segunda-feira, 29 de maio de 2017
quinta-feira, 25 de maio de 2017
memórias literárias - 455 - SOCORRE-NOS, Ó DEUS!
SOCORRE-NOS,
Ó
DEUS!
455
O Brasil chafurda na lama
da crise. Por todo lado que se olha há indícios de corrupção. Em toda pesquisa
publicada há sintomas de lavagem de dinheiro, de propinas (luvas, em Portugal)
distribuídas às pampas, à muita gente. Toda empresa bem sucedida nos últimos
anos, que se tornou gigantesca, que enriqueceu com empréstimos do BNDES ou com
serviços públicos acaba por demonstrar que participou, de alguma forma, de algo
ilícito que prejudicou o país e favoreceu aos poderosos que governam. Até
igrejas que supostamente prosperaram, com grandes multidões de incautos
seguidores e patrimônios faraônicos, acabam por demonstrar, lá na frente, que
seus líderes usaram do ilícito, seja nos contatos políticos, seja em ofertas
milionárias de esquemas de corrupção, seja no leilão de seus púlpitos para
candidatos ou ideologias políticas.
Isto me faz lembrar um
precioso versículo da Palavra de Deus:
"ELEVO OS
MEUS OLHOS PARA OS MONTES; DE ONDE ME VIRÁ O SOCORRO? O MEU SOCORRO VEM DO
SENHOR, QUE FEZ OS CÉUS E A TERRA". Salmo 121.1
O salmista não vivia num
mundo diferente do nosso. Se lermos os livros de Samuel, dos Reis e das
Crônicas, perceberemos que poucos eram os anos em que Israel ou os dois reinos
divididos viveram em paz, prosperidade e felicidade nacionais. Ao contrário,
quase sempre o país e os reinos divididos atravessavam crises. Um rei era bom e
o outro era um ímpio. Dez anos de relativa tranquilidade e vinte anos de
perseguições e invasões. Um rei pacato e, em seguida, um ímpio idólatra. E o
povo era muito pior do que o de hoje: eles tomavam os seus filhinhos e os
queimavam vivos nos altares dos deuses. E não estou falando de pagãos; estou
falando de judeus!
Se bem que, se formos
analisar à fundo, os crentes de hoje queimam também a sua prole a outros deuses.
Oferecem-nos ao deus do mundo, com todas as suas manifestações ímpias. Entregam
os seus filhos à música pornográfica e chula, permitindo que construam o seu
gosto musical com o que há de pior em termos de formação. Oferecem aos filhos o
deus da tecnologia, dando-lhes carta branca para navegarem livremente pela
internet e baixarem o que quiserem, sem avaliar se o que assistem é construtivo,
de boa moral ou formativo. Entregam os seus filhos à vaidade, permitindo que se
firam com piercings, com tatuagens e com as fantasias de seus grupos, gangues e
times de futebol. Por isso o sacrifício no altar do demônio só mudou de ritual;
a dedicação a Satanás continua a mesma...
Com um índice que chega a
perto de quarenta por cento de toda a população brasileira, os evangélicos não
funcionam como sal da terra, como luz do mundo, como semeadores do evangelho.
Pelo contrário, assemelham-se aos judeus que acendiam um sacrifício ao Deus
Eterno e sacrificavam a Baal. Poucos são os Elias, cujos sete mil joelhos não se
dobraram ao inimigo. Poucos, mas reais. E por serem reais, ainda representam uma
esperança. "Se houver dez justos no Brasil, destruirás o justo com o ímpio?",
poderíamos conjecturar, usando a frase de Abraão ao referir-se à iminente
destruição de Sodoma e Gomorra. Mas será que temos dez
justos?
ELEVO OS OLHOS - Não conseguiremos a solução da crise
brasileira olhando no nível em que todos olham. A solução não está em nossa
sociedade, em nossas instituições, em nossas empresas, em nossos partidos.
Enquanto os olhos estiverem voltados para os lados, a solução não
virá.
ELEVO OS OLHOS - A solução vem de cima, não de um
avião ou foguete, não de uma bomba devastadora, não de tempestades destruidoras.
Os olhos devem voltar-se para além, mais acima; os olhos devem focar-se em Deus,
que habita os Céus e que não se corrompe com absolutamente nada. Ele é quem tem
a solução!
ELEVO OS OLHOS PARA OS MONTES - Às alturas é que
devemos olhar. E quem olha para as alturas tem esperança, tem o que ver. O
auxílio virá do alto. Deus até pode usar as instituições que existem ou fazer-se
valer desta ou daquela pessoa. Mas, acima de tudo, a solução vem de cima, vem de
Deus, vem do Criador. E Ele não abandonou o Brasil, pois está atento à oração
dos Seus servos, que clamam noite e dia por uma solução.
O
MEU SOCORRO VEM DO SENHOR - É Deus quem socorre. É Deus quem
surpreende. É Deus quem tem a resposta certa. E Sua resposta está acima do que
qualquer um de nós possa oferecer. Quando Samaria padecia de fome e mães comiam
os seus filhos defuntos, Deus reverteu a situação em vinte e quatro horas,
afugentando os soldados que sitiavam a cidade e oferecendo todos os víveres que
eles mantinham em suas barracas. Em vinte e quatro horas a comida era tão farta
que o preço era ínfimo. Noutra situação os hebreus estavam encurralados diante
do Mar Vermelho, perseguidos por Faraó. Não havia humana alternativa senão
morrer. Então Deus veio do céu a soprar o mar e a abrir um caminho seco para que
eles passassem. E toda aquela gente encontrou a solução que veio de cima. Um
último exemplo: as pessoas estavam tão concentradas nos ensinos de Jesus, que
nem perceberam que o dia declinava e que não havia o que comer. Então Jesus
transforma uns poucos peixes e pães em alimento para mais de cinco mil homens,
sem contar as mulheres e inúmeras crianças! O meu socorro vem de Deus, só de
Deus!
DEUS FEZ OS CÉUS E A TERRA - Não se trata de um
iniciante, de um estagiário, de um incompetente, de um imperfeito. Não se trata
de alguém que pode tentar solucionar uma situação. Deus é o criador, Ele tem a
solução para os problemas. Conquanto vivamos os dias do fim, onde o juízo divino
virá sobre todas as nações, não sabemos se este é o fim propriamente dito. Se
for, Ele arrebatará a Sua Igreja. Se não for, de duas uma: ou uma perseguição
nos dará a oportunidade de sermos mártires da fé, ou então Ele acolherá a nossa
súplica e trará uma solução na qual não havíamos pensado, algo que Ele, somente
Ele, pode e faz acontecer. Quem esperava que numa ordem imperativa do Senhor
Jesus o mar fosse se aquietar naquele dia de tempestade? Todas as soluções
viáveis (jogar coisas ao mar, pular na água para nadar, chamar por socorro) eram
fatalmente inviáveis e impossíveis. A solução de Jesus foi, além de inesperada,
eficaz: Sua voz aquietou o mar.
