ESPERE!
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Esperei
com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor. (Sl
40:1)
INTRODUÇÃO
Inúmeras
vezes ouvimos sermões, lemos textos e fomos edificados com este precioso
versículo. "Esperei com paciência/confiantemente pelo Senhor, e Ele se inclinou
para mim". Quantas vezes destacamos que Ele ouviu, Ele atendeu, Ele socorreu! É
maravilhoso saber que temos um Deus Todo-Poderoso, que ouve as súplicas dos que
O buscam!
PORÉM, em
igual medida, destaco que raramente ouvimos alguma mensagem sobre a primeira
parte deste texto: "ESPEREI". Nós não gostamos de esperar! Não está em nós o ter
paciência. Somos imediatistas e carecemos de respostas rápidas a questões em
aberto!
Temos na
Bíblia retratos muito tristes de gente sem paciência também.
Cito aqui o
povo hebreu, recém-saído do Egito, ao pé do Monte Sinai, esperando por Moisés,
que subira para falar com Deus. O monte fumegava. O povo recebera a ordem de
aguardar a volta do libertador. Mas o tempo passava e Moisés não regressava. As
horas corriam, os dias se adiantavam e, em determinado momento a inquietude
provocou uma reação. O povo correu a Arão, irmão de Moisés, pedindo que lhes
fizesse um ídolo para ser adorado. Eles não aguentavam mais esperar. Arão fez um
bezerro de ouro com o material doado e eles celebraram esse falso deus com
cultos de promiscuidade e de libertinagem sexual, proclamando a alegria efêmera
de um libertador falso. Moisés, após quarenta dias, descera do monte. Ao
encontrar o povo neste carnaval maldito, quebrou as tábuas da Lei que trazia nas
mãos, queimou o bezerro, deu-lhes de beber e viu milhares cairem mortos em
consequência do pecado.
Lembro-me
aqui também do Rei Saul. Escolhido por Deus para governar o rebelde povo de
Israel (que renunciara ao império divino por um imperador humano), recebeu uma
ordem do profeta Samuel: aguardá-lo para um sacrifício. Sete dias foi o prazo. O
povo estava inquieto e Saul sentia essa pressão. No sétimo dia, impaciente, fez
ele mesmo tais sacrifícios. Ao terminar viu Samuel chegar. Este, estupefato pela
atitude impensada deste rei impaciente, declarou-lhe que acabara de perder o seu
império.
Também vêm à
memória o caso do profeta velho. Um homem de Deus oriundo de Judá trouxe uma
dura mensagem ao rei. O profeta velho, morador de Israel, soube e mandou chamar
este homem. À princípio recusou-se a ir, pois Deus o proibira de fazer paradas
ou saudações. Mas o velho profeta iludiu-o, dizendo que Deus também lhe tinha
dito para trocar as ordens. O homem de Deus foi. Na mesa, enquanto comia, o
velho profeta declarou-lhe que Deus o castigaria por ter desobedecido à ordem
original. Ao sair da casa um animal o abateu. O homem de Deus não teve nem
paciência e nem sabedoria para concluir que Deus não muda os Seus
decretos!
Na vida comum
temos artifícios para driblar a impaciência da espera. Enquanto aguardamos o
dentista ou o médico chamar-nos para a consulta, deparamo-nos com diversas
revistas de banalidades, expostas numa mesinha, com a finalidade de entreter-nos
nesta espera. Alguns de nós usamos o telefone celular para uma diversão
momentânea: um joguinho, um site de notícias, alguma prosa sem seriedade com um
amigo "on-line". Nem sempre esses subterfúgios satisfazem a nossa impaciência,
mas é assim que nos arranjamos diante do tempo livre. O vácuo e a inatividade
enquanto esperamos é tremendamente ruim.
O texto diz
que o salmista ESPEROU. Nós também temos que esperar até que o clamor seja
atendido. Algumas vezes a resposta é rápida, imediata. Outras, mais demoradas,
leva dias. Outras então, levam quase toda a vida, ou a vida toda mesmo. O que
faremos enquanto não somos ouvidos em nosso clamor, em nosso pedido?
Sentar-nos-emos numa pedra a reclamar da vida? Deixaremos a semente apodrecer no
paiol sem ser semeada? Permitiremos que o mato invada o quintal? Manter-nos-emos
inertes, apequenados, sem nada fazer?
Quero sugerir
três atitudes para desenvolvermos enquanto esperamos com paciência no Senhor,
três ações que não apenas ocuparão o nosso tempo, como trarão da parte do Senhor
grande alegria e satisfação, segundo o que lemos nas Escrituras
Sagradas.
