SHOWGOSPEL
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A palavra
GOSPEL vem do inglês GOD SPELL, que significa "Palavra de Deus". As músicas
cristãs ganharam esse selo nos Estados Unidos. Elas englobam grande gama de
estilos, valores, tradições, tendências. Tornaram-se grande fonte de lucro e
sucesso. Inúmeros crentes iniciaram suas vidas de cantores ou instrumentistas em
igrejas e, ao atingirem um certo sucesso, abandonaram o Reino e tomaram o rumo
do mundo secular. A música evangélica dos negros americanos, a música
tradicional sulista, o bluegrass, o country, tudos possuem a sua
versão gospel.
Esse termo
veio ao Brasil na década de 80 com o surgimento das igrejas neopentecostais. Até
então as músicas restringiam-se aos cultos nas igrejas ou às obras de
evangelização. Com o advento do selo e, consequentemente, do sucesso da
exposição pública, criaram-se inúmeros selos gospel e um negócio pra lá de
lucrativo apareceu. Logo os empresários muniram-se de uma carteira rentável de
cantores e grupos e passaram a oferecer espetáculos públicos. Primeiro nas
feiras restritas. Depois, com a inclusão da televisão, do rádio, da internet,
foi questão de tempo invadirem as casas noturnas e os teatros, tornando-se uma
opção religiosa de entretenimento público. O catolicismo copiou o mundo
evangélico e absorveu esse universo cultural gospel, fazendo o seu próprio
caminho, confundindo o auditório com músicas similares ou até iguais. O que foi
comum para ambos é que distanciaram-se o mais que puderam das igrejas e dos
cultos religiosos, tornando-se um fim em si. Grande parte desses cantores,
grupos, conjuntos e organizações usam as igrejas como clientela para a venda de
shows e ingressos, bem como de músicas em plataforma de mídia. Há alguns anos
passaram a usar a política para conseguir grandes oportunidades de espetáculos
públicos e cachês vultosos dos municípios e dos estados. Há shows gospel pela
tv, pelo rádio, pelos rodeios e até no carnaval. Pastores espertalhões e
mundanos, inclusive de denominações tradicionais, criaram os seus próprios
blocos carnavalescos, emporcalhando a doutrina da santidade da
Igreja.
Enquanto
escrevo contemplo a Justiça no Rio de Janeiro impedindo um show gospel na virada
do ano por ser a cantora esposa do parceiro musical do prefeito, que também é
artista gospel. E eu me pergunto: SHOW GOSPEL? Onde está isso na Bíblia? Afinal,
para quem quer se identificar como cristão, é necessário encontrar fundamento
bíblico para o exercício de seu ministério.
Não há
fundamentação no Novo Testamento para um espetáculo de entretenimento com a
Palavra de Deus cantada. Não é só por falar de Jesus que uma música é
credenciada para ser instrumento didático no ensino
bíblico.
Alguns dizem
que através da música gospel nos shows da noite, nos bailes, nas baladas, nas
tvs, estão a levar a Palavra de Deus. Ledo engano. Se o que cantam estiver de
acordo com a Palavra de Deus e se ao cantarem não fizerem caso da seriedade e da
reverência de seu cântico, estarão lançando pérolas aos porcos, mercadejando o
evangelho. Não deis aos cães as coisas santas, nem
deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e,
voltando-se, vos despedacem. (Mt 7:6). Pregar o evangelho é
tornar-se padrão a ser seguido, não amoldar-se conforme o ambiente pecaminoso
onde se está. Jamais na história do verdadeiro evangelho as igrejas se
sujeitaram ao padrão do mundo; pelo contrário, serviram de padrão no ensino, na
pureza, na didática, na cultura. Hoje o mundo dita as normas da igreja, e as
músicas gospel são um canal dessa interação.
Os pecados
dos cantores gospel, de forma frequente e assoladora, envergonham os que se
chamam evangélicos ainda, uma vez que cantar e não viver é um contrassenso, uma
abominação, uma mentira e Deus não está nessa história. Cantores que começam
bem, crescem e de repente abraçam causas diferentes, seguindo a onda do
politicamente correto, só prestam um desserviço ao Reino de Deus e cometem
escândalo ao evangelho. Quando chegam a um nível de remuneração e de fama
precisam estar sintonizados com a opinião da maioria, para não terem o insucesso
e o conhecido "deslike" em suas publicações. Em resumo: mercadejam-se,
vendem-se, deixam-se levar e renegam o Salvador a quem supostamente cantavam.
Mas não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos;
depois, sobrevindo tribulação ou perseguição, por causa da palavra, logo se
escandalizam. (Mc 4:17); Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos
judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. (1Co
10:32).
A música
cristã começou o seu desenvolvimento após a geração apostólica, com recitação de
textos e musicalização de ensinos. Posteriormente os instrumentos foram
introduzidos. O propósito sempre fora litúrgico, para o culto, e não para
diversão dos cristãos. Na era de ouro dos evangelistas criaram-se as campanhas
de evangelização: um pregador munia-se de um bom músico e cantor, que fazia a
introdução às conferências, elevando o auditório espiritualmente. Mas o
propósito do cantor era sempre secundário: a pregação era o alvo. Não estava em
curso um espetáculo, mas um culto. Na década de oitenta surgiram os "worship" de
comunidades, criaram-se as "equipes de louvor", em detrimento dos grupos ou
conjuntos. As músicas, que eram cristocêntricas e evangelísticas (ou eram
dirigidas a Deus para adórá-lo ou aos homens para buscá-Lo) aos
poucos tornaram-se antropocêntricas e egoístas (de "nós" passaram a usar "eu", e
"para Deus" tornou-se "a mim"). Se antes se dizia: "Tu és o nosso Deus" agora se
cantava "Eu sou importante". E o culto eclesiástico passou a ser secundário,
entronizando o homem no lugar de Deus. Nas palavras de Cristo o próprio EU
passou a ser o "abominável da desolação", sentado no trono de Deus, no lugar
onde jamais deveria estar.
Não,
leitores. A música cristã não presta para show e espetáculo de entretenimento.
Ela deve servir para adoração divina, para confirmar e confessar as verdades
bíblicas, para ensinar os valores da vida cristã e conduzir homens ao
arrependimento e a fé no Senhor. Elas não devem colocar o cantor ou o músico num
pedestal, transformando-o num empresário da fé. Quem faz da música cristã um
meio de enriquecimento serve a MAMOM, não a JEOVÁ. E terá por eternidade o
Inferno.
Não
precisamos de shows. Não precisamos de artistas. Não precisamos de celebridades.
Não precisamos de gente que usa a música cristã para galgar cargos públicos e
elegerem-se como deputados, governadores ou prefeitos. Aliás, é o que mais se vê
hoje em dia: pastores e cantores usando os seus fãs como eleitores, garantindo
um futuro promissor para as suas carreiras e famílias, às custas da fé pública.
Isto é abominação, não ministério.
Voltemos ao
evangelho. Voltemos ao cântico congregacional de hinos antigos, que têm teologia
bíblica e reverência na execução. Cantemos a Palavra de Deus, não as bobagens de
mentes pervertidas de mundanos. Aprendamos a fé com as canções de qualidade,
aprendamos a pensar, aprendamos a servir! Se a música gospel não me tornar mais
crente, mais santo, mais envolvido com a Bíblia, com a oração e com a minha
igreja, se ela me levar a parecer com o secular e não com o sacro, então essa
música não serve para mim.
Show gospel?
Estou fora.
Wagner
Antonio de Araújo
O Senhor continue te abençoando!
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