A voz de Deus pode
afugentar esse ataque de demônios que acomete o Brasil e colocar as coisas em
seus lugares, de uma forma nunca antes vista. Não sabemos se Ele o fará. Se não
o fizer, seremos gratos e aceitaremos a Sua vontade. Mas, enquanto não temos
certeza disso, podemos e devemos clamar, clamar, clamar.
E olhar para os montes, de
onde nos virá o socorro.
Socorre-nos, ó
Deus!
Wagner Antonio de
Araújo
25/05/2017
segunda-feira, 22 de maio de 2017
memórias literárias - 454 - O CRENTE EM CAMADAS
O CRENTE
EM CAMADAS
454
O técnico de informática
consertava o meu computador e, enquanto conversávamos a máquina atualizava as
informações. Falávamos sobre a falta de integridade das pessoas. Ele
confidenciava-me sobre a decepção tida com certas pessoas públicas a quem
conhecera. Eu mencionei um artista de TV, que faz o boneco de um programa de
auditório. Também faz um papel num programa de humor daquele canal,
representando um professor promíscuo que gesticula chulamente enquanto disfarça
suas conquistas. Esse artista é evangelista (identificado como pastor pelo
apresentador) de uma grande denominação evangélica. Já pregou naquele congresso
neopentecostal do sul do país, jactando-se da vida dupla. Então o técnico me
perguntou: "Por que as pessoas são assim? Não combina! Como
conseguem?"
Eu lhe disse: "Você, que
conhece tudo de computação, sabe que pode fazer camadas de programação. Assim,
sobre a plataforma do meu sistema consegue rodar diversas coisas diferentes,
algumas completamente diversas. São camadas de funcionamento da máquina. A vida
de certas pessoas também é assim. Esses homens que se dizem crentes e vivem no
pecado são crentes em camadas, dedicando apenas um espaço da vida à fé, sem
deixar-se influenciar no todo pelo poder de Cristo. Podem ser promíscuos, podem
ser adúlteros, podem ser desonestos, podem usar vocabulário chulo, mas, quando
vão à igreja ou quando fazem seus ritos evangélicos, rodam uma outra camada de
si mesmos. Eles pensam que são crentes, mas, na verdade, são homens em camadas.
E pessoas assim não se converteram por inteiro. Cristo sempre salva o homem por
completo. Logo, se só uma camada roda o evangelho, então essa salvação é
periférica e falsa. Ele não está salvo; é um blefe". Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. (Mt
7:20)
De fato Jesus insistiu com
os apóstolos quanto a ser ÍNTEGRO, inteiro, em sua fé e prática, quando
disse:
Mas o que
ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem
alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a
ruína daquela casa (Lc 6:49)
Quem ama
o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a
filha mais do que a mim não é digno de mim. (Mt
10:37)
Ninguém
pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se
dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. (Mt
6:24)
Se não
vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. (Lc
13:3)
Geralmente esses "crentes
em camadas" procuram igrejas periféricas na mensagem, cujo conteúdo não afeta a
vida dos seguidores. Hoje tais igrejas são explícitas nos convites: "somos
inclusivos, não temos preconceitos, aceitamos toda sorte de sexualidade, de
comportamentos, de posições políticas, de práticas de vida. Todos podem compor
esta igreja". Há muitas assim. Em minha denominação há igrejas tão liberais que
não exigem nem conversão e nem a presença; apenas o cartão de crédito
cadastrado. Há igrejas que só pedem tolerância. No meio neopentecostal tem
igrejas para lésbicas, para gays, para práticas de religiões ocultistas, para
livres pensadores, para judaizantes, para roqueiros, para fanqueiros etc. Isto
é, as pessoas são crentes numa camada, a intelectual, a emocional, a comercial,
mas não o são no íntimo, de uma forma que altere radicalmente a sua existência.
E um evangelho que não corta pela raiz a vontade do pecado não é realmente o
evangelho de Cristo.
Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua
semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. (1Jo
3:9). Entenda-se por "não peca" (nesta versão antiga) o sentido de
"não vive pecando". Afinal, no mesmo texto, escrito está: Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e,
se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. (1Jo
2:1)
Se uma suposta conversão a
Cristo mantém o indivíduo do mesmo jeito que era, modificando apenas a sua
prosperidade, popularidade, cura física ou felicidade emocional, então não houve
verdadeira conversão; ouve adaptação externa, uma camada fina de verniz sobre um
coração tão pecaminoso como antes.
E por que
me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? (Lc
6:46)
A verdadeira conversão
exige obediência. Se não houver obediência a fé é vã e a pessoa não passa de um
"crente em camadas", isto é, um cristão de mentirinha.
Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo. (2Co 5:17)
Ou Jesus é o Senhor de tudo
e muda o homem na plataforma principal, ou não é senhor de nada, ainda que haja
muitos crentes em camadas. Finda a vida acabam-se as camadas e não sobra nada.
Essa fé não me interessa.
Wagner Antonio de
Araújo
23/05/2017
memórias literárias - 453 - PESADO FOSTE NA BALANÇA
PESADO FOSTE
NA BALANÇA
453
Um grande banquete. O filho
de Nabucodonosor regozijava-se com os seus convivas. Bebia, comia, ria, dançava,
desfrutava de todo o poder e luxo que o seu pai Nabucodonosor lhe deixara como
herança. Mas era um rei medíocre.
Então orgulhou-se de quem
era e mandou buscar nos depósitos do palácio os utensílios de adoração do Deus
de Israel, armazenados pelo pai há anos, quando invadira o templo em Jerusalém.
Tomou-os e celebrou aos seus deuses, bem como sorveu vinho e bebidas misturadas,
junto com suas mulheres e convidados.
Imediatamente uma mão
surgiu na parede, vinda de outra dimensão. Escreveu na parede palavras
inintelegíveis. O rei percebera que forças maiores do que as dele estavam
presentes e que boa coisa não era. Buscou alguém que as interpretasse. Não
encontrou, ainda que prometendo cargos e presentes. Sua esposa lembrou-o de um
velho funcionário público da alta administração, que também era profeta, Daniel.
Mandou chamá-lo.
