segunda-feira, 7 de setembro de 2020

memórias literárias - 919 - O QUE NOS CONVÉM SER


O QUE
NOS CONVÉM
SER
Pr. Wagner Antonio de Araújo

TEXTO BÍBLICO: II PEDRO 3.7-12

7. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.
8. Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.
9. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.
10.Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.
11.Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade,
12. Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?

INTRODUÇÃO

Que tempos difíceis vivemos! Há seis meses fomos invadidos por uma pandemia monstruosa. Esse vírus tornou-se tema, canção, objeto, pano de fundo e alimento de toda a mídia, de todas as conversas, por todo o mundo. Milhões de pessoas já adoeceram; milhares já morreram e inúmeros definham nos hospitais. O comércio fechou as portas e agora, com sofreguidão, começa a reabri-las, repleto de restrições. Quantas empresas faliram, quantas escolas fecharam, quantos estudantes, sem acesso à rede de internet perderam o ano letivo! Igrejas fecharam as portas e tiveram que descobrir um caminho de sobrevivência: esta transmissão ao vivo através da internet, por exemplo, é uma das mais usadas ferramentas no momento. Mas há outras que simplesmente encerraram as atividades. Ministros religiosos morreram. Imóveis foram devolvidos por falta de condições de pagamento. Membros morreram e outros muitos debandaram, aproveitando a ocasião, se é que faltava algum motivo plausível para desligarem-se dos rebanhos. Um tempo jamais visto por esta geração!


Há grande esperança de que haja vacina nos próximos meses. O termo "NOVO NORMAL" é uma anomalia. Quem é que quer viver com uma máscara na cara? Quem quer viver sem contato social, sem abraços, sem reuniões presenciais? Isto nem de longe é uma normalidade! Vivemos em um estado de exceção, um ambiente de catástrofe absoluta, que, aos poucos, dá sinais de pleno esgotamento social. Ninguém aguenta mais ficar fechado em casa! Ninguém aguenta mais assistir transmissões de cultos ao vivo, sem contato pessoal! Todos querem ir para a rua, para a casa dos parentes e amigos, para as lojas, para as igrejas! Queira Deus que em breve tenhamos um remédio eficaz contra esse vírus. Certamente Deus o permitiu. Ele foi como um balde de gelo numa panela de água fervente: fez a economia decair a níveis de décadas passadas. Impôs uma limitação na emissão de gases que aquecem o planeta. Tirou recursos de experiências biológicas, genéticas e de aceleração de partículas, coisas que ameaçavam um desfecho da história mundial. Deus tem os seus métodos e os seus breques da sanha pecaminosa da humanidade!


Um amado pastor, de longa experiência, teve um sonho profético, um sonho acordado. Ele pensou no seguinte: após a pandemia muitos crentes foram recolhidos ao lar celestial. Os sobreviventes, ora medrosos, ora confiantes, ficaram felizes com o fim da crise. As igrejas mudaram muito! Houve um reavivamento do Senhor! Durante a pandemia os dízimos não faltaram na Casa e Deus e cada alvo foi atingido e superado. O regresso aos cultos presenciais foi marcante e inesquecível: lágrimas, abraços, beijos, gratidão a Deus, emoção espiritual, uma renovação profunda! Agora o povo não perde os trabalhos, lê a bíblia com grande consagração, testemunha de Cristo e conduz as almas para o Céu. Nunca a obra missionária esteve tão pujante e dificilmente houve tempo em que mais igrejas foram plantadas. O povo de Deus, jubiloso aguarda a volta do Senhor maravilhoso! Aleluia! Esta a visão do querido pastor.


