MATAR
GENTE
& SALVAR
PORCOS
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Este tempo
confuso, beirando a grande apostasia e a grande tribulação apresenta-nos uma
imagem da decadência dos seres humanos em sua agressão ao Criador: parecemo-nos
com a descrição dos tempos pré-diluvianos: E viu o SENHOR que a maldade do homem
se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu
coração era só má continuamente. (Gn 6:5)
Em São Paulo,
ontem, 25 de agosto de 2015, um caminhão contendo 110 porcos que iam para o
abate tombou. No afã de erguê-lo com um trator, a caçamba caiu sobre os animais,
ferindo vários deles. Foi muito triste. Imediatamente um enorme grupo de
direitos dos animais invadiu a pista, defendeu os suínos, levantou R$63.000,00
numa campanha e proporcionou um sítio onde os animais viverão bem para o resto
da vida. Eram porcos que iam para o abate, transformaram-se em "porcos
abandonados". Dificilmente se vê tamanho empenho social por uma criança
abandonada ou por uma mãe que sofre necessidades; quase nunca um governante
sente qualquer peso de consciência por tratar a população como manada de suínos
nos hospitais e postos de atendimento do SUS. Mas os porcos comovem mais do que
seres humanos! Não faltaram os discursadores do "sofrimento do porco ante a
crueldade humana". Mas não se vê ou se escuta um só governante ou uma rede
social que chore ou lamente que uma mãe aguarde 3 MESES UMA CONSULTA PEDIÁTRICA
POR UM FILHO SOFREDOR!
Nos Estados
Unidos uma jornalista e um cinegrafista faziam uma entrevista para um jornal
matinal. Um colega de profissão, que se sentia agredido emocional e racialmente
pelos colegas, aproxima-se da entrevista, exibe um revólver (e ninguém da
redação ou dos telespectadores denuncia ou avisa imediatamente às autoridades!),
espera o bom momento e descarrega sua arma na jornalista e no cinegrafista. Num
país onde comprar armas é tão fácil quanto comprar café, não demora nada até
aparecer um louco que anda de mal da vida para fazer essas coisas. Matou a
jornalista, matou o cinegrafista, filmou e postou nas redes sociais. A comoção
será momentânea e institucionalizada: uma nota presidencial, um culto fúnebre
transmitido pela CNN, alguns debates sobre armas e tudo ficará esquecido. No
mesmo dia outra tonelada de revólveres será vendida nas lojas da esquina e novos
loucos matarão outros inocentes.
Porcos
sobreviventes terão proteção, mas pessoas morrerão e nada se fará por isso. Hoje
gasta-se mais para dar banho num cachorro e penteá-lo do que suprir de leite e
remédio uma criança desamparada. Em São Paulo investe-se em ciclovias ridículas
e sem projeto e esquece-se dos córregos e esgotos a céu aberto, bem como do
policiamento periférico. Ciclovias dão fama e geram notícias (que prefeito
prá-frentex, que herói, combatente contra a falta de mobilidade urbana!) Nossos
valores estão absolutamente invertidos. Trocamos os valores humanos pelos
valores midiáticos, preferimos a manchete e desprezamos os fundamentos de longo
prazo. Celebramos uma ciclovia ridícula por R$600.000.000,00 e não lamentamos as
creches, hospitais e encanamento de esgotos que perderam verbas! Não planejamos
nada, nem a nível de governo, nem a nível de sociedade, nem a nível familiar,
nem à nível de igreja. Tudo é momentâneo, tudo é reativo, tudo é remediado e não
preventivo. Tempos difíceis. Tempos de amadorismo para a vida, tempos sem
planejamento!
A geração que
criamos fotografa um acidentado agonizando, filma um tiroteio, posta um pedido
de socorro como top de um youtube ou um twitter, mas não é capaz de
solidarizar-se ou de colocar-se no lugar do outro, amando-o, socorrendo-o,
fazendo algo por ele (há inúmeros vídeos onde a pessoa filma o agonizante até o
último suspiro, sem fazer absolutamente nada por ele!). Choramos muito mais
pelos rostinhos lindos dos bichinhos do que pelo rosto feio e ferido do garoto
abandonado. Para estes dedicamos um chiqueiro chamado CASA, não punimos os
criminosos (capazes de votar, de casar, mas considerados irresponsáveis para
pagar pelos crimes) e fazemos campanhas televisivas para arrecadar dinheiro e
criar ridículas casas onde aprenderão tocar bumbo e dançar capoeira. Que
cultura! Para os animais compramos fazendas e lhes damos o paraíso que não
temos. Os valores de longo prazo de que a sociedade carece, que são a educação
verdadeira, o exemplo, o ensino, a experiência, o equilíbrio, o cultivo da
cultura, a educação continuada e de qualidade, esses tornaram-se opcionais faz
tempo!
Bem profetizou
Isaías, o profeta, sobre o nosso tempo: Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem
mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do
doce amargo! (Is 5:20). O Apóstolo Pedro afirmou: Sabendo primeiro isto, que nos
últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias
concupiscências, (2Pe 3:3). E Cristo categoricamente declarou: Digo-vos: Quando
porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc 18:8); e: E, por
se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. (Mt
24:12)
Para terminar:
amo os animais. Quico, João Grandão, Nina e Pollyana são animais habitantes do
meu lar. Mas eles não ofuscam os cuidados que tenho para com minha esposa, irmã
adotiva e filha. Quem teme a Deus cuida bem de seus animais. Mas quem teme a
Deus zela pelo próximo e investe em gente e na proporção que gente precisa
receber. Assim, lamento o acidente dos suínos, mas choro (e muito!) por mais um
louco que matou pessoas com a facilidade do manuseio de uma arma. A vida humana
não pode ser tratada dessa forma!
Chega de
chacinas. E que façamos "vaquinhas" para ajudar gente que sofre
também!
Wagner Antonio
de Araújo
26/08/2015
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