sexta-feira, 13 de julho de 2018

FLORESCENDO NO DESERTO - 14 - ESTAVAM LÁ ...


14 - ESTAVAM
LÁ ...

 
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Moro em Vila Pompéia (São Paulo, capital, Brasil) há 47 anos. Atravesso a Rua Dr. Miranda de Azevedo dezenas de vezes no mês. Mas hoje eu vi algo surpreendente: as árvores floridas! Elas floriram juntas, flores de cor lilás, uma alameda européia em plena América! Como eu não vira antes? Atravesso com os pensamentos distantes e nem percebera a beleza que se estabelecia ali, bem à minha frente! A mente tão cheia de tudo e eu a perder tão maravilhoso espetáculo!
 
Acho que não sou o único a olhar para o lado errado enquanto caminha pela estrada da vida. Muitos prestam atenção naquilo que selecionam na mente, nas expectativas interiores; são incapazes de olhar ao redor e ver outras coisas, tão belas e preciosas, talvez mais do que aquelas que procuram!
 
Agar, a mãe de Ismael, o filho de Abrão, desesperava-se ao ver o filho desfalecer de sede. Expulsa de casa com os poucos pertences, amargava a cena de um filho moribundo. Ela chorava. De repente um anjo de Deus aparece e lhe diz que o Senhor ouvira o choro do menino e que atendera às suas súplicas. Assim diz o texto: E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi encher o odre de água, e deu de beber ao menino. (Gn 21:19). O texto não diz que Deus abriu o poço naquela hora. Diz que abriu os olhos de Agar para contemplar o poço tão próximo. Com aquela água Agar salvou o filho e salvou-se.
 
Abrão teve o nome trocado para Abraão, num dos mais épicos e emocionantes momentos da história bíblica. Isaque, seu filho adolescente, fora com ele para o sacrifício solicitado por Deus. Era Isaque a oferenda. O pai amarrou o menino e ergueu o cutelo para matá-lo. Ele iria fazer isso não por ódio ou por bizarrice, mas em obediência à ordem de Jeová. Naquele instante Deus, que não é sanguinário, bradou do céu, dizendo que já bastava a prontidão em obedecer, que não queria esse sacrifício, que a fé demonstrada fora suficiente. Em seguida lemos: Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. (Gn 22:13). O carneiro estava lá provavelmente desde que chegaram no monte. Mas não o viram. Deus abriu os seus olhos para enxergá-lo. E com este sacrifício ele selou a maior das atitudes humanas: a fé, tornando-se o "pai da fé".
 
O servo de Eliseu acordou desesperado. Um exército rodeara a casa onde viviam, um exército de inimigos. Ao contar ao profeta, este orou ao Pai assim: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu. (2Rs 6:17) O exército de anjos estava com Eliseu o tempo todo, mas o moço só os enxergou quando Deus lhe abrira os olhos.
 
Somos assim. Às vezes procuramos a felicidade em lugar tão distante, quando ela está bem perto de nós! Buscamos uma Maria inatingível, quando uma Joana de carne e ossos seria a resposta mais preciosa e perfeita para a nossa felicidade! Queremos tanto aquele emprego, quando a oportunidade ao lado seria a mais ideal. Achamos que a solução é uma, mas pode ser outra. Os nossos olhos contemplam muita coisa: a rua, as casas, as pessoas. Só não olham para o espetáculo natural de uma alameda florida, que, à ordem divina, resolveram florir juntas, colorindo a rua de beleza e de ternura! "Você não viu quanta beleza?" "Viu o que?" "As árvores a florir!" "Nem percebi". E a vida segue, de alameda em alameda, e só nos recordamos de asfalto e trânsito, da pressa e dos problemas; nunca das belezas do caminho. Precisamos pedir a Deus para que abra os nossos olhos. Como diz o velho hino:
 
"ABRE-ME OS OLHOS PARA VER
ALGO DE BOM  QUE TENS PRA MIM
PÔE-ME NAS MÃOS AQUELE PODER
QUE ME DESATE E SOLTE, ENFIM!
 
QUERO SILENTE, SIM, FICAR,
'TÉ MEU SENHOR A MIM FALAR.
ABRE-ME OS OLHOS, DÁ-ME LUZ,
MEU BOM JESUS!"
(desconheço o autor, gravado por diversos cantores e quartetos).
 
Para terminar:
 
1) Peça a Deus para lhe abrir os olhos. Olhe a mulher na frente do fogão, como serve com amor e zelo e dê graças! Olhe para quem lava e passa as suas roupas, limpa a sua casa, cuida de seu jardim e dê graças! Olhe para a mãe de seus filhos, para o pai de suas crianças, para os pais que lhe criaram, e dê graças! Olhe para o seu pastor que semanalmentle provê o pão dos céus para a sua alma e dê graças! Olhe para o guarda noturno que apita durante a noite em seu quarteirão, para quem varre a sua calçada, para quem dirige o ônibus que lhe conduz e dê graças! Olhe para as árvores e para a vida. Cada qual faz algo especial, independente de seus olhos. Olhar para elas é uma decisão sua.
 
2) Faça a sua parte. A árvore, quietinha, segue o seu caminho sem pensar na política, na idade, na poluição, na tempestade ou se alguém a contemplará. Ela vive e fica florida na época certa. Ela cumpre o seu papel. Assim também temos uma missão, uma tarefa, um propósito. Que não esperemos público ou auditório; que não contemos com admiradores. Que tenhamos convicção do que temos que fazer, e que venhamos a fazer da melhor forma. Deus sempre vê e poderá dizer: "viu Deus que era bom". E às vezes alguém como eu, de repente, descobrirá aquilo de bom que está a fazer e dará graças também.  Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mt 5:16)
 
Floresçamos e admiremos as árvores floridas!
 
Wagner Antonio de Araújo

13/07/2017

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