Perguntou o que era aquilo
e disse que se a resposta fosse satisfatória, fá-lo-ia o terceiro no império e
dignatário de inúmeros presentes. Daniel, homem velho e muito experiente, manda
ele fazer o que quiser com os presentes, que não tinha interesse em nada
daquilo. Mas que daria a interpretação daquela escrita.
MENE -
MENE -
TEQUEL -
UFARZIM. Esta é a
interpretação daquilo: mene: Contou Deus o teu reino, e o acabou. Tequel: Pesado
foste na balança, e foste achado em falta. Peres: Dividido foi o teu reino, e
dado aos medos e aos persas. (Dn 5:26-28).
Naquela mesma noite o rei
foi capturado e morto. Acabou-se a arrogância deste homem que não soube
administrar as coisas que recebera.
Isto serve de exemplo para
muitos de nós. Quando necessitados clamamos a graça de Deus. Pedimos uma esposa.
Pedimos um carro. Pedimos uma oportunidade de emprego. Pedimos a solução de um
problema. Suplicamos por uma cura. Deus, em Sua infinita misericórdia, acolhe o
nosso clamor e nos abençoa. A bênção é maravilhosa! Recebemos os recursos, o
emprego, a saúde, a solução dos problemas, enfim, recebemos as bênçãos do
Senhor.
Então, de barrigas cheias e
bem nutridos, esquecemo-nos de quem nos abençoou e dos compromissos que
assumimos com o Senhor. Agora não precisamos mais dEle. Antes O buscávamos por
interesse, por necessidade. Aceitávamos a oração de todos e íamos à Casa de
Oração até em dias em que não havia culto. Considerávamos importante ler as
Escrituras Sagradas, fazer as nossas ofertas e entregar os nossos dízimos e
manter de forma correta a nossa vida particular.
Mas agora, quando não
precisamos mais de nada, esquecemo-nos de quem nos salvou, de quem nos curou, de
quem nos resgatou e acolheu as nossas inúmeras súplicas. Vamos às festas! Sim,
aos festejos distantes de Deus. Festas por si só não são ruins, mas nós
festejamos os motivos errados e de forma mundana, descompromissada com os
valores de Deus. Se compramos o sítio tão sonhado, deixamo-lo arrancar o Dia do
Senhor da nossa agenda, porque agora temos que cuidar da fazenda. Se foi um
emprego, atulhamos o domingo de atividades profissionais, sem pejo em arrancar
de Deus as preciosas horas de adoração. Se fomos curados, nem sequer nos
lembramos de consagrar o próprio corpo ao serviço divino, buscando ao Senhor em
Sua casa e servindo ao próximo.
Nós tomamos as coisas
santas e as secularizamos, transformando a fé numa mera discussão de opiniões.
Abandonamos a igreja e passamos a considerar um grupo de internet como
suficiente para um compromisso pessoal com o evangelho. Deixamos a Casa de Deus,
o exame da bíblia, o serviço comunitário, o investimento nos dons e talentos e
usamos tudo o que recebemos no mundo, de onde fomos
resgatados.
É tão típico do ser humano!
O grande jogador de futebol da atualidade foi um garoto de igreja e hoje não tem
tempo para o evangelho e nem dá testemunho do que aprendeu. Mas dá ofertas
polpudas e cala a boca dos seus pastores. Compra com dinheiro e usa os
utensílios do templo numa carreira mundana. Aquele cantor de rock, de quem dizem
que não morreu, aprendeu a cantar na igreja. Não só ele, mas a outra que se
suicidou aos 37 anos, o cantor cego que virou ícone da música negra, o outro que
inventou o funk americano etc. Tomaram os utensílios do templo e foram beber com
as devassas. E muitos pastores, que entraram nos seminários humildes, com o
desejo de um preparo melhor para servir a Deus nos cultos e na evangelização,
tornaram-se políticos e politiqueiros da fé, favorecendo a si próprios e à
família, envolvendo-se com o pecado, com os desmandos, desvios e fraudes. Que
vergonha! São uma metamorfose ambulante, no dizer do poeta
mundano.
Ah, você que me lê! Cuidado
com a mão de Deus na parede! Pois um dia destes, sem avisar, o Senhor poderá
escrever em letras garrafais: PESADO FOSTE NA BALANÇA E ACHADO EM FALTA. Quando
Deus desistir de tocá-lo, conduzindo-o ao arrependimento, não haverá nada que
possa ser feito. Não adiantará chorar por ter perdido o emprego, nem reclamar
pela doença grave que regressou ou o acometeu, ou pelo patrimônio que esfarelou
como areia (não que essas coisas apenas signifiquem penalidades, mas que,
associadas com o abandono da fé, são!) Naquele dia você poderá chorar, lamentar,
clamar, mas já será tarde demais.
Volte-se para Deus.
Regresse ao primeiro amor do evangelho. Seja um simples cristão praticante e
abandone toda essa jactante teologia que faz de você um polemista de desculpas.
Volte-se para o Deus a quem um dia você serviu. E não perca o patrimônio
espiritual que um dia recebeu das mãos do Pai. Senão, aguarde que a mão virá e
você terá que ler sozinho o que estiver escrito, pois Daniel não lhe socorrerá
com a interpretação.
Tenha Deus misericórdia e
desperte os que ainda dormem no pecado.
Wagner Antonio de
Araújo
22/05/2017
sexta-feira, 19 de maio de 2017
memórias literárias - 452 - INTEGRIDADE
INTEGRIDADE
452
Essa tal de integridade
anda escassa no Brasil. Talvez no mundo.
Qualquer um tem direito de
ser quem o que quiser e pensar como desejar. Porém, se ao longo da vida faz
mudanças bruscas, sem a justificação de uma conversão ou de uma legítima
motivação, a imagem que transmite é de que não é uma pessoa íntegra.
Pior que isso é quando na
frente das câmeras porta-se de uma forma e, por trás, vive uma outra realidade.
Hoje, estarrecidos, os brasileiros enxergam o quanto os políticos são corruptos.
Nesse mar de lama contemplam pessoas que, sob uma câmera oficial, falam bonito,
falam o que todos gostam de ouvir, seja para os de direita, seja para os de
esquerda. Eles sintetizam um desejo nacional e polarizam a popularidade. Porém,
quando filmados, gravados ou descobertos por detrás das câmeras, o resultado é
terrível: são exatamente iguais, corruptos e devassos.
A Bíblia já falava sobre
isso há muito tempo. O profeta Jeremias já dizia a Israel: Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da
carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! (Jr
17:5)
Quando tornamos uma pessoa
a quem admiramos nosso ídolo, cedo ou tarde descobriremos que ele não é
realmente tudo aquilo que nós idealizamos. Mais grave ainda é quando ele é um
enganador, que simula na nossa frente uma realidade que não lhe diz respeito.
