O MEU AMOR POR
ELA
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Tudo começou
em 1994. Deixei a Igreja Batista Boas Novas do Jardim Brasil, na zona norte de
São Paulo, igreja que amo de coração, e fui pastorear uma igreja em Osasco,
SP. Ali fiquei por 20 meses. Tive excelentes experiências, mas com o tempo
percebi que não tínhamos afinidades suficientes. Após um período de debates
deixei-a. Contudo, o Senhor tinha outros propósitos: 33 irmãos, que também iriam
deixar aquela congregação procuraram-me, pedindo para que continuasse a
pastoreá-los. Questionei os meus pastores a quem considerava superiores (por
idade, por experiência, por amor). Certo de não estar fazendo nada errado, nem
provocando qualquer cisão (esta já era ocorrida), fui pastorear esse pequenino
rebanho. Em 07 de novembro de 1996 realizamos o primeiro culto, com uma Ceia do
Senhor no quintal da casa de um irmão, com pão doce e fanta uva em copinhos
plásticos. Não tínhamos absolutamente nada, mas tínhamos Deus! Fundamentados na
Palavra, sem qualquer desvio doutrinário, seguimos em
frente.
Amei-a. Essa
pequenina igreja tornou-se o meu amor. No princípio era uma congregação
subordinada amorosamente à Igreja Batista Betel de Itapevi, sob a direção sábia
do Pr. Walter Roosch. Trataram-nos com estima, com consideração e com absoluta
independência, sistema raro em nosso meio. A confiança era completa. Também
éramos cientes de que a igreja-mãe nada poderia fazer por nós, em termos
patrimoniais. A congregação crescia. Alugamos uma casa embaixo de um galinheiro,
numa garagem descoberta realizamos os primeiros cultos. Chuva, galinhas
correndo, bancos sem encosto, tudo isso experimentamos! O galinheiro foi embora
e um bar chegou. Com ele, o fedor do vazamento do banheiro, cujo cano passava
pela garagem. Decidimos sair. Fomos a uma casa que já acolhera 2 igrejas
nascentes, casa do irmão Melo. Que tempo bom! Construímos um mesanino para o
gabinete pastoral e classe de jovens. Cultos maravilhosos. Ali ficamos de 1998 a
2003.
Fomos
organizados como igreja em 2000. Tivemos desentendimentos, como toda relação tem
os seus. Foram sérios, trouxeram sequelas. Tamanha foi a crise que em 2002 um
grupo expressivo deixou-a (já éramos 108), após um embate com o pastor. Como
estávamos certos do que fazíamos e o direito estava do nosso lado, permanecemos.
O grupo dissolveu-se, alguns regressando para a igreja de onde viemos, outros
para outras e a maioria para o mundo, consequência natural de quem não segue o
padrão bíblico. Nós? Ah, quanta luta e dificuldade! Eu, pastor de tempo
integral, vi minha prebenda (sustento pastoral) diminuir 50%, insuficiente para
o meu sustento. Alguns que saíram pensavam que eu desistiria, então voltariam e
descarregariam dízimos contidos. Deus me fortaleceu e não desisti dessa relação
e desse amor. Quando o tesoureiro não podia pagar-me nós dobravamos juntos os
joelhos e orávamos. NUNCA a igreja ficou a dever algo para alguém, exceto ao
pastor, que perdoou cada dívida. Frequência diminuta, finanças em crise,
tínhamos certeza de que Deus não nos deixaria órfãos. Alguém expressou-se nesses
termos, quando iniciamos a congregação: "esse mercenário (eu) lhes deixará em um
ano e vocês darão com os burros n'água". Já estávamos no 5o. ano e graças a Deus
a falsa profecia não se cumprira.
O amor
manteve-nos unidos. Em 2003 encontramos um salão em outro bairro, maior e com
divisórias para as classes de EBD. Para nós era uma catedral. Que bênção!
Mudamo-nos e, no início houve um bom crescimento. Contudo, por não sermos do
tipo que aceitava qualquer coisa, consideraram que éramos quadrados,
retrógrados, tradicionalistas, e foram congregar em outros lugares. Sem músicos,
criamos novos instrumentistas. Estes, ao começarem a tocar sozinhos, eram
contatados por outras igrejas e iam embora, com promessas de fama, cds e muitos
recursos. O ninho ficava vazio. Mais de 4 grupos de músicos voaram.