I -
SERVIR
Enquanto
esperamos no Senhor devemos servi-Lo! Bem-aventurado aquele servo que o seu
senhor, quando vier, achar servindo assim. (Mt 24:46). É isto que Deus espera
de nós. que O sirvamos em amor, em inteira dedicação, com toda a força do nosso
coração. Deus quer que venhamos a dar o melhor de nós. Quer que usemos os nossos
dons e talentos, dados por Ele, na edificação de Sua igreja, no uso comum do
serviço do Reino, no amor ao próximo, na mantença de nossa família e na
propagação da mensagem de Cristo. Ninguém nos obrigou a sermos Seus servos. Mas,
se somos servos, somos também responsáveis e devemos estar cientes das
consequências de uma vida cristã fictícia, sem serviço. E o servo que soube a
vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será
castigado com muitos açoites; (Lc 12:47). Deus é amoroso e justo, não apenas
amoroso. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e
arrepende-te. (Ap 3:19)
II -
TESTEMUNHAR
Enquanto
esperamos no Senhor devemos testemunhar de nossa fé! O Apóstolo Paulo
aproveitava as suas constantes prisões para proclamar a mensagem de Cristo. O
Apóstolo Pedro idem. E assim, em toda a história da igreja cristã vemos os
cristãos semeando a palavra do Senhor por onde passavam. Porque, se anuncio o
evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai
de mim, se não anunciar o evangelho! (1Co 9:16). Quando vivemos o chamado
"primeiro amor" não ousamos deixar uma única pessoa sem receber uma mensagem do
Senhor por nosso intermédio, seja através da palavra, de um folheto, de uma
bíblia presenteada etc. Com o abandono do primeiro amor e o consequente
esfriamento da fé, deixamos isso para quase nunca. É necessário regressarmos ao
primeiro amor e testemunharmos da fé onde estivermos. Que pregues a palavra,
instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a
longanimidade e doutrina. (2Tm 4:2). Testemunhar em todo o tempo, o tempo todo:
esse é o ideal na vida de quem espera no Senhor!
III -
GLORIFICAR
Ah, como
lamentamos por uma resposta que nunca chega! Somos ávidos em reclamar, em termos
dó de nós mesmos, em remoer o quanto estamos sofrendo! Acontece que, além de
agredir o Senhor com a nossa lamúra nós somos muito injustos: há muitos outros
que sofrem muito mais do que nós. Por mais difíceis que sejam os nossos dias
podemos ter certeza de que outros sofreram e sofrem muito mais: o menino que
teve a mãe falecida na hora do parto; o adolescente tetraplégico que nunca saiu
do hospital; o pai de família que viu os filhos e a esposa serem mortos diante
de seus próprios olhos; o idoso que definha tristemente com uma doença
gravíssima e sem ninguém que por ele se importe. Não, meus amigos, podemos ter
um par de sapatos modesto, mas há os que não têm pés. Por isso devemos
glorificar a Deus pelo que Ele tem reservado para cada um de nós! Em tudo dai
graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. (1Ts
5:18). Por muito tempo dei graças por ser solteiro e por não ter filhos, mesmo
sonhando com esta bênção um dia. Eu seguiria até o fim bendizendo a Deus sem
isto, mas aprouve ao Senhor dar-me o que eu desejava e hoje não me arrependo de
tê-Lo agradecido quando ainda esperava! Não digo isto como por necessidade,
porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. (Fp 4:11). Quem aprende a
esperar e ser feliz sem ter o que deseja, será muito mais feliz caso receba o
que busca da forma como pediu. E se receber diferente também celebrará com
alegria.
O Espírito
Santo alegra-se ao ver um crente que glorifica a Deus não pelo que Ele lhe dá,
mas por ser quem é! Aquele que louva ao Abençoador por ser maravilhoso, e não
por ter dado bênçãos, agrada muito mais e alcança o coração de
Deus!
CONCLUSÃO
ESPERAR. Algo
que não está em nós, algo que é custoso, é enfadonho, traz sofrimento. Mas, no
decurso de nossa vida, muito necessário. Ajuda-nos a amadurecer, a avaliar os
nossos pedidos, a não sermos arrogantes, a termos compaixão de quem também
espera e não recebe.
ESPERAR. Sem
desistir e buscando produzir, servir, testemunhar, glorificar. Não é uma espera
obtusa, vazia, seca, sem sentido. É uma espera feliz de quem crê e satisfeita
porque acredita que Deus é sábio o tempo todo e soberano sobre todas as coisas.
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam
a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Vamos esperar
de forma sábia? Vamos ser operosos enquanto esperamos? Que Deus a todos
abençoe.
Pr. Wagner
Antonio de Araújo
mensagem
pregada em 18 de setembro de 2016 na
Igreja
Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo,
Brasil
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