Jesus disse isso dos fariseus, quando exclamou: Ai de
vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios
de ossos de mortos e de toda a imundícia. (Mt
23:27)
Há pastores que são um
blefe perfeito. Nos púlpitos são verdadeiros anjos de gravata. Falam os oráculos
divinos e simulam um poder e uma fé absolutamente verdadeira. Posteriormente,
quando descobertos em suas vidas privadas, mostram que não passavam de
hipócritas e mentirosos. Nesse rol está aquele pastor pentecostal, que, ao
gravar com sua esposa um programa, aborreceu-se e xingou-a no áudio. Não sei
como o material veio parar na internet. O outro, filho que leva o nome do
missionário seu pai, dono de uma das maiores denominações neopentecostais do
país, foi descoberto num caso de sedução a moças, com conversas prá lá de
impróprias para uma pessoa de bem. Um outro foi filmado com uma amante, flagrado
pelo marido dela. Coisas como essa geram um escândalo tão profundo, que afastam
os incrédulos do evangelho e tornam insustentável a vida de muitos crentes
escandalizados. Por isso a Bíblia afirma: Ai do mundo,
por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele
homem por quem o escândalo vem! (Mt 18:7)
E antes que uma porção de
pedras sejam atiradas nestes citados acima, seria bom que fizéssemos uma análise
de nós mesmos. O que seria de nossa imagem pública se fôssemos gravados ou
filmados em nossa vida privada, em nossos negócios particulares, em nossos
relacionamentos afetivos, em nossa vida espiritual? Por exemplo, uma câmera em
nosso quarto: flagraria a imagem de uma pessoa crente, que tenha ou não família,
ou o comportamento idêntico aos não cristãos? Se uma câmera nos filmasse ao
volante do automóvel no trânsito, será que a linguagem que usamos poderia ser
reproduzida no púlpito de uma igreja ou numa reunião entre os nossos familiares?
E a nossa vida financeira, seria de fato uma vida de honestidade ou há coisas
ilícitas que praticamos para benefício próprio ou de terceiros? Como diria a
personagem Luna dos desenhos infantis, "são tantas
perguntas!"
A coisa mais linda é um
crente ser flagrado em sua vida privada comportando-se como um crente. Um homem
de Deus tem vida honrada na frente dos outros e na sua vida privada. Que coisa
linda quando os políticos da época buscaram flagrar Daniel numa ilicitude
nacional. Foram até a sua casa para testemunhar o fato. E testemunharam. Não,
ele não estava com uma mala de dinheiro, não estava xingando os mais variados
palavrões e nem amotinando-se contra o poder. Vejam o que acontecia: Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e
suplicando diante do seu Deus. (Dn 6:11) Passou
pela provação de ser punido por ser um homem crente; mas Deus o libertou e fez
dele um exemplo: Entrega o teu caminho ao Senhor;
confia nele, e ele tudo fará. (Sl 37:5).
No início do livro ESTE
MUNDO TENEBROSO volume 1, Frank Perretti conta a estória de dois anjos que
corriam para a pequenina igreja da cidade. Havia uma bem grande, mas não a
procuraram. Passaram pela parede da igreja e encontraram, entre um banco e
outro, um pastor sofredor e lutador, que, de joelhos, rogava a graça de Deus
pela sua igreja e pela conversão da sua cidade. Os anjos dizem: "É por causa
dele que estamos aqui". Ah, quantos que me lêem, sejam pastores, sejam leigos,
sejam homens, sejam mulheres, sejam jovens, sejam crianças, poderiam também ser
flagrados pelo Céu a orarem? Então me disse: Não temas,
Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender
e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por
causa das tuas palavras. (Dn 10:12)
"Oh,
Deus, peço a Ti que eu tenha integridade! Que eu seja o mesmo na frente dos
outros e na ausência de todos! Que a minha fé não seja hipócrita, mas séria e
verdadeira! Peço-Te que me ajudes a vigiar, para que eu não entre em tentação.
Que eu não escandalize a ninguém, seja por palavras, por atos ou por
pensamentos. Que a minha vida seja íntegra, que eu seja verdadeiro e que o Teu
Nome seja honrado no meu viver. Em nome de Jesus,
amém."
Wagner Antonio de
Araújo
19/05/2017
sábado, 13 de maio de 2017
memórias literárias - 451 - A ESTÓRIA DE SOLANO
A
ESTÓRIA
DE
SOLANO
451
Solano entrou na igreja
como quem não queria nada. Chegou, sentou-se e ouviu os hinos. Gostou. Depois
ouviu a pregação. No momento do apelo, entregou-se a
Cristo.
Sua conversão foi genuína e
rápida. Ele foi transformado pelo poder de Deus e em três meses foi batizado.
Tornou-se membro da igreja. Trouxe a sua família para assistir. Eles gostaram,
ficaram, converteram-se e também foram batizados. Uma família de seis, papai,
mamãe e quatro filhos.
Mas Solano estava
desempregado. Não tivera grande chance para estudar; suas qualificações
profissionais eram muito limitadas. Os amigos diziam que ele não iria conseguir
nada. Mas ele confiou no Senhor.
Fez fichas em todos os
lugares disponíveis. Às vezes um ou outro irmão, ao cumprimentá-lo, deixava dez
ou cinquenta reais em sua mão. Ele, constrangido, não queria aceitar. Mas a
insistência era grande e ele pegava. Sua esposa fazia artesanato para vender
entre as vizinhas. As irmãs da igreja souberam e pediram para que trouxesse ali
também, para que, após o culto, pudessem comprar. E assim garantia o leite e o
pão das crianças.
Enfim, Solano encontrou uma
vaga para trabalhar numa empresa de ônibus urbanos. Não era grande coisa. Seria
faxineiro da garagem, lavando os ônibus que estacionavam após o expediente. Os
colegas eram sizudos e reclamavam das condições e do salário. Solano, no
entanto, ao chegar, trouxe uma luz para aquela empresa. Seu período da madrugada
tornou-se muito agradável. Os colegas gostavam de ouvi-lo cantarolar os hinos
que cantava. Ele o fazia baixinho, mas eles pediam que cantasse mais alto. E
assim ia esparramando a mensagem de Cristo. Os ônibus passaram a ser lavados com
mais cuidado, pois a paz que ele trouxera fez bem até para a produção. Em quatro
meses chamaram-no no escritório. Ofereceram-lhe o serviço de cobrador
(trocador).
