quarta-feira, 27 de junho de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 03 - PARA OU NÃO PARA?







03 - PARA OU 

NÃO PARA? 



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O Brasil, este país tão maravilhoso e lindo, com riquezas naturais incalculáveis, é povoado por uma gente que para. E como para!


O Brasil para quando assiste a um jogo de copa do mundo, mesmo sabendo que o que está em campo não é esporte ou arte, mas negócios, e muito, muito dinheiro. Sabe-se que tudo é comprado, tudo é acertado fora do campo. Mas o povo gosta de circo e de ilusões; por isso para tudo: o comércio, a indústria, o transporte, até hospitais não têm cirurgias, exceto as de emergência.


O Brasil para quando chega o Carnaval. De norte a sul, de leste a oeste a nação se torna um bordel a céu aberto. Mulheres e homens nus desfilam as suas excrescências pelas avenidas; crianças são incentivadas aos bailes de matinê; músicas de cunho chulo invadem os autofalantes das multimídias existentes. Já os crentes param também. Uma parte vai sambar junto com os incrédulos, fazendo-se pecadora para ganhar os pecadores (ou seria ‘serem ganhas pelos pecadores’?). Outra parte vai para os retiros. Poucos são verdadeiros retiros espirituais, com oração, estudo bíblico, edificação e evangelização; a maioria não passa de um lazer coletivo, pago em parcelas, para que todos se divirtam juntos, até com bailes à fantasia. 


O Brasil para quando exibe sua religiosidade. Os evangélicos, por exemplo, inventaram a tal marcha para Jesus, que une os incautos numa passeata de manipulação de massas. Ali os falsos apóstolos lançam os candidatos para cargos públicos e assinam na surdina contratos de "eu não lhe prejudico e você me financia". Católicos pintam o chão de pó-de-serra e desfilam seus ídolos de barro e gesso, no afã de obter bênçãos divinas. E nas praias brasileiras oferendas são lançadas às entidades espirituais, numa mistura de frango assado, óleo de dendê, pétalas de rosas e muita farofa, buscando com isso aplacar a ira dos deuses. 


Mas o meu país não para. Infelizmente ele nunca parou e dificilmente parará.


O Brasil não para a sua sanha de corrupção. Desde os mais humildes até os mais ricos (e principalmente!), todos buscam obter vantagens, ainda que no prejudicar do próximo, da nação ou da família. O homem que condena publicamente o político ladrão rouba o patrão ao declarar uma despesa que não foi realizada. O marido ludibria a esposa com o engano, enquanto esta faz o mesmo com ele. Alunos enganam professores, colando na prova, e professores enganam alunos, dando aulas sem qualidade. Crentes enganam os pastores, simulando uma falsa espiritualidade, e pastores enganam o rebanho, fingindo importarem-se com a vida deles. Graças a Deus há exceções (procuro ser uma!), mas sabemos que no geral é assim.


O Brasil não para para buscar a liberdade financeira. O brasileiro edifica a sua vida num endividamento constante e permanente. Ele não é educado para ter bens e recursos abundantes. Pelo contrário, enganam-no quando lhe seduzem a comprar um carro em cem prestações, pagando o valor de três outros carros a mais. O país não para na reestruturação do orçamento familiar e nem da administração pública. Todos são a favor do enxugamento da máquina governamental, desde que não afete o seu próprio bolso. O resultado é um excesso de dinheiro e a carência completa dele: excesso no bolso alheio, carência na necessidade pública. Estádios luxuosos, enormes, faraônicos, caríssimos, em lugar de um atendimento decente aos idosos, um hospital público de qualidade e professores e policiais bem pagos. 


O Brasil não para na análise de seu futuro na eternidade. Ele está tão ocupado com o futebol, com a religiosidade, com a orgia, que não tem tempo para parar e pensar no seu futuro além-túmulo. Ele nem acredita nisso. Hoje há crentes, católicos, espíritas e de outras religiões que são ateus confessos, num contrassenso absurdo, um axioma completo! Como pode um crente não crer em Deus? Pode. A vida mostra. O deus de muitos é o ventre, a barriga cheia. De outros é a alegria, um copo de vinho e muita bagunça. Para outros ainda é o enriquecimento rápido e ilícito, não importa em que ramo: no tráfico de drogas, no cargo público, sendo laranja de políticos, no comércio da fé. Ele só vacila quando alguém de seu relacionamento morre e tem que encarar corpos mortos, alguns mais novos do que ele. Por mais que pense: "antes ele do que eu", sabe que sua hora há de chegar e contas terá que prestar. Se tudo acaba, então sua ampulheta está prestes a esgotar-se, não restando nada no futuro. Se não acaba, ele sabe que pode não haver a hora derradeira do pedido de perdão. Aliás, remorso não é arrependimento, e muitos pensam que pedem perdão, mas estão apenas resignados por não poder continuar no pecado.


É hora de parar. Não para um jogo de futebol, não para uma diversão ou um circo religioso. É hora de parar e falar com Deus. É hora de arrependimento de pecados. É a hora da verdade. A grande cidade de Nínive, ao ouvir o profeta vaticinar a sua iminente destruição por causa de seus pecados, parou completamente. Desde o seu rei até o animal de carga, todos pararam. Houve medo, terror e arrependimento. Aquilo fez tardar o juízo divino (infelizmente a outra geração não manteve a nova postura naquela cidade). Em outra ocasião Josias, rei jovem, achou o livro de Deus. Ao lê-lo arrependeu-se, fez o país parar e voltar-se ao Senhor. Também tardou a ira divina em seu tempo (a próxima geração abandonou a fé outra vez). Está na hora de clamarmos e orarmos, pararmos mesmo. Parar a nossa vida e reavaliar os nossos valores. Parar e verificar se não somos corruptos. Parar e refazer o nosso orçamento, para redirecioná-lo no gasto daquilo que é digno e construtivo. Parar para ter fé verdadeira. E, quem sabe, poderemos fazer o Brasil parar de caminhar para trás, e olhar para frente, para Cristo e para uma vida frutífera!

E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. (2Cr 7:14)


Oh, Deus, faze com que o meu país PARE para ter um verdadeiro encontro conTigo!


Wagner Antonio de Araújo
27/06/2018

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