Uma visão profética magnífica, profunda, sincera, esperançosa! Não somos contrários a ela, pois que devemos desejar e devemos esperar por dias melhores e mais abençoados. Não obstante, infelizmente, a realidade é muito menos alvissareira. A pandemia fechou a porta das igrejas para os cultos presenciais. Parte do rebanho de cada congregação viu nisso a oportunidade que faltava para sair da igreja de uma vez. Outros acostumaram-se ao lar e não mais regressarão aos cultos e ao trabalho de Deus. Terá que haver trabalho hercúleo por parte dos pastores e obreiros no reagrupamento dos crentes nas suas igrejas locais. O que foi uma ferramenta para a pandemia, a transmissão dos cultos através da internet, poderá tornar-se o maior tiro no pé se ficar como está. Haverá uma membresia em casa, composta não apenas dos incapazes de locomoção, ou enfermos ou muito distantes geograficamente – estes sim, motivos relevantes. Será um grupo de crentes acomodados, que não desejarão abandonar o conforto de uma fé preguiçosa, na poltrona de casa ou sem compromissos de trabalho. Infelizmente, nesta pandemia, muitos lares foram dizimados pelo excesso de convívio sem amor e pela falta de compreensão. Muitos divórcios estarão em andamento, ofendendo em cheio a honra do Senhor, o Criador da estabilidade da família. Muitos estarão em tratamento por causa de depressão psicológica. Muitos se encontrarão necessitados devido ao desemprego e à carestia. O orçamento das igrejas caiu e a luta será muito grande para que tudo seja reerguido.


Isto é bíblico! Por mais difícil que seja esta é a visão bíblica dos dias do fim! Sobre o amor, assim diz a Bíblia: E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. (Mt 24:12) E não é o que temos visto? Sobre os falsos cristos, que se multiplicam aos montões, assim lemos: Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. (Mt 24:24) E não é o que temos visto? Líderes que se julgam cristos, apóstolos, detentores de novas revelações, mas que não passam de mentirosos, mandriões, vendilhões do templo! E os escândalos? Ah, estes nós os vemos aos milhares! Pastoras que matam maridos, pastores que adulteram, líderes religiosos que são mafiosos, outros que desviam verbas públicas e estão ou soltos ou temporariamente na cadeia; tudo isso é uma vergonha! Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! (Mt 18:7).


O que fazer então? Desesperarmo-nos e desistirmos da carreira que nos está proposta? Abandonarmos a fé? Deixar a vida seguir do jeito que a pandemia ditar? Não, mil vezes não! Ainda mantemos as necessárias barreiras sanitárias, mas se Deus quiser em breve haveremos de superá-las. O famigerado NOVO NORMAL há de ser coisa do passado e voltaremos ao relacionamento humano pessoal. Contudo a questão espiritual mantém-se na mesa: o que nos convém fazer? O texto bíblico em epígrafe, II Pedro cap. 3, pergunta, no verso 11: "Que pessoas nos convém ser?" E nós nos perguntamos: que tipo de crentes Deus quer que sejamos enquanto nos mantemos escondidos nesta pandemia e depois, quando as barreiras sanitárias forem levantadas?


O próprio texto responde. São 4 coisas fundamentais, preciosas, importantes, que Deus impõe às nossas vidas e, quiçá às nossas igrejas. Vejamos quais são elas.


I - NOS CONVÉM VIVER EM SANTO TRATO (v. 11)


EM SANTO TRATO - um procedimento diferente do mundo contemporâneo, uma prática não ditada pela opinião geral, pela mídia, pela sociedade e pelas conveniências. O crente tem que saber que ele está no mundo, mas que não pertence a ele. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. (Jo 15:19). Foi Jesus Cristo quem disse isso. Nós não somos do mundo. Não é nossa função modificar e contemporizar o evangelho, transformando-o e disfarçando-o com as roupas desta época e desta sociedade. Um VIVER SANTO. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, (Ef 5:15). O crente deve ser santo nos mínimos detalhes. A sua maneira de falar; a sua maneira de vestir. O seu respeito para com a família, para com os mais velhos. A sua seriedade nos negócios, não fazendo dívidas. A sua fidelidade nos compromissos assumidos. O testemunho que dá diante de todos nas mídias sociais. Se nós estamos cansados de ver o Brasil na mão de corruptos enganadores dos eleitores; se a justiça dos homens premia os ladrões de colarinho branco e se a impiedade prevalece, não queremos que o mesmo aconteça no meio do povo de Deus. É lá na casa do crente, na conta corrente do crente, no cartão de crédito do crente, na conta do mercadinho onde o crente compra a fiado, nas redes sociais do crente, no namoro dos crentes solteiros e no relacionamento dos crentes casados que deve existir SANTIDADE, SANTO TRATO, UM VIVER DIGNO, QUE NÃO CAUSA VERGONHA, que demonstra que Deus está presente!


II - NOS CONVÉM VIVER EM PIEDADE (v. 11)


EM PIEDADE - O que é piedade? É o amor pelas coisas de Deus e o amor pelo próximo. O falso evangelho tem trocado o amor pelas coisas de Deus pelo amor ao dinheiro e aos bens materiais. Tem trocado o amor pelo próximo ao estabelecimento de uma rede crescente de contribuintes para algum projeto megalomaníaco de um líder desprovido de Cristo. Pastores que xingam os outros. Crentes que falam palavrões. Jovens cristãos que vivem de forma imoral e mundana, sem nenhum freio ou pejo, com roupas rasgadas, seguindo a moda da mendicância satânica! Crentes que abandonaram a santidade privada para expor a pecaminosidade pública! Não, senhores! O caminho de Deus é de piedade! Há tanta literatura evangélica, tantas traduções da bíblia, tantos áudios e vídeos sobre a Palavra de Deus, mas a qualidade dos crentes nunca foi tão ruim! A razão é uma só: o povo que se diz cristão não conhece a Deus de verdade! A Palavra não está guardada no coração e o povo peca contra Deus. Na crise não busca a presença do Senhor. No conflito é incapaz de aquietar o coração e orar. Afirma que Cristo é a sua alegria, mas vive entupido de drogas e de comprimidos para não morrer de depressão! Afirma que encontrou a salvação, mas teme o inferno caso venha a morrer. Falta de Deus! Falta de joelhos em terra! Falta de comunhão! Sucumbe às tentações; está repleto de vícios; usa linguagem chula e mete-se em grupos familiares onde só ouve e vê indecência e violência! Onde está Deus diante de tudo isso? Longe desse povo! Assemelham-se aos atuais vídeos de maquiagens que transformam a pessoa em outra diferente, mas que não resiste ao lavar do rosto! Gente de casca! Ao povo de Deus convém fugir do pecado e correr para os braços divinos: Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. (1Co 6:18). Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; (Hb 12:14)


III - NOS CONVÉM AGUARDAR O DIA DE DEUS (v.12)

Que dia é esse? Que dia deve ser tão aguardado? O dia do fim do nosso recolhimento forçado por questões sanitárias? Esse certamente é um dia muito aguardado. O dia da vacinação e o fim uso de máscaras? Ah, será também será um dia celebrado! Mas e depois? Vivemos motivados por vésperas: o dia do casamento, o dia do nascimento de um filho, o dia da formatura, o dia da assinatura da escritura da casa própria, o dia da aposentadoria. Há um dia, porém, que desejamos que nunca chegue: o dia do nosso falecimento. Deste fugimos só de pensar, não é mesmo? Mas ele virá e devemos estar prontos para ele. Contudo, há um dia mais importante que estes, que deve motivar as igrejas do Senhor. Ele servia como referência nas saudações dos crentes primitivos ao se encontrarem. Eles se saudavam com a expressão:” MARAN ATHA!”, NOSSO SENHOR VEM! O REI VEM! Aleluia! A expectativa da PAROUSIA, ou do dia da volta do Senhor, deve ser algo cultivado, lembrado, despertado, cantado, pregado, aguardado! Os crentes americanos do sul dos Estados Unidos, em sua farta hinografia tradicional, têm mais hinos sobre a volta de Jesus, o Céu, o milênio e a glória final do que sobre qualquer outro tema! As pregações antigamente versavam sobre o arrebatamento e a vinda de Cristo. Hoje o tema é secular, contemporâneo, similar aos dos palestrantes de vendas ou de auto-ajuda. Falam sobre finanças, sobre casamento, sobre escolhas, tudo numa esfera material e secular. O céu é ignorado. Chega disso! Precisamos olhar para cima, olhar para o Alto e dizer VEM, SENHOR JESUS! A própria pandemia global, juntamente com as tsunamis, com as chuvas de meteoros, com a mudança do campo magnético da terra, com o aquecimento global, com a injustiça social, são sinais evidentes e em série de que Jesus em breve voltará! Aprendei, pois, a parábola da figueira: Quando já o seu ramo se torna tenro, e brota folhas, bem sabeis que já está próximo o verão. Assim também vós, quando virdes sucederem estas coisas, sabei que o Senhor já está perto, às portas. (Mc 13:28-29)