Ele alegrou-se. Aceitou. E
tornou-se um cobrador muito querido. Como a sua linha era fixa, conhecia as
pessoas que utilizavam-se daquele ônibus. Os idosos, os trabalhadores, as
mocinhas chegavam sorrindo, pois ele as recebia com carinho. E sabia o nome de
muitas delas! No dia de Natal muitos passageiros trouxeram cartões e presentes
para ele e para o motorista. Também pudera: ele pedia ao condutor para esperar a
Dona Maria subir, dava um jeitinho para que alguém não ficasse sem a condução
por faltar todo o recurso e, assim, conquistou o carinho da comunidade. Foram
onze meses. Chamaram-no de novo. Promoveram-no a motorista! Sim, ele fez curso,
habilitou-se e tornou-se motorista do próprio ônibus onde
cobrava!
Dias inesquecíveis. Quando
o fechavam no trânsito, ele não xingava. Pelo contrário, acenava e dizia: "Deus
lhe abençoe, vá com Deus". Acabava por trazer paz nas ruas e avenidas onde
estava. À noite, quando passava na porta da escola, via que muitos adolescentes
corriam para pegar o ônibus. Então ele ia bem devagarinho, até que o grupo todo
chegasse. A moçada amava o Solano! Ele não era só um motorista, era um
amigo.
E na empresa ele não gerava
ciúmes; pelo contrário, os colegas gostavam dele, porque "quebrava o galho" de
muitos, cobrindo folgas, ajudando com horas extras, sendo camarada de todos.
Foram três anos.
Promoveram-no a fiscal. Agora ele era o encarregado de uma grande turma. Foi o
melhor período daquelas linhas. Os motoristas e os cobradores trabalhavam
felizes, porque o Solano era humano, era gentil, respeitava a todo mundo. E,
enquanto trabalhava, semeava a mensagem que o transformara: Cristo, o Senhor, o
Salvador, o Rei dos reis. Solano nem sempre podia estar no domingo na sua
igreja, mas, se não estava no domingo, estava na quarta-feira. Ele sempre amara
o Dia do Senhor. Como era obrigado a trabalhar em alguns domingos, fazia do dia
de sua folga o dia dedicado a Deus. Evangelizava, distribuia folhetos, cantava
na igreja e dava conselhos à mocidade.
Muitos dos colegas de
Solano tornaram-se crentes no Senhor Jesus. Ele comprava bíblias e folhetos e
presenteava aos colegas, fora do horário de trabalho. Visitava alguns nas
enfermidades, ajudava-os nas necessidades. Mais de quinze colegas tornaram-se
crentes.
Solano aposentou-se. Seus
quatro filhos o homenagearam quando completou oitenta anos. Todos casaram-se e
se tornaram pais de família, amorosos e honrados. A esposa ficou doente, mas
contou com os cuidados amorosos do esposo Solano com ela.
Faz pouco tempo o Senhor o
chamou. Ele partiu para o Céu. No seu sepultamento estava quase toda a companhia
de ônibus. Também os passageiros que por anos utilizaram-se dos ônibus que ele
conduzia. Igualmente muitos motoristas que aprenderam a ter educação no trânsito
com ele. Além destes estava a igreja onde congregava, os amigos dos filhos, a
família, enfim, centenas de pessoas. E no seu epitáfio cravou-se em concreto a
seguinte frase: AQUI AGUARDA A RESSURREIÇÃO O IRMÃO SOLANO, HOMEM QUE VIVEU A FÉ
COMO NINGUÉM.
Que outros Solanos possam
surgir no coração deste Brasil! Que a fé cristã seja vivida e encarnada com
tamanha beleza como o foi no peito deste homem!
Wagner Antonio de
Araújo
(ficção
cristã)
memórias literárias - 450 - LOUVOR DE CONSUMO
LOUVOR
DE
CONSUMO
450
Enquanto voltava com minha
esposa da médica que a acompanha após o parto, ouvia a obra DE VENTO EM POPA, de
Vencedores Por Cristo. Esse LP que virou CD teve até uma comemoração de seus
trinta anos, celebrada com alegria e graças ao Senhor.
Não se trata apenas deste
CD na discografia de Vencedores por Cristo. LOUVOR 1, SE EU FOSSE CONTAR, MAIS
AMOR, são outras obras que ultrapassam o tempo e as gerações, chegando intactas
às mãos dos ouvintes de todas as épocas.
Podemos citar o
inesquecível GRUPO ELO com CALMO, SERENO E TRANQUILO, um LP gravado na garagem
de um dos componentes, que se tornou épico. OUVI DIZER, UM SÓ REBANHO, UM DIA,
outras produções que são, por si só, um monumento ao bom gosto e aos valores
cristãos.
No campo dos solos, Luiz de
Carvalho é imbatível com seus LPs inesquecíveis. OBRA SANTA, O REI ESTÁ
VOLTANDO, ALVO MAIS QUE A NEVE, VEM VER, têm vida própria, não podem ser vistos
com músicas individuais, mas no todo, no grupo das doze canções de cada
um.
E aqui está o segredo: os
louvores gravados antigamente tinham um projeto, um objetivo, um propósito:
fazer conhecida a mensagem de salvação de Cristo Jesus, o Senhor. Os grupos
jovens usavam os ritmos que se consumiam no período dos anos setenta, tanto aqui
quanto nos Estados Unidos, e apresentavam ao pecador o plano de salvação, a
razão para a vida, um rumo certo para que se seguisse. As canções eram
cristocêntricas, as músicas do LP trabalhadas num projeto inteiro, um todo,
objetivando, ao final, uma produção completa, com princípio, meio e fim. O
resultado todos nós sabemos: tornaram-se atemporais, presentes em todos os
tempos depois de produzidas.
Hoje, entretanto, não temos
mais nada. O que temos é louvor de consumo. Grava-se não para apresentar a
mensagem do evangelho para o pecador, mas para supostamente cantar a Deus
louvores, que, para Deus, pouco sobra, pois o objetivo é criar baladas de
entretenimento de culto. Tivemos um tempo em que os chamados worships (louvores
de adoração) invadiram as produções, e fizeram época, com músicas inesquecíveis
sob a direção de Daniel Souza, Asaph Borba, Adhemar Campos e outras comunidades
que gravavam Hillsong, ASCAP, Maranatha etc. Mas nem isso durou, pois hoje o que
há é um grande nada, uma mistura de tudo sem qualquer sentido. O resultado:
música de consumo, música descartável, música absolutamente de nicho,
localizada, que só serve para uma determinada faixa (com
exceções).
