MAIS
QUE
ISSO
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A vida é mais
que isso. Não se trata apenas de um acúmulo de coisas para fazer, de pessoas com
quem interagir, de objetivos a alcançar, de metas a bater.
Não é apenas
um ir e vir, uma sequência contínua de alegrias e de aborrecimentos, de
felicidade e tristeza, de sono e despertamento.
A vida é mais
que viver. A vida é celebração. Mas ela só se expressa quando permitimos que lá
dentro de nós a festa seja real. Se assim não for a parte de fora será mera
casca envernizada, uma fria aparência de felicidade que não
existe.
As pessoas
pensam que o movimento é que traz vida, que rejuvenesce, que provoca a cura. Mas
movimento em si nada é. Se o simples movimento fosse suficiente teríamos pedras
saudáveis num despenhadeiro, quando se desprendem da montanha e descem
quilômetros afora. Não, exercícios físicos, academias, viagens, férias
alucinantes, drogas alucinógenas ou shows em abundância não trazem
vitalidade.
Nós
precisamos ter vida que nasce de dentro. Jesus Cristo afirmou que aqueles que
nEle cressem teriam um rio de águas vivas que jorraria de seu interior. E o que
isso significa?
Estas águas
vivas não são aqueles bichos perigosos das águas do mar. Também não são águas
medicinais que saem de algumas fontes. Águas vivas são minas inesgotáveis de
água, que não se esgotam na época da seca e nunca deixam o sedento sem o
precioso líquido vital. Jesus disse que haveria uma fonte de felicidade, de
alegria, de realização, algo inesgotável, pois quem toca no coração de Jesus
recebe o dom da vida, da alegria e da felicidade.
Assim, com
Jesus no coração, podemos vivenciar uma alegria que vem de dentro. E então
considerar a vida mais que uma sucessão de eventos, de capítulos, de dias e de
noites intermináveis (ou quase).
Viver é
sentir-se feliz. Viver é usar da liberdade para tomar decisões que não pesam.
Viver é celebrar tudo de bom que temos e sermos gratos por tudo, mesmo que o
nosso tudo seja muito pouco. Viver é rememorar docemente as coisas boas que já
foram, os momentos únicos que vivemos. Mesmo que sejamos solitários nesta
celebração.
Um dos
momentos mais felizes que pude ver foi numa visita em Pilar do Sul, estado de
São Paulo. A Igreja Batista de Cotia, tendo à frente o Pr. Manoel Gonçalves de
Oliveira, possuia uma congregação naquela capela. O filho de um querido pastor
tinha sido ordenado ao ministério, casado e assumido a liderança daquele grupo.
Havia uma capela americana e aos fundos improvisou uma casa. Nós fomos
visitá-lo. Sua cama eram duas tábuas suspensas onde jazia um colchão de casal. A
toalha da mesa era daqueles plásticos bem baratos e floridos. O armário era um
buraco na parede onde colocaram uma cortina plástica. O fogão de duas bocas. Eu
pensei: "Meu Deus, quanta carestia!". Contudo, ao ver a expressão de
felicidade, de alegria e de contentamento daquele casal diante do recente
casamento, da felicidade a dois, da alegria do ministério e da bênção de servir,
percebi que o mais pobre ali era eu. A felicidade estava dentro deles e naquele
momento eu daria tudo para senti-la também.
Hoje eu a
tenho também. Eu já tinha Jesus, mas faltava-me ser grato. Eu achava que ser
feliz dependia das circunstâncias, das outras pessoas, da conta bancária ou de
não ter aborrecimentos. Mas no mundo sempre teremos aflições, disse Jesus. Foi
então que decidi seguir o caminho da gratidão. Eu vejo essa gratidão nos meus
filhinhos, que celebram um mero cofrinho plástico no formato de porquinho. Eles
estão tão felizes com o pequeno objeto, que nos encantam e motivam a celebrarmos
também os porquinhos que ao longo da vida recebemos!
A vida é mais
que isso. Viver é ter paz lá dentro, é encantar-se com um hoje, pois muitos só
tiveram o ontem e talvez jamais tenham um amanhã. Viver é encantar-se com a
simplicidade. Viver é fazer do terreno baldio um jardim florido, um pomar
frutífero, um recanto aprazível.
Aliás, nem
sei porque me coloquei a escrever isso. Talvez porque, à luz desta reflexão,
alguém precise rever a sua própria vida e mudar a sua forma de encarar o tempo
que lhe resta. Talvez alguém comece realmente a viver agora, viver de dentro
para fora, sem verniz ou sem fantasias.
Carpe Diem!
Viva o dia! Viva com Cristo!
Wagner
Antonio de Araújo
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