quarta-feira, 26 de junho de 2013

memórias literárias - 88 - REFLEXÕES SOBRE O ESCREVER

88 - REFLEXÕES SOBRE O ESCREVER
07/06/2013
Escrever por escrever é fácil. Escrever o que sente é difícil. Difícil porque nem sempre o sentimento ajuda; difícil porque nem sempre é possível escrever o que se sente.
Escrever é uma febre, é uma respiração, é um vício. O texto surge lá no canto do cérebro, atira-se feito uma bala de canhão, arromba a fronte da testa, apossa-se da mão e diz: "ei, escritor, o que está esperando? Eu quero nascer!" Às vezes ele nos pega desprevenidos: estamos dormindo, ou no carro, ou no banho, ou em qualquer outra atividade. Ele chega a nos levantar na madrugada, exigindo providências!
O escritor gosta de leitores. Para os que publicam em papel, a venda de seus textos constitui no seu grande prêmio: muita gente deve estar lendo o que escreveu. Para quem publica em blogs ou internet, o número de visitas conta bastante. Mas o que realmente incomoda o escritor é quando seu texto não provoca qualquer tipo de reação, nem tampouco sintomas de que foram recebidos e, quem sabe, lidos. Isso tira do autor a febre da caneta. Quando um novo texto surgir e exigir atenção o autor responderá: "ah, pobre texto, fadado à marginalidade das letras, para quê nascer se não há quem te leia? Aquieta-te na mente porque somente eu por ti me interesso..." Ah, quantos textos morrem de aborto pelo simples fato do autor estar cansado do silêncio!
Há textos que adquirem vida própria. Eles se tornam maiores de idade e donos de uma personalidade própria. Quando têm personagens, esses parecem sobreviver ao autor. Suas estórias, seus contos, suas fantasias difundem-se de forma impressionante, tornando-se mais conhecidos que o próprio autor. Hoje, com o império das mídias de computador os textos se tornam febres de repente: textos escritos há anos são transmitidos aos milhares da noite para o dia e sem explicação alguma!
Textos têm alma. Seu sopro vem do coração e da mente do autor. Alguns fazem chorar. Até o autor vai às lágrimas. Outros fazem rir. Uns irritam. Outros dão sono. Alguns causam contrição, levam a mensagem divina; outros, trazem tranquilidade, lazer e informação. Uns têm cores: são azuis da cor do mar; outros são amarelos como a morte; há textos verdes como as campinas, vermelhos como o rosto enrubecido da mulher; outros são brancos de pureza ou beges de juventude. Os textos são substantivos próprios, não apenas comuns. Em minha carreira de letras tenho textos que foram na minha frente. Outros, coitados, lutam para não serem apagados dos arquivos ou das páginas dos livros!
Mas escrever é uma necessidade e seguiremos a pensar com letras. Um pensamento registrado corre o risco de se imortalizar. Por isso, por que deixá-los esquecidos?
Viva a página escrita!
Wagner Antonio de Araújo,
aprendiz de escritor

2 comentários:

  1. Graça e Paz Pr. Wagner!
    Parabéns pelo blog, meu desejo é compartilhar a Palavra de Deus portanto deixo o endereço do blog da igreja: http://metodista-ituverava.blogspot.com.br/
    Também deixo o endereço do meu blog pessoal: http://cantinho-disciplina.blogspot.com.br/

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  2. Muito obrigado pela leitura, um grande abraço!

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