  
IV - NOS CONVÉM APRESSAR O DIA DE DEUS (v.12)


Será que está em nossas mãos apressar a volta do Senhor? Será que as nossas atitudes podem provocar uma antecipação da vinda do Senhor? No sentido da SOBERANIA divina isso não acontece, uma vez que os tempos, as datas e os momentos só a Ele pertencem. E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. (At 1:7). Porém, se Paulo aqui diz que nós podemos APRESSAR, significa que o Pai, em Sua presciência e soberania, levará em consideração a nossa dedicação, o nosso trabalho e o nosso empenho para cumprir com urgência a promessa do retorno de Jesus. Ele já marcou a data e considerou o trabalho ou a ausência dele na vida de Sua igreja. Lemos assim no evangelho: E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. (Mt 24:14). Pregar o evangelho! Aqui está a tecnologia mais eficaz para acionar o relógio escatológico divino! Este evangelho deve ser pregado, deve ser anunciado, deve ser testemunhado! Quanto mais nos unirmos no testemunho de Cristo, em derramar fartamente a Palavra de Deus nas mãos do povo, dos amigos, dos parentes, das nações ao nosso redor, dos vizinhos de nossa igreja, das crianças que estudam com os nossos filhos e netos, tanto mais rápido faremos cumprir a principal profecia de Sua volta: o evangelho para toda a Terra. As outras profecias não precisam de nós para se cumprirem. A própria maldade humana tem feito isso de forma eficaz. Mas o anúncio de Cristo, ah, este está em nossas mãos. Nem os anjos podem fazê-lo! E o que temos feito em caráter de evangelização? Evangelizar não é dizer: "DEUS TE AMA E EU TAMBÉM". Isto não esclarece nada! Falar de Cristo é apontar ao homem o seu pecado, dizer a ele sobre a condenação fatal; apresentar-lhe o plano que Deus construiu para salvá-lo, levando-o a uma decisão por Cristo. A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Rm 10:9). Está na hora de darmos bíblias, novos testamentos, folhetos, livretos, porções bíblicas, enviarmos leituras e mensagens. Uma bíblia por mês, pelo menos, em papel, de cada um de nós para uma família. Já pensaram? Se todos fizermos a nossa parte Jesus voltará mais depressa! Testemunhemos em casa, no computador, no celular, nas redes sociais, entre os colegas, na vizinhança, nos lugares onde Deus nos mandar! Testemunhemos até nas igrejas, porque há muita gente inconversa em nossas fileiras! E com isso daremos ao Senhor o prazer de voltar logo, quem sabe nesta geração?


CONCLUSÃO


O sonho do meu amigo pastor pode cumprir-se. Deus nos exorta a fazer o que convém. Este texto aponta quatro coisas: Viver em santo trato, em consagração e dedicação a Deus; viver em piedade, experimentando verdadeira comunhão com Ele e com o próximo; aguardar o regresso de Cristo e tornar isso cada instante mais iminente, através de nosso testemunho, da evangelização, da divulgação das boas-novas de salvação. Estas quatro coisas poderão revolucionar a nossa vida pessoal e transformar o regresso do convívio coletivo de nossa igreja no melhor e mais pujante momento de sua história! Vamos fazer a nossa parte?


Que seja assim em nome de Jesus.


Amém.


São Paulo, 06 de setembro de 2020


Mensagem pregada no culto da noite da Igreja Batista em Jardim Brasil, São Paulo, capital (Brasil), à convite da diretoria daquela igreja.

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