terça-feira, 18 de agosto de 2015

memórias literárias - 232 - A MINHA ESTRELA

A MINHA ESTRELA
232


Hoje, enquanto ia para a igreja, contemplava a beleza de um luar cor de prata! Ah, que prato cheio para os românticos! Que beleza para os astrônomos nos observatórios! Que maravilha para os caminheiros na roça dos rincões do Brasil! "Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes." (Sl 148:3)

É interessante que em noite de luar forte as estrelas quase que desaparecem, salvo uma ou outra mais afoita, mais cintilante. As demais ficam tímidas ao brilho de um luar tão belo! Somente quando a lua se vai, as estrelas voltam a brilhar. E, tanto a lua quanto as estrelas, exercem funções distintas e maravilhosas no Céu que nosso Deus criou. "Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra" (Sl 8:9)

Pus-me a pensar em algumas coisas. Afinal, tudo que acontece, para o nosso bem é que ocorre. Pensei no brilho de minha estrela. Cada um de nós é uma estrela, e, em certo sentido, tem uma estrela, um brilho. Uns têm brilho cintilante, outros nem tanto; uns participam na formação do Cruzeiro, da Ursa Maior, Menor, mas outros têm seus papéis-solo, como a Estrela D'alva. "Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela." (1Co 15:41)

Imaginei que cada um de nós é uma estrela, e cada um de nós tem o seu espaço. Deus nos criou com uma missão, e cabe realizarmos bem a obra a nós confiada.

Para que a minha estrela brilhe, eu não preciso apagar a sua.

Há pessoas que não suportam o brilho das outras. Tais pessoas não são capazes de, por si só, executarem sua missão. Elas querem apagar as outras ao seu redor. Querem ser o foco das atenções. Não suportam concorrência.

No céu não há espaço para estrelas apagadoras de estrelas. Cada uma pode brilhar, cintilar, emoldurar, embelezar. Não é porque a sua estrela é bela que ninguém mais pode ter beleza. Não é porque você deseja sucesso, que ninguém mais pode prosperar. Não é por ser famoso que terá que denegrir a vida alheia, estragando a carreira do seu companheiro de abóbada.

Que tristeza ver pastores concorrentes, muitas vezes na própria denominação! Ver cantores que procuram perverter a música dos outros, só para o seu cd vender mais e melhor! Igrejas que se acham mais “apostólicas”, mais “ungidas”, mais “fundamentalistas”, mais “dignas e santas”, e que, para provar tudo isso, gastam seu tempo e atenção em criticar o trabalho dos outros. Creio que o que é bom se exibe por si só, e o que é verdadeiro se prova com o tempo e qualidade. Não precisamos destruir o castelo de areia do próximo. Podemos fazer nossa obra e ainda desejar que o outro tenha bênçãos também. "Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão." (Rm 14:13)

Para que a minha estrela brilhe, eu não preciso brilhar mais que a sua.

Esse fanatismo pelo sucesso e a primazia turba a vista para a beleza do universo. Já pensou se todas as estrelas tivessem o mesmo brilho, tamanho, distância, luminosidade, posição, etc? Seria um céu artificial, horroroso, sem beleza. Seria um painel, não um céu. Contudo, Deus colocou cada estrela, de cada tamanho, distância, beleza, grandeza, no lugar em que quis, e as abençoou. "Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim." (Ec 3:11)

Também Deus deu talentos e limites para cada um de nós, e nos abençoou. "E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade..." (Mt 25:15) É hora de pararmos com a cobiça, e fazermos o que temos que fazer, de forma boa, bela, agradável, construtiva, e com a mente cooperadora, não competitiva.

Brilhe o tanto que tiver que brilhar, brilhe o seu máximo, mas não para se comparar com a estrela do outro. Brilhar para sobrepujar o outro é vaidade, e é pecado. Devemos brilhar de alegria, de contentamento, de felicidade, de fidelidade, de submissão. Pouco nos importa que tamanho teremos, desde que seja o tamanho que Deus determinou, e que a glória seja toda dele, nada nossa. No momento em que a jactância e a presunção tomarem conta de nossos ministérios, nosso negócio, nossa beleza física, nosso casamento, nosso patrimônio, talentos naturais, cursos ou relacionamentos, ferimos e entristecemos o Espírito de Deus e começamos nossa queda no abismo da derrota. "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" (Ap 3:17)

Para terminar: só há um luminar na noite que tem o direito de brilhar mais que nossa estrela: a Lua Cheia. Sim, ela tem direito. É a rainha das noites, debaixo da qual nos subordinamos com reverência. Claro que isso é simbólico: Jesus Cristo é a Luz Única e Verdadeira, e as nossas devem se submeter à dele, isto é, importa que Cristo cresça e que nós diminuamos. "É necessário que ele cresça e que eu diminua." (Jo 3:30)

Assim, quando virem nosso brilho e quiserem saber do que é feito, constatarão que nosso brilho mostra Cristo, nosso brilho é manso, humilde, meigo, caridoso, benfazejo, cheio de altruísmo, não cobiçoso de torpe ganância, não desejoso de fama, dinheiro, poder e prazer. Poderemos dizer: a luz que em nós brilha reflete Aquele que nos iluminou para sempre!

Daí o antigo cântico do Rev. Emílio Kerr se cumprirá em nós:

“Que a beleza de Cristo se veja em mim; toda a sua admirável pureza e amor. Ó, tu, chama divina, todo o meu ser refina, ‘té que a beleza de Cristo se veja em mim”.

Que assim seja.

Amém.

Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco SP
www.uniaonet.com/bnovas.htm
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bnovas@uol.com.br  

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