O pecador inconverso,
coitado, foi esquecido. A música não é mais produzida para apresentar-lhe a
mensagem de salvação. Pressupoe-se de que não há mais necessidade de
evangelizar. As músicas precisam ser mantras, cantados "ad infinitum", até
cansar, até que todos fiquem suando e entrem em transe. É preciso sentir
arrepios e fazer rodopios. Por outro ângulo, muitos cantores mundanos,
encontrando o mercado gospel, trouxeram para este público o sertanejo
universitário, o axé, a lambada, o funk carioca, o forró pé-de-serra. Há
produções feitas pelas mesmas empresas milionárias dos artistas do mundo. E o
preço dos shows (sim, são shows) é caro o bastante para consumir parte do
salário de um trabalhador. Mas, como produz muita emoção e como está no top do
sucesso, os incautos pagam. E pagam caro!
Experimente falar a uma
igreja comum sobre hinário, Cantor Cristão, Harpa Cristã, Salmos e Hinos,
Melodias de Vitória. Eles pensarão que estamos falando em línguas ou citando
museus. As canções que cantam são contemporâneas; leia-se: foco no homem que
supostamente adora, não no Deus eterno e na Sua mensagem de salvação. Há
exceções, e graças a Deus por elas. Mas são tão poucas que chegam a
desanimar.
Está em tempo de voltarmos
a fazer LOUVOR PERPÉTUO, LOUVOR PERMANENTE, fundamentado na Bíblia e que
objetive a glória de Deus e a transmissão da mensagem de Cristo. A música cristã
entrou na vida da igreja primitiva depois da era apostólica e o seu propósito
sempre foi complementar, tanto para quem adora, fornecendo a melodia e a poesia,
quanto evangelística, fornecendo a mensagem bíblica. Precisamos voltar às
origens e abandonar esse mar de corrupção da música evangélica, cheia de astros
humanos, mas sem a Estrela Maior, sem o Sol da Justiça, sem Cristo!
Ouvimos DE VENTO EM POPA
várias vezes. E vamos ouvir muitas outras. E quando os meus filhos crescerem, se
Deus quiser, estarão em contato com a boa música cristã, música cristocêntrica e
evangelística, de produções que tiveram projeto, propósito e foco, e não do
louvor de consumo, louvor que vence na próxima semana, louvor feito pra vender e
não para evangelizar.
As
benignidades do Senhor cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a
tua fidelidade de geração em geração. (Sl 89:1)
memórias literárias - 449 - O CRENTE E AS BOAS OBRAS
O CRENTE
E AS
OBRAS
449
Porque, assim
como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta (Tg
2:26)
Nós, crentes em Cristo
Jesus, somos pródigos em falar da Palavra de Deus, falar do Seu amor, do Seu
perdão. Mas, infelizmente, muitos que se apresentam como cristãos, são meras
árvores infrutíferas que, em lugar dos frutos só apresentam
desculpas.
E Jesus,
falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus
discípulos ouviram isto. (Mc 11:14)
Nós falamos muito sobre o
perdão. Dizemos que o perdão vem de Deus, que é preciso perdoar, que Cristo nos
perdoou. Mas basta que alguém nos faça uma desfeita, falte com a verdade ou nos
ofenda, para não provarmos do mesmo remédio no coração. Não perdoamos, criamos
raízes de amargura e, não raras vezes, rompemos quaisquer laços de amizade e
amor. O coração perdoador de Deus, que proclamamos, encontra um coração duro em
nosso peito. E a incoerência se torna evidente.
Outras vezes nós é que
somos os ofensores. Explodimos com alguém, ofendemos, fazemos algo que prejudica
a alguém, o desmoralizamos publicamente ou em particular. Ganhamos a consciência
de que fomos os errados na história. Mas pedir perdão? Jamais! "Pastor, o meu
pai ofende a minha mãe e depois tenta consertar com atitudes; mas dizer: me
perdoe; jamais o ouvi usar essa expressão. Ele nunca pede perdão!" Quantos
crentes semelhantes a esse existem! Quantos crentes não pedem perdão ao pastor!
Quantos pastores não pedem perdão aos irmãos! Mas continuamos a pregar sobre o
amor e o perdão de Deus! Filhos, pais, sogros, cunhados, colegas, sócios, perdão
é palavra fora do dicionário...
Falamos sobre a necessidade
de uma vida de oração. Porém, na prática, não temos a tal vida. Temos o desejo,
não a prática. E apresentamos inúmeras desculpas diárias: muitas atividades,
trabalho, escola, namoro, cuidado para com os filhos, contas a pagar, muito
cansaço. Então dormimos tranquilos, certos de que Deus compreenderá que não
oramos porque Ele nos tem atulhado de coisas e de atividades. Ou seja, no final
Ele é o culpado de nossa prédica diferente da prática! Síndrome de Adão, que
culpou Eva, Eva que culpou a serpente, e serpente que não foi questionada, senão
culparia a Deus por existir!
Proclamamos uma nova vida
em Cristo, mals vivemos como os velhos mundanos de todo o dia. Onde nos
encontram? Nos estádios, nos restaurantes, nos clubes, nas praias, nos encontros
familiares, nos cinemas, em toda parte. E na igreja? Bem, se minha igreja for
"prafrentex", então tem muitas coisas "da hora" pra fazer lá. Pode ser que eu
esteja. Se Deus precisar de mim terá que me avisar com dez dias de antecedência,
senão não terei condições de atendê-lo. Creio que será por isso que tais crentes
não subirão no arrebatamento: Deus não poderá avisá-los com tal
antecipação...
Chega de fé sem obras!
Chega de palavras lançadas ao vento! Chega de crentes corruptos, presos na Lava
Jato! Chega de pastores adúlteros! Chega de convenções guiadas por ordem
judicial! Chega dessa vergonhosa falta de testemunho! Fé sem obras é morta! A fé
que não vive o que prega pode até cantar bem, falar bem, ensinar bem, pregar
bem, construir bem, prosperar bem, ser feliz bem. Mas não tem parte no Reino de
Deus e não passará desta vida.
Essa não é a
sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. (Tg
3:15)
A fé simples de um homem
crente é tudo o que Deus requer de nós. Fé que prega o amor de Deus e encanta o
coração deste homem com tal amor. Amor que se expressa em bondade, em auxílio ao
próximo, em humildade, em desejo de repartir. Amor que sabe perdoar a quem o
tenha ofendido. Amor que sabe pedir perdão quando erra e quando machuca o
próximo. Fé que não dispensa a igreja, porque igreja é Corpo de Cristo e
manifestação dos dons para serviço coletivo, além da edificação dos salvos. Fé
que conduz à oração. Não a mera oração-clichê, oração de rotina, mas a uma vida
de verdadeira busca do Altíssimo, prazer em deter-se com o Senhor! Fé que abre a
agenda para a vontade de Deus, mesmo que seja uma vontade súbita, algo de
momento. Afinal, se não fosse o Senhor que nos deu vida, saúde, trabalho,
sabedoria e convívio, não teríamos agenda alguma!
