sexta-feira, 15 de março de 2019

memórias literárias - 777 - SILÊNCIO INTERIOR

SILÊNCIO
INTERIOR
 
777
 
Como fazer silêncio num mundo tão barulhento? Basta acordarmos e o ruído invade a alma! São terroristas de direita a matarem islâmicos; são terroristas islâmicos a matarem judeus. São terroristas de jogos de internet a matarem estudantes e a se suicidarem. São terroristas judiciários a lançarem para o esgoto anos de investigações e de processos contra a corrupção política. São políticos insensíveis que abrem a boca para falarem besteira e lançarem a economia para a vala comum! Como fazer silêncio?
 
Não há um instante em que o celular não nos traga notícias, más novas (dificilmente há boas-novas que nos chegam!). Em uma semana há enchentes mortais, desabamentos que ceifam famílias inteiras, tufões que arrasam países, terremotos que soterram cidades, secas que destróem lavouras, presídios que em rebelião matam centenas de pessoas, vazamentos de óleo pelo mar, barragens que estouram e que ceifam centenas de vidas e matam centenas de quilômetros de vida nos rios e nas propriedades rurais. A cada cinco minutos o celular apita, trazendo-nos ruídos e mais ruídos!
 
A alma não descansa! É um parente internado, um vizinho acidentado, um amigo aprisionado, um conhecido sequestrado. Foi uma montadora de automóveis que demitiu milhares, uma rede de comércio que fechou as portas, um prejuízo que levou as economias todas. Também um idoso que agoniza no hospital, um bebê recém-nascido que luta para sobreviver à prematuridade, uma mãe que entrou em coma após o parto. Como fazer silêncio?
 
As contas não deixam! A conta de luz que aumentou demasiadamente, o imposto predial que embutiu uma inflação que não foi observada nos salários, a conta de água de acusou um vazamento mostruoso, a internet que estourou a quota mensal. Fomos multados por uma placa inexistente na estrada e não há a quem reclamar! E de repente o cartão de crédito que cobrou um absurdo por um dia de atraso e a mensalidade da escola das crianças, que tornou-se insustentável. A comissão que iríamos receber por uma venda ou indicação acabou por não vir e não há quem se importe! Como fazer silêncio?
 
O silêncio tem que ser uma determinação. Tem que ser uma decisão nossa, não das circunstâncias. Jesus, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava. (Lc 5:16). Se havia alguém cujo ruído das multidões poderia atrapalhar o silêncio da alma, esse alguém era Jesus. Eram os infelizes que clamavam, os aleijados que buscavam a cura de suas limitações, as mães aflitas que imploravam por pão para os seus pequeninos. Eram os judeus oprimidos que reinvindicavam um messias libertador, os oprimidos que pediam um herói que os arrancasse da tirania dos dominadores. Jesus estava exposto às vozes da multidão e às vozes interiores das necessidades humanas. Mas o que fazia? Atendia aos clamores, mas decidia buscar o silêncio da alma também. Ele decidia ter um tempo de solitude (não solidão; esta é depressiva; aquela, reconfortadora!).
 
O nosso erro é não termos essa solitude interior. Com o advento dos meios de transporte rápidos e facilitados e agora, com as facilidades de comunicação instantânea, nos sentimos aleijados se não estivermos conectados com alguém, com alguma notícia ou com algum grupo social. Meu Deus, como fazer silêncio assim? Nós entramos em desespero se saímos sem um celular à mão, se tomamos o ônibus ou estamos distantes dele. Parece uma força que nos vence, um ímã que nos atrai, um senhor que nos escraviza! E não temos a mesma sensação para com a hora tranquila, de solitude, de busca da presença de Deus!
 
Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e Deus meu (Sl 43:5)
 
Precisamos desse silêncio. Precisamos dessa hora tranquila. Precisamos dessa comunhão diária. Precisamos desse encontro com o Criador. Precisamos de privacidade interna e externa. O mundo continuará a jazer no Maligno. O terror irá assolar mais e mais. As injustiças se manterão intactas e a tribulação aumentará a cada instante. Mas aquele que sobe a montanha da comunhão e da quietude, que busca o Altíssimo como um alpinista o pico da montanha, encontrará um Deus imutável, real, perfeito, que não tem sombra de mudanças e cuja paz está disponível para a alma ansiosa!
 
Aquietemos a alma agora e busquemos ao Senhor em oração. Ele manifestará a Sua presença e derramará sobre nós um bálsamo tranquilizador! E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. (Mc 4:39)
 

Wagner Antonio de Araújo
15/03/2019
membro da Igreja Batista Cidade IV Centenário, São Paulo, Brasil
textos: http://prwagnerantoniodearaujo.blogspot.com/  
pregações:
https://pregacoesprwagneraa.blogspot.com/  
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bnovas@gmail.com ; prwagneraa@gmail.com  
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Obs: obrigado aos que sentiram falta de meus escritos nesta semana. Estava na montanha interior, na solitude necessária. Bem haja!

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