sábado, 12 de maio de 2018

memórias literárias - 659 - HÁ MÃES!

MÃES!
 
 
Dela eu me lembro.
Era uma mãe.
Idosa, com um lenço desbotado na cabeça,
Encostada no muro da padaria.
Ali chegava às sete da noite e até dez e meia ficava.
Saía arrastando um bêbado malcheiroso.
Era seu filho, um tolo, um escravo do vício.
Ela, rosto enrugado, olhos fundos de chorar,
Não abandonava o seu rebento ao léo.
Quase caía, arrastando aquele homem,
E na noite seguinte lá estava novamente,
Em vigília, em amparo ao imerecedor filho.
Mães são sempre mães!
 
Também me lembro dela.
Era mãe - e que mãe!
Viúva em tenra idade, com quatro filhos para criar,
Desamparada de tudo, sem eira nem beira,
Decidiu vender cocadas, arte há pouco aprendida.
Um real - só um real, gritava a mãe atordoada.
E, ao fim do dia, juntava o ganho num saquinho.
Na padaria comprava pão, leite e frios frescos,
E com isto foi sustentando os pequeninos.
Vinte anos, muita luta e 4 casas
Todas compradas com suas cocadinhas.
E agora, na velhice ainda precoce,
Ajuda os filhos, amparando-os em suas lutas.
 
E da minha? Como esquecê-la?
Mulher honrada, amorosa e fiel,
Alimentou-me, agasalhou-me, cuidou de mim.
Se hoje sou alguma coisa foi por sua causa e amor.
Fez o que pôde e o que não pôde; doou-se pelos filhos.
Doente e idosa, mas cheia de amor, cuidava de nós com a oração.
De madrugada, antes do nascer do sol,
Junto de seu andador, de cabecinha baixa, balbuciando,
Orava por nós e por todos que conhecia.
Mãe maravilhosa e meiga, crente e iluminada!
 
Hoje, em minha casa contemplo,
Com olhos rasos de lágrimas,
Uma mãe brilhante, nascida há três anos,
Que deu à luz aos meus dois filhos e os educa e cria.
Já era mulher virtuosa, profissional honrada e crente leal.
Fez-se esposa esplendorosa e, junto dos filhos,
Tornou-se uma mãe extraordinária, presente, esplêndida.
Meus filhos não poderiam ter mãe melhor,
Que os ama de forma profunda e verdadeira,
Educando-os com ternura, dedicação e amor.
 
E de Milú não posso esquecer também,
Irmã adotiva sempre presente,
Não provida de casamento ou filhos,
Mas é mais mãe do que muitas que deram à luz!
Foi também agraciada como cuidadora dos bebês,
E o faz com tamanho fascínio e dedicação,
Que certamente merece com honras o título
de mãe do coração de Rute e de Josué!
Não é mãe apenas a que dá à luz, mas também
Aquela que está presente, atenta, cuidadosa e dócil.
 
A todas estas mães
E às outras mais,
estendo com ternura
o meu
FELIZ DIA DAS MÃES!
 
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
13/05/2018
 

Daniel, mamãe e eu

Rutinha, Josué e Elaine

Milú, Josué e Rutinha.
 
Sem esquecer-me da mãezinha portuguesa,
Maria Arlete Pereira de Abreu Bastos.


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