quinta-feira, 6 de abril de 2017

memórias literárias - 434 - SOMOS APENAS CONSUMIDORES


SOMOS
APENAS
CONSUMIDORES

434
O que somos para os donos do poder e da mídia? O que somos para os apresentadores e para os políticos? O que somos para as grandes empresas, os grandes supermercados, os bancos privados e públicos? Apenas e tão somente CONSUMIDORES.
Assisti a uma entrevista de um prefeito importante do Brasil a uma apresentadora de TV. Ele falava sobre albergues reformados e banheiros de rua com qualidade. A apresentadora disse: "Que ótimo, senão a cidade continua feia e perigosa e nem dá pra ser rico por aqui". E em seguida ostentaram seus patrimônios, falando das propriedades, dos banheiros das casas, de tudo mais.
Qualquer um pode ser rico. Mas a atitude da maioria dos ricos é antagônica ao evangelho de Cristo e à sociedade mais pobre.
O apresentador da TV e o canal não estão preocupados com o que transmitem, com a linguagem que usam, com o tipo de informação, com a qualidade de seu material. Eles estão de olho nos índices de audiência. E se detectam que o povo gosta de falar palavrão, andar deselegante e cantar músicas promíscuas, é isso que eles darão no seu cardápio diário.
O banco não está interessado em que compremos a casa própria, adquiramos o nosso carro novo ou saiamos de nossas dívidas. Para ele nós somos menos do que nada. O que realmente interessa é o dinheiro que pagaremos a eles através dos juros e dos serviços e do fluxo de capital que contarão em suas contas gigantescas. Se um dia atrasarmos um pagamento, já sabemos como eles são bondosos na aplicação dos juros.
O supermercado não está interessado em nos vender as coisas de que necessitamos. Eles querem vender o que gerará lucro e para isso usarão de subterfúgios, barateando algo supérfluo e encarecendo o básico. Quando montam um quit básico, não é com materiais de primeira linha, e sim com restos que não foram vendidos e estão atrapalhando o armazém geral.
Os governos não estão interessados em suas populações. Eles não ligam se há esgoto na rua, se a iluminação pública está funcional, se há segurança na pracinha, se há áreas degradadas ou se a documentação está em ordem. Eles querem é que paguemos as taxas, os impostos, e maquiam tudo isso com nomes bonitos, chamando de bondade, ajuda, gratuidade bondosa. Ledo engano! Uma avenida ficou 4 anos com buracos onde podíamos plantar árvores; eles cresciam sem limites; nos dias das eleições recapearam a avenida. Hoje, quatro meses depois, o asfalto derreteu e as beiradas estão esburacadas e arrasadas. Boa situação para novas obras e novas verbas...
A faculdade não está interessada em formar excelentes profissionais. Ela interessa-se pelo maior número de alunos, que suprirão o seu caixa para pagar as suas despesas e abrir novas unidades. Elas incentivam o financiamento estudantil público e privado, porque, assim, receberão diretamente de quem paga, deixando a dívida para que o financiador resolva. Seu interesse é formar o maior número de gente, terminando a formação de um e colocando outro no lugar, não importa que o conteúdo não tenha sido perfeito.
Igrejas gigantescas não estão interessadas nas pessoas. Dias atrás assisti a uma bispa que se colocou num trono sem sapatos e sem meias, mandando o povo beijar os seus pés por duzentos reais, dizendo que ficariam curados. Mas foi categórica: "não falem comigo, apenas paguem, beijem e saiam". Outra, herdeira de outra mega-igreja, falou ao microfone que não queria ouvir o problema de ninguém, nem tampouco colocar a mão sobre ninguém para orar, senão a fila seria interminável. Que as pessoas se satisfizessem em ouvi-la e vê-la.
Somos consumidores! Somos pagadores de dívidas para enriquecer os dominadores. Há quem compre bilhetes de capitalização com nomes de concursos de ganhar um milhão. Eles realmente pagam um, dez ou cem, mas que representa uma mixaria diante de tudo o que foi conseguido. E pagam não por amarem ou serem bonzinhos com os consumidores; fazem-no para justificar o negócio; perdem um pouco para ganhar muito.
