SEMPRE
PARA
PIOR...
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Torno-me um
inconformado quando vejo o que antes era tão belo, tão cristão, tão maravilhoso,
e com o passar do tempo se deteriora a ponto de desfigurar o próprio
passado.
Aquela igreja
era tão boa, tão fiel, tão bíblica, possuia um pastor que há mais de quarenta
anos a conduzia com seriedade, com autoridade, com o poder do Espírito Santo.
Ele mandara fazer um púlpito de madeira só para as pregações, deixando outras
atividades para um outro de uso comum. Cada sermão era um discurso épico; cada
culto um encontro com Deus; cada domingo uma página a mais, escrita pela graça
do Senhor e pelo amor de uma igreja. Hoje, depois de alguns anos que ele se foi,
olho para as publicações da igreja que pastoreou. Santo Deus, que decadência! A
coreografia invadiu o púlpito em comemorações especiais. O púlpito especial está
encostado num lado da parede, sem uso e sem importância. Os cultuantes são
partícipes casuais com roupas casuais, não mais membros cientes da seriedade de
um encontro com Deus. O sal tornou-se insípido e o grande centro de propagação
da verdadeira fé tornou-se mais uma igreja à moda do presente
século.
Aquela
família era composta de cantores corais. A mãe, as filhas, o filho e a nora. E
como cantavam ao Senhor! Fazia alguns anos que eu não os via. E que decepção ao
revê-los! Os braços de todos receberam tatuagens monstruosas. As festas juninas,
deixadas para trás no ato de conversão evangélica, foram retomadas ao sabor dos
licores e do quentão. Os que eram solteiros amaziaram-se, emporcalhando a moral
cristã que mantinham. E não frequentam mais a igreja. Eu me pergunto: cristãos
só o são quando estão ligados ao rol de membros de uma igreja local? Quer dizer
que no momento de trânsito, quando procuram uma nova congregação (se é que
procuram) deixam-se levar por tudo o que antes condenavam segundo a Palavra de
Deus? As novas gerações não conhecerão mais ao Senhor, reprisando tristemente a
geração pós-Josué entre os hebreus...
Aquela
gravadora americana era o ícone da boa música cristã de qualidade. O seu
proprietário autor de inúmeros hinos tão queridos de todos nós. Ele tinha um
quarteto que era base de centenas de outros pelo mundo afora. Recentemente fui
até o seu site procurar os materiais atuais. Meu Deus, que tristeza! Eles
renderam-se ao sucesso instantâneo de youtubers. Os vídeos de música natalina,
tão lindos e clássicos que sempre produziram, agora foca um par de lenhadores
barbudos e tatuados, vendedores de bugigangas e enfeites, que enquanto fabricam
as peças canta (e muito mal) as músicas de Natal. São mundanos, mas vendem
muito! E o quarteto tornou-se quinteto e sexteto, sem nenhuma relação com o que
sempre fora, tornando-se mero fenômeno estereotipado de música contemporânea e
de consumo.
Por que tudo
isso? Por que as editoras bíblicas trocam as versões em português comum por
versões mexidas, adulteradas, publicadas ao gosto do freguês e com narrativas
setorizadas? A Bíblia tornou-se massa de moldar, gelatina, tomando a forma do
recipiente que for mais rentável. Um ministro me disse: "Não uso mais aquela
versão tradicional. Só estão fabricando bíblias baratas e de letras boas com a
versão adulterada. Se eu não me adaptar não terei mais material para
distribuir..."
Acabo de
receber mensagem de associação de pastores denominacionais. Estão felizes, pois
conseguiram mais uma loja comercial parceira, com 20% de descontos em todas as
compras. No cardápio cachaça, charutos e toda a
tabacaria...
Continuo a
repetir: o Espírito Santo está sendo retirado pouco a pouco de Sua ação
reprodutiva na vida da Igreja de Jesus Cristo. Igrejas estão cheias, mas de
gente perdida. As autênticas conversões diminuem. Os pastores sérios que falecem
são substituídos por políticos religiosos que ajudam a máquina da fé a angariar
recursos e público. Ainda há os fiéis - e graças a Deus! Mas a cada dez que se
vão só 3 são verdadeiramente substituídos. E quando estes partirem? A apostasia
profetizada galopa nas costas da história contemporânea.
Volto o meu
olhar para Jesus. E digo: "Maranata! Ora vem, Senhor
Jesus!"
Wagner
Antonio de Araújo
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