Meus
filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. (1Jo
3:18)
Está na hora de vivermos o
que pregamos. Pregar bem e viver bem. O mundo está olhando para
nós.
Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mt 5:16)
Wagner Antonio de
Araújo
13/05/2017
memórias literárias - 448 - CRENTOLATRIA
CRENTOLATRIA
448
Eu moro em São Paulo e
tenho acesso à Rua Conde de Sarzedas. É o reduto dos evangélicos. Eu lá estive
para adquirir lembrancinhas para as mamães e buscar algumas bíblias. E, mais uma
vez, voltei estarrecido e perplexo.
Não se trata de dizer que
são lojas pentecostais ou neopentecostais. Hoje não há mais essa nomenclatura
divisória. Os evangélicos misturaram-se de tal forma que até membros das seitas
adventistas e mórmons estão com fatias deste mercado, com participações em
nichos de música e de estudos bíblicos. Isto seria inconcebível há alguns anos;
não hoje, porém!
Fui buscar uma bíblia da
que uso, Almeida Atualizada das letras extra-gigantes. Não encontrei loja que me
fornecesse uma sem letras vermelhas. A editora lança algo e o mercado tira o
resto da prateleira. A editora não parou de publicar; os lojistas é que querem
empurrar uma mercadoria só. Fiquei sem comprar.
Mas vi nas lojas, nas
vitrines, nos balcões e nas promoções bíblias novas, de versões de fundo de
quintal, bíblias modernas com retoques de marketing para serem adquiridas. Agora
lançaram a bíblia tupiniquim. Quem a edita já fez duas versões da bíblia e
coloca na capa: "esta bíblia vai falar ao coração do brasileiro". Então agora
temos bíblias ao gosto das nações, ao gosto dos fregueses? Adaptamos o texto
para o público? O tal editor, muito festejado e graduado, quando terminou a sua
primeira versão, apareceu nos congressos, empurrando outra. Eu, valendo-me de
conhecê-lo, perguntei: "você gostou do trabalho feito naquela primeira?" "Sim",
respondeu-me. "Então por que está fazendo outra? A primeira não estava boa?" Ele
saiu sem dar-me resposta. A quem essa gente deseja enganar? Vi uma tal versão
restaurada, outra reformada, outra histórica, outra da graça, e cada um muda um
pouquinho, para dizer que a sua é melhor. Quanto a bíblias de estudo, são uma
vergonha! Um pastor tradicional é contratado de uma grande editora e já comentou
todos os livros da bíblia e agora lançou a sua bíblia. Pelo que ele diz, que é
diretor, cantor, pregador, preletor, teólogo, doutor etc, precisaria de 3 vidas
de 50 anos para ter toda essa qualificação. Mas o povo, incauto, compra a idéia
de que é ele mesmo quem comenta. E compra as toneladas! Cada apóstolo, doutor,
dono de programa agora tem sua bíblia de estudo. Pensei: o que fizeram com a
Sagrada Escritura?
Entrei em outra loja.
Encontrei tudo dourado. Arcas da aliança com querubins, com andadores e com
réplicas das tábuas da lei e da vara de Arão. Só não vêm com a glória de Deus,
porque esta não se mistura com o mercantilismo diabólico. Havia roupas judaicas
com franjas para todo o tipo de evento. Shofares e berrantes de várias espécies.
Como o deus dessa gente é adaptável, é melhor tocar berrante e chamar o espírito
do que um shofar. E os óleos de unção? Meu Deus, que fedor! Cheiro de mirra, de
aloé, de bálsamo, de óleo de cozinha, quantos vidros e cores! Unção para vários
tipos de coisa. Pensei nos dias em que trafegava pelos corredores do shoping da
catedral de Aparecida do Norte: qual a diferença? As bugigangas só mudam de
tema, mas a idolatria é a mesma.
E a luterolatria e
calvinolatria? Uma aberração. Bíblia da reforma, devocional da reforma, livro de
Calvino, livro de Spurgeon, livro de Lutero. Fotos por toda parte, como se estes
nomes fossem os nossos santos protetores e diretores, que conduzem a nossa fé e
a nossa vida. Que moral temos para falar da idolatria de fora, quando criamos o
nosso próprio panteão de ídolos? Creio que se esses líderes do passado soubessem
o que esta geração fez com eles, teriam os ossos a tremer no
cemitério...
E a ostentação? Moda
evangélica. Moda saia santa. Moda terno da prosperidade. As mesmas ostentações
dos pastores da tevê vendida por eles mesmos, para ganhar um dinheirinho,
formando clones. E nas ruas pregadores em início de carreira, vendendo dvds e
cds de mensagens. "Irmão, tenho aqui uma mensagem poderosa de cura dos enfermos.
Leve-a por vinte reais". "Irmão, Deus me deu uma revelação e eu a venderei por
cinquenta reais em três dvds. Vamos levar?" "Irmão, quero te abençoar em sua
igreja. Cobro só a condução e a alimentação. Vamos fechar agenda?".
Imaginei Jesus naquela rua.
Uma guasca, um chicote bem caprichado e chutes aos montes naquelas prateleiras
malditas da ostentação evangélica. A música que ali tocava nada tinha de louvor,
senão de baladas para vender. "Chove, chuva, chove em minha vida, chove, chove,
chove..." Ah, Senhor, quanta coisa errada!
Comprei o que precisava.
Entre as mil lojas ainda há um restinho que se salva. Ainda há alguma livraria
que vende coisa que presta. Ainda há um ou outro crente verdadeiro. Mas
confesso: aquilo é um termômetro do quão distantes estão os evangélicos da
Palavra de Deus. Cabe a nós, pastores deste tempo e que enxergamos isto (a
maioria não enxerga) cuidarmos bem de nossas congregações, pregando o autêntico
evangelho e orando para que os fiéis não se misturem com essa geração
perdida.
Mas o
Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; (1Tm
4:1)
Wagner Antonio de
Araújo
13/05/2017
terça-feira, 9 de maio de 2017
memórias literárias - 447 - SAUDADES
...
SAUDADES ...
447
Hoje, entre
um toque do despertador e outro, fui conduzido a uma viagem pelas asas da
saudade.
Senti
saudades. Muita saudade!