Deus não se agrada nem um pouco disso tudo. Aliás, este mundo jaz no Maligno e o seu príncipe já está julgado. O deus deste século mantém o povo escravizado sob a mentira de que estão sendo ajudados. Nós vimos muito bem o que significou a ajuda de alguns anos nos cofres públicos e privados...
Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais? (Tg 2:6)
Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. (Tg 5:1)
E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. (Mt 19:24)
Três coisas adicionais.
1) Não é pecado ser rico. Abraão foi rico. José do Egito foi rico. Davi, Salomão e os reis de Judá foram ricos. José de Arimatéia foi rico. A riqueza por si só não produz ímpios. O pecado não pertence à realeza e à burguesia; ele está esparramado por toda a raça humana! Assim como os bancos impõem juros abusivos, clientes desonestos fazem compras, não pagam e esperam os bancos chamarem para um acordo, para receberem um valor ainda menor do que a compra; ou então aguardam a famosa "caduquice". (isto não significa que TODOS os casos sejam assim, pois há honestos que atravessam crises e que precisam de acordos; mas muitos outros são desonestos e compram já pensando em não pagar!).
2) O amor ao dinheiro é a raiz dos males. Ser rico não; ser apegado, ser egoísta, ser invejoso, ser ajuntador sim!
Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra! (Is 5:8)
E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. (Lc 12:15)
3) O rico que se torna cristão deve ser generoso. Sim, um homem de bem, alcançado pela graça de Deus, não pode viver na mesquinhez e ser soberbo. Deve saber repartir o que tem. Caixões não têm gavetas. Nada se leva. E grandes patrimônios mal conquistados ou mal partilhados geram disputas judiciais dos herdeiros que, não raras vezes, terminam em tragédias.  O rico cristão deve ser generoso.
Conheço alguns deles. Um deles vendeu uma chácara na qual não tinha mais interesse. Ele tinha um caseiro que, certamente, ficaria sem nada. Ao vender a propriedade, separou um dinheiro, ergueu uma casa, demarcou um bom lote e presenteou ao pai de família. Não é preciso dizer que houve gratidão imensa por parte dele. Outro, também conhecido, tinha em seu orçamento doméstico, diversas verbas que saíam. Ao falecer, descobriram que ele, particularmente, ajudava pessoas idosas, orfanatos, pastores aposentados e tudo isso de forma anônima. Um criador de um hipermercado internacional, nos Estados Unidos, era tão rico, que o pastor de sua igreja pediu para ele repartir o seu dízimo, pois não tinha o que fazer com tanto recurso. Então aos domingos pela manhã ele encaminhava-se a uma igrejinha de interior, a mais pobre que descobrisse. Assistia ao culto, participava. Era um tempo onde não havia internet, as pessoas não se conheciam de forma instantânea. Ao término do culto ele procurava o pastor e perguntava em quê poderia ajudar financeiramente. O pastor, geralmente, falava de um órgão que precisava comprar, um forro que tinha vazamentos ou um carro para buscar idosos. Então ele apresentava-se e dizia que queria ajudar mais. Em seguida carretas chegavam com um templo premoldado completo (nos Estados Unidos isso existe). O pastor, desesperado, recusava, dizendo que não teria como pagar. Ele, então, dizia: "Cristo já pagou pelos meus pecados. Eu só cuido do que é dEle e que Ele deixou nas minhas mãos".
Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; (1Tm 6:17)
Mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta, e haja igualdade; (2Co 8:14)
Infelizmente continuaremos consumidores para os poderosos deste mundo. Mas poderemos consumir só o que for lícito e só o que realmente precisarmos. O resto poderá ficar para eles, pois, com o critério da sabedoria de Deus, saberemos dizer SIM ao que é bom e NÃO ao que é ruim.
Que o Senhor nos faça criteriosos.
7 Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações (I Pedro 4.7)

Wagner Antonio de Araújo

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