sexta-feira, 6 de julho de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 11 - PRIMEIRO MINISTÉRIO


11 - PRIMEIRO
MINISTÉRIO


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Ministério é serviço, trabalho, estar ao dispor de. Ministério cristão é serviço por Cristo e, por Ele, servir ao próximo, ao Reino, ao evangelho. Há também os ministros cristãos, os que lidam com a pregação do evangelho e dos cuidados para com as igrejas do Senhor. O meu propósito é refletir sobre as prioridades no serviço a Deus.


O meu primeiro ministério está em casa, não fora dela. É onde eu moro que devo dar um bom testemunho. Não se trata de colocar a família em primeiro lugar. Para o crente só há um primeiro lugar: Deus. E, por causa dEle, tratar a família com todo o cuidado com que deve ser tratada. A única exceção é se a família deseja impor o pecado sobre a nossa vida. Então a prioridade será obedecer a Deus. Nas outras questões, contudo,  a família deve contar com o meu amor, a minha presença, o meu serviço, os meus cuidados.



Antes de ser pai dos outros, tenho que ser pai dos meus filhos. Não adiantará ser bom para com os filhos dos outros e mau para com os meus. Não adiantará ter fama de bom sujeito lá fora e de rude ou fraco em casa. Se os meus filhos não virem em mim o homem que Deus quer que eu seja, eu falharei em toda parte. Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel. (1Tm 5:8)



Antes de ser conselheiro de outros casais devo cuidar do meu próprio matrimônio. Pode ser bonito falar de amor e realizar lindos encontros com várias famílias. Mas se eu falhar como marido em casa, falharei em toda parte. Deve a minha esposa encontrar em mim um homem de caráter, de valores, de princípios, de honestidade, de temperamento controlado pelo Espírito Santo. Ela deve ver em mim um homem que celebra as alegrias, que chora as tristezas e que em tudo busca o controle do Senhor, não sendo pessoa de extremos. Um homem segundo o coração de Deus deve gerar estabilidade familiar. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. (Sl 128:2)



Ao invés de focar todo o interesse em missões em campos longínquos devo ter também amor pelas almas ao meu redor, dos que convivem comigo, dos que são meus vizinhos, meus colegas, meus liderados ou líderes. Se eu falhar no meu testemunho para com os que estão próximos, de quase nada adiantará chorar em cultos missionários, forrar os envelopes para ofertas missionárias. Deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. (Mt 23:23). Paixão pelas almas é um modo de vida, não um programa de calendário. Quem ama missões não perde a oportunidade de semear bíblias, literaturas, falar da fé, compartilhar o testemunho, visitar os órfãos e as viúvas nas necessidades e guardar-se íntegro neste mundo tenebroso. Um autêntico apaixonado por missões é como o semeador: por onde passa deixa um rastro de sementes.
Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. (Mc 4:3).



Antes de ser um intercessor público pelos outros devo conhecer a Deus em particular. Se eu não for um homem com calos nos joelhos e de olhos molhados, marejados pelas lágrimas derramadas em súplicas, as minhas orações públicas serão tão lindas quanto os discursos dos políticos mentirosos: autênticos monumentos à hipocrisia. Orarei bonito, mas não será oração de fato. Vale mais uma oração silenciosa, uma mão ao peito e um lamento por ser tão pecador e não ser exatamente o que Deus queria que fosse, com arrependimento, do que gabar-se de ser famoso pelas súplicas populares. O homem que ora deve ser verdadeiro, deve entrar no Santo dos Santos pelo sangue do Cordeiro de Deus. Deve orar em nome de Jesus, no poder do Espírito Santo, ao Pai celestial. Aliás, uma relação ousada, encarada com temor e temor: chamar a Deus de PAPAI (só a comunhão e a intimidade podem produzir essa verdade!). Mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. (Rm 8:15)



Por fim, o meu primeiro ministério é com quem me conhece de fato, não com quem me vê de vez em quando. Ministro nos bastidores, antes de o  ser nos palcos.  E se eu falhar no privado, terei sido um blefe no público. Poderei contar com milhões de adeptos, mas não contarei com a concordância celestial; não haverá anjos que dirão "Amém!", nem contarei com a bênção de Jesus. Para Ele é mais importante ser do que mostrar. Para Ele é mais importante que minha esposa, pai, mãe, filhos, netos, vizinhos ou parentes vejam Cristo em mim, do que fingir aos estranhos. Quem ignora a voz do testemunho pessoal terá que ouvir a antiga frase: "quem te conhece que te compre...".  Talvez seja por isso que uma enormidade de gente abandona a fé; porque não viu coerência em quem deveria ter vivido conforme o que alegava crer. E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! (Lc 17:1)
Tenho uma filha com quase três anos e um filho com um ano e um mês. Tenho esposa, irmã adotiva e familiares. Se eles não enxegarem Cristo em mim, no meu comportamento, no meu amor, na minha dedicação, nos meus cuidados, na minha honestidade, no meu caráter e na sinceridade de minha fé, terei sido um grande blefe e a minha fé não terá valido nada. Por isso digo a mim mesmo: "tenho que viver o que prego!"



Peço a Deus para ajudar-me a não ignorar o meu primeiro ministério: servir a Cristo, ser pai gentil e marido honrado, ter paixão pelas almas perdidas, tanto as que estão perto quanto pelas que estão longe, ser semeador do evangelho com pensamentos, ações e atitudes e ter intimidade com Cristo em oração privada e pública.



Que Deus me ajude. E que ajude a você, caro leitor, a desejar o mesmo.


Amém.



Wagner Antonio de Araújo
06/07/2018

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