Tive saudades
da Good News, do Pr. Ralph Metcalf, da irmã Dorothy Whitehead. Tive saudades
desta equipe inesquecível com a qual trabalhei por quinze anos. Eles eram de
Carolina do Norte. Anualmente vinham duas ou três vezes com equipes de dez a
trinta voluntários. Eu e a minha equipe dividíamos o grupo em duplas e os
distribuíamos pelas igrejas solicitantes. Passavam uma semana em atividades
evangelísticas. Visitavam escolas, hospitais, orfanatos, asilos, pregavam em
conferências e faziam inúmeras visitas aos lares. Lembro-me de cada grupo.
Quantos momentos de alegria, de indizível regozijo espiritual! Quantas vidas
transformadas pelo poder de Deus! Quantas igrejas atendidas! Ralph aposentou-se.
Dorothy está no céu. Ouço dizer que a Good News continua com alguns pioneiros e
outros mais novos. Mas sinto muita saudade...
Saudades do
Pr. Josué Nunes de Lima e da Igreja Batista em Jardim Brasil, zona norte da
capital paulista. Ah, quantas vezes estive com ele, primando da bênção do
aconselhamento pastoral e fraternal! Ele, um dos maiores pregadores que este
Brasil já teve, era ao mesmo tempo um líder eficaz e um homem extremamente
simples e gentil. Quantas vezes tomei café em sua casa, ao lado da irmã
Albertina, sua esposa! Quantas lágrimas derramei no ombro daquele conselheiro e
quantos sábios conselhos trouxe para a minha vida! Vi o Pr. Josué reformar o
templo que ele tanto amava e estive na inauguração. Preguei naquele púlpito, que
ele fazia questão de manter apenas para a hora do sermão, conduzindo o pregador
de forma solene e grave. Josué hoje está no céu, sua primeira esposa também.
Soube que o Jardim Brasil hoje vai bem e louvo a Deus por isso. Mas sinto muita
saudade...
Saudades do
Shalom! Sim, anos oitenta. Eu era um novo convertido adolescente, ávido para
testemunhar de Cristo aos colegas. Encontrei o Albert, o Roger, a Sandra e
começamos a nos reunir na hora do recreio, período noturno do Thomás Galhardo na
Vila Romana, São Paulo. Aos poucos outras pessoas queriam juntar-se a nós, ou
para ouvir uma mensagem ou para receber oração. Tornamo-nos fortes, mais de
quarenta adolescentes na sala de aula no recreio. Chamamos a atenção dos
professores. Um deles converteu-se. A diretora vinha assistir. Levávamos bíblia,
violão, folhetos e aos finais de semana cantávamos em igrejas que nos
convidavam. Foram quase três anos de trabalho. Os colegas cresceram. Uns
tornaram-se pastores; outros perderam o contato. Mas foi um tempo inesquecível.
Sinto muita saudade...
Saudades da
Ordem dos Pastores Batistas do Estado de São Paulo, nos tempos do Pastor José
Vieira Rocha. Como era bom! Ele, o líder máximo no respeito de todos nós. Sábias
palavras, administração perfeita, bondade e piedade em tudo o que fazia.
Lembro-me dos cultos às segundas-feiras mensais na Primeira Igreja Batista do
Brás. Momentos ímpares, onde os colegas de toda parte da Grande São Paulo
reuniam-se e trocavam experiências e desenvolviam amizade. O Pr. Vieira
tratava-me com tamanho carinho paternal que acabava sendo um pai espiritual para
mim. Mesmo sendo eu um pastor mais jovem levou-me a pregar na grande igreja que
pastoreava, não uma e nem duas vezes. Ah, que honra, que graça inesquecível! O
Pr. Vieira continua ativo no reino, agora um pastor emérito daquela igreja. Ele
e sua esposa Diail fazem parte da minha história e da história de minha família,
é meu conselheiro pessoal. Aquela ordem de pastores não existe mais, foi fundida
com a nacional. Os cultos mudaram de horário e de estilo. Mas sinto muita
saudade!
Saudade das
visitas aos pastores idosos! Lembro-me quando o Pr. Josué Nunes de Lima, Pr.
Edson Borges de Aquino e Pr. Tiago Lima precisavam de mim para levá-los a
visitar colegas doentes ou idosos. Quantas viagens fizemos! Lembro-me das
visitas que fizemos com o Pr. José Vieira Rocha e irmão Grigório. Fomos nas
casas de obreiros que sofriam e trouxemos a eles o conforto tão especial
naquelas horas de tanta necessidade. Saíamos confortados e com o coração repleto
de gratidão! Sinto saudade...
E o que fazer
com tanta saudade?
Transformá-la
em gratidão, pois são memórias que o Senhor nos dá no exercício da fé cristã.
Sou um bem-aventurado, pois pude lembrar-me do meu Criador nos dias em que não
tinha meia idade. Assim, evocando as lembranças, posso trazer à mente coisas que
me alegram e que puderam ser atos de louvor ao Senhor de minha vida. Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes
que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho
neles contentamento; (Ec 12:1)
Motivar-me
para a continuidade do serviço, porque não me aposentei. Pelo contrário,
enquanto eu tiver vida, saúde, fôlego de vida, continuarei a servir ao Senhor em
todo o tempo e lugar, seja de uma forma ou de outra. As lembranças de
felicidades passadas no serviço do meu Rei me incentivam a continuar e a viver
outras tão boas ou até melhores do que aquelas. Prossigo
para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Fp
3:14)
Quero servir
ao Senhor até o fim e ter a felicidade que o Apóstolo Paulo teve, ao deparar-se
com a morte próxima. Ele, que não economizara tempo algum no serviço do Senhor,
que dedicara cada minuto, cada segundo, cada passo, cada palavra a semear a
Palavra de Deus, a testemunhar de Cristo como o Messias prometido e a fundar
igrejas onde a mensagem fosse pregada e vivida, pôde constatar, nos seus últimos
momentos, e para a glória de Deus, que buscara fazer o possível e o impossível
para manter-se fiel e produtivo. Quero que assim aconteça comigo, independente
do tempo de vida que ainda tiver pela frente. Quero poder dizer como Paulo:
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (2Tm
4:7)
A saudade
dói, principalmente quando aqueles a quem amamos já não estão mais entre nós.
Dói quando as obras que fazíamos não são mais do jeito que eram. Dói quando
somos privados daquelas mesmas experiências que tínhamos. Mas não não nos
impedem de descobrir novas oportunidades, novas pessoas, novas alegrias e novas
chances de servir mais e melhor. Para o crente a vida é sempre uma dádiva; as
folhas que hoje caem adubam a terra para que a nova produção seja mais frutífera
e bonita.
Bendito seja
Deus pela dádiva da saudade!
Wagner
Antonio de Araújo
09/05/2017
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