadas de pintinhos ciscam ao redor das plantas e do
estrume do gado, buscando bichinhos e chamando os filhotes quando encontram
alguma coisa apetitosa. As galinhas d'Angola continuam ostentando sua fraqueza,
cararejando que estão fracas. E o galo, imponente, galo índio brigador,
imponente em cima do paiol, cantarola a cada meia hora, olhando o terreiro e
observando seu harém galináceo.
Nas laranjeiras a flor
se abre e exala um aroma tão gostoso e tão característico, que se pode senti-lo
há dois quilômetros de distância! No cafezal os frutinhos estão verdes e
vermelhos, alguns já no ponto para serem panhados. A mangueira começa a soltar
botões, anunciando que, para dezembro, haverá tanta manga que o chão ficará
coberto. E os bananais estão carregados, quase a derrubar as largas moitas que
se aglomeram e se escoram umas às outras. Cachos bem grandes, alguns verdes,
outros amarelos, visitados por periquitos e por papagaios
oportunistas.
Logo mais, na hora do
almoço, saber que no fogão de lenha, nas panelas de ferro, sairá um delicioso
tutu de feijão com torresmo e linguiça frita!
Ah, minha roça amada e
querida! Meu sertão mineiro, minha terra caipira! Minha Meia Légua, meu Cambuí
do sul de Minas Gerais!
Aqui no escritório,
enquanto trabalho e me preparo para outro final de semana na Obra do Senhor,
relembro o quanto eu te amo e o quanto eu sinto a tua
falta!
Obrigado, Senhor, pela
linda natureza do nosso Brasil!
E quem tem tudo isso
perto de si, por favor, aproveite e AGRADEÇA AO SENHOR! Vocês não sabem a falta
que faz!
Wagner Antonio de
Araújo
16/09/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário