quarta-feira, 26 de agosto de 2015

memórias literárias - 235 - MATAR GENTE & SALVAR PORCOS


 

MATAR GENTE
& SALVAR PORCOS
235
Este tempo confuso, beirando a grande apostasia e a grande tribulação apresenta-nos uma imagem da decadência dos seres humanos em sua agressão ao Criador: parecemo-nos com a descrição dos tempos pré-diluvianos: E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. (Gn 6:5)
 
Em São Paulo, ontem, 25 de agosto de 2015, um caminhão contendo 110 porcos que iam para o abate tombou. No afã de erguê-lo com um trator, a caçamba caiu sobre os animais, ferindo vários deles. Foi muito triste. Imediatamente um enorme grupo de direitos dos animais invadiu a pista, defendeu os suínos, levantou R$63.000,00 numa campanha e proporcionou um sítio onde os animais viverão bem para o resto da vida. Eram porcos que iam para o abate, transformaram-se em "porcos abandonados". Dificilmente se vê tamanho empenho social por uma criança abandonada ou por uma mãe que sofre necessidades; quase nunca um governante sente qualquer peso de consciência por tratar a população como manada de suínos nos hospitais e postos de atendimento do SUS. Mas os porcos comovem mais do que seres humanos! Não faltaram os discursadores do "sofrimento do porco ante a crueldade humana". Mas não se vê ou se escuta um só governante ou uma rede social que chore ou lamente que uma mãe aguarde 3 MESES UMA CONSULTA PEDIÁTRICA POR UM FILHO SOFREDOR!
 
Nos Estados Unidos uma jornalista e um cinegrafista faziam uma entrevista para um jornal matinal. Um colega de profissão, que se sentia agredido emocional e racialmente pelos colegas, aproxima-se da entrevista, exibe um revólver (e ninguém da redação ou dos telespectadores denuncia ou avisa imediatamente às autoridades!), espera o bom momento e descarrega sua arma na jornalista e no cinegrafista. Num país onde comprar armas é tão fácil quanto comprar café, não demora nada até aparecer um louco que anda de mal da vida para fazer essas coisas. Matou a jornalista, matou o cinegrafista, filmou e postou nas redes sociais. A comoção será momentânea e institucionalizada: uma nota presidencial, um culto fúnebre transmitido pela CNN, alguns debates sobre armas e tudo ficará esquecido. No mesmo dia outra tonelada de revólveres será vendida nas lojas da esquina e novos loucos matarão outros inocentes.
 
Porcos sobreviventes terão proteção, mas pessoas morrerão e nada se fará por isso. Hoje gasta-se mais para dar banho num cachorro e penteá-lo do que suprir de leite e remédio uma criança desamparada. Em São Paulo investe-se em ciclovias ridículas e sem projeto e esquece-se dos córregos e esgotos a céu aberto, bem como do policiamento periférico. Ciclovias dão fama e geram notícias (que prefeito prá-frentex, que herói, combatente contra a falta de mobilidade urbana!) Nossos valores estão absolutamente invertidos. Trocamos os valores humanos pelos valores midiáticos, preferimos a manchete e desprezamos os fundamentos de longo prazo. Celebramos uma ciclovia ridícula por R$600.000.000,00 e não lamentamos as creches, hospitais e encanamento de esgotos que perderam verbas! Não planejamos nada, nem a nível de governo, nem a nível de sociedade, nem a nível familiar, nem à nível de igreja. Tudo é momentâneo, tudo é reativo, tudo é remediado e não preventivo. Tempos difíceis. Tempos de amadorismo para a vida, tempos sem planejamento!
 
A geração que criamos fotografa um acidentado agonizando, filma um  tiroteio, posta um pedido de socorro como top de um youtube ou um twitter, mas não é capaz de solidarizar-se ou de colocar-se no lugar do outro, amando-o, socorrendo-o, fazendo algo por ele (há inúmeros vídeos onde a pessoa filma o agonizante até o último suspiro, sem fazer absolutamente nada por ele!). Choramos muito mais pelos rostinhos lindos dos bichinhos do que pelo rosto feio e ferido do garoto abandonado. Para estes dedicamos um chiqueiro chamado CASA, não punimos os criminosos (capazes de votar, de casar, mas considerados irresponsáveis para pagar pelos crimes) e fazemos campanhas televisivas para arrecadar dinheiro e criar ridículas casas onde aprenderão tocar bumbo e dançar capoeira. Que cultura! Para os animais compramos fazendas e lhes damos o paraíso que não temos. Os valores de longo prazo de que a sociedade carece, que são a educação verdadeira, o exemplo, o ensino, a experiência, o equilíbrio, o cultivo da cultura, a educação continuada e de qualidade, esses tornaram-se opcionais faz tempo!
 
Bem profetizou Isaías, o profeta, sobre o nosso tempo: Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! (Is 5:20). O Apóstolo Pedro afirmou: Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, (2Pe 3:3). E Cristo categoricamente declarou: Digo-vos: Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc 18:8); e: E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. (Mt 24:12)
 
Para terminar: amo os animais. Quico, João Grandão, Nina e Pollyana são animais habitantes do meu lar. Mas eles não ofuscam os cuidados que tenho para com minha esposa, irmã adotiva e filha. Quem teme a Deus cuida bem de seus animais. Mas quem teme a Deus zela pelo próximo e investe em gente e na proporção que gente precisa receber. Assim, lamento o acidente dos suínos, mas choro (e muito!) por mais um louco que matou pessoas com a facilidade do manuseio de uma arma. A vida humana não pode ser tratada dessa forma!
 
Chega de chacinas. E que façamos "vaquinhas" para ajudar gente que sofre também!
 
Wagner Antonio de Araújo

26/08/2015

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