sábado, 30 de junho de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 06 - JOSÉ E ANTONIO

 
06 - JOSÉ E
ANTONIO

 
José e Antonio
 
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Eram dois irmãos. Um chamava-se José. O outro Antonio. Eram filhos de um João. Foram criados na roça. José seguiu pela vida por ali mesmo, na cidade vizinha. Tornou-se rico proprietário de terras, casas e poderoso coronel de interior. Antonio, por sua vez, seguiu o caminho do irmão Roque: fugiu de casa aos dezessete anos, vindo para São Paulo tentar a vida. E foi bem sucedido. Começou como operário de construção civil, ajudando a abrir canalização de esgotos em Vila Brasilândia. Tornou-se zelador de um prédio e, ali, caiu na  graça de um antigo professor, que lhe pagou os primeiros estudos e o apresentou ao Banco do Brasil. Antonio tornou-se bancário e chegou a estudar engenharia civil. Casou-se com Elzira e, infelizmente, adoeceu, tendo que ser afastado por algum tempo das suas atividades. Mas deu a volta por cima e venceu.
 
José e Antonio disputavam entre si sobre quem podia mais, quem tinha mais. José era fazendeiro, tinha muito gado, muitas terras. Quando a mãe deles, Izolina, faleceu, disputaram na bala uma pequenina herança. Eram tão ruins de tiro que mataram um coelho e não conseguiram acertar um no outro. Quem viu conta que foi um bangue-bangue, cada um escondido atrás de uma árvore. Eles não se falavam. O último encontro foi num passeio, o derradeiro que fizeram com o pai deles, em 1974. Eles perderam o contato.
 
Antonio converteu-se a Cristo em 1980, levado ao Senhor pelo seu filho. Suas enfermidades avançaram. Diabético, teve cegueira, câncer e uma série de outras complicações. Ele vislumbrava a morte. Como havia sido uma pessoa implacável enquanto não crente, decidiu pedir perdão para quem tivesse algo contra ele, ou perdoar quem porventura tivesse feito coisas que o tivessem prejudicado. E lembrou-se de seu irmão José. Contratou um motorista e rumou para o município de Camanducaia, em Minas Gerais. Achando a casa do irmão, pediu licença para entrar. Sentado na sala, sem enxergar nada, Antonio conta ao irmão um pouco de sua vida. Em seguida diz ao seu irmão que se converteu a Cristo, que os seus pecados foram pagos por Jesus na cruz do Calvário e que um dos resultados fora o profundo arrependimento que sentira por ele não ter sido para José o irmão que gostaria de ser. Então viera pedir perdão e dizer que José também estava perdoado. José, emocionado, pede a Antonio para colocar a mão na perna dele. Estava amputada. Também diabético, também em estado terminal. E, glória a Deus,  também convertido a Jesus Cristo! O encontro transformou-se em um culto de gratidão. Emocionados, os irmãos se abraçaram. Reconciliaram-se. Ambos haviam perdido praticamente tudo o que tinham. Mas ganharam de Cristo o amor de Deus e a vida eterna. Foi o último encontro. Antonio morreu em julho de 1991 e José numa data próxima daquela. Mas reencontrar-se-ão ressuscitados no Céu, diante do Trono dAquele que os remiu.
 
Eles eram dois irmãos. Mas  tornaram-se dois novos irmãos: irmãos na fé cristã. Eles partiram transformados pelo poder de Deus.
 
Esta é a história de Antonio, MEU PAI. E de José, MEU TIO. E da obra de Jesus, O NOSSO SALVADOR.
 
Glória ao Seu Santo Nome, Senhor!
 
Wagner Antonio de Araújo
30/06/2018
 
João Paulino de Araújo, José Paulino de Araújo,
Antonio Paulino de Araújo, Guilherme, filho de José
e Geraldo, primo deles. 1974 em Toledo, MG.

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