Mantivemo-nos unidos. Às vezes Deus enviava a mim os corvos, que me traziam pão
e carne, pois da ribeirinha de nossa igreja a água e o trigo desapareceram. Como
dou graças a Deus por Sua confirmação!
O amor
sedimentava-se. E consideramos que "quem casa quer casa". Assim, quem é igreja
precisa congregar em algum lugar que não dependa de aluguéis altos. Começamos
uma campanha para comprar um terreno. Deus sabe quanto sofrimento nos trouxe!
Dificuldades mil. Foram anos de tentativas. Por mais de 5 anos juntamos
recursos. Como os amigos de perto e de longe foram preciosos e importantes! Deus
dera-me a bênção de ser um comunicador, e na internet a Boas Novas tornou-se
conhecida de muita gente. Enfim, ajuntamos um recurso, mas não conseguíamos mais
pagar os aluguéis mensais. Decidimos ficar sem salão. Juntamos as nossas tralhas
na casa e escritório de irmãos, e fomos congregar na casa dos membros, enquanto
aguardávamos o Senhor nos dar um local.
Nós dois fomos
em busca de um terreno. Igreja e pastor. Em nossa cidade, Osasco, não
encontramos nada. Mas em Carapicuíba encontramos um terreno precioso. Em 2011,
com a graça do Senhor adquirimos À VISTA, sem dever nada para ninguém, um
terreno de 560 metros quadrados, com 10 de entrada, abrindo bastante ao fundo.
Cheio de pedras, é verdade, mas era nosso chão! E com que alegria consagramos
aquele local!
Por ser um
local afastado dos grandes aglomerados, por ser fim de um bairro, beira de
córrego e numa rua sem saída, não ficamos à vista dos transeúntes, nem das
linhas de ônibus. Cercados de igrejas neopentecostais que só atrapalham (o
evangelho que pregam não é o evangelho da bíblia), encontramos dificuldades em
mostrar a existência da Boas Novas como igreja. Nosso local de cultos pequeno e
nossas condições difíceis. Foi em 2013, no final do ano, que, após uma visita do
Pr. José Vieira Rocha, tivemos a convicção de que Deus preparava para nós uma
revolução: a construção de uma laje com uma capela americana em
cima!
E em 2014, com
a maturidade de quem já convivia por 18 anos, passamos a construir a nossa casa.
Pirimeiro uma laje para conter a capela. Depois a capela de madeira. E agora,
com a graça de Deus, as dependências anexas. O caminho foi difícl, cheio de
pedras. Pedras literais, que ocuparam a caçamba de 41 caminhões grandes, e
pedras no relacionamento com empreiteiro e pedreiros, além de gastos acima do
que podíamos pagar. Mas Deus, mais uma vez, demonstrou Sua graça e nos
presenteou com o pão de cada dia. Devagarinho, com um tijolinho por dia, a Boas
Novas vai construindo a sua casa, seu chão, seu templo, sua casa de
oração.
Em 04 de
novembro de 2015 faremos 15 anos de organização como igreja; e em 07 de novembro
faremos 19 anos de existência, a contar do dia em que celebramos o primeiro
culto no quintal da casa de um irmão. Como Deus tem sido bom! Eu estou na Boas
Novas como prova de meu amor por ela. Aliás, como prova de meu amor POR DEUS,
que é o dono dela. Até hoje a obra está inconclusa e não recebi da parte do Pai
um: "levanta-te e vai". Enquanto esse tempo não chegar, sirvo ali ao meu Senhor.
Em minha mente tenho para mim que a conclusão da construção será um tempo de
apresentar-me ante a face de Deus e perguntar: "Senhor, terminou a tarefa ou o
Senhor tem algo mais que eu deva fazer?" Estarei pronto para ir ou para ficar,
conforme Ele determinar. Por isso a importância de terminar essa construção! Por
isso a importância de poder olhar a obra e dizer: "está consumado", pelo menos
até onde tenho certeza de que Deus mandou fazer. Nunca pleiteei riquezas, nunca
tive nada meu, que pudesse dizer: "luxo". Dificilmente recebo um salário
suficiente, mas NUNCA estive desamparado pelo Pai. Quando há amor qualquer
problema é superável.
Testifico, com
este texto, o meu profundo amor pela igreja que o Senhor formou e onde tenho a
honra de O servir, Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São
Paulo, Brasil.
Venham nos
visitar.
Pr. Wagner
Antonio de Araújo
27/08/2015
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