ROMPIMENTO
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O jantar terminara.
Estávamos a conversar junto a mesa do restaurante. Dizia-me
ela:
- Você não está falando
sério! Como assim? Vai me abandonar?
- Sim. Eu pensei
bastante, refleti sobre a nossa relação. Sinto que preciso me afastar
definitivamente de você.
- Você não pode fazer
isso! Você não tem mais ninguém! É um ser tristonho e abandonado! Quem ficaria
do seu lado?
- Eu sei que sou
triste. Mas a nossa relação está sendo tóxica e me matando aos poucos. Você não
tem me ajudado. Pelo contrário, suga as minhas forças e me deixa prostrado. Eu
não quero mais viver assim!
- Quanta ingratidão!
Quanta falta de reconhecimento! Eu quero ver quem estará com você quando o
telefone não tocar e ninguém estiver a sua procura! Eu quero ver como você irá
se sentir quando não for convidado para a festa da família ou para o encontro
com os amigos. E quando a promoção vier para o aprendiz a quem você preparou e
esquecerem de promover você. Não, meu amor, você precisa de mim; não pode me
abandonar!
- Você não entendeu. Eu
não estou pedindo nada pra você. Eu estou lhe notificando que deixarei você
hoje, nesta mesa, e para sempre!
- Ingrato! Traidor!
Você não será capaz de me deixar! Somente o meu abraço lhe aquece na hora em que
se sente sozinho. Somente eu lhe dou atenção quando fala sozinho dentro do
carro. Só eu lhe compreendo quando não quer mais viver. E agora diz que vai me
deixar? Por que? Encontrou outra amiga?
- Na verdade sim.
- O que? Como pôde
fazer isso comigo? Quem, além de mim, será tão fiel e
leal?
-
Ela!
A outra se senta do meu
lado. A primeira, perplexa, revoltada, em pranto,
diz:
- Você é mau caráter!
Você não sabe o que está fazendo! Essa aí não irá estar com você em todo o
tempo. Aliás, ela não permanece por muito tempo com ninguém. Eu sim! Eu sempre
estou presente e posso lhe dar um abraço permanente! Por favor, diga que não é
verdade! Volte para mim!
- Querida, assunto
encerrado. Este é o nosso último encontro. Eu ficarei com esta outra. Ela ousa
me dizer o contrário do que sinto. Ela não me puxa para a cova, como você. Ela
me ergue, me enxuga as lágrimas. Ela procura me fazer feliz. Eu já me decidi.
Ficarei com ela. Adeus.
Em prantos ela se
retira da mesa. Mas não tarda muito e vejo-a aguarrar-se ao pobre homem que
perdeu o emprego naquela noite. Logo lhe faz juras de amor e sai abraçada com
ele. Viro-me para a minha nova companheira e digo:
- Sinto-me mal por ter
feito isso. Era necessário?
Ela, sorridente,
responde-me:
- Foi a melhor decisão
que tomou. A luz voltará ao seu rosto e a alegria tomará conta do seu coração.
Bem-vindo ao meu mundo!
E assim foi. Mandei a
minha velha amiga, A DEPRESSÃO, embora. E, afetuosamente recebi minha nova
companheira, a GRATIDÃO AO SENHOR, para acompanhar-me pelo resto da
vida.
Isso foi há anos e
jamais me arrependi de ter trocado de companhia.
Obrigado, GRATIDÃO AO
SENHOR, pelo bem que você me faz!
Converteste o meu
pranto em folguedo; desataste o meu pano de saco, e me cingiste de alegria, (Sl
30:11)
Wagner Antonio de
Araújo
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