quinta-feira, 27 de agosto de 2015

memórias literárias - 239 - O MEU AMOR POR ELA


O MEU AMOR POR ELA
239
 
Tudo começou em 1994. Deixei a Igreja Batista Boas Novas do Jardim Brasil, na zona norte de São Paulo, igreja que amo de coração, e fui pastorear uma igreja em Osasco, SP. Ali fiquei por 20 meses. Tive excelentes experiências, mas com o tempo percebi que não tínhamos afinidades suficientes. Após um período de debates deixei-a. Contudo, o Senhor tinha outros propósitos: 33 irmãos, que também iriam deixar aquela congregação procuraram-me, pedindo para que continuasse a pastoreá-los. Questionei os meus pastores a quem considerava superiores (por idade, por experiência, por amor). Certo de não estar fazendo nada errado, nem provocando qualquer cisão (esta já era ocorrida), fui pastorear esse pequenino rebanho. Em 07 de novembro de 1996 realizamos o primeiro culto, com uma Ceia do Senhor no quintal da casa de um irmão, com pão doce e fanta uva em copinhos plásticos. Não tínhamos absolutamente nada, mas tínhamos Deus! Fundamentados na Palavra, sem qualquer desvio doutrinário, seguimos em frente.
 
Amei-a. Essa pequenina igreja tornou-se o meu amor. No princípio era uma congregação subordinada amorosamente à Igreja Batista Betel de Itapevi, sob a direção sábia do Pr. Walter Roosch. Trataram-nos com estima, com consideração e com absoluta independência, sistema raro em nosso meio. A confiança era completa. Também éramos cientes de que a igreja-mãe nada poderia fazer por nós, em termos patrimoniais. A congregação crescia. Alugamos uma casa embaixo de um galinheiro, numa garagem descoberta realizamos os primeiros cultos. Chuva, galinhas correndo, bancos sem encosto, tudo isso experimentamos! O galinheiro foi embora e um bar chegou. Com ele, o fedor do vazamento do banheiro, cujo cano passava pela garagem. Decidimos sair. Fomos a uma casa que já acolhera 2 igrejas nascentes, casa do irmão Melo. Que tempo bom! Construímos um mesanino para o gabinete pastoral e classe de jovens. Cultos maravilhosos. Ali ficamos de 1998 a 2003.
 
Fomos organizados como igreja em 2000. Tivemos desentendimentos, como toda relação tem os seus. Foram sérios, trouxeram sequelas. Tamanha foi a crise que em 2002 um grupo expressivo deixou-a (já éramos 108), após um embate com o pastor. Como estávamos certos do que fazíamos e o direito estava do nosso lado, permanecemos. O grupo dissolveu-se, alguns regressando para a igreja de onde viemos, outros para outras e a maioria para o mundo, consequência natural de quem não segue o padrão bíblico. Nós? Ah, quanta luta e dificuldade! Eu, pastor de tempo integral, vi minha prebenda (sustento pastoral) diminuir 50%, insuficiente para o meu sustento. Alguns que saíram pensavam que eu desistiria, então voltariam e descarregariam dízimos contidos. Deus me fortaleceu e não desisti dessa relação e desse amor. Quando o tesoureiro não podia pagar-me nós dobravamos juntos os joelhos e orávamos. NUNCA a igreja ficou a dever algo para alguém, exceto ao pastor, que perdoou cada dívida. Frequência diminuta, finanças em crise, tínhamos certeza de que Deus não nos deixaria órfãos. Alguém expressou-se nesses termos, quando iniciamos a congregação: "esse mercenário (eu) lhes deixará em um ano e vocês darão com os burros n'água". Já estávamos no 5o. ano e graças a Deus a falsa profecia não se cumprira.
 
O amor manteve-nos unidos. Em 2003 encontramos um salão em outro bairro, maior e com divisórias para as classes de EBD. Para nós era uma catedral. Que bênção! Mudamo-nos e, no início houve um bom crescimento. Contudo, por não sermos do tipo que aceitava qualquer coisa, consideraram que éramos quadrados, retrógrados, tradicionalistas, e foram congregar em outros lugares. Sem músicos, criamos novos instrumentistas. Estes, ao começarem a tocar sozinhos, eram contatados por outras igrejas e iam embora, com promessas de fama, cds e muitos recursos. O ninho ficava vazio. Mais de 4 grupos de músicos voaram. Mantivemo-nos unidos. Às vezes Deus enviava a mim os corvos, que me traziam pão e carne, pois da ribeirinha de nossa igreja a água e o trigo desapareceram. Como dou graças a Deus por Sua confirmação!
 
O amor sedimentava-se. E consideramos que "quem casa quer casa". Assim, quem é igreja precisa congregar em algum lugar que não dependa de aluguéis altos. Começamos uma campanha para comprar um terreno. Deus sabe quanto sofrimento nos trouxe! Dificuldades mil. Foram anos de tentativas. Por mais de 5 anos juntamos recursos. Como os amigos de perto e de longe foram preciosos e importantes! Deus dera-me a bênção de ser um comunicador, e na internet a Boas Novas tornou-se conhecida de muita gente. Enfim, ajuntamos um recurso, mas não conseguíamos mais pagar os aluguéis mensais. Decidimos ficar sem salão. Juntamos as nossas tralhas na casa e escritório de irmãos, e fomos congregar na casa dos membros, enquanto aguardávamos o Senhor nos dar um local.
 
Nós dois fomos em busca de um terreno. Igreja e pastor. Em nossa cidade, Osasco, não encontramos nada. Mas em Carapicuíba encontramos um terreno precioso. Em 2011, com a graça do Senhor adquirimos À VISTA, sem dever nada para ninguém, um terreno de 560 metros quadrados, com 10 de entrada, abrindo bastante ao fundo. Cheio de pedras, é verdade, mas era nosso chão! E com que alegria consagramos aquele local!
 
Por ser um local afastado dos grandes aglomerados, por ser fim de um bairro, beira de córrego e numa rua sem saída, não ficamos à vista dos transeúntes, nem das linhas de ônibus. Cercados de igrejas neopentecostais que só atrapalham (o evangelho que pregam não é o evangelho da bíblia), encontramos dificuldades em mostrar a existência da Boas Novas como igreja. Nosso local de cultos pequeno e nossas condições difíceis. Foi em 2013, no final do ano, que, após uma visita do Pr. José Vieira Rocha, tivemos a convicção de que Deus preparava para nós uma revolução: a construção de uma laje com uma capela americana em cima!
 
E em 2014, com a maturidade de quem já convivia por 18 anos, passamos a construir a nossa casa. Pirimeiro uma laje para conter a capela. Depois a capela de madeira. E agora, com a graça de Deus, as dependências anexas. O caminho foi difícl, cheio de pedras. Pedras literais, que ocuparam a caçamba de 41 caminhões grandes, e pedras no relacionamento com empreiteiro e pedreiros, além de gastos acima do que podíamos pagar. Mas Deus, mais uma vez, demonstrou Sua graça e nos presenteou com o pão de cada dia. Devagarinho, com um tijolinho por dia, a Boas Novas vai construindo a sua casa, seu chão, seu templo, sua casa de oração.
 
Em 04 de novembro de 2015 faremos 15 anos de organização como igreja; e em 07 de novembro faremos 19 anos de existência, a contar do dia em que celebramos o primeiro culto no quintal da casa de um irmão. Como Deus tem sido bom! Eu estou na Boas Novas como prova de meu amor por ela. Aliás, como prova de meu amor POR DEUS, que é o dono dela. Até hoje a obra está inconclusa e não recebi da parte do Pai um: "levanta-te e vai". Enquanto esse tempo não chegar, sirvo ali ao meu Senhor. Em minha mente tenho para mim que a conclusão da construção será um tempo de apresentar-me ante a face de Deus e perguntar: "Senhor, terminou a tarefa ou o Senhor tem algo mais que eu deva fazer?" Estarei pronto para ir ou para ficar, conforme Ele determinar. Por isso a importância de terminar essa construção! Por isso a importância de poder olhar a obra e dizer: "está consumado", pelo menos até onde tenho certeza de que Deus mandou fazer. Nunca pleiteei riquezas, nunca tive nada meu, que pudesse dizer: "luxo". Dificilmente recebo um salário suficiente, mas NUNCA estive desamparado pelo Pai. Quando há amor qualquer problema é superável.
 
Testifico, com este texto, o meu profundo amor pela igreja que o Senhor formou e onde tenho a honra de O servir, Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil.
 
Venham nos visitar.
 
Pr. Wagner Antonio de Araújo
27/08/2015
 

 

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