sexta-feira, 4 de maio de 2018

memórias literárias - 657 - O MEU GRÃO DE TRIGO

O MEU
GRÃO DE
TRIGO
 

 
657
 
Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. (Jo 12:24)
 
Jesus falava de Si. Ele era o grão de trigo, o pão vivo que descera dos céus. Mas ainda era semente de trigo, não o pão pronto. Quando dissera tais palavras, ainda não passara pela humilhação, pelo julgamento, pelo sofrimento, pela "via crucis", pelo Calvário, pelo túmulo. Tudo isso era necessário. Sem túmulo não haveria ressurreição. Sem morte não haveria vida. Mas, aleluia! Cristo sofreu, morreu, foi sepultado e, ao terceiro dia, ressuscitou! A Sua morte trouxe vida; a Sua ressurreição trouxe glória para Deus! O resultado foi um novo e vivo caminho, único e derradeiro, para que o homem se chegasse ao Pai. O grão de trigo morreu e deu fruto, muito fruto! Sou fruto de Sua morte e ressurreição!
 
Jesus usa uma ilustração que bem pode significar também as inúmeras facetas de nossa vida. Enquanto não sepultarmos o velho, não surgirá o novo. Enquanto mantivermos o grão num pote, ele não morrerá, dando origem a uma vida efusiva e potente, nova e maravilhosa. Pode ser que não sepultemos um amor que se foi. Pode ser um luto que não nos deixa seguir. Pode ser um fracasso que nos aprisiona num mar de ressentimentos e de mágoas. Pode ser uma injustiça que nos estraçalhou. Não importa. Há algo velho e insepulto, algo que, para produzir o novo, tem que ser sepultado. O lavrador tem um saco de sementes, mas não pode comer o pão. Para fazê-lo é necessário desfazer-se das sementes na terra. Enquanto não fizer isso não poderá alimentar-se. Se o fizer, verá em breve as plantinhas lindas, vivas, graúdas, e receberá fartos e volumosos grãos do mais puro trigo, com o qual poderá assar pães sadios e deliciosos, saciando a fome e suprindo o lar.
 
Para uma nova etapa começar a velha etapa tem que morrer. Para um novo serviço chegar o antigo tem que terminar. Para um homem novo aparecer o antigo tem que sumir. E assim tudo em nossa vida precisa obedecer a máxima cristã: o grão de trigo tem que morrer para dar vida. Um novo emprego? Um novo domicílio? Uma nova profissão? Um novo ministério? Uma nova igreja onde servir ao Senhor? Uma nova chance de fazer feliz e de ser feliz? Sepulte o grão de trigo. Ele terá que morrer. Somente assim um pão novo poderá ser produzido com o trigo novo que surgir. Um novo profissional há de surgir; uma nova carreira há de começar; um novo ministério há de aparecer!
 
Tertuliano, mártir cristão, disse: "O sangue dos mártires é a semente dos cristãos". Ele tinha razão. Paulo foi decapitado. Pedro, crucificado de cabeça para baixo. Tiago morto à espada. Milhões de cristãos serviram de diversão e comida às feras famintas nas arenas dominicais dos imperadores romanos. Posteriormente, na Idade Média, os cristãos nominais torturavam os cristãos legítimos, sob o pretexto de inquisições e purificações doutrinárias; regaram a Europa com milhões de litros do sangue dos santos do Senhor. Bíblias foram queimadas, reduzidas a cinzas; por milênios tentaram deter a Palavra. Foi a semente que morreu em sacrifício.  Tudo isso porque o nosso Grão de Trigo, Jesus, morreu, dando origem à vida eterna. Ele ressurgiu, está vivo e sentado á destra da majestade nas alturas. E a Bíblia, tão queimada e odiada, continua a ser o livro mais publicado de todo a história. Viver por Cristo é dever; morrer por Cristo é privilégio. E, se necessário morrer para ver o fruto, que assim seja!
 
Aquela tribo, avessa ao evangelho trazido pelos missionários, matava os servos do Senhor, impedindo a propagação da mensagem cristã. Um deles, ferido de morte, rodeado pelos seus algozes, orava assim: "Senhor, que a minha morte não lhes seja imputada como pecado; perdoa-lhes". Os índios, comovidos por tamanho amor e resignação, jogaram um a um as suas flechas, dobraram os joelhos e, arrependidos, pediram perdão. Converteram-se a Cristo. O missionário, enquanto vivo, não viu os frutos que, com sua morte, iria originar. E originou! Deixemo-nos aos cuidados divinos, para que, se necessário, morramos por Cristo, produzindo para o Senhor os frutos devidos. E, quanto ao nosso futuro quotidiano, se necessário, deixemos a velha vida, as velhas lembranças, os velhos fracassos, morrerem e serem sepultados, para que novas bênçãos, novas carreiras e novas felicidades surjam no horizonte de nossa existência!
 
Wagner Antonio de Araújo